terça-feira, maio 01, 2012

A jihad errada!

De tempos a tempos os jornais dão guarida a uma mensagem esquisita, uma e outra vez repetida, uma espécie de jihad no papel.
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Desta vez foi o Jornal de Negócios, nem o meu jornal preferido escapa ao jihadismo.
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Alguém, com este CV, com a experiência que ele deve encerrar, tem uma receita para Portugal...
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"Os patrões precisam de ir à escola"
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Apetece perguntar, por que não começa por si? Já que foi à escola, arranque com uma empresa, expulse do mercado essa gente que não foi à escola.
"O atraso educacional dos nossos empresários tem implicações evidentes. Num mundo cada vez mais globalizado, o sucesso estará reservado para os que souberem melhorar processos e dinamizar as lideranças, e para os que inovarem e arriscarem descobrindo caminhos que ainda não existem. Muito mais do que sobre os trabalhadores é sobre os patrões que recai a principal responsabilidade de relançar a economia. E para isso elevados níveis de educação são essenciais."
Não sou contra a formação dos empresários, tenho é dúvidas quanto à formação oferecida. A formação só faz sentido se for uma manifestação da procura, algo que vem de dentro e não uma imposição da oferta.
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Só que não ir à escola tem as suas vantagens!!!
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Ainda ontem num postal voltei a referir a passagem bíblica: Lc 10, 21-24
"Naquele momento Jesus exultou no Espírito Santo e disse: ‘Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos."
Esta frase invade-me a mente tantas vezes... tantos empresários que, porque não foram à escola, porque não ouviram os economistas da nossa praça, tentaram e fuçaram e triunfaram...
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Se os empresários do calçado fossem à escola teriam dado ouvidos a Daniel Bessa... e hoje não teríamos a indústria de sucesso que temos. Um empresário que não foi à escola está mais próximo de praticar o jogo de soma não nula do que aquele que foi à escola.
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Não foram "patrões que não foram à escola" que defenderam o aeroporto da OTA para exportar hortaliças do Oeste, ou o aeroporto de Beja para exportar peixe, ou o rol de autoestradas vazias.
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O mundo é mais complexo do que aquilo que se aprende na escola e não adianta diabolizar os empresários que não foram à escola, se eles não prestam, não há problema, o mercado há-de expulsá-los desde que não tenham apoios e subsídios e adjudicações directas de amigos no governo e nas autarquias.
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A guerra não devia ser contra os que arriscam ser empresários nos tempos que correm, a guerra devia passar por facilitar a vida a que mais gente arriscasse a pele a ser empresário.
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BTW, não creio que tenham sido os empresários que não foram à escola que faliram o país.
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BTW, há quem tenha passado por Harvard e pelas melhores escolas de gestão da Suiça e tenha esta leitura da produtividade do país.

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