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Um recorte que me fez pensar e abanar a cabeça...
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Presumo que os ginásios Solinca se queiram posicionar numa gama superior do mercado.
Presumo que os ginásios Fitness Hut se posicionem no "low cost".
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Como é que um e outro têm agido?
"torneiam a crise com mensalidades ‘low cost’, descontos nas inscrições, acompanhamento nutricional gratuito e até descontos nos supermercados."Confesso que esta promoção da Solinca:
"Os ginásios Solinca, do grupo Sonae, contornaram a crise apostando em campanhas “agressivas”, designadamente com parcerias com a marca Continente e oferecendo nos meses de Janeiro e Fevereiro deste ano “50% de desconto em cartão” nas mensalidades de 50 euros,"Me fez muita espécie... sobretudo porque logo a seguir li o artigo "When Opposites Detract: Categorical Reasoning and Subtractive Valuations of Product Combinations" (Quando se junta A para dar mais valor a B, está-se a afirmar que B, sozinho, não é suficientemente forte... voltei a recordar as promoções mixirucas dos hotéis de 5 estrelas")
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O que fez a Solinca para fazer frente à crise? Olhou para dentro, olhou para os custos, procurou ficar mais eficiente:
"começaram por intervir nos custos ao longo de 2012, na reorganização da estrutura de pessoal, renegociação de rendas e redefinição do plano de eficiência energética."Pessoalmente, se trabalhasse com a Solinca, teria lançado outro desafio, teria convidado a empresa para fazer uma outra aposta, independentemente de algum trabalho a nível de custos.
Podem competir com ginásios low-cost?
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Não!
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Logo, qual é o caminho menos percorrido?
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Teria desafiado a Solinca a concentrar-se na experiência que proporcionam.
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Se um potencial cliente entrar no site... vai perguntar, qual é a oferta? O que têm para mim?
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E a oferta é:
- modalidades; e
- programas adicionais
E também há um "saiba mais sobre as nossa campanhas" ...
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Ou seja, a Solinca concentra-se na oferta, concentra-se no objecto, concentra-se no que domina, concentra-se no produto/serviço.
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O meu desafio seria:
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Voltava à jornada e à Microsoft dos anos 90: "Where do you want to go today?"
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Em tempos escrevi aqui sobre os ginásios e, 2 anos passados, a minha crença nesta abordagem está mais fortalecida.
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Há tempos, tive acesso ao "Barómetro AGAP" (Associação de Ginásios de Portugal) do 1º trimestre de 2012 e descobri lá esta pérola:
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O meu desafio seria:
"Concentrem-se na experiência que a vossa oferta gera!"Em vez de listagem das especificações da oferta, apostaria num site que convidasse o potencial cliente a co-desenhar, a co-construir e a co-produzir um programa feito à medida dos objectivos, da experiência procurada e valorizada.
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Voltava à jornada e à Microsoft dos anos 90: "Where do you want to go today?"
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Em tempos escrevi aqui sobre os ginásios e, 2 anos passados, a minha crença nesta abordagem está mais fortalecida.
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Há tempos, tive acesso ao "Barómetro AGAP" (Associação de Ginásios de Portugal) do 1º trimestre de 2012 e descobri lá esta pérola:
"Os ginásios com mais de um clube (cadeias) registam maiores perdas de clientes que os independentes (um único clube); de forma surpreendente, os clubes independentes que não possuem vantagens de escala, têm recursos mais escassos e menor facilidade de crédito que as cadeias, são mais resistentes e conseguem obter melhores resultados também na variação da facturação”A minha explicação é: os clubes independentes, ainda que inconscientemente, apostam na relação, apostam na interacção, co-constroem algo que é mais forte que uma oferta que pode ser retirada assepticamente de uma vending machine.
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Paulo Viñaspre é da mesma opinião "Fazer face ao low cost".
Bom dia caro Carlos,
ResponderEliminarJá há muito tempo que não fazia um comentário aqui no blog. Devo dizer que apesar do meu silêncio (devido a viagens non-stop) sempre tenho seguido com atenção (estive quase para comentar um dos postais do Antifragile pois por coincidência estivemos a ler/ouvir o livro ao mesmo tempo!).
Aquilo que motiva o meu comentário é a interessante falta de paralelismo da situação: por um lado temos o Solinca vs. "ginásios de bairro" e por outro temos Continente vs. "mercearias de bairro" (apenas para continuarmos no ambiente Sonae...).
Ao associar-se ao Continente, o Solinca está a colocar-se no mesmo "brand mindspace": o da eficiência, o dos grandes volumes, da impessoalidade. Será que é esse o "job to be done"?
Ou será antes a convivência com outras pessoas? A possibilidade/pretexto de estabelecer relações com outros?
Isto faz-me lembrar o papel que cafés, livrarias e outros locais têm na sociedade como agregadores sociais tal como descrito no "The great good place" onde Oldenburg descreve a função crítica do "third place" (onde o primeiro é a casa e o segundo o emprego).
Não será que os ginásios de bairro não funcionam como estes "third places"?
Miguel Pires
O pessoal procura 'experiencias' quando tem massa para gastar. Quando não tem massa procura o preço mais baixo.
ResponderEliminar.
Vou mais longe, o pessoal nem com o preço de custo procura ginásio. Ainda mais longe, nem com preços abaixo do preço de custo procuram ginásios.
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Ora bem, eu tenho um grande amigo que fez o seu negócio com muito trabalho, há já 20 anos, e para o qual tem um especial talento. Tinha uma escola de cães.
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Encontrei-o na semana passada. Abatido. Vai fechar a escola. A clientela não tem pastel para dispensar um centimo no treino dos seus cães. Faça o preço que fizer.
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Gaspar e seus correlegionários europeus acham que o negócio dele é mau negócio. Que eles devia dedicar-se aos bens transacionaveis.
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Gaspar sabe, pois, que negócios são melhores para nós e até aconselha os donos dos outros negócios, como esta escola do meu amigo, a formar-se em áreas dos transacionaveis e deixar-se de negóciozinhos deste calibre.
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Gaspar não vai à bola com restaurantes, nem escolas de cães, nem ginásios, nem cinemas. E se Gaspar não gosta, o talento individual tem que se adaptar aos gostos do mestre.
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Amen.
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Rb
Caro Miguel,
ResponderEliminarSão as relações e são os objectivos.
Este ano tive oportunidade de fazer um trabalho com um ginásio.
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Podem competir com as cadeias low-cost? Não!
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Podem competir com o Ritz no segmento premium? Não!
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Então?
Podemos competir servindo aqueles clientes que praticam para atingir um objectivo determinado: perder peso; preparação para o ski; preparação para ...; grávidas;...
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Parece que consultores e gestores só confiam no preço para seduzir clientes... falta-lhes "relações amorosas" com os clientes e com o produto/serviço.
Caro Rb,
ResponderEliminarÉ a vida!
É o "Rei Lear"!
E o Gaspar tem umas costas muito largas