Hoje, por volta das 7h00 da manhã, junto à estação de caminho de ferro de Valadares. A Infraestruturas de Portugal gosta de marcar, vedar, delimitar territórios num: "Isto é meu!"
Já cuidar do espaço... isso é secundário. Toda a gente sabe que o espaço não gera comportamentos ...
Recordo Julho de 2024:
"Hoje, percebi mais um sintoma do que é viver na Suíça. A pintura periódica das paredes dos humildes túneis das passagens para peões nas estações de caminho de ferro."
E, Agosto de 2023 na praia da Madalena:
"Abençoados os que cuidam, criam, restauram."
"Toda a gente sabe que o espaço não gera comportamentos..."
Pois… foi exatamente essa convicção que durante anos deixou estações, praças e bairros ao abandono.
Mas desde Wilson & Kelling (1982), "Broken Windows: The Police and Neighborhood Safety." The Atlantic Monthly, com a célebre “broken windows theory”, sabemos o contrário: um espaço cuidado gera comportamentos de respeito; um espaço degradado abre caminho ao desleixo, ao vandalismo e à insegurança.
Nova Iorque, nos anos 1990, foi um caso paradigmático. A limpeza sistemática dos graffiti no metro — todos os dias, sem falhar — não foi apenas estética: foi uma mensagem. "Aqui cuida-se, aqui há regras, aqui vale a pena respeitar." O resultado foi uma mudança cultural que ajudou a transformar a percepção de segurança na cidade.
E depois olho para Valadares, às 7h00 da manhã, com ervas a crescer num espaço abandonado pela Infraestruturas de Portugal, e penso:
O espaço não gera comportamentos? Gera, sim.
Gera pressa em passar, gera descuido, gera indiferença.
Tal como, em contraste, a Suíça e a praia da Madalena onde uma simples mão de tinta num bar de praia inspira respeito, pertença, até orgulho.
Ironia das ironias: o espaço não gera comportamentos... mas todos nós nos comportamos de acordo com o espaço que encontramos.


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