terça-feira, março 08, 2022

Curiosidade do dia

Às segundas, quartas e sextas a elite é anti-natalidade, por amor ao ambiente.

 Às terças, quintas e Sábados preocupa-se com a falta de escravos para pagar as pensões e reformas:

"A imigração é apontada como uma das formas de compensar a crise demográfica portuguesa. Os números são um alerta: nos próximos 50 anos vamos perder população — dos atuais 10,3 milhões para 8,2 milhões; os jovens vão ser cada vez menos — de 1,4 milhões para cerca de 1 milhão; e o número de idosos com mais de 65 anos passará de 2,2 milhões para 3 milhões. O índice de envelhecimento em Portugal quase duplicará, passando de 159 para 300 idosos por cada 100 jovens. Este foi um dos temas abordados no webtalk do Expresso — “Trabalhar Mais, Poupar Mais ou Abrir as Portas” —, que se realizou esta semana."

Trecho retirado de "Abrir as portas aos imigrantes pode ser uma solução para Portugal"

Big data e experiência dos clientes

A propósito de "Customer Experience in the Age of AI":

"brands can win by tapping a deep store of customer information to transform and personalize user experiences. From the pre-internet dawn of segment-of-one marketing to the customer journey of the digital era, personalized customer experiences have unequivocally become the basis for competitive advantage. Personalization now goes far beyond getting customers’ names right in advertising pitches, having complete data at the ready when someone calls customer service, or tailoring a web landing page with customer-relevant offers. It is the design target for every physical and virtual touch-point, and it is increasingly powered by AI.

...

We are now at the point where competitive advantage will derive from the ability to capture, analyze, and utilize personalized customer data at scale and from the use of AI to understand, shape, customize, and optimize the customer journey."

Recordei o que li em "The Data Detective" de Tim Harford:

"The algorithms that analyze big data are trained using found data that can be subtly biased.

...

One thing is certain. If algorithms are shown a skewed sample of the world, they will reach a skewed conclusion.

...

There are some overtly racist and sexist people out there—look around—but in general what we count and what we fail to count is often the result of an unexamined choice, of subtle biases and hidden assumptions that we haven’t realized are leading us astray.

...

Big found datasets can seem comprehensive, and may be enormously useful, but “N = All” is often a seductive illusion: it’s easy to make unwarranted assumptions that we have everything that matters. We must always ask who and what is missing. And this is only one reason to approach big data with caution. Big data represents a huge and underscrutinized change in the way statistics are being collected, and that is where our journey to make the world add up will take us next."

segunda-feira, março 07, 2022

O caos cria a possibilidade

 

"Industrial systems thrive on predictability. [Moi ici: Recordo o que aprendi em Julho de 2017 sobre o Sistema Toyota de Produção, mas que ninguém refere "These practices are combined with the tradition within Toyota Production System of freezing the production schedule eight weeks before production begins, which substantially reduces responsiveness."] It smooths out the supply chain, improves efficiency and makes many of the participants more comfortable. [Moi ici: Por isso, sublinhei em Para reflexão a importância do Slack]

Tomorrow is like yesterday, but perhaps a little faster or cheaper.

But breakthroughs, creativity, and human connection don’t come from predictability. They come from unpredictable interactions with unknown ideas and voices. [Moi ici: Li há tempos, não fixei a fonte, que testar novidades implica tolerar ineficiências]

Just about all bestsellers are surprise bestsellers. All big ideas come out of left field. But if you spend your time looking at left field, they’ll come out of right field instead.

Chaos is uncomfortable, particularly if you’ve been indoctrinated in the industrial mindset. But if the right people and the right conditions are present, chaos creates possibility. [Moi ici: O que implica mentes livres de modelos mentais castradores... impressionante, 13 anos depois ainda recordo o suiço que produzia azeite]

Do it with intent."


Trechos retirados de "Chaos, connection and industrial systems"

domingo, março 06, 2022

Medo de falhar?

Há tempos encontrei numa empresa esta metodologia para definir indicadores.

Ao estabelecer como objectivo para o ano seguinte o desempenho médio do ano anterior:
  • a prática pode levar a uma evolução lenta, ou até mesmo a uma estagnação no desempenho;
  • não há necessidade de um plano de melhoria;
Se escolhermos indicadores relevantes, faz sentido estabelecer objectivos de melhoria real e desenvolver planos deliberados para alterar a realidade. Não há que ter medo de desenvolver indicadores exigentes e ficar a metade do caminho.







sábado, março 05, 2022

Vulturismo?

Hoje vi isto na capa do Diário de Notícias:


Já ontem tinha escrito isto no Twitter:
Hoje surgiu-me a metáfora dos abutres a debaterem-se para ficarem com os despojos da guerra.

Posso não saber expressar-me bem, mas sinto que há aqui algo censurável... sinto que este não é o tempo para estas manifestações.



"sort by price"

"sort by price.

It turns out that a lot of freight shipping is done through an intermediary. Software automatically scans all available options and picks the cheapest one.

Which means that brands don’t matter, customer feedback doesn’t matter and reviews don’t matter. Neither does corporate responsibility or employee satisfaction.

All that matters is the price the shipper pays and ultimately the price of the stock.

Sort by price insulates the producer from the customer. When we resort to a single metric, we get what we measure, and the side effects pile up.

More and more, the choices are, “You’ll get a discount and you will get less than you paid for” and /or “you’ll pay a bit more and you’ll get more than you paid for.”"

Há que escolher outros clientes (reparar que eu não me enganei, é o meu velho "os clientes têm a última palavra, mas o fornecedor tem a primeira). Há que escolher outras prateleiras, as frequentadas pelos clientes-alvo. Há que vender de outra maneira.

Trecho retirado de "“We don’t care” (you won’t let us)

sexta-feira, março 04, 2022

"an obsession with creating value and outcomes for customers and users"

Parece retirado deste blogue: 

"The new management innovation is very different. Instead of an industrial-era focus on internal efficiency and outputs, the primary preoccupation in the new age is external: an obsession with creating value and outcomes for customers and users. Instead of starting from what the firm can produce that might be sold to customers, digital firms work backwards from what customers need and then figure out how that might be delivered in a sustainable way. Instead of limiting themselves to what the firm itself can provide, the firm often mobilizes other firms to help meet user needs."

Trechos retirados de "Why Management Innovation Is Hiding In Plain Sight

quinta-feira, março 03, 2022

Marcado

Tenho encadernadas em casa as revistas TIME de 1988 a 2008 (?).

Já por várias vezes procurei uma foto que me continua a marcar. Uma foto de um menino vestido de preto que chorava desalmadamente junto ao caixão do pai que estava pronto a ser descido à terra do cemitério. Alguns familiares, todos vestidos de preto compunham a foto. O pai era uma das primeiras vítimas da guerra na antiga Jugoslávia.

Hoje no Twitter vi esta foto e fiquei marcado.


O risco de voltar a trabalhar com a China (parte II)

Parte I

"In the long term, the economic effects will follow geopolitics. If the outcome is a deep and prolonged division between the west and a bloc centred on China and Russia, economic divisions will follow. Everybody would try to reduce their dependence on contentious and unreliable partners. Politics trumps economics in such a world. At a global level, the economy would be reconfigured. But in times of war, politics always trumps economics. We do not yet know how.

...

In this new world, the position of China will be a central concern. Its leadership needs to understand that supporting Russia is now incompatible with friendly relations with western countries. On the contrary, the latter will have to make strategic security an overriding imperative of their economic policy. If China decides to rely on a new axis of irredentist authoritarians against the west, global economic division must follow. Businesses have to take note of this."

Quais as consequências económicas para a reindustrialização da Europa? 

Trechos retirados de "Putin has reignited the conflict between tyranny and liberal democracy

quarta-feira, março 02, 2022

O risco de voltar a trabalhar com a China

Mesmo depois do Covid acabar e acabarem as intermináveis quarentenas para quem se desloca à China, quem pensar em voltar à China para encomendar produção terá de equacionar a possibilidade da China invadir Taiwan, e seguirem-se sanções como aconteceu agora com a Rússia.




terça-feira, março 01, 2022

Empresas e ambiente

Uma boa reflexão, "How Corporate Purpose Can ‘Signal Virtue’ But Distract The Management", sobre as empresas que gastam a atenção da administração em "signaling virtue" e, depois, não há atenção para os desafios da gestão. Ou será que o "signal virtue" é uma desculpa para esconder a falta de soluções para os desafios da gestão?

Interessante, se em vez de empresas pensarmos em governos ... sim, Políticos e ambiente.

"“Public display of climate and social credentials comes at cost to the business,” says fund manager, Terry Smith of Fundsmith Equity Fund. “The maker of Dove soap, Hellmann’s mayonnaise and Magnum ice cream has set out ambitious climate and social targets and is trying to prove that sustainable business does drive superior financial performance.” However, in the absence of that superior financial performance, broader social goals themselves inevitably come into question.

“Unilever seems to be laboring,” Smith wrote, “under the weight of a management which is obsessed with publicly displaying sustainability credentials at the expense of focusing on the fundamentals of the business.”

It is not that life-purpose training programs for staff and gig workers are not worthwhile. But their priority within Unilever needs to be viewed in the context of all the other issues facing the firm. When overall performance falls short, broad social goals can become suspects in causing the shortfalls.

...

Training gig workers and helping them find their own purpose in life isn’t wrong. It could be part of the solution at Unilever. It’s just that Unilever has to commit itself first and foremost to adding value to customers’ lives, not just waving a public-virtue flag and declaring victory."

 

segunda-feira, fevereiro 28, 2022

Live and let live

No sector de bens transaccionáveis as PMEs portuguesas exportadoras praticam preços mais elevados para o mercado interno ou para o mercado externo?

Os consumidores do mercado interno são iguais aos do mercado externo? Não! Têm poder de compra diferente.

ME - mercado externo
MI - Mercado interno

Muitas PMEs exportadoras ou não trabalham para o mercado interno, ou produzem produtos diferentes, mais baratos para ele. 
Muitas PMEs exportadoras nunca sobreviveriam a trabalhar só para o mercado interno. O mercado interno é pequeno e não aguenta margens elevadas.
Muitas PMEs exportadoras nem perdem tempo a trabalhar para o mercado interno. 

O que defendo aqui neste espaço desde o início deste blogue em 2004?
  • As empresas devem ter uma estratégia! 
  • Ter uma estratégia passa por escolher os clientes-alvo, os clientes que podem ser servidos com vantagem competitiva.
  • O objectivo das empresas é o lucro, não a quota de mercado.

Alguns exemplos:
Por isto, o que penso sobre a ideia de focar as PMEs exportadoras na redução das importações, em vez de continuarem a fazer o trabalhar de ganhar mercado no exterior, está bem descrito em Produtividade e tretas académicas.

Tudo isto por causa de mais uma exibição de falta de pensamento estratégico em "Madeira e mobiliário com vendas recorde ao exterior de 2587 milhões" no DN de ontem:
"Apesar da pandemia, 2021 foi um bom ano para as exportações da fileira nacional da madeira e mobiliário, que atingiram os 2587 milhões de euros, ultrapassando em 1,6 milhões o máximo histórico que havia sido alcançado em 2019. O presidente da Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) mostra-se "muito satisfeito" com esta performance, mas alerta para o crescimento de 21% nas importações, que levaram a uma "queda abrupta" do saldo da balança comercial, para 440 milhões de euros. [Moi ici: O artigo começa com uma descrição positiva]
...
Mas nem tudo são boas notícias, já que as importações da fileira de madeira e mobiliário, que haviam abrandado em 2018 e 2019 e caído em 2020, cresceram 21% em 2021, ou seja, a uma taxa superior à das exportações, arrastando o superávite do setor para 440 milhões de euros, valor que equivale aos níveis de 2011. "Um absoluto desastre", diz o presidente da AIMMP. "O país precisa de aumentar as exportações, sem agravar as importações, caso contrário não teremos crescimento económico, mas apenas um empobrecimento gradual e coletivo", defende, sublinhando que "na situação económica e empresarial em que nos encontramos, os incentivos ao consumo não constituem fonte de crescimento, mas de agravamento do endividamento externo"."

Querem aumentar a produtividade e os salários ao mesmo tempo que se dedicam a produzir baratos, com margens baixas e em pequenas quantidades? 

Live and let live.

domingo, fevereiro 27, 2022

"Gell-Mann Amnesia" effect

Recordo muitas vezes a lição de vida que aprendi há muitos anos quando um grupo de advogados, juristas e políticos debatia na RTP acerca de Camarate com argumentos que suportavam a transmutação da alquimia (201720162009).

Sexta-feira passada em "Unsettled - What Climate Science Tells Us. What it Doesn't, and Why it Matters" de Steven E. Koonin" encontro:
You open the newspaper to an article on some subject you know well.
In Murray's case, physics. In mine, show business . . .
In any case, you read with exasperation or amusement the multiple errors in a story, and then turn the page to national or international affairs, and read as if the rest of the newspaper was somehow more accurate about Palestine than the baloney you just read. You turn the page, and forget what you know."

sábado, fevereiro 26, 2022

Quantas vezes somos vítimas deliberadas das especulações em torno destas "mudanças"?

Neste postal de 2012, Conversa de humano, escrevo sobre análise estatística e depois aplico-a à taxa de mortalidade infantil.

Isto fez-me recordar uma das estórias mais interessantes no livro de Tim Harford, "The Data Detective":
"It was a vital question. Across the UK, mortality rates for newborn babies varied substantially for no obvious reason. Could doctors and nurses be doing anything different to save these children?
...
The explanation for the disparity in mortality rates was quite different.
When a pregnancy ends at, say, twelve or thirteen weeks, everyone would call that a miscarriage. When a baby is born prematurely at twenty-four weeks or later, UK law requires this to be recorded as a birth. But when a pregnancy ends just before this cutoff point—say, at twenty-two or twenty-three weeks—how it should be described is more ambiguous. A fetus born at this stage is tiny, about the size of an adult’s hand. It is unlikely to survive. Many doctors call this heartbreaking situation a “late miscarriage” or a “late fetal loss,” even if the tiny child briefly had a heartbeat or took a few breaths. Dr. Smith tells me that parents who have been through this experience often feel strongly that the word “miscarriage” is inadequate. Perhaps in the hope of helping these parents to process their grief, the community of neonatal doctors in the Midlands had developed the custom of describing the same tragedy in a different way: the baby was born alive, but died shortly after.
Mercifully few pregnancies end at twenty-two or twenty-three weeks. But after doing some simple arithmetic, Lucy Smith realized that the difference in how these births were treated statistically was enough to explain the overall gap in newborn mortality between the two hospital groups. Newborns were no more likely to survive in London after all. It wasn’t a difference in reality, but a difference in how that reality was being recorded.
The same difference affects comparisons between countries. The United States has a notoriously high infant mortality rate for a rich country— 6.1 deaths per thousand live births in 2010. In Finland, by comparison, it is just 2.3. But it turns out that physicians in America, like those in the UK’s Midlands, seem to be far more likely to record a pregnancy that ends at twenty-two weeks as a live birth, followed by an early death, than as a late miscarriage."

Quantas vezes somos vítimas deliberadas das especulações em torno destas "mudanças"? 

Políticos e ambiente

Em Novembro passado aqui no blogue escrevi:
"Há muito que penso que os políticos começaram a falar cada vez mais do ambiente porque era algo que não lhes vinha cobrar. Por exemplo, um político pode propor políticas para reduzir défice, para reduzir filas de espera na Saúde, para aumentar salários, ... e todas essas políticas têm o inconveniente de, mais tarde ou mais cedo, virem cobrar através da comparação entre os resultados propostos versus os resultados obtidos. Já com o ambiente era diferente. Os políticos podiam falar do ambiente à boca cheia sem recear que ainda durante a mesma legislatura alguém lhes viesse pedir contas."

Agora, em "Unsettled - What Climate Science Tells Us. What it Doesn't, and Why it Matters" de Steven E. Koonin" encontro:

"The threat of climate catastrophe-whether storms, droughts, rising seas, failed crops, or economic collapse-resonates with everyone. And this threat can be portrayed as both urgent (by invoking a recent deadly weather event, for instance) and yet distant enough so that a politician's dire predictions will be tested only decades after they've left office."

sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Coisas que dificultam a subida na escala de valor

Ontem em "The Real Secret to Retaining Talent" sublinhei:

"Over the past several decades managers have had to adapt to a stark reality: Individuals with unique talent can profoundly affect the value—and even the nature—of the work their organizations produce. A film studio can make a movie with or without Julia Roberts, but it won’t be the same movie. The Green Bay Packers can play football without quarterback Aaron Rodgers—but they will have to run a different offense. If a pharmaceutical company loses its star scientist, it will have to change its research program. If a hedge fund loses its investment guru, it will need to alter its approach to investing."

No dia anterior em "The Handbook of Competency Mapping" tinha sublinhado:

"the management of a boat-building firm specializing in high-quality craftsmanship decided to expand into mass production of low-cost speedboats. It proved impossible to adapt worker attitudes away from their historical commitment to quality and craftsmanship. Management was obliged to relocate the speedboat production and recruit a separate workforce. The new venture failed because the history and culture of the organization did not match with the new task. Thus a distinctive competence in one area-quality craftsmanship-may amount to a distinctive incompetence in another sector which adequately has low-cost production. Strategy formulation and opportunity surveillance are useless exercises unless the company has the internal abilities to execute its decision, or at least possesses the chance of developing the required capabilities. Competence, both generic and specific, plays an important role in the success of an organization."

São estas coisas que dificultam a transição entre modelos de negócio. São estas coisas que dificultam a subida na escala de valor.

O que nos trouxe até aqui, dificilmente será o que nos pode levar mais acima.

quinta-feira, fevereiro 24, 2022

Argumentos visuais

[Florence Nightingale]“That makes her perhaps the first person to grasp that busy, influential people would pay far more attention to a vivid diagram than to a table of numbers.

...

As Nightingale quipped when sending one of her analytical books to the Queen, “She may look at it because it has pictures.”

It’s a cynical, almost contemptuous, thing to write. But it is true. A chart has a special power. Our visual sense is potent, perhaps too potent. The word “see” is often used as a direct synonym for “understand”—“I see what you mean.” Yet sometimes we see but we don’t understand; worse, we see, then “understand” something that isn’t true at all. Done well, a picture of data is worth the proverbial thousand words. It is more than persuasive; it shows us things we could not have seen before, revealing patterns amid chaos. However, much depends on the intent of the chart’s creator, and the wisdom of the reader.

...

Much of the data visualization that bombards us today is decoration at best, and distraction or even disinformation at worst. The decorative function is surprisingly common, perhaps because the data visualization teams of many media organizations are part of the art departments. They are led by people whose skills and experience are not in statistics but in illustration or graphic design. The emphasis is on the visualization, not on the data. It is, above all, a picture.

...

So information is beautiful—but misinformation can be beautiful, too. And producing beautiful misinformation is becoming easier than ever.

...

A good chart isn’t an illustration but a visual argument ... If a good chart is a visual argument, a bad chart may be a confusing mess—or it may also be a visual argument, but a deceptive and seductive one. Either way, by organizing and presenting the data, we are inviting people to draw certain conclusions. And just as a verbal argument can be logical or emotional, sharp or woolly, clear or baffling, honest or misleading, so too can the argument made by a chart.

I should note here that not all good charts are visual arguments. Some data visualization is not intended to be persuasive, but exploratory. If you’re handling a complex dataset, you’ll learn a lot by turning it into a few different graphs to see what they show. Trends and patterns will often leap out immediately if plotted in the right way."

Por exemplo, no livro que ando a ler "Unsettled - What Climate Science Tells Us. What it Doesn't, and Why it Matters" de Steven E. Koonin", estou farto de encontrar exemplos como este:


Fontes oficiais apresentam gráficos manipulados, para levar a uma conclusão forçada.

Trechos retirados de "The Data Detective" de Tim Harford.

quarta-feira, fevereiro 23, 2022

Porque é um nicho pouco sexy!

"Por que é que as empresas portuguesas não são competitivas com o exterior?"

A pergunta com que começou o Think Tank de ontem. Aqui vai a minha contribuição. 


As empresas portuguesas são competitivas com o exterior!!!


Não é essa a vossa percepção? Basta olhar para as estatísticas do INE.


Então, que se passa? Por que não é essa a vossa percepção?


Vamos à biologia buscar um exemplo. 

Os crocodilos apareceram primeiro que os dinossauros. Os dinossauros apareceram e desapareceram... os crocodilos continuam.

As empresas portuguesas são competitivas nos nichos onde maioritariamente têm competido. E continuarão a sê-lo até que o contexto abiótico o permita, e/ou até que concorrentes igualmente bem sucedidos tomem conta do nicho. Por que é que tanta gente tem a percepção que não são competitivas? Porque é um nicho pouco sexy! O valor acrescentado não é muito elevado, mas é um nicho que se tem mantido estável. Como os humanos são satisficers, não maximizers,  a maioria fica abrigada no nicho. Recordar o relatório publicado recentemente: "Portugal não irá crescer se continuar a “exportar ‘mais do mesmo’”"

Um factor abiótico que pode pôr em causa este status-quo vem relatado no JdN de ontem em "Falta de pessoal e efeito dominó nas contratações sobem salários". Se não fosse a importação de mão-de-obra barata para a indústria, ao estilo de Odemira, esta seria uma das melhores notícias para a economia portuguesa no longo prazo, não para os empresários portugueses. Imaginem que não há "Odemiras" (não há bofetadas).

Os custos salariais sobem porque aumenta a concorrência pelas pessoas e pelo talento existente. Recordo que somos uma população a esvaír-se numa hemorragia demográfica (pirãmide etária e emigração. Recordar o que escrevi sobre os Figos). Maiores custos implicam que as empresas têm de ser capazes de os suportar. Por isso, ou sobem na escala de valor, ou aumentam a eficiência (sobem na escala do volume)... ou morrem. O que acontece a uma economia em que estas empresas morrem?

""It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação."

Claro que esta é uma evolução perigosa para o poder, sempre mancomunado com incumbentes.

Claro que esta é uma postura perigosa para um consultor num mundo de instalados que ficam ofendidos com uma opinião excêntrica. 

terça-feira, fevereiro 22, 2022

Qual a relação entre custos e preços?

A propósito deste texto, "Corporate pricing is boosting inflation — but we’re still buying", que grande confusão aqui vai:

"But some economists and politicians say that corporations are using inflation as an excuse to jack up prices beyond what’s necessary to account for their increased costs. More than just passing those costs onto consumers, they say, corporations are taking advantage of the unprecedented global economic circumstances to increase their profits, simply because they can."

Qual a relação entre custos e preços?


Então, qual é a relação entre custos e preços?


Não há!!!

As empresas aumentam os preços quando podem, quando não podem aguentam, ou fecham, ou pedem ajuda ao papá-Estado.

segunda-feira, fevereiro 21, 2022

"A produtividade tem de ser uma exigência nacional!"

"A produtividade tem de ser uma exigência nacional! Se formos mais produtivos por unidade de trabalho incorporado, podemos aumentar a receita fiscal "sem dor", exigir uma melhor distribuição do fator trabalho, com ênfase para a qualificação (o que promove o aumento do salário médio), e evitamos a debandada dos portugueses mais talentosos.

Para percebermos porque é que Portugal é sucessivamente ultrapassado pelos novos países que se juntaram mais recentemente à União Europeia devemos olhar para os dados da produtividade do fator trabalho. Peguei nos dados da evolução da produtividade do trabalho por hora trabalhada em euros, para os últimos anos, para vários países que recentemente se juntaram à União Europeia, a que acrescentei Espanha e a Grécia.

E até excluí os anos de 2020 e 2021, por serem anos atípicos.

O resultado para Portugal é devastador. De 2015 a 2019, a produtividade na Roménia aumentou 37,1%, enquanto em Portugal apenas aumentou 9,6%, tendo ficado na média da UE a 27, onde a produtividade aumentou 9,6%, mas onde os restantes países com quem nos comparamos arrasaram: a Estónia 31,3%, a Bulgária 30,9%, a Lituânia 27,2%, a Letónia 26,2%, a República Checa 24,6%, a Eslovénia 18,4%, a Croácia 12,7% e a Eslováquia 12,3%!

É por estas e por outras que estamos como estamos e acabámos de perder um período de crescimento europeu notável porque não soubemos fazer o que devíamos: não mudámos o tecido empresarial, não amortizámos a dívida, não investimos..."

Recordar, acerca da Roménia:

Espero que João Duque já tenha abandonado a ideia de Julho de 2020 de substituir importações, Produtividade e tretas académicas.

Trechos retirados de "O orçamento pode esperar" de João Duque no Caderno de Economia do semanário Expresso do último Sábado.