terça-feira, junho 25, 2013

Curiosidade do dia

Hoje conheci um desgraçado efeito do keynesianismo.
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Passei por Coimbra e fui tomar café com o irmão mais velho do meu pai. Antes de me sentar, levou-me à varanda e mostrou-me uma gaiola com um pardal nascido esta Primavera.
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- Caiu do ninho, para não ser comido pelos gatos, coloquei-o nesta gaiola e foi alimentado pelos pais.
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E continuou:
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- Já o tentei libertar por duas vezes mas não sabe voar... por causa dos gatos volto a metê-lo na gaiola.
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Stressors are information

21 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

Nassim Taleb tem sempre o cuidado de referir os seus princípios a certos domínios de validade. Se alguém parte um braço as dores são stressors e o gesso, ao imobilizar o membro, enfraquece os músculos. Será isto um desgraçado efeito do keynesianismo? E para que servem os analgésicos senão para nos desviar da informação que a dor nos dá? Acabe-se com o keynesianismo de gastar dinheiro dos contribuintes com analgésicos e anestesias nos hospitais públicos.

CCz disse...

"I once broke my nose … walking.
...
In the emergency room, the doctor and staff insisted that I should “ice” my nose, meaning apply an ice-cold patch to it. In the middle of the pain, it hit me that the swelling that Mother Nature gave me was most certainly not directly caused by the trauma. It was my own body’s response to the injury. It seemed to me that it was an insult to Mother Nature to override her programmed reactions unless we had a good reason to do so, backed by proper empirical testing to show that we humans can do better; the burden of evidence falls on us humans. So I mumbled to the emergency room doctor whether he had any statistical evidence of benefits from applying ice to my nose or if it resulted from a naive version of an interventionism. His response was: “You have a nose the size of Cleveland and you are now interested in … numbers?” I recall developing from his blurry remarks the thought that he had no answer."

CCz disse...

trecho anterior retirado de Antifragile

CCz disse...

Já não é a primeira vez que interpreta literalmente o que escrevo. A mensagem também pode ser figurativa.
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Viu o exemplo da Imperalum ou da Seveme? Se as regássemos de ajuda keynesiana nunca se mexeriam.

CCz disse...

"We should look forward to a world of higher long-term interest rates on safe-haven bonds. But we should not need to enter that world yet. (Moi ici: Not yet? Enão quando? Nunca?)
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Policy makers need to speak softly about exits. But the regulatory stick must be big enough to ensure the economy copes when it comes. (Moi ici: E será que a economia que está a ser apoiada alguma vez será sustentável sem ajudas?)

http://www.ft.com/intl/cms/s/0/6e925f18-dcd5-11e2-b52b-00144feab7de.html#axzz2XFy5YxL9

Carlos Albuquerque disse...

A ajuda keynesiana não é subsidiar empresas inviáveis mas sim, em determinadas situações, desbloquear um efeito global de contracção da economia.

No exemplo que cita do Antifragile o problema não é aplicar o gelo mas sim aplicá-lo quando não há razões para acreditar que o seu efeito seja benéfico. E quando a dor está dentro do tolerável. Porque nos exemplos da saúde o Taleb distingue claramente os dois campos: onde o benefício é bem conhecido e onde não é. Daí o exemplo da fractura.

Claro que a sua mensagem é figurativa. Mas a ajuda foi dada a um animal. O efeito alternativo seria deixar que o pardal fosse comido. Não está mal se o único objectivo for deixar funcionar a selecção natural. Se o que estiver em causa na economia forem empresas que podem desaparecer sem problemas de maior, pode-se aplicar a selecção natural. Se o que estiver em causa for toda a economia de um país, com pessoas reais, a ética exige-nos que olhemos com mais cuidado. Daí que no meu exemplo o que estava em causa era o sofrimento das pessoas e o efeito conhecido dos benefícios do uso de gesso nas fracturas, apesar dos problemas da imobilização que têm depois que ser recuperados.

Para que as empresas possam aparecer e desaparecer sem que isso seja uma tragédia para pessoas individuais convém que exista à sua volta um estado capaz de ser a rede que as empresas não têm que ser individualmente.

Aliás não deixa de ser interessante nos exemplos que vai dando dos sectores que se remodelaram ainda antes desta crise o seguinte: as falências e o desemprego tinham uma rede de segurança nos subsídios de desemprego e na educação e saúde acessíveis e baratas. O drama actual é tirar-se a rede quando ela é mais precisa.

Só a rede dos bancos se mantém. E isso é profundamente injusto e imoral.

CCz disse...

E desde quando é que os subsídios de desemprego são keynesianismo?

Carlos Albuquerque disse...

Eu não disse que os subsídios de desemprego eram keynesianismo. Como ajudar empresas não é keynesianismo. Esse é o ponto: porque é que chamou o Keynes para o exemplo do pardal?

CCz disse...

Para mim, ajudar empresas é keynesianismo ponto.
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As empresas existem para servir entidades externas, os clientes. Se a procura natural não é suficiente para sustentar uma empresa e o Estado aparece para inflacionar o nível da procura, temos keynesianismo.
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O apoio do Estado não tem nada a ver com o nível sustentável de procura. Assim que esse apoio é retirado, dá-se a queda abrupta da procura.
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O pardal ficou como as empresas que se habituaram ao apoio do Estado, incapaz de ser independente... como as sardinhas assadas com o lume dos fósforos. Retiram-se os fósforos e acaba a festa.
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E quem lucra mais com o keynesianismo? Os tipos das fumarolas marinhas!!!

Carlos Albuquerque disse...

Nesta linha o subsídio de desemprego também é uma forma de keynesianismo, pois o estado acaba por essa via a inflacionar o nível da procura.

Mas os nomes importam pouco. O que me surpreende é que prefira deixar a economia parada e as pessoas no desemprego ou na miséria para não ter o estado a actuar na economia. Acho que colocar as pessoas ao serviço do darwinismo empresarial em vez de colocar a economia ao serviço das pessoas é imoral.

E não confunda actuação do estado em geral com o que se passou em Portugal em particular. Em Portugal tentou-se assar as sardinhas com o lume dos fósforos.

Um estado pode ter as contas equilibradas e gastar mais ou injectar liquidez sem que isso seja queimar os fósforos. Basta ter guardado alguma lenha.

CCz disse...

"O que me surpreende é que prefira deixar a economia parada e as pessoas no desemprego ou na miséria para não ter o estado a actuar na economia."
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Mas a economia não fica parada e por isso é que "Stressors are information", os agentes económicos anónimos não param e acabam por descobrir o que é que resulta agora.
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O que é que o Grande Planeador sabe sobre o que é o futuro, ou o que tem procura?
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A única forma de podermos aspirar a níveis de vida mais elevados e não à Sildávia do Ocidente é deixar morrer as empresas que não se souberam adaptar a uma nova realidade, ou não quiseram.

Carlos Albuquerque disse...

O estado não é o grande planeador.

"Stressors are information" e para os que estão na miséria, sem dinheiro para comer, a informação é: vocês estão a mais e podem morrer. E, para muitos outros, o tempo para descobrirem o que resulta pode ser muito superior ao tempo que têm de capacidade de se sustentarem. Isto é obviamente sacrificar o indivíduo para o bem do rendimento dos que sobreviverem. A aniquilação do indivíduo, não perante o colectivo mas perante os que estão melhor. Se vive bem com o facto de estarmos a dar esta informação a milhares de portugueses, velhos, adultos, jovens e crianças, não há muito que eu possa dizer. Ou sugere que usem todas as formas possíveis de obter alimentos? Efectivamente é sempre possível a prostituição, a exploração das crianças, etc. Se este for o único meio de uma família se sustentar, a informação é clara. Aceita isto tudo sem pestanejar? É só dizer "stressors are information" e dormimos descansados?

Acho também chocante como visão do ser humano que não se acredite que um colectivo de pessoas organizado, que se chama estado, possa fazer alguma coisa pelo bem comum mas se acredite depois que uma "mão invisível" feita exclusivamente a partir dos interesses individuais, leve a algo de melhor para todos. A ideia de que o crescimento económico é que leva à resolução do problema da pobreza não resiste à realidade: nos últimos séculos a riqueza produzida pela humanidade multiplicou-se muitas vezes e continuamos a ter miséria gravíssima nos países mais ricos.

CCz disse...

Continua a misturar apoio e rede protecção a pessoas com apoios a empresas.

Carlos Albuquerque disse...

As pessoas são agentes económicos.

A protecção social pelo estado é uma forma tradicional de sustentar a economia nas baixas de ciclo, dando poder de compra aos que, de outro modo, não o teriam. Isso vai sustentar empresas que de outro modo teriam que fechar.

Em que ficamos? Mata-se o estado e louvamos o "stressors are information" ou admitimos que há um papel para o estado e que deve haver limites ao "stressors are information"?

CCz disse...

Não percebe ou não quer perceber?
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"A protecção social pelo estado é uma forma tradicional de sustentar a economia nas baixas de ciclo, dando poder de compra aos que, de outro modo, não o teriam. Isso vai sustentar empresas que de outro modo teriam que fechar."
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Concordo com o que escreveu.
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Se eu ficar desempregado e receber um apoio como indivíduo e, como indivíduo usar esse apoio para adquirir bens e serviços da minha escolha não há keynesianismo ponto!
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Keynesianismo é o Estado decidir que, porque estamos em recessão e a procura baixa, vai apoiar jornais, vai apoiar fábricas com modelos de negócio obsoletos e/ou produtos obsoletos, vai lançar concursos para projectos sem retorno económico futuro.
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Quando decide implicar com algo fica cego. Não misture!

Carlos Albuquerque disse...

http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_keynesiana

CCz disse...

http://econlog.econlib.org/archives/2011/03/keynesian_polit.html

Carlos Albuquerque disse...

Cito do seu link:

"Let's posit arguendo, he said, that Keynesian economics is correct: during a recession, if the government increases aggregate demand using tax cuts or government spending increases, the economy will recover."

Ou seja, até uma redução de impostos durante uma recessão é uma política keynesiana! E os estabilizadores automáticos, como o subsídio de desemprego, também são políticas keynesianas, com a diferença de não precisarem de uma decisão política nos momentos de decaimento da actividade económica.

Portanto quando alguém fica desempregado e recebe subsídio de desemprego há keynesianismo.

CCz disse...

E você a dar-lhe:
"Keynesians in the golden age of Keynesianism were quite critical of the minimum wage and were sympathetic to its victims."
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O meu ponto é a escolha, é a decisão de apoiar empresas.
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O meu ponto é a humildade para reconhecer que ninguém, nem o Estado, tem o saber, o conhecimento para fazer esse tipo de escolhas sobre que empresas apoiar.
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Teima em misturar coisas, enfim.

Carlos Albuquerque disse...

Meu caro, eu não estou a confundir as coisas. O seu post é que confunde keynesianismo com apoiar empresas e sectores específicos.

Ora o keynesianismo é muito mais do que isso e pode existir sem isso. Por isso me pareceu incorrecto associar o keynesianismo sem mais a um tipo muito específico de intervenção.

Ora o keynesianismo é algo muito mais vasto que vai desde baixar impostos a manter o subsídio de desemprego. E o problema não é a nomenclatura.

A sua associação embarca numa propaganda que à custa de exemplos triviais pretende pôr em causa qualquer intervenção do estado na economia. Mesmo o subsídio de desemprego.

Acredito que não seja essa a sua intenção. Mas contudo também não vi grandes referências suas às pessoas que, em minha opinião, são os destinatários da economia e do bem estar que ela gera.

CCz disse...

Pensava que era keynesiano... mas como é um adepto do aumento de impostos e um adepto do salário mínimo fiquei confundido.
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Então as PPP foram o quê? Neoliberalismo?