sábado, julho 21, 2012

Subverter na vida real

E volto ao esquema que desenhei numa empresa na segunda-feira passada:
A falta de capital e a dificuldade de acesso a crédito nos importadores europeus está a desviar produções da Ásia para a Europa.
A diminuição do rendimento disponível dos consumidores está a reduzir o consumo, o que torna mais arriscado a compra de grandes quantidades, o que promove a produção de pequenas séries, o que favorece uma postura de em vez de tentar acertar o que é que o consumidor gosta e apostar todas as fichas nessa crença, produzir rapidamente o que o cliente realmente escolhe e compra.
.
O raciocínio foi feito para quem quer exportar para a Europa.
.
O raciocínio também pode ser utilizado para quem quiser aproveitar e vender para o mercado nacional... a bitola de preços será mais baixa, as quantidades serão ainda mais pequenas, mas podem tentar criar um nicho... um dos factores que mais vezes apareceu nas minhas conversas desta semana foi "custos de estrutura". Em n conversas, os meus interlocutores referiram a dificuldade de tantos agentes económicos no país que se debatem com estruturas desenhadas para outro mundo, e que agora são demasiado pesadas. Empresas mais leves, mais rápidas, mais ágeis, mais flexíveis, podem tentar criar um nicho com lojistas do mercado interno que já não têm condições económicas para trabalhar com marcas internacionais, basta apreciar a mensagem deste artigo "Lojas só encomendaram metade do que é habitual para a nova coleção":
.
"As encomendas dos retalhistas para a estação outono/inverno já foram feitas e, de acordo com Maria do Céu Primm, da Associação Comercial de Moda de Lisboa, tiveram uma queda "na ordem dos 30 a 40%"
 Hoje em dia temos o just-in-time, temos as redes sociais a criarem modas a qualquer momento, temos ecrãs ligados ao mundo real e virtual nos nossos bolsos e pastas, temos sistemas informáticos que permitem um planeamento superior, temos uma infinidade de opções logísticas à disposição, temos máquinas muito mais rápidas e flexíveis, temos... no entanto, continuamos a escolher e encomendar as colecções que vão ser expostas na loja, 7/8 meses antes de os consumidores as verem, como no tempo em que as encomendas eram feitas por carta... (OMG, eu ainda aprendi a trabalhar com o telex no meu primeiro emprego... ainda nem havia fax)...
.
Subverter um modelo de negócio passa por abandonar certos pressupostos tidos como sagrados... pois!
"Refere também "que muitos estão a fazer promoções para escoar stocks e comprar novos produtos", mas sublinha: "Muitos fornecedores estrangeiros estão a impor regras impossíveis de aceitar, como: não baixar os preços sem ser nos saldos, ou mesmo a estabelecer objetivos de vendas, que numa altura como esta são impossíveis de atingir".

Daí estimar "que muitos produtos que importávamos vamos deixar de o fazer; a redução do poder de compra dos empresários impede-os de investir"."
E esta... ao ler o último parágrafo pela terceira ou quarta vez, emergiu na minha mente esta ironia... e se for a quebra do poder compra dos empresários a obrigá-los a salvarem-se, ao terem de, contrariados, sujeitar-se a um novo modelo de negócio.
.
BTW, como as nossas exportações de têxtil e vestuário apesar de tudo ainda estão a crescer, ainda que pouco, estes números:
"Do lado da indústria, a situação também não está fácil. Até ontem e desde o início do ano registaram-se 51 insolvências nas empresas de fabricação de têxteis (26 para o mesmo período de 2011), e na indústria do vestuário o numero de insolvências atingiu já as 153 (124 em 2011)"
Referem-se, especulo eu, a empresas que viviam demasiado dependentes do mercado interno... o mercado interno mudou. É como um habitat em que o clima se alterou, em que a pluviosidade mudou, muitas espécies  são incapazes de evoluírem a tempo e extinguem-se... outras adaptam-se a tempo e aproveitam o espaço tornado livre.... O mercado interno pode ser lucrativo se se descobrirem modelos de negócio adaptados à nova realidade.

Subverter modelos de negócio

Interessante artigo sobre mais uma procura de resposta para o futuro da saúde "How Disruptive Business Models Can Transform Health Care".
.
"While new business models are needed across the spectrum of healthcare, many impediments prevent new ideas from taking root. Barriers stem from the fact that health care in America doesn’t function like the free market. For instance, consumers rarely pay directly for their own care, so there is little incentive for making trade-offs such as choosing something cheaper that costs less. The regulatory environment often doesn’t allow inexpensive solutions to make it to market. Finally, there are mismatched incentives: hospitals want patients to get that operation, but insurance companies don’t.
.
Given all that’s standing in the way of enabling new business models, we must take note when promising ones appear ready to take off. Qliance Medical Management is one organization leading business model innovation on the care delivery front. The Seattle startup is disrupting the insurance and primary care market by simply not accepting traditional policies. Patients enroll directly at primary care facilities, paying a $60 to $120 monthly membership fee (depending on their age) for unlimited services. 
...
(Moi ici: E agora um trecho que se adequa a qualquer sector) The lesson isn’t that healthcare companies should accept charging less and making lower profits. Instead, through business model innovation, companies need to examine their value chains and throw away assumptions about the way things are done. By reinventing business models we can dramatically reduce costs and greatly improve care."
.
E no seu sector de actividade, quantos pressupostos assume como válidos porque... sempre foi assim no nosso sector.
.
Ainda sou do tempo dos autocarros terem cobrador.
.
Ainda sou do tempo em que o motorista de camião era motorista, para cargas e descargas havia o ajudante de motorista...
.
Ás vezes, quando durmo em hotéis, ao tomar o pequeno almoço, reparo em pormenores que não consigo enquadrar... para que servem? Por que fazem isto assim? Anos depois, ao ver a série sobre o detective Poirot, descubro alguns desses pormenores e percebo o sentido que faziam nessa sociedade entre as duas guerras mundiais... o mundo seguiu em frente, mas esses pormenores foram ficando por preguiça, por desmazelo, por tradição, por ... 
.
Não esquecer, que pressupostos deixaram de ficar válidos no seu sector e continuam a ser observados por tradição? Pode subverter o modelo de negócio?

sexta-feira, julho 20, 2012

Como aproveitar a proximidade entre a produção e o consumo?

Primeiro, alguns títulos do dia de hoje sobre o esforço dos que não querem ser mais um peso para os contribuintes líquidos do OE:

Segundo, para os proteccionistas que são incapazes de ver o mundo pelos olhos do outro, este artigo "'Made in China' Olympic Uniforms Are a Win for the U.S.":
.
"Garment manufacturing is a low-cost commodity business.(Moi ici: Como costumo dizer aos empresários - Produzir é o mais fácil) Most of the value in the apparel industry comes from design, technology, sales, marketing, and distribution—not manufacturing.

...
These companies are winning globally by out-designing, out-innovating, and out-marketing the competition."
.
Ainda esta semana, em conjunto com a gerência de uma PME, desenhamos em conjunto o mar em que navegam as PMEs, para aproveitar a maré... 
... não é produzir, produzir é possível em qualquer lugar.
.
A maré favorável é a que aproveita a flexibilidade; a rapidez; as pequenas séries; a proximidade entre a produção e o consumo... se a isto se juntar uma marca própria e design, ou inovação técnica.
.
Neste outro artigo muito interessante "Is Nike's Flyknit the Swoosh of the Future?" (vou abdicar de falar na vertente da inovação tecnológica e concentrar-me no problema que tantas vezes aqui refiro e que na figura acima é representado pelo factor com mais pontos de chegada):
.
"Nike makes 96 percent of its shoes in Vietnam, China, and Indonesia, where labor costs are low. The downside is the time it takes for shoes to reach markets such as the U.S., says SportsOneSource analyst Matt Powell. “One of the critical issues our industry hasn’t figured out is how to get products to market more quickly,” he says. “The biggest time in the life cycle of getting a shoe to the U.S. is the time it spends on a boat coming from Asia. If you could eliminate that, that’s a huge chunk out of the time line.”"
.
A sua PME conhece o oceano onde está a trabalhar? Sabe que marés, correntes e ventos pode aproveitar? Produzir não chega, isso qualquer um faz. Como pode aproveitar a proximidade entre a produção e o consumo? Como pode aproveitar a rapidez e a flexibilidade?

Produtividade, eficácia e desemprego

Na semana passada, neste postal "Produtividade e desemprego", comentei algo que nunca tinha visto, a afirmação: "cuidado com o aumento da produtividade porque provoca desemprego".
.
Segunda-feira passada, com espanto, descobri neste artigo "The Incredible Bain Jobs Machine" o mesmo racional. Parece que um dos argumentos para atacar o candidato Romney é que ele, como consultor, apoiou empresas, como a Staples, a destruir milhares de postos de trabalho em pequenas papelarias...
.
O autor do artigo desmascara muito bem o problema desta argumentação de que mais produtividade significa mais desemprego e, para meu contentamento muito pessoal, recorre a terminologia que é comum neste blogue:
.
"It seems like no one remembers how an economy creates jobs anymore. The right answer, in fact the only answer, for jobs and better living standards, is productivity.
.
Economists define productivity as output per worker hour. (Moi ici: A tal visão arcaica da produtividade que parte do princípio que os atributos do output se mantêm constantesBut ramping up the output (Moi ici: Eheheh! Parece traduzido aqui do blogue)  of trolleys or 8-track tapes won't increase living standards. (Moi ici: Preparem-se para o que vão ler a seguir... respirar fundo)  It is not just technical efficiency that matters, it is also effectiveness—that is, producing what the economy really needs and consumers will pay for."  (Moi ici: A linguagem que tantas vezes usamos aqui, a eficácia é mais importante que a eficiência. Os economistas, a tríade só pensa na eficiência... de que vale ser muito eficiente a produzir algo que o mercado não quer?)
.
No seguimento da minha exortação "Amanhem-se!!!" esta linguagem que anda tão arredada do pensamento económico, tão habituado a direitos adquiridos:
.
"The productive use of capital is not an automatic process, of course. It is all about constant experimentation. And it is never permanent: Railroads were once tremendously productive, so were steamships and even Kodachrome. It takes work, year in and year out—update, test, tweak, kill off. Staples is under fire from Amazon and other productive online retailers. Its stock has halved since its 2010 peak and is almost at a 10-year low. So be it."
...
O que se segue alinha com a minha visão libertária:
.
"My theory is that productivity is always happening but swims upstream against those that fight it. Unions, regulations and a bizarre tax code that locks in the status quo.
.
In good times, no one notices. But in slow-growth economies, especially in the last 10 years, regulations and hiring rules and employer mandates and environmental anchors have had a cumulative dampening effect on productivity.
.
 (Moi ici: O que se segue podia ter sido escrito neste blogueHow can government do the right thing to help productivity and the employment it fosters? Get out of the way."

quinta-feira, julho 19, 2012

Adequar produtos aos clientes-alvo

Um produto não serve para toda a gente...
.
Cartoon retirado daqui.

A estratégia é a história (parte IV)

"Guber tells us that stories can also function as Trojan Horses. The audience accepts the story because, for a human, a good story always seems like a gift. But the story is actually just a delivery system for the teller’s agenda. A story is a trick for sneaking a message into the fortified citadel of the human mind.
.
Guber’s book is relentlessly optimistic about the power of story to persuade. But as the bloody metaphor of the Trojan Horse suggests, story is a tool that can be used for good or ill. Like fire, it can be used to warm a city or to burn it down."
.
Um perigo muito real!!!
.
Talvez questionando e investigando qual a intenção, qual o propósito, qual a razão de ser que move quem conta a história... se possa minimizar o risco de um contador de histórias mal intencionado.
.
Recordo que há muitos anos num programa na TV italiana, durante a primeira parte passou uma reportagem  que demonstrava, que no referendo a seguir à Segunda Guerra Mundial, tinha havido uma marosca e falsificação dos resultados eleitorais no referendo em que os italianos tinham optado pela república em detrimento da monarquia.
.
O número de telefonemas que invadiu a RAI foi monumental, era um escândalo, como tinha sido possível permitir que tal tivesse acontecido. Quando a emoção estava ao rubro... intervalo.
.
No arranque da segunda parte do programa, o animador do mesmo apareceu a revelar que tudo o que tinha sido apresentado na primeira parte tinha sido uma farsa, para demonstrar a facilidade com que a televisão, nesse tempo muito mais do que agora, podia enganar as pessoas.
.
.
Continua ainda com algo mais sobre o poder das histórias e a manipulação.

O mundo da Realidade Aumentada

Há dias vi uma notícia sobre barris de cerveja com um chip que dava indicação da temperatura, localização e volume.
.
Vemos, cada vez com mais frequência, QR codes associados a folhetos publicitários e a newsletters.
.
Compramos uns sapatos de corrida e podemos ver na internet o percurso que fizemos, quanto tempo demoramos, quantas calorias queimamos e ...
.
Agora mais um exemplo "Footwear for the blind - Bluetooth shoes"
.
O futuro também passa por aqui.

Há sempre uma alternativa

Outro tema já clássico neste blogue, como é que as lojas físicas podem fazer frente ao avanço do online?
.
Qual tem sido a recomendação?
.
Exclusividade e... experiência!!!
.
Saborear um pouco da batota da experiência em "Malls’ New Pitch: Come for the Experience":
.
"While a Scottsdale shopper can buy clothes on the Web, “she can’t go out to lunch with her girlfriends and have a glass of wine and a salad online,” said Michael P. Glimcher, chairman and chief executive. “She can’t get her hair done online. She can’t go and make pottery or soap or a cake online.”
.
Just about every mall owner in America is looking for ways to compete with the Internet. R. J. Milligan, a real estate analyst for Raymond James, said that developers were slowly adding more service-oriented elements to malls — for instance, dividing a closed Sears anchor store into multiple cafes.
.
But Glimcher is pushing the envelope even further than the standard model of restaurants and expanded food courts, he said, with tenants like Make Meaning (a membership store where people make crafts, cakes and other things) and Drybar (a salon with no scissors, just stylists with blow-dryers).
...
They can also take advantage of in-person-only opportunities at standard retailers, like the so-called booty cam at Industrie Denim, a jeans store, that lets women study their rear view. A Restoration Hardware scheduled to open soon will offer fresh flowers and cups of tea for sale.
.
“We want to be a place that people go to frequently, more than one time a week,” said Mr. Glimcher, so the emphasis is on classes and other hands-on experiences.
.
Scottsdale Quarter opened in 2009 without a bang. Consumers were pulling back on spending and real estate was troubled. Only a handful of the stores were leased.
.
Glimcher soon realized that traditional retailing would not work by itself, and leasing agents began collecting intelligence on game-changing candidates.
...
At its Polaris Fashion Place in Columbus, Ohio, for instance, it recently replaced a Gap with an Apple store. At River Valley Mall in Ohio, it replaced a Dollar Tree with Ulta Beauty, a test-it-and-buy-it cosmetics store.
.
At a New Jersey outlet mall, Jersey Gardens in Elizabeth, it ousted a Benetton and brought in a Lego store, which offers Lego-construction classes.

“It’s retail Darwinism,” Mr. Glimcher said.

Rick J. Caruso, the chief executive of Caruso Affiliated, developer of The Grove, an outdoor mall in Los Angeles, said the shift had shoppers rethinking what a mall could be."
.
Dá para pensar... há sempre uma alternativa que tem de ser desenvolvida quando o mundo muda.

quarta-feira, julho 18, 2012

Coisas que mereciam melhor investigação

Há coisas que precisavam de ser mais bem explicadas. Em "Maiores produtores de mobiliário lideram subida de desemprego" encontro:
.
"Paços de Ferreira e Paredes, concelhos líderes na produção de mobiliário em Portugal, registaram, nos últimos seis meses, as maiores subidas no número de desempregados no Tâmega e Sousa, afetando 22.331 pessoas no conjunto dos dois municípios.
.
Segundo dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), o desemprego aumentou nestes dois territórios industrializados, em igual período, 15,76 por cento, afetando mais 1.631 pessoas do que em dezembro de 2011.
.
Em Paços de Ferreira, aonde a componente comercial do mobiliário é mais intensa, a subida foi maior do que em Paredes, em que predominam as empresas de maiores dimensões.
.
As dificuldades do setor têm sido explicadas, pelas associações empresariais dos dois concelhos, pela forte queda das vendas no mercado interno, muito superiores aos ganhos dos últimos meses nos mercados internacionais."
.
O título quer dizer o quê? São os maiores produtores de mobiliário (empresas) que lideram a subida de desemprego? Ou são os concelhos (geografia) onde há mais produtores de mobiliário que lideram a subida de desemprego?
.
Depois, no  Quadro VII do Relatório mensal do IEFP Junho de 2012, constato que em termos homólogos o novo emprego cresceu +27,6% e, em comparação com o mês anterior o novo emprego cresceu +1,5%, na categoria "Fab. de mobiliário, repar. instal. máq. e equip. e outras ind. transformadoras".

Monopólios, eu gosto muito deles

Um intervalo permitiu-me visitar o twitter. A tempo de apanhar este tweet de Tom Peters:
"Re de facto monopolies: "Be the best; it's the only market that's not crowded." (George Whalin)"
Ele chama-lhe monopólios de facto. Realmente já usei essa terminologia uma vez aqui no blogue. Contudo, prefiro a terminologia "monopólios informais"
.
Isto deve trocar as voltas aos "expertos" que só conhecem o custo/preço como variável competitiva e que acham que um monopólio é sempre mau.
.
Monopólios, se forem informais, se forem, de facto, são um elogio dos clientes.

Artesãos e finesse

“Our philosophy is very simple. Dedication. Determination. Focus and Finesse. You dedicate yourself to the craft. You’re determined to be the best. You focus everyday to be the best, and finesse will get you there
...
You must create like a god, command like a king, and work like a slave. Those are three very powerful sayings. Create everyday like there’s no tomorrow. Command like a king – you know if you look at any real leader throughout history, they’re always in the trenches with their staff, and their team, and their soldiers. That is very much worth the effort. And work like a slave – work hard and you determine to finish and be the best. There’s no stopping.”
.
Conhecem algum robô com "finesse"?
.
"Finesse" é compatível com produção em massa?
.

Em tempos de incerteza...

"the only way to set strategy effectively during uncertain times was to bring together, much more frequently, the members of the top team, who were uniquely positioned to surface critical issues early, debate their implications, and make timely decisions."
E a sua empresa? Com que frequência analisa criticamente os temas associados à estratégia? A frequência actual é diferente da frequência de há três anos?
.
Imagina que uma empresa com um sistema de gestão da qualidade alinhado com a estratégia para o negócio, se entretém e contenta com uma revisão anual do sistema?
.
Quantos minutos dedica à estratégia nas suas revisões do sistema?
.
Mais, Quantos minutos dedica por mês a discutir temas relacionados com a estratégia?
.
Em tempos de incerteza a maioria acredita em mais controlo, acredito que não, acredito em mais firmeza estratégica e, muito mais, fluidez táctica.

Trecho retirado de "Managing The Strategy Journey"

O Futuro é Local, Não a China

Os recortes que se seguem podiam ter sido retirados deste blogue, há anos que descrevo o advento de Mongo e o seu impacte naquilo a que chamamos, ou  nos habituamos a ver como manufactura.
.
"Seduced by government subsidies, cheap labor, lax regulations, and a rigged currency, U.S. industry has rushed to China in recent decades, with millions of American jobs lost.
...
the larger trends show that the tide has turned, and it is China's turn to worry.
...
What is going to accelerate the trend isn't, as people believe, the rising cost of Chinese labor or a rising yuan. The real threat to China comes from technology. Technical advances will soon lead to the same hollowing out of China's manufacturing industry that they have to U.S industry over the past two decades.
...
He predicts a "creator economy" in which mass production is replaced by personalized production, with people customizing designs they download from the Internet or develop themselves.
.
How will we turn these designs into products? By "printing" them at home or at modern-day Kinko's -- shared public manufacturing facilities such as TechShop, (Moi ici: E esta, caro António?) a membership-based manufacturing workshop, using new manufacturing technologies that are now on the horizon.
...
It is entirely conceivable that, in the next decade, manufacturing will again become a local industry and it will be possible to 3D print electronics and use giant 3D printing scaffolds to print entire buildings. Why would we ship raw materials all the way to China and then ship completed products back to the United States when they can be manufactured more cheaply locally, on demand?
...
It's a near certainty that robotics, AI, and 3D-printing technologies will advance rapidly and converge."
.
Tenho reflectido e escrito sobre isto: sobre o refluxo da deslocalização para a China; sobre o aparecimento da sociedade de "fazedores", de "prosumers", de "makers", sobre o impacte da sociedade e cultura DIY.
.
Até aqui o artigo acompanha-me. Onde o artigo e eu nos separamos é aqui:
.
"American companies are already finding the rising cost of labor, shipping costs and time lags, and intellectual-property protection to be major issues in doing business in China." (Moi ici: De acordo, tenho escrito sobre isto)
.
As "American companies" vão sofrer tal qual as empresas chinesas, a convergência da robótica, da inteligência artificial e das impressoras 3D, não vai dar vantagem às empresas americanas. A convergência vai promover a cultura DIY. As empresas, tal como as conhecemos, um avatar do século XX, vão tornar-se uma raridade, vão dar origem a redes de artesãos que vão dar um outro significado à frase "economia local". Será um golpe final na standardização, desde a escola até à colecta de impostos.
.
Mongo tem o potencial para criar uma sociedade muito mais livre, muito mais "weird", muito mais diversa, muito mais "alinear".
.
Trechos retirado de "The Future of Manufacturing Is in America, Not China", por mim o título seria "The Future of Manufacturing Is Local, Not China"

terça-feira, julho 17, 2012

Eheheh com que então não percebem...

Vale a pena continuar à espera?
.
Aqui "Portugal: Fourth Review Under the Extended Arrangement and Request for a Waiver of Applicability of End-June Performance Criteria—Staff Report; Press Release on the Executive Board Discussion; and Statement by the Executive Director for Portugal.", pode ler-se esta pérola:
"46. Nevertheless, the challenges facing Portugal remain formidable, and the reform effort should not be allowed to wane. While the “flow imbalance” may be attenuating, some adjustment still lies ahead. In particular, with improvements in competitiveness indicators to date very limited, the factors behind the narrowing of the external current account deficit remain unclear. Further declines in the current account deficit could prove elusive, necessitating deeper structural reforms to improve competitiveness. More daunting still is the large “debt imbalance” faced by both the public and private sectors. The appropriate solution to this is sustainable economic growth, which is best facilitated through an enduring and comprehensive reform effort."
 Ehehe com que então não percebem...
.
Aprenderam na escola, no tempo em que a oferta era menor que a procura, que o custo, a eficiência era fundamental para ganhar dinheiro e sustentar as empresas. Por isso, não conseguem perceber que hoje, quando a procura é menor que a oferta, não basta ser eficiente e ter baixos custos, é preciso seduzir clientes oferecendo-lhes experiências diferenciadoras que não passam, necessariamente, pelo custo mais baixo.
.
O sucesso do nosso calçado, a recuperação do nosso têxtil e vestuário, o crescimento do mobiliário e maquinaria, ... tudo, eloquentes exemplos de que a "competitividade" não passa pela receita da troika.
"48. Recent labor market reforms should help attenuate further increases in unemployment. Some of the increase in unemployment is unavoidable as domestic demand is affected by ongoing fiscal adjustment and resources shift towards the tradable sector. But the rise has also been exacerbated by long-standing labor market rigidities."
Ás vezes penso que eles escrevem estas coisas para não nos envergonhar perante o resto mundo... ainda ontem ouvi o Dr. Alexandre Patrício Gouveia na TVI24, com o Dr. Medina Carreira, a quantificar algo que digo aqui no blog há muito tempo. Os políticos, para embelezar as estatísticas, andaram mais de 10 anos a torrar dinheiro no betão, a mascarar os números do desemprego. Segundo ele, sem a "torrefacção" de impostos em betão o nosso desemprego hoje seria cerca de 33% mais baixo. Segundo ele, só no espaço de um ano e só do sector da construção vieram 230 mil desempregados. Como é que uma legislação laboral mais flexível evitaria isto? Não estou contra a sua liberalização, estou é contra estas justificações.... é a mesma conversa da TSU.

Chicotadas psicológicas não são solução

Ontem de manhã escrevemos "Consequências da mudança em curso".
.
À noite encontramos esta notícia sobre uma chicotada psicológica "M&S renueva el equipo de diseño de mujer tras los errores de los últimos trimestres", abanei a cabeça em sinal de reprovação... como se fosse um problema de pessoas.
.
Hoje encontro este texto "9 Trends That Are Transforming The Retail World"...
.
Talvez fizesse algum sentido pensar nestas tendências antes de começar a arranjar bodes expiatórios.
.
.
.
Apesar de sócio fundador, abandonei a Quercus, ainda no seu tempo de amadores amantes da Natureza, antes da invasão dos profissionais, por causa da incapacidade da organização pensar para lá das pessoas. Quando três ou quatro direcções consecutivas se demitem, não faz sentido eleger a quarta ou quinta sem primeiro perceber o que é que se está a passar.
.
Quando o mundo muda, pode fazer sentido mudar pessoas para recomeçar sem palas e sem limites auto-impostos pela experiência. Agora mudar as pessoas para manter o mesmo sistema... não vai resultar.

Um trabalho sempre a recomeçar

Por que o mundo muda, o tal meio abiótico, e faz com que os vales se transformem em atraentes picos e os antigos picos se afundem em vales venenosos e, por isso, as estratégias que resultavam no passado ficam obsoletas - ou lentamente, como uma suave erosão que se traduz numa enganadora estabilidade, ou com estrondosa e súbita rapidez. E, por que uma estratégia pode sempre ser aperfeiçoada, novas interligações no mosaico podem ser criadas...
 "they say, they thought about strategy as a set of problems to be solved - the way it is so often approached in both practice and in school. Now, however, they’re thinking about strategy as a way of life for themselves as a leader, a set of questions to be lived."
Pensar a estratégia de uma empresa nunca é um assunto fechado, nunca está terminada, há sempre algo a fazer, algo a melhorar, algo a mudar...
.
A sua empresa tem uma estratégia?
.
Continua actualizada e ajustada à realidade?
.
Há quanto tempo não a revê? Não precisa de ser afinada?
.
Há quanto tempo não a discute com os seus colegas? E eles conhecem-na? Estão na mesma onda?
.
Trecho retirado de "The Strategist" de Cynthia Montgomery

... we severely limit our options

Depois de terminar o último postal, onde prestei a minha homenagem a Stephen Covey, senti-me tentado a rever e tocar o meu exemplar de "The Seven Habits of Highly Effective People".
.
Detenho-me nm dos primeiros sublinhados que fiz no livro:
"Our most important financial asset is our own capacity to earn. If we don't continually invest in improving our own production capability, we severely limit our options. We're locked into our present situation, running scared of our corporation or our boss's opinion of us, economically dependent and defensive."
Depois de ler estas linhas... a minha mente voou para este artigo que li há minutos:
"O Banco de Portugal vai acabar com as bolsas de doutoramento e mestrado para os seus trabalhadores. Este corte nas despesas com formação é uma das medidas adoptadas pela administração de Carlos Costa com o objectivo de conseguir poupanças que compensem o facto da instituição não ter cortado os 13º e 14º meses aos seus funcionários."

RIP Stephen Covey

Há uma altura na nossa vida, e na vida das empresas, em que sentimos que temos de abandonar a cabotagem segura e rumar para o alto-mar desconhecido.
.
Mas o medo da novidade, o medo dos dragões e outras bestas que povoam a Terra Incognita, aprisiona-nos tempo demais no status-quo que nos mói, que nos faz revoltados, que nos faz coitadinhos. Sabemos que temos de mudar mas não sabemos como, ou não temos coragem para dar o primeiro passo.
.
Então, na minha vida, surgiu um livro que me deu a coragem para iniciar a expedição... uma frase que nunca esqueço:
"Não é o que acontece que conta, é o que nós decidimos fazer com o que nos acontece."
Nunca esquecerei as sessões de terapia que ele me proporcionou... e que me ajudaram a iniciar o caminho que ainda hoje trilho.
.
Por isso, foi com tristeza, respeito e gratidão que soube da morte de Stephen Covey o autor de "The Seven Habits of Highly Effective People"

segunda-feira, julho 16, 2012

Quanto tempo investe?

"Based on a service-dominant logic, a market offering is attractive if it captures the value-in-context for a customer. Therefore, the focus is not on the offering per se but on the customers’ value creation process, through which value for customers emerges. Vargo et al. (2009) claimed that value is not created until the customer integrates and applies the resources of the service provider with other resources in their own context. Value is always contextually specific and determined by the customer or the beneficiary. Furthermore, Kotler (1977) argued that the importance of the market offering lies not so much in owning the products themselves as obtaining the services they render."
O foco não deve estar na oferta, no que produzimos, mas na vida dos clientes-alvo. Quais os processos na vida dos clientes-alvo em que emerge a percepção de valor ao integrar os recursos que fornecemos?
.
Por isso, nas reflexões estratégicas que animo é fundamental perceber quem são os clientes-alvo e como é que emerge a percepção de valor.
.
O valor não emerge da cumprimento dos prazos de entrega pelo fornecedor, o valor emerge do que o cumprimento dos prazos de entrega permite a um cliente fazer ou viver: a paz de espírito; a gestão do capital circulante; ...
.
Quanto tempo investe a perceber quem são os seus clientes-alvo e quais são os processos através do quaç o valor emerge e é percepcionado?
.
Trecho retirado de "Customer co-creation in service innovation: a matter of communication?" de  Anders Gustafsson, Per Kristensson e Lars Witell.

Mongo e a Medicina

"Chapter Two, titled “The Orientation of Medicine Today,” describes how today’s “evidence-based” medicine is designed to treat large populations instead of individuals, which is incredibly ineffective and wasteful.
...
Chapter Ten, “Rebooting the Life Science Industry,” describes how this industry, which includes pharmaceutical companies, biotechnology, medical devices, and diagnostics, needs to shift from its business model of getting the FDA to approve drugs and services that are designed to fit general populations instead of specific individuals.
.
Chapter Eleven, “Homo Digitus and the Individual,” concludes the book by explaining how all of the converging innovations will enable medicine (a) to shift its focus from populations to individuals and (b) toward promoting prevention and precision. Author Topol sees a steady demise of hospitals and clinics, much like the bricks and motor bookstores. He also warns that there will be an adverse reaction from those who insist on the old ways, like reading a paper newspaper. But like the doctor’s house call in antebellum days, that way will be “gone with the wind.”"
.
Mongo está em todo o lado, chega a todo o lado.
.
Os eficientistas e as corporações apreciam o fenómeno da concentração da medicina em mega-instituições... tão ao jeito do século XX:



Trechos retirados de "The Creative Destruction of Medicine" via André Cruz