quinta-feira, maio 05, 2011

O futuro do marketing

Não sou uma pessoa do marketing mas não posso deixar de comentar o primeiro capítulo do livro "Marketing 3.0 - From Products to Customers to the Human Spirit" de Philip Kotler, Hermawan Kartajaya e Iwan Setiawan.
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"Long ago, during the industrial age - when the core technology was industrial machinery - marketing was about selling the factory’s output of products to all who would buy them. The products were fairly basic and were designed to serve a mass market. The goal was to standardize and scale up to bring about the lowest possible costs of production so that these goods could be priced lower and made more affordable to more buyers. Henry Ford’s Model T automobile epitomized this strategy; said Ford: “Any customer can have a car painted any color that he wants so long as it is black.” This was Marketing 1.0 or the product-centric era. (Moi ici: Concordo com esta caracterização)
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Marketing 2.0 came out in today’s information age - where the core is information technology. The job of marketing is no longer that simple. Today’s consumers are well informed and can easily compare several similar product offerings. The product value is defined by the consumer. Consumers differ greatly in their preferences. The marketer must segment the market and develop a superior product for a specific target market. (Moi ici: Identificação dos clientes-alvo e focalização, concentração, alinhamento.)
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The golden rule of “customer is king” works well for most companies. Consumers are better off because their
needs and wants are well addressed. They can choose from a wide range of functional characteristics and alternatives. Today’s marketers try to touch the consumer’s mind and heart. Unfortunately, the consumer-centric approach implicitly assumes the view that consumers are passive targets of marketing campaigns. (Moi ici: Identificação dos clientes-alvo e focalização, concentração, alinhamento.) This is the view in Marketing 2.0 or the customer-oriented era.
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Now, we are witnessing the rise of Marketing 3.0 or the values-driven era. Instead of treating people simply as consumers, marketers approach them as whole human beings with minds, hearts, and spirits. Increasingly, consumers are looking for solutions to their anxieties about making the globalized world a better place. In a world full of confusion, they search for companies that address their deepest needs for social, economic, and environmental justice in their mission, vision, and values. They look for not only functional and emotional
fulfillment but also human spirit fulfillment in the products and services they choose. (Moi ici: Para mim é treta pura e dura. As pessoas continuam a procurar as empresas para encontrar respostas comezinhas aos seus problemas. Estou mais de acordo com a abordagem de Porter e Kramer em "Strategy and Society: The Link Between Competitive Advantage and Corporate Social Responsibility" de Michael Porter e Mark Kramer, publicado pela revista Harvard Business Review no passado mês de Dezembro de 2006 (pp. 78-92). Sobretudo "By providing jobs, investing capital, purchasing goods, and doing business every day, corporations have a profound and positive influence on society. The most important thing a corporation can do for society, and for any community, is contribute to a prosperous economy."

Like consumer-oriented Marketing 2.0, Marketing 3.0 also aims to satisfy the consumer. However, companies practicing Marketing 3.0 have bigger missions, visions, and values to contribute to the world; they aim to provide solutions to address problems in the society."
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IMHO, o marketing devia desenvolver respostas sobre como desenvolver a relação com os clientes-alvo, sobre como como acompanhar a evolução da relação, sobre como promover a colaboração e co-criação. Não julgo que o folclore das grandes causas seja relevante.

5 comentários:

Jonh disse...

A maior parte dos livros de marketing baseia-se na descrição teórica da relação entre a empresa fornecedora e o cliente - concordo consigo. Faltam as sugestões, as ideias concretas para desenvolver a tal relação com o cliente.

PS - Fico frustado quando todos os dias vejo empresas, algumas conhecidas por todos nós, que falham na relação com o cliente. Não cumprem com as pequenas coisas. Apenas se preocupam com a comunicação. Eu diria que para muitas empresas, a actual era do marketing se refere à comunicação, apenas à comunicação.

As grandes empresas (aquelas que o Carlos não gosta de falar ..)), em vez de falarem com os clientes põem robôs a falar com os clientes... ah.. e ninguém consegue falar com os gestores de topo da empresa...a reclamação, a sugestão, a insatisfação nunca chega às chefias... os mesmos erros continuam a ser cometidos.

lookingforjohn disse...

Caro John, permita-me fazer aqui alguma defesa duma parte do Marketing.
Por experiência própria, uma boa parte dos livros de Marketing, e o plano curricular do curso que tirei também é exemplo, estendem a conceptualização a um plano muito materializável. Ou seja, está lá uma boa raíz, a ponta por onde pegar, está lá a receita, estão lá os ingredientes.
Estão lá até os estímulos capazes de desencadear associações daquelas que vão gerando cada vez mais e mais conhecimento - aquele que a partir duma certa altura é maturado naquilo a que chamamos competência.
Não está lá é a mistura feita!
Como reconhecerá, a esmagadora maioria dos estudantes e leitores qualifica-se sem aprender, e lê sem assimilar criticamente. Por isso é que passo a vida a dizer que o que falta é educação, não é instrução.
Acontece, depois, que os gestores de Marketing das empresas que refere são nada mais nada menos do que indivíduos daquele grupo, da dos que não aprendem nem assimilam. Pelo menos não o essencial. Impulsivamente, estes gestores retiveram no seu percurso o lado folclórico e acessível do Marketing. O lado daquilo a que chamam de forma quase abusiva "comunicação", mas que mais não é do que a publicidade (a dos produtos e a deles próprios).

CCz, como sabe, estive num evento recente que contou com a presença de Philip Kotler, o Pai do Marketing! (e, veja-se bem a coisa, o livro dele Marketing Management justifica o epíteto)
Contudo, o evento… folclore…
O senhor que foi bestialmente aplaudido abordou este seu novo Marketing visionário. O Marketing em que quem disponibiliza os produtos o faz olhando para o consumidor numa perspectiva holística, buscando contribuir para a sua realização plena, e, através desta, para uma Humanidade melhor.
Não vou dissertar sobre o livro e sobre as ideias, porque aquilo que diz no post já é quanto baste. Vou só afirmar que, quanto a desfasamento face à realidade, Kotler acha que as empresas devem passar a ter dois departamentos de Marketing.

John, se quiser enviar-me um mail até lhe faculto um link para ver uma amostra satírica (mas real) daquilo que por lá se passou. Só lhe digo que, no final, era o êxtase dos marketeiros oriundos de todo o país. O senhor podia ter estado ali a dizer que o Sporting é a melhor equipa de futebol portuguesa, ou que os nossos políticos são top, que aquela malta babava-se completamente.
No dia seguinte, a net fervilhava de testemunhos de quem ia adoptar aquelas orientações divinas nas respectivas empresas.
Quero com isto dizer que é normal que o Marketing descure os aspectos essenciais que refere. Esta gente não vê. Têm um orçamento e têm que o gastar em coisas que se vejam: publicidade! Depois não sobra nada pra fazer a correcta definição dos serviços, para pensar o cliente (o cliente, não no cliente), pra adequar os recursos, pra pensar em relação.
Prestei serviços numa empresa de gestão de crédito. Tinham eleito o mercado bancário como alvo dum dos produtos. Sabe que plano de ataque (de Marketing) lhes foi apresentado por uma reputada empresa de Marketing e Comunicação? Eu digo-lhe, publicarem uns anúncios no Correio da Manhã! (esse bastião da informação procurada pelos bancários!)
Portanto…
(mas não desacredite o Marketing a partir destas minhas palavras, só não acredite é em tudo o que ele lhe pareça ser) 
Em suma, o Marketing como Kotler o desenhou é altamente relevante. O Marketing como tem vindo a ser disseminado é escandalosamente incompetente (mas não será assim, també, nas outras áreas do conhecimento?). E Kotler é, hoje por hoje, um produto de comunicação, assente no estatuto (é uma espécie de Rolling Stones – ninguém conhece uma música recente deles, mas toda a gente vai aos concertos, porque são eles…).

lookingforjohn disse...

John, atrevo-me numas dicas: aprecie Seth Godin, leia Henrique Agostinho (este livro: http://www.fnac.pt/Compre-este-Porque-HENRIQUE-AGOSTINHO/a90319) e passe os olhos no Mercator. Leia o Marketing em Pessoa (arranjo-lhe um exemplar, se quiser). E venha a este blog, fica a saber tanto de Marketing como grade parte do marketeiros que conheço. E eu conheço alguns…

Jonh disse...

Bom dia lookingforjohn,

Concordo inteiramente com o seu comentário.

Relativamente aos livros, aprecio muito o Seth Godin, tenho lido quase todos os livros dele, estou a agora a repetir a leitura de um dos livros do autor, já lido há muito tempo: "Torne-se pequeno e pense em grande".

Este blogue, claro, é excelente. Não conheço os outros autores que refere, mas irei comprar o livro que refere de Henrique Agostinho. A bíblia do Marketing - Mercator - tenho-a comigo...

O livro em pessoa não estou a ver o que é...

Se quiser contactar-me pode fazê-lo através do mail: jonhnd@gmail.com - jonh é mesmo assim, com o "n" e o "d" trocados.

Cumprimentos,

João Pinto

Jonh disse...

Claro, não é o "n" e o "d" que eestão trocados, mas o "n" e o "h".