quarta-feira, junho 21, 2006

Um modelo de gestão baseado na estratégia

Quando confrontamos a realidade da nossa empresa (organização) de hoje, com aquilo que desejamos que ela venha a ser no futuro, verificamos que existe uma lacuna (lacuna 1). Não é novidade, a nossa empresa de hoje não é a empresa que ambicionamos na Visão, mesmo que já hoje cumpra a sua Missão. Por falar em Missão, aconselho a levar a sério o que Guy Kawasaki diz aqui, sobre as Missões e os Mantras.
Como é que vamos colmatar esta lacuna?


Temos de concretizar melhor o que é esta “lacuna 1”, por agora não passa de um sentimento subjectivo, não mensurável.
A realidade actual é a organização actual. A organização actual é um sistema, o sistema actual.
A ISO 9000 define sistema como: conjunto de elementos inter-relacionados e interactuantes. Recorrendo à abordagem por processos, os nossos elementos vão ser os processos que constituem a organização.
Assim, o sistema actual é composto por um conjunto actual de processos; da interacção desses processos resulta o desempenho actual, traduzido nos resultados actuais.
Se seguirmos o mesmo raciocínio para a realidade futura desejada, chegamos aos resultados futuros desejados. Comparando os dois tipos de resultados traduzimos a “lacuna 1” numa outra linguagem, a dos resultados, na “lacuna 2”.

Para colmatar a “lacuna 2”, que no fundo não passa de outra forma de expressar a “lacuna 1”, é preciso formular uma estratégia; uma teoria, um caminho, uma hipótese que justifique a nossa crença na possibilidade racional do futuro ser melhor do que o presente. É aqui que entra a escolha: de um posicionamento competitivo; de uma proposta de valor; e de um conjunto de clientes-alvo.
Formulada a estratégia há que a descrever, para poder ser entendida pela organização, recorrendo a um mapa da estratégia.
Ao desenhar o mapa da estratégia, tendo em conta as diferentes perspectivas do Balanced Scorecard, identificamos desafios a cumprir: os objectivos estratégicos.
Definidos os objectivos estratégicos, seleccionam-se indicadores de desempenho para medir, para quantificar os níveis de desempenho.
Os indicadores de desempenho permitem medir de forma clara, objectiva e transparente o desempenho, os resultados actuais; e traduzir em desafios quantificados, a que chamamos metas, o desempenho, os resultados futuros desejados.
Comparando as diferenças entre os resultados actuais, medidos pelos indicadores, e os resultados desejados futuros medidos também pelos mesmos indicadores, obtemos uma nova tradução na lacuna, a “lacuna 3”.

Considerando o modelo de funcionamento da organização, baseado numa abordagem por processos, e os desafios concretos, os objectivos estratégicos incluídos no mapa da estratégia, temos de reconhecer que os resultados actuais são diferentes dos resultados futuros desejados.
São diferentes porque o sistema actual inclui no seu seio estruturas sistémicas que permitem, que conspiram para que o desempenho não seja o desejado. Assim, há que isolar essas estruturas sistémicas para conseguir identificar as causas-raiz do desempenho actual.
Uma vez identificadas as causas-raiz há que avaliar e seleccionar alternativas dao a realidade actual.e solução capazes de as eliminar, para desenhar as iniciativas estratégicas, um conjunto de projectos que transformarão a realidade. Depois, há que orçamentar, validar e implementar essas iniciativas.
A transformação do sistema actual no sistema futuro ideal, o sistema capaz de gerar os resultados futuros desejados, não se faz por artes mágicas.
A transformação vai criando, dia-após-dia, mês-após-mês, um sistema ligeiramente diferente do existente no dia anterior, vai criando o sistema futuro real.
O sistema futuro real vai gerar os resultados futuros reais, os quais devem ser comparados com um padrão aceite para avaliar esta viajem, os resultados futuros desejados, as metas. Desta comparação resulta a “lacuna 4”, a qual é analisada nas reuniões de gestão estratégica realizadas periodicamente, para a tomada de decisões.
As decisões podem ser tácticas, não se põe em causa a estratégia, a arquitectura do sistema, ou podem ser estratégicas e põem em causa a própria estratégia, ou os objectivos, ou a dimensão do desafio, as metas.
Está cá tudo?!
Nota: manchas amarelas = repetição

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