Na passada sexta-feira escrevi "Que história conta uma etiqueta?"
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Ontem à tarde, visitei a loja El Corte Inglés em Vila Nova de Gaia, aproveitei para apreciar o calçado para homem que tinham exposto.
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Realmente... apreciar um, dois modelos da marca Pikolinos, achá-los atraentes pela sua simplicidade e pelo aspecto do acabamento dado à pele (longe do classicismo dos Armando Silva ali ao lado, made in São João da Madeira) e espreitar para o verso da lingueta para confirmar a suspeita... made in China.
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Comprar umas chinelas na feira com a etiqueta made in China OK, comprar calçado made in China numa das lojas "não sei quê Dragão" OK, comprar umas sapatilhas made in China por 9 euros numa loja Decathlon OK, agora comprar um par de sapatos made in China por mais de 100 euros num espaço El Corte Inglés ... soa a uma experiência falsa... é absurdo.
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Ao sair de Estarreja parei numa loja "Primeiro Dragão" e comprei pilhas, maxell made in Japan (maxell era uma marca de cassetes...), para os meus sinais de presença durante o jogging e, um micro-rato para o portátil.
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Cada coisa no seu lugar.
Dá que pensar esse caso da Pikolinos... (muito)
ResponderEliminar"comprar um par de sapatos made in China por mais de 100 euros num espaço El Corte Inglés ... soa a uma experiência falsa..."
Mas e se é isso mesmo, se eles se focalizaram noutro ponto da cadeia de uso, se privilegiam a experiência de uso em detrimento da de compra???...
E se querem influenciar consumidores que procuram esse toque diferente, que têm um estilo de vida menos clássico e que privilegiam o aspecto visual? (mas associado a uma qualidade implícita que lhes é transmitida pelo preço que estão a pagar)...
E se o produto tem mesmo essa qualidade intrínseca, "apesar" de feito na China??...
I mean, podendo ou não resultar imediatamente rentável para a marca, eles não estarão a identificar adequadamente um grupo de consumidores real e que tem verdadeiro potencial? E o El Corte Inglês não será mais um instrumento de comunicação do que de venda?
Fui ao site deles. Forte aposta na venda online. Será que?... "fazemos o produto assim e assado, exibimo-lo em pontos de grande afluência de público (surge o El Corte Inglês, por exemplo), as pessoas contactam com a marca. Como o tipo de consumidor que procuramos é moderno e com conceito de moda urbana/casual/whatever, utiliza internet, visita a nossa plataforma, e começa a comprar online (até lhes damos 30 dias de devolução grátis, só pra lhes diminuirmos o risco!).
Nota: isto tudo só a especular quase por impulso, que o tempo não abunda para grandes pesquisas e reflexões.
P.S.: no site publicitam graficamente 30 dias para devoluções, mas depois, nas FAQ, afinal são só 15... (http://www.pikolinos.com/pt/es/info/faqs_es)
"se privilegiam a experiência de uso em detrimento da de compra???"
ResponderEliminar.
Para mim as duas fazem parte de um todo, por que não duvido que os sapatos sejam confortáveis.
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Sinto é que o impacte seria maior se os sapatos tivessem um made in Portugal, ou um made in España ou in Italia.
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Quando os alemães ou os suecos vêm a Portugal em viagens de negócios querem sempre levar de volta... sapatos portugueses. Encaixa-se num modelo, numa visão do mundo.