domingo, maio 03, 2009

O mundo a preto e branco não existe.

No dia 11 de Setembro de 2001, enquanto acontecia o que todos sabemos, eu realizava uma auditoria a uma organização sem fins lucrativos na margem sul do Tejo.
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Recordo, das conversas informais que mantive durante a auditoria, o genuíno sentimento de dó e de piedade que os dirigentes dessa organização, todos vereadores eleitos, nutriam pelos explorados trabalhadores das fábricas do Norte.
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Lembrei-me dessa conversa na passada quinta-feira. Por volta das 14 horas, ao dirigir-me para a porta da recepção de uma fábrica onde ía ter uma reunião, dou com uma senhora, com uma operária, a instalar em várias janelas do edifício... raminhos de maias.
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Mas não era só "botar" umas maias como dizia a minha avó, era também o cuidado e compenetração com que o fazia.
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Por que se colocam as maias? Segundo a tradição, tal protegerá os bens que nos são caros e queridos.
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Acham que foi o dono da fábrica que lhe pediu para colocar as maias? Ou terá sido por iniciativa própria?
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Os vereadores de 2001 não teriam dúvidas quanto à resposta.
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Esta manhã voltei a recordar todo este pensamento por causa desta notícia do Público de hoje "Suspensão do trabalho chega amanhã à Oliva". Impressiona ler o como após 36 anos as pessoas ainda recordam com orgulho a empresa que foram, e listam as benesses que usufruiam.
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Em 1990 um formador contava-me que tinha realizado uma formação para funcionários de uma empresa pública no ramo do gás e tinha sido surpreendido por um grupo de pessoas que 16 anos depois ainda continuava a ser, no seu interior, e continuava a envergar a camisola da Gás Cidla (nacionalizada em 1975).
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O mundo a preto e branco não existe.

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