Convenhamos que ter este nível de produtividade não é nada saudável (fonte OCDE).
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Muitas vezes fico com a impressão de que quem fala sobre a produtividade do país julga que a mesma é como um bloco homogéneo. Para esses, aumentar a produtividade é como fazer avançar um pistão de uma câmara.
Para muitos ignorantes, aumentar a produtividade passa por pôr as pessoas a correr mais depressa, a não serem tão preguiçosas, a produzirem mais depressa. Mas será que faz sentido produzir mais depressa algo que não seduz clientes?
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Numa qualquer economia, a produtividade não tem uma distribuição homogénea. E mais, pode mesmo defender-se:
"Protecting inefficient firms from going under is a major reason for lower European productivity." (Tanto dinheirinho do Estado aplicado a adiar o inevitável há mais de uma década...)
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Parece que, para fazer subir a produtividade de uma economia, há que deixar cair as empresas menos produtivas. E volto sempre a Maliranta:
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"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." (Esta é a conclusão dos finlandeses, aumentar a produtividade não passa pela mudança dos trabalhadores, passa pela renovação das empresas)
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A que é que assistimos desde a chegada da China à arena da globalização?
- empresas pouco produtivas, de capital nacional, morreram por falta de encomendas, ou por perderem dinheiro com as encomendas que aceitaram;
- empresas muito produtivas, de capital estrangeiro, baseadas na eficiência pura e dura, assentes na escala, fecharam por causa da deslocalização . Os donos do capital transferiram as unidades produtivas para a Ásia ou até mesmo para Marrocos.
- empresas que deram a volta por cima e aumentaram a sua produtividade
O preço pagou-se no encerramento de muitas empresas:
E no aumento do desemprego:
O resultado foi este: uma indústria exportadora cada vez mais competitiva.
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Hoje em dia o emprego volta a crescer no calçado "Calçado tem 1.500 vagas e até aumenta salário a quem trouxer gente", volta a crescer no têxtil " Exportadora não cresce por falta de especialistas" (recordar: "Não é impunemente que se diz mal") e volta a crescer noutros sectores exportadores.
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No entanto, estes sinais são abafados pelo que se passa na economia dos funcionários públicos, reformados e pensionistas, e na economia dos bens não-transaccionáveis. A maior parte dos portugueses vive nestas duas economias, e só agora, com a austeridade, é que elas vão começar a sofrer a transformação por que passou a economia de bens transaccionáveis.
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Reparem:
- construção;
- comércio;
- restauração;
- educação;
- imobiliário;
- serviços;
- ...

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