terça-feira, março 20, 2012

Não há sectores obsoletos, há, sim, estratégias obsoletas. (parte II)


Escreveu o Pedro Soares num comentário à Parte I:
“Há uma coisa que me mete confusão. No fundo o que esta empresa está a fazer é a produzir marcas brancas... certo?
Se bem me recordo este sitio é muito critico desta prática porque deverá correr mal no médio prazo...
Não deveria a Font Salem aproveitar a capacidade para tentar exportar a belíssima marca e história acoplada ao seu produto?
(Nota, concordo com o que eles fizeram a curto prazo... espero que, no entanto estejam a ponderar o outro caminho)”
Sim, o que esta empresa está a fazer é a produzir marcas brancas.
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Sim, este sítio é muito crítico desta prática, porque:
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·         A maior parte das empresas que se mete nesta prática fá-lo sem tomar consciência das consequências dessa decisão. Sim, é bom ter a fábrica a trabalhar com uma boa capacidade tomada. Sim, é bom cortar nas despesas comerciais e de marketing. Sim, é bom diluir os custos fixos. Mas há o outro lado, a redução das margens e a canibalização da prateleira, o que vai para a prateleira com marca branca não vai com a marca do fabricante.
...
·         A maior parte das empresas acha que este tipo de prática é para quem quer e, como é instintiva (margens, volumes, custos fixos, capacidade tomada…) vai na onda. No entanto esta prática é para quem pode. 
    
      Também há estratégia por trás de decisões conscientes deste tipoNa semana passada, a trabalhar com uma empresa, uma das hipóteses estratégicas em cima da mesa foi:
 “Produzir marcas brancas para os donos das prateleiras”
Numa primeira fase um dos factores identificados foi um contra:
O poder do negócio vai todo para quem vende, para o dono da marca que hoje manda fabricar aqui e amanhã pode mudar com poucas barreiras/custos
 Contudo, passado algum tempo surgiu um factor a favor:
Criar laços de parceria que nos tornem insusbstituíveis porque protegemos a rectaguarda do cliente, asseguramos o seu futuro. Vendemos-lhes sossego, evitamos-lhes problemas
 Posso estar enganado, no entanto, parece-me que a Font Salem já fez a sua análise de mercado e já fez a sua opção estratégica. Procure Font Salem no Google e veja o que encontra…
Especialistas em marcas de distribuição”  
Assumem que o seu negócio é a subcontratação e apostam nisso. Será um posicionamento interessante? Não competem com as suas marcas, podem disponibilizar a sua capacidade para as marcas da distribuição sem problemas de consciências. E, assumindo-se como tal, especialistas em servir as marcas da distribuição, podem criar uma barreira à entrada de novos players que pode ser interessante.
No site espanhol são muito claros a descrever a sua opção, subalternizando completamente a sua marca própria.
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São opções...nem todos podem ocupar o mesmo posicionamento

3 comentários:

Pedro Soares disse...

Boa tarde,

É verdade o que diz.

Não sei é se vai resultar.

Na minha experiência vi o vocabulário de "Parceiro e de Insubstituível" aplicado no sector da construção. Alguns empreiteiros até deram formação especifica a directores de obra sobre como "enrolar" os subempreiteiros nesta lenga lenga... Uma vez pedi a um para me definir "parceiro"... ele desviou conversa.

Infelizmente estas parcerias só funcionam enquanto alguém tiver um know how especifico diferenciador que mantenha o seu poder negocial aceitável. (lá está)

Caso não tenha o que manda é o preço!

Conheci um fornecedor de refeições prontas e de outros produtos alimentares do Grande "venha cá" que resolveu, conscientemente, ser "parceiro insubstituível". Desenvolveram receitas juntos. Desenvolveram conceitos juntos.
Lançaram produtos juntos.
No final... preço até estrangular. e agora a "venha cá" está a criar uma fabrica própria desse sector pq o acha atraente... Lá voltou o tal fornecedor a trabalhar as suas marcas (já esquecidas e desgastadas pq ficaram em segundo plano).

É arriscada esta jogada!!

CCz disse...

Concordo com tudo o que disse Pedro, "É arriscada esta jogada!!" o pouco no seguinte daquele postal de ontem "Foi bom enquanto durou".
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Interrogo-me se a principal ameaça, neste caso particular, não passará por empresas com marca própria que aceitem trabalhar para a distribuição para liquidar esse player. Pq não estou a ver a distribuição a investir numa fábrica dedicada.
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Mas não adianta dourar a pílula, é uma jogada sempre arriscada, porque se perde o contacto com o consumidor, o produtor de marca branca não existe para o consumidor.

CCz disse...

BTW, a divulgação dessas histórias com o "Venha cá" é importante para que as empresas vejam nas costas dos outros o que lhes pode acontecer...
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Uso o termo pedofilia empresarial sem ser de ânimo leve!