A apresentar mensagens correspondentes à consulta sorrateiramente ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta sorrateiramente ordenadas por data. Ordenar por relevância Mostrar todas as mensagens

domingo, setembro 29, 2019

Sorrateiramente, por baixo da maquilhagem, o diabo vai chegando às pessoas

Recordo de Junho último, "Optimista? Realista? Pessimista?":
"Se estudassem os números por detrás do número, podiam perceber o que venho relatando há cerca de um ano, a mudança de panorama das exportações portuguesas e a sua crescente fragilização: "What a difference a year makes! (parte II)""
Recordo também o último "Um outro olhar sobre os números das exportações" (parte III) (de Setembro de 2019).

Enquanto as exportações de automóveis, de óptica e aeronaves vão maquilhando o total, as exportações das nossas PME vão encolhendo e, sem fazer muitas ondas, que não convêm à coligação média-governo, uma empresa após outra vai fechando.

Um exemplo de Maio passado no calçado "O fim de um ciclo (parte II)". E agora, um exemplo no têxtil "Fábrica de Lousada faz despedimento colectivo e deixa 113 pessoas no desemprego":
"A unidade, que produzia camisas para marcas como Zara ou Lion of Porches, abriu em Junho de 2015 e já teve cerca de 200 funcionários.
...
“Dizem que dá prejuízo desde o início, mas nós tivemos sempre muito trabalho e temos dado horas extras”"

domingo, junho 16, 2019

Nope!


Nope!

Quando vi esta fotografia pensei logo nos muitos empresários que ainda não perceberam o filme em que estão metidos.

Muitas pessoas e organizações são capazes de se alhear em relação às mudanças do contexto e não perceber o seu potencial impacte. Assim, são capazes de adiar a mudança que permitirá fazer face ao que só daí a alguns anos se materializará na parede contra a qual vão bater. Basta recordar o caso das escolas privadas, como ainda esta semana referi.

Há anos que escrevo aqui sobre a evolução demográfica. Por exemplo:
Uma das consequências da agudização da evolução demográfica será o desligamento da evolução salarial da evolução da produtividade. Recordo o que escrevi sobre a crescente irrelevância do SMN:
Sabem o que acontece às empresas que aumentam os salários para lá do aumento da produtividade? Não têm futuro, fecham!

Recordo algumas reflexões:

Assim como muitas empresas têxteis francesas e alemãs se deslocalizaram para Portugal nos anos 60 e 70, porque o aumento de produtividade no sector na França e na Alemanha era incompatível com o aumento dos salários na França e na Alemanha, também por cá começaremos a sentir cada vez mais relatos deste tipo. Empresas com encomendas a terem de fechar porque não conseguem captar trabalhadores, ou não conseguem ganhar o dinheiro suficiente para pagar as dívidas.

Recordar a velhinha citação de Maliranta acerca da Finlândia acrescida da frase de Nassim Taleb:

Depois, algo que aprendi em 2007 com Maliranta e a experiência finlandesa:
"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."
Mas, e como isto é profundo:
"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."
Por fim, Maliranta confirmado por Nassim Taleb:
"Systems don’t learn because people learn individually – that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game"
Recordar esta "Especulação perigosa" de Novembro último.

segunda-feira, janeiro 07, 2019

"The demographic trap is going to snap shut"

Aqui no blogue já tenho falado várias vezes sobre o emprego e a demografia:

"For Germany’s Mittelstand of small and medium sized companies, skill shortages have increased to the point that some managers are discreetly hoping for an economic slowdown to relieve the strains.
...
Small and medium sized companies across the country, commonly referred to as the Mittelstand, have therefore started to look for creative solutions to deal with skill shortages as it is increasingly threatening the economic performance of these groups.
...
Indeed, 60 per cent of German companies regard skill shortages as a threat to their economic performance, compared with just 16 per cent eight years ago, according to a survey of the Association of German Chambers of Commerce and Industry.
.
The demographic trap is going to snap shut,” said Markus Dörle, the head of human resources at Stihl Group, the world’s leading maker of chainsaws."



quarta-feira, março 07, 2018

O que são os custos de oportunidade

Este artigo ""Não há mão-de-obra" para hotéis e restaurantes" a juntar aos postais como:

E se não houver mesmo pessoas para empregar? E se tiver de "roubar" pessoas aos seus concorrentes?

Vai ter de produzir mais com menos?

E como vai conseguir isso?

Será que é pelo aumento da quantidade (a via cancerosa?) ou pelo aumento do preço unitário?

Desconfio que muitas empresas terão de perceber a sério o que são os custos de oportunidade.

quinta-feira, fevereiro 15, 2018

Cada vez menos sorrateiramente

Cada vez mais encontro nas análises de contexto das empresas a preocupação com a falta de mão-de-obra. Segunda-feira passada foi mais um caso.

Coisas como: "Indústria do calçado precisa de, pelo menos, dois mil trabalhadores", claro que não são novidade por aqui.

Imaginem como será por cá, um dos países mais velhos do mundo, quando nos Estados Unidos, com uma demografia muito mais jovem, já falam disto "Americans Will Struggle to Grow Old at Home"

segunda-feira, fevereiro 05, 2018

O tal sorrateiramente chegou à RTP 1

Ainda na semana passada ouvi comentários sobre a criação de emprego na rádio que me fizeram abanar a cabeça.

Já aqui referi várias vezes que economia não é uma ciência como a que estuda os fenómenos que Galileu estudou, independentes do tempo.

Imaginem que estão com os pés na areia da praia, naquela zona onde as ondas rebentam. Quando a onda sobe a praia sentimos a força da água a empurrar-nos para a costa, quando a mesma água desce de volta para o mar sentimos a força a empurrar-nos no sentido oposto. Imaginem que estão na foz da ria de Aveiro a pescar enquanto a maré sobe. Depois, imaginem que estão no mesmo local enquanto a maré desce. O local é o mesmo, o nosso ponto de observação é o mesmo, mas as forças em jogo são completamente diferentes. (Os locais onde as chumbeiras ficam presas também são diferentes).

Assim, comentar decisões sobre políticas que afectam o emprego/desemprego sem ter em consideração a força e a direcção da maré é pouco sério.

Nos últimos meses tenho relatado aqui o quanto a maré do emprego mudou: Sintomas do sorrateiramente. O fim da China como fábrica do mundo que tem insuflado os PIB em toda a Europa e a demografia mudaram tudo.

O tal sorrateiramente chegou à RTP 1 (ver ao minuto 35).

Agora, por mais asneiras políticas que se façam não interessa, a maré mudou.

sábado, janeiro 27, 2018

Sintomas do sorrateiramente


Há dias o @hnascim chamou-me a atenção para mais este título "Há cada vez menos portugueses disponíveis para aceitar convites de outras empresas" a que acrescento estes outros dois:
Vai impor grandes mudanças no mercado de trabalho. Algumas como as que o @nticomuna relata no Twitter, por exemplo:


sexta-feira, janeiro 05, 2018

Sorrateiramente ...

Ontem numa empresa onde estive contaram-me que um cliente deles, uma unidade industrial, anda à procura de 10 trabalhadores para entrada imediata e não os consegue arranjar. Entretanto, ontem li "Restauração e alojamento querem 40 mil trabalhadores".

Já esta semana em "Lados positivo, negativo e arriscado" a mesma queixa.

Um pouco dos sintomas recolhidos aqui no blogue nos últimos tempos:


Faz-me logo pensar na analogia do lago dos nenúfares em "47 dias incipientes e depois, de repente..."

O factor de contexto externo mais fácil de acompanhar é a demografia, na sua evolução e consequências:
"Em segundo lugar, as tendências demográficas, nomeadamente a redução da taxa de natalidade e o crescente envelhecimento da população, limitam a disponibilidade futura do fator trabalho, tanto em termos de volume como de qualidade."

quarta-feira, maio 24, 2017

6. I’ll be back!

Ora bem. Estabelecemos lá atrás que não há acasos!

Se queremos um desempenho futuro desejado diferente temos de ter uma empresa diferente da actual. Estabelecemos lá atrás o que temos de fazer para realizar essa transformação da empresa actual na empresa do futuro desejado.

Convertemos a necessidade de transformação num conjunto de iniciativas que podem ser geridas como projectos, controladas como projectos, acompanhadas como projectos. E numa empresa que nutra um mínimo respeito pela disciplina isso deve ser meio caminho andado para concretizar a transformação.

Enquanto cada um dos projectos estiver na fase de execução terá os holofotes da empresa apontados sobre si. E o que é que acontece quando o projecto termina e o controlo termina?

Muitas vezes as velhas práticas regressam, mais ou menos sorrateiramente. O dia a dia de uma empresa é resultado de um conjunto de trilhos:

E quanto mais antigos mais alicerçados e estabelecidos estão esses trilhos mais provável é que, uma vez terminado o projecto, os velhos trilhos regressem. Não por terrorismo empresarial, mas porque se trata da lei do menor esforço, porque ao entrar em velocidade de cruzeiro e ao trabalhar de forma inconsciente... as velhas práticas regressam. É mais fácil aproveitar a "cama" feita, o trilho tradicional, do que enveredar por um trilho novo, um trilho ainda por estabelecer.


Como minimizar a probabilidade desta reversão?

Ancorando o que mudou e pode ser revertido pela tradição, pelo inconsciente, naquilo que é permanente: os processos que constituem o modelo da empresa e que são alvo de auditorias periódicas e assinalam desvios de conformidade.

Já estão a imaginar onde isto nos leva?

domingo, setembro 20, 2015

"why 1984 won't be like 1984"

Ontem estava previsto apresentar no 8º Encontro Nacional da AGAP uma comunicação subordinada ao tema “Bem Vindos ao Estranhistão”.
Há mais de dois meses que tinha previsto que a primeira imagem a apresentar fosse esta:

Uma imagem de entrada simplesmente e sem necessidade de qualquer esclarecimento.
.
.
.
Entretanto, na manhã do dia da apresentação acordei com um problema. Voltei a calçar os sapatos de quem ia estar a assistir à minha apresentação e descobri algo que ainda não me tinha ocorrido.
Quando eu disser “Bem vindos ao Estranhistão!” alguém, do outro lado pode pensar:
- Bem vindo? Então, se estou a chegar a algum lado é porque fiz uma viagem. Se fiz uma viagem e estou a chegar a um destino tive de vir de algum lado. De onde é que tu achas que eu venho?
Para responder a esta hipotética questão tive de alterar a minha intervenção inicial. Assim, além da mensagem de boas vindas ao Estranhistão tive de acrescentar que quem estava a chegar ao Estranhistão tinha um ponto de partida: o Normalistão. Depois, ainda acrescentei:
- Não têm alternativa, o Estranhistão está a entranhar-se na vossa vida, quer queiram ou não.
E voltei à carga:
- E qual é o grande perigo de estar no Estranhistão?
.
.
.
O Estranhistão é um “país” diferente do “Normalistão”. E, como diz a frase, “Em Roma sê romano”, quando estamos num país diferente do nosso temos de ter cuidado com os costumes e comportamentos que temos, pois aquilo que tem uma leitura na nossa terra, pode ter uma leitura oposta no estrangeiro. Assim, se uma empresa estiver no Estranhistão e tiver os mesmos comportamentos que lhe davam bons resultados no Normalistão pode descobrir, por vezes tarde de mais, que aquilo que era verdade ontem hoje é mentira e vice-versa.

Para sublinhar esta mensagem final lembrei-me de uma história. Fui à Internet e confirmei a veracidade da história e precisei a data e o local.
Data: Maio de 2004.
Local: Estádio do Riazor (A Coruña)
Evento: Meia-final da Liga dos Campeões entre o Deportivo e o FC Porto

Foi um jogo renhido, muito disputado que o Porto ganhou por um a zero com um golo de grande penalidade marcado por Derlei.
No final do jogo, já no túnel de acesso aos balneários, um jogador do clube galego, como sinal de reconhecimento, como cumprimento, disse:
- Mourinho, deputa madre!
Ao ouvir aquilo, Silvino, um dos membros da equipa técnica de Mourinho sentiu-se insultado e quis avançar para o jogador, um tal de Luque. Tiveram de ser os outros membros da equipa técnica a segurá-lo.

Aquilo que em Portugal é entendido como um insulto à mãe de alguém, em Espanha é usado para dizer:
- Fantástico! Parabéns!
Agora, pensem nisto. Poucas são as empresas que decidem deliberadamente viajar para o Estranhistão. A maioria das empresas não viaja para o Estranhistão. O Estranhistão é que vem até elas, sorrateiramente, entranhando-se silenciosamente no seu habitat, no seu ecossistema.
.
Imaginem empresas presas, agarradas, habituadas às regras, às leis, aos costumes, aos sinais do Normalistão e que já estão, sem o saberem, no Estranhistão… o seu modelo mental de interpretação da realidade já não é o mais adequado. Contudo, como funcionou no passado vai ser muito difícil mudar, voltar a ver o mundo de forma diferente. Razão tinha Napoleão quando disse:
"To understand someone, you have to understand what the world looked like when they were twenty." 
Nota: Aqui no blogue costumo usar as designações Magnitograd, ou Metropolis (Fritz Lang) no sentido em que aqui uso o nome Normalistão. O Normalistão é de certa forma caricaturado no livro "1984", o Estranhistão é o mundo que se revela depois da quebra deste vidro:

quinta-feira, julho 16, 2015

E as outras SATAs?

Esta manhã, depois de ouvir falar sobre o tema num noticiário da rádio escrevi no Twitter:


Entretanto, à hora do almoço apanhei "Continentais só estavam à espera das low cost para viajarem até aos Açores"
.
Isto é só o princípio, primeiro os hotéis, a restauração e os souvenirs, depois, vão começar a surgir negócios de segunda geração.
.
Quantos €€, quantos empregos serão criados, só durante o primeiro ano de liberalização?
.
Repito aquela pergunta, quanto terá perdido a economia açoriana por décadas de protecção da SATA?
.
Quantas SATAs sorrateiramente, ou não, continuam a introduzir fricção na economia portuguesa?






sexta-feira, outubro 24, 2014

Exportações e emprego, ou pessoas e estatística

Recordar "Consequências do crescimento dos sectores tradicionais" e este texto também.
.
Para um tipo que teve um blogue chamado "balanced scorecard" é claro que a estatística é importante. No entanto, há a estatística e há as pessoas!
.
Trecho 1:
"As empresas com menos de 10 trabalhadores assumem um peso de 61% entre as companhias portuguesas que vendem bens ao estrangeiro, mas o volume de negócios que conseguem não chega aos 10% do total facturado. As unidades com mais de 250 trabalhadores, apenas 1,1% do total, ficam para si com 42,5% do valor exportado, conclui um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)."
Trecho 2:
"A concentração do mercado exportador é ainda mais visível quando se verifica que as cinco maiores empresas exportadoras representam 19,3% das vendas a outros países. As 10 maiores são responsáveis por 24,4% e as 500 maiores por 71,4%."
Agora, vamos conjugar os trechos 1 e 2 na figura (retirada do documento do INE)
Quantos trabalhadores têm as 10 maiores empresas exportadoras? Se fossem todas do tamanho da Autoeuropa estaríamos a falar de 30 mil trabalhadores. Recordar:
"Entretanto, sorrateiramente, segundo os números do IEFP, os anónimos, entre ofertas de emprego e colocações, só em Abril deste ano tinham disponibilizado quase 30 000 empregos.."
Quantos trabalhadores têm aquelas 61% das empresas com menos de 10 empregos?
.
Por isso, valorizo muito mais cada euro vendido pelas pequenas empresas, movimentam muito mais emprego.
.
Qual será o grupo mais antifrágil?
.
Trecho 1 retirado de "Grandes empresas são responsáveis por quase metade das exportações nacionais"
.
Trecho 2 retirado de "Cinco empresas são responsáveis por um quinto das exportações portuguesas"

domingo, junho 08, 2014

47 dias incipientes e depois, de repente...

Há dias, ao ler "The Zero Marginal Cost Society" de Jeremy Rifkin, dou comigo a ler a história de como o autor, ainda pré-adolescente, aprendeu o valor da função exponencial.
.
Esta manhã choquei de frente com esta expressão de Albert Bartlett:
"The greatest shortcoming of the human race is our inability to understand the exponential function."
E fiz logo a ponte entre o pensamento dos governos, linear, e o efeito da actuação de milhares de anónimos no terreno, exponencial.
.
Vemos, de vez em quando, uns governantes todos aperaltados em cerimónias onde assinam com empresas grandes, contratos que poderão resultar no futuro emprego de algumas centenas de pessoas e, fazem uma festa e, concedem uns subsídios e apoios a essas empresas que, muitas vezes, consideram confidenciais.
.
Entretanto, sorrateiramente, segundo os números do IEFP, os anónimos, entre ofertas de emprego e colocações, só em Abril deste ano tinham disponibilizado quase 30 000 empregos..
.
Mongo também vai acontecer assim, fruto da função exponencial... lentamente e, de repente.
.
Como a história do lago e dos nenúfares.
Num lago, há uma mancha de nenúfares. Todos os dias, a mancha duplica o tamanho. Se a mancha levar 48 dias a cobrir o lago inteiro, quanto tempo demoraria a mancha a cobrir metade do lago?
47 dias incipientes e, depois, de repente...

sábado, janeiro 18, 2014

Subitamente, sem ninguém estar à espera...

Ao ler "Gradually and then suddenly" recordei logo "Estratégia como verbo" e um outro postal que não consigo localizar mas que escrevi por aqui há uns anos.
.
Muitos dos projectos de balanced scorecard que desenvolvia nos primeiros anos deste século caracterizavam-se por estarem associados a algum... desespero é uma palavra demasiado forte, talvez usando as palavras de Kotter, "sense of urgency", seja mais adequado.
.
Dia após dia, sorrateiramente, átomo após átomo, lentamente, o alinhamento entre as actividades de uma empresa e a paisagem competitiva onde está inserida vai-se reduzindo. O sucesso traz sempre o potencial do insucesso futuro quando gera complacência e distracção. Como esse desalinhamento ocorre lentamente, quase sempre ninguém nota que ele está a ocorrer e, se nada for feito para o contrariar, começa-se a cavar um fosso, de inicio invisível mas que vai crescer até conter um oceano.
.
Ao escrever estas linhas lembrei-me do truque de Penélope. A realidade competitiva é como uma força que actua pela calada da noite e, vai desfazendo o progresso tecido durante o dia pelas actividades da empresa. Se a gestão de topo não está atenta e não segue a disciplina de diariamente repor o tecido corroído, o fosso começa a cavar-se e aquilo que era uma simples ruga no chão de Gondwana transforma-se no Atlântico.
.
Há um exercício simples que reza assim:
"Num lago há um nenúfar que todos os dias cresce para o dobro do seu tamanho. Se em cem dias cobrir o lago inteiro, quantos dias serão necessários para cobrir metade?"
A primeira vez que o vi e cheguei à solução recordo que me deixou a pensar no fenómeno... gradually and then suddenly.
.
Numa empresa é a mesma coisa, o mal, o desalinhamento, já está lá dentro mas como a empresa continua a ganhar dinheiro, who cares?!
.
Subitamente, sem ninguém estar à espera, entre o dia 99 e o dia 100...


quinta-feira, outubro 17, 2013

Um outro olhar sobre os números das exportações

Olhando para os dados das exportações de bens do Boletim da Economia Portuguesa, publicado em Setembro último e com dados até Julho, podemos afirmar o seguinte:
Uma afirmação corrente é dizer que a maioria deste crescimento homólogo das exportações se deve aos combustíveis:
Ou seja,
69% do crescimento das exportações deve-se às exportações de combustíveis.
.
Números são números!
.
Contudo há algo que não bate certo...
Como é que sem combustíveis as exportações só crescem 1,2% quando, no mesmo período, as exportações de:
  • agro-alimentares cresceram 8,0%
  • químicos cresceram 5,5%
  • madeira, cortiça e papel cresceram 3,0%
  • peles, couros e têxteis cresceram 5,2%
  • produtos acabados diversos cresceram 5,8%
Então, reparo no desempenho das exportações de "material de transporte"!
.
E se descontarmos o efeito das exportações de "material de transporte", qual é a percentagem de crescimento dos outros sectores nas exportações?
Em que:

  • A - Energéticos (combustíveis)
  • B - Material de transporte
Só assim se explicam, por exemplo, os bons números das exportações via portos como o de Aveiro.
.
Já fico mais satisfeito com esta interpretação dos números.
.
Mas já agora, lembram-se dos títulos do blogue da Ana Sá Lopes e do blogue do Nicolaço?

....
Façamos então mais uma análise, e se descontarmos o efeito das exportações de "Minérios e metais"?


  • C - Minérios e Metais

Assim, sorrateiramente, sem que os radares genéricos o captem, o perfil das exportações vai-se alterando.

Uma boa notícia para o próximo ano é esta "Venda de carros novos na Europa regista maior ganho em dois anos", apesar de, em minha opinião, o automóvel já ter atingido o seu pico na Europa, a demografia, a consciência ecológica das novas gerações e o sucesso dos novos modelos de negócio baseados na partilha e aluguer vão impor-se cada vez mais. Se esta tendência de curto-prazo pegar, a da notícia do JdN, vai ajudar bastante as exportações nacionais do próximo ano.
.
E apesar das exportações de "Material de transporte" estarem "mancas", "Portugal entre os países da UE onde as exportações mais aumentaram"

sábado, fevereiro 05, 2011

Pergunta ingénua do dia (parte I)

Por que será que o presidente da CIP está tão atento ao que se passa no Egipto que faz declarações deste tipo "António Saraiva: Alterações no canal do Suez podem favorecer Portugal"?
.
Imaginem que o Canal do Suez era cortado...
.
Será que isso não iria afectar o local de produção? Acreditam que só iria afectar o local de embarque ou desembarque de mercadorias?
.
Sem Canal do Suez e com o Canal do Panamá sobre-lotado até 2015(?) quantos dias mais é que dura uma viagem que contorne a África ou a América do Sul?
.
Porque será então que este cenário é lançado?
.
Quem lucraria directamente com o aumento do tráfego marítimo via Sines?
.
Triste é lançar este cenário por causa de um acontecimento que ocupa o prime-time dos media e, estar cego ao que está a acontecer sorrateiramente, invisivelmente...
.
Continua.

sábado, dezembro 06, 2008

Não podemos ser pessimistas (parte I)

A minha amiga Teresa, em comentário a este postal escreveu:
.
"Penso, no entanto, que nao podemos ser péssimistas e temos de encarar estes factos, mas olhando sempre para a frente."
.
Este trecho fez-me recordar uma estória que ainda ontem (ou hoje?) usei durante uma acção de formação.
.
Quando eu frequentava o 10º ano de escolaridade (no tempo em que ainda havia dinossauros na Terra), apesar de ser um aluno dedicado e mergulhado na área científica, escolhi a disciplina de Psicologia, em detrimento de Zoologia e Geologia, como disciplina opcional.
.
E foi no livro de Psicologia dessa disciplina que encontrei esta fabulosa estória sobre o pessimismo e sobre as opções fechadas, sobre a ausência de saídas, sobre o bloqueio, sobre a capitulação e a desistência.
.
Era uma vez um comerciante que viu o seu negócio passar por graves problemas pelo que ficou a dever uma enorme soma de dinheiro a um velho mesquinho e desprezível agiota. O agiota ao ver o tempo passar e os juros a crescerem sem que o comerciante tivesse a possibilidade de lhe pagar a dívida propôs, com indisfarçável água na boca, o seguinte acordo:
.
A dívida fica saldada se me deres a tua jovem e bela filha em casamento.
.
Tanto o comerciante quanto sua filha ficaram horrorizados.
.
Então o agiota, para amenizar a situação e vencer a resistência de pai e filha, propôs que a sorte resolvesse o problema.
.
Assim, o agiota propôs que se colocassem dentro de uma bolsa vazia dois seixos da estrada, um branco e um preto. Se a filha retirasse o seixo branco a dívida seria saldada e continuaria a viver com o pai. No entanto, se retirasse o seixo preto… a dívida seria cancelada e a moça teria de casar com o agiota.
.
Se a filha se recusasse a retirar um dos seixos do saco o agiota chamaria a polícia e o pai iria para a cadeia.
.
O pai e a filha tiveram de concordar com a proposta do agiota.
.
Então, o agiota inclinou-se para a estrada cheia de seixos, e sorrateiramente apanhou do chão dois seixos pretos e meteu-os no saco.

Isto foi casualmente observado pela filha do comerciante.
.
O agiota, então, pediu à moça que retirasse um seixo do saco. Um seixo que ditaria não só sua sorte como a do seu pai.

A mente da moça era um turbilhão de ideias… o que fazer? O que fazer? O que fazer?
.
Recusar-se a retirar um seixo e ver o seu querido pai ser preso?
Expor o agiota como um impostor, um intrujão sem escrúpulos? E ver o pai ser preso…
Sacrificar-se para salvar o pai da cadeia.
.
O que fazer? O que fazer? Qual a saída? Não há saída!!!!

.
Continua.

quarta-feira, maio 07, 2008

Unintended consequences

Depois da morte da Mao e da subida ao poder de Deng Xiao Ping na China, foi publicada a lei "Uma família, um filho(a)", com incentivos e punições em conformidade.
.
Contudo a lei nada dizia quanto ao género do filho(a).
.
Assim, os pais começaram a viciar a roleta. Em 1990, por cada 100 raparigas nascidas, nasciam 111 rapazes. Em 1995, por cada 100 raparigas nascidas, nasciam 116 rapazes, um ratio que continua até hoje.
.
Hoje existem, literalmente, milhões de chineses que não se podem casar!!!
.
A cultura chinesa confuciana dá um alto valor ao casamento.
.
Logo, inexoravelmente, milhões de esposas, ou futuras esposas, estrangeiras vão ter de emigrar para a China fechada e vão abri-la ao mundo e vão contaminá-la com outras culturas e outras formas de pensar e ver o mundo.
.
As grandes revoluções começam assim, sem fanfarra, sem se anunciarem, vão avançando sorrateiramente...
.
Ideias retiradas de "Inevitable surprises" de Peter Schwartz
.
Juro que quando via na televisão a série "Caminho das Estrelas" com o comandante Kirk e Spock, torcia sempre o nariz aquela composição étnica. No futuro, vamos ser quase todos chineses, ou descendentes de chineses, ou ter sangue asiático a correr nas nossas veias.