sábado, maio 11, 2013

"before you can get better, you will need to get worse" ("Via Negativa" (parte II))

Dave Gray em "The Connected Company" descreve em linguagem corrente o que acontece às empresas e às economias dos países:
"Evolutionary biologists use something called a fitness landscape to represent the journey that organisms and organizations make as they negotiate tradeoffs between conflicting constraints and coevolve, trying to achieve optimal fitness for their environment. The journey is called an adaptive walk. As organisms make adaptive moves and countermoves, trading off one functional trait for another, they move upward on the landscape, toward an optimum fit. But with every move, those tradeoffs make it more and more difficult to go anywhere else but up toward the top of that particular peak. Eventually, you reach a point where you can’t go any farther up - or, you will have to go downhill before you can scale another peak. And that means that before you can get better, you will need to get worse.
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This adaptive walk toward fitness peaks is another way to visualize the experience curve and its diminishing returns. As you move upward toward an optimum - or peak - efficiency, there are fewer and fewer choices that will take you higher on the landscape, until you reach the top. And once you have reached a peak, moving in any direction will take you downhill.
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If you are at the top of a fitness peak and the landscape starts changing, it can really throw you off. Companies doing the right thing at the time - making the right moves for their situation, trying to optimize their production lines to squeeze out all the costs and inefficiencies so they can run lean and mean operations - may later find that they have optimized for a business environment that no longer exists."
Tínhamos um ecossistema de empresas de bens transaccionáveis adaptado a competir pelo baixo-preço e:

  • A paisagem competitiva começou a acelerar a mudança quando o escudo deixou de dar boleias a clandestinos com a sua desvalorização deslizante;
  • Acelerou ainda mais com a adesão dos países da Europa de Leste à UE;
  • E sofreu um evento tipo-Fukushima com a adesão da China à OMC.
Estas alterações sucessivas da paisagem competitiva levaram os intervencionistas ingénuos nos vários governos a maquilharem os números do PIB e do desemprego com mais de uma década de investimento público com rentabilidades negativas, assaram sardinhas com o lume dos fósforos (recordar a argumentação do secretário de estado Paulo Campos).
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Recordando:
Para muitas empresas, o que era um pico, transformou-se num vale, ou numa depressão, ou numa colina insignificante, para encontrar um novo pico, é preciso seguir um "adaptive walk" que terá de passar algures por "before you can get better, you will need to get worse", outra forma de dizer: ""Se tudo correr bem o desemprego vai aumentar""
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Quem disser o contrário, na situação, ou na oposição, mente com todos os dentes.
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A falta de dinheiro, e alguma, pouca, influência da troika, têm imposto a "Via Negativa"

sexta-feira, maio 10, 2013

Curiosidade do dia

"Em março de 2013 as exportações (para a UE) diminuíram 6,1% face ao mês homólogo de 2012, em especial devido à evolução registada nos Veículos e outro material de transporte (nomeadamente nos Automóveis de passageiros, nos Veículos automóveis para transporte de mercadorias e nas Partes e acessórios dos veículos automóveis) e nas Máquinas e aparelhos (principalmente nos Aparelhos recetores para radiodifusão).
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Em março de 2013 as exportações para os Países Terceiros (extra-UE) aumentaram 6,0% face a março de 2012, em resultado do acréscimo registado principalmente nos Combustíveis minerais e nos Metais comuns (nomeadamente Fio-máquina dos tipos utilizados para armaduras de betão)."

Será que o pior já passou?

"Stressors are information"

Esta semana, durante a última sessão de uma acção de formação, um dos presentes levantou o problema da disciplina.
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A gestão de topo define uma estratégia e, no entanto, é a primeira a abandonar a estratégia quando aparece uma oportunidade desalinhada.
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Como eu o entendi, como eu percebi o seu desalento.
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"As encomendas mais importantes são as que rejeitamos!"
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Só quando rejeitamos uma encomenda é que realmente temos uma estratégia.
É que estratégia não é só escolher o que fazer.
Estratégia é, também, escolher o que não fazer.
Sem rejeição não há concentração, não há foco.
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"Stressors are information"
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Sem stressors não há informação, se não há informação, não há sinal de que a mudança seja mesmo necessária.

Nada, não vejo mesmo nada

"Primark linked to Bangladesh factory fire" e "Primark 'shocked' by Bangladesh building collapse", conjugam bem com "Primark está imparável":
"Quando a Associated British Foods, que detém o retalhista, divulgou em abril os dados do seu desempenho, não houve surpresa ao ver o nome da Primark entre as boas notícias.
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A Primark foi creditada por impulsionar o crescimento da AB Foods, que aumentou em 25% o lucro ajustado antes de impostos e em 20% o lucro operacional ajustado. A própria Primark registou um crescimento de 24% nas vendas anuais, atingindo receitas próximas dos 2 mil milhões de libras esterlinas, com as vendas comparáveis a crescerem 7%, numa altura em que a empresa registou uma expansão substancial do espaço de venda ao público e da densidade de vendas.
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Hall considera que a Primark irá continuar a dominar no mercado europeu. «Simplesmente não existe um concorrente para eles. Não vejo o que poderá impedir o crescimento na Europa, particularmente em mercados como Espanha, Portugal e Alemanha – acho que a Alemanha oferece uma oportunidade efetiva para eles», concluiu."
Também não consigo ver nada que possa impedir o crescimento da Primark na Europa... "290 dead as high street fashion chains told to put lives before profits after Bangladeshi factory collapse".
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Nada mesmo... "Despite the factory collapse in Bangladesh, ethics are soon forgotten when faced with a £5 dress"

A quimioterapia é opcional

"Jardim: Só por" teimosia" não se aplica "fórmula" para combater o desemprego":
"a implementação de "uma política nacional que opta por cortar no investimento em regiões em que ao lado do turismo a construção civil é factor fundamental de emprego é natural que isso suceda"
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"a opção da União Europeia não pode ser o combate ao défice, tem de ser o combate ao desemprego".
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"Para isso é preciso aumentar a procura com mais moeda em circulação e com o aumento da procura, ir criando mais emprego. Era o que eu faria se fosse primeiro-ministro de Portugal", disse."
"Economia portuguesa foi vítima de “doping temporário
"Costa acrescenta que o investimento efectuado durante este período foi principalmente para fins não produtivos. “Não vale a pena uma empresa investir numa cantina ou num edifício de prestígio,” disse o Governador, “se depois não tem dinheiro para as máquinas”. Assim, durante anos, Portugal endividou-se para comprar bens acessórios que em pouco acrescentaram a produtividade nacional."
"Problema do desemprego tem que ser “rapidamente atacado”, diz Carlos Costa"
"“o ajustamento económico português levou à redução da procura por bens não-transaccionáveis”, exemplificando com a realidade vivida nos sectores da construção civil e das obras públicas, que durante muitos anos ajudaram a sustentar os índices de empregabilidade em Portugal."
E, ainda, a confusão de achar que o desemprego é um problema de oferta dos trabalhadores:
"“Quando o investimento retomar, é de esperar um aumento das necessidades de pessoal das empresas. Agora, não se passa da área da construção civil para a área fabril, por exemplo, sem haver uma requalificação profissional”, sustentou."
Se alguma vez tivesse trabalhado numa fábrica perceberia como isto é treta.
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"Disparates plausíveis"
"O nosso mal agrava-se porque, como a dívida foi acumulada ao longo de décadas, a estrutura económica ficou distorcida, adaptando-se a níveis de despesa insustentáveis. Isso significa que muitos empregos e capitais estão em actividades condenadas. Assim, além da perda conjuntural de empresas, devida ao aperto da austeridade, sofremos a eliminação definitiva de ocupações fictícias, que a dívida alimentou. Em cima das radiações, há que fazer dolorosa fisioterapia."

Tudo isto conjugado com "Para reflexão" e esta "Curiosidade do dia"

Para reflexão

"When a company is large and successful, its size can be its worst enemy, especially when it is so dominant that it lacks serious competition. A company culture that drove success in the early days can become overly codified, rigid, and ritualistic. Over time, bold new moves become much more risky; new business models may compete with existing businesses and cannibalize their sales. Even when it’s obvious that change will someday be necessary, it’s not hard to find excuses to put it off just a little bit longer. Slowly, great companies can lose touch with reality."
Quando o mundo muda... quanto tempo se perde a enganarmos-nos a nós próprios à espera que o momento negativo que se vive passe depressa para que voltem os "bons velhos tempos".
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Trecho retirado do capítulo 5 "How companies lose touch" de "The connected company" de Dave Gray.

quinta-feira, maio 09, 2013

Curiosidade do dia

"Why corporate giants fail to change"
"So what are the enemies of agility you should be looking out for in your organization?  Here are my "big five":
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Ossified management processes.  
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Old and narrow metrics.
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A disenfranchised front line.  
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Lack of diversity. 
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Intolerance of failure."

A propósito de Mongo e do Estranhistão

Tal como pensamos aqui no blogue, em vez de um futuro com um mundo plano, um futuro com o mundo cada vez mais localizado, regionalizado, diversificado, com mais variedade.
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Aquilo a que se chama globalização foi o último ato, o estertor do século XX. E o pico da globalização já passou: "Go Mongo: "We will find a place (To settle) Where there's so much space"", o século XXI voltará a ser um século de artesãos e de variedade:
"The real problem with The World Is Flat is not so much that it overstates—even considerably—the flatness of today’s world. The crucial conceptual error in Friedman’s thesis is that he assumes his 10 flatteners would automatically and rapidly lead to a more interconnected and, therefore, flat world. But the opposite has often been the case. The empirical evidence suggests that the global economy is increasingly being driven by urban clusters and, if anything, becoming more instead of less “curved.” (Moi ici: A caminho de Mongo, ou seja, o Estranhistão)
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The danger of Friedman’s flat-world thesis is that it could cause executives to misinterpret the trends they observe in their own businesses and make potentially serious strategic errors. Instead of pursuing an aggressive localization strategy, for example, executives from multinational firms often decide to “wait it out” in emerging markets such as China and India. They hold the mistaken belief that demand-side and supply-side conditions will soon flatten and converge with those in developed markets. They may, for instance, believe that China’s retail environment will consolidate relatively quickly; as a result, they may fail to invest in localized distribution channels that are more appropriate for today’s market conditions. In reality, such consolidation is highly unlikely to occur within any reasonable planning horizon. And the impact of such wishful thinking is far from trivial. It could result in missed profit opportunities, and could also cause multinationals to fail to check the advance of competitors from these emerging markets until it is too late.
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The world is still far from flat today, and, in many industries, it’s likely to retain its curvature for quite some time to come. Executives should be wary of relying too much on Friedman’s superficially persuasive, but seriously flawed, evidence."

Trechos retirados de "The Flat World Debate Revisited"

E a "Via Negativa"? (parte I)

Sempre que não resisto a ler Jaime Quesado, invariavelmente acabo a leitura  com a recordação do que Popper dizia acerca de quem não escreve de forma clara, deliberadamente.
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Em "O fomento industrial" leio:
"ou se reinventa por completo o modelo económico (Moi ici: Reinventar por completo? Será que é mesmo preciso arrasar tudo? E que mente sabe o que deve ser arrasado e o que deve substituir o que foi arrasado? E os macacos sabem voar?)
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"Falta em Portugal um sentido de entendimento colectivo de que a aposta nos factores dinâmicos de competitividade, numa lógica territorialmente equilibrada e com opções estratégicas claramente assumidas é o único caminho possível para o futuro." (Moi ici: Tirando a vertente do "territorialmente equilibrada", não tem sido isto que se tem feito no último século? Os governos interpretarem o "entendimento colectivo" e torrarem dinheiro em medidas de fomento top-down?)
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"Uma nova economia, capaz de garantir uma economia nova sustentável, terá que se basear numa lógica de focalização em prioridades claras." (Moi ici: E quem define quais são as prioridades claras? E quem sabe quais são as prioridades claras? Eu tenho medo de prioridades claras!!! Acredito em prioridades claras para uma empresa, tenho medo de prioridades claras para um colectivo de empresas - prefiro pensar em ecossistema de empresas com diferentes abordagens e que enriquecem a diversidade "genética" de um sector económico - e sei que prioridades claras para uma economia é uma receita certa para a desgraça)
Este tipo de pensamento está nas antípodas do que acredito. Eu não acredito no Grande Planeador, eu não acredito no CyberSyn, eu não acredito no bem intencionado "Espanha! Espanha! Espanha!".
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O mundo é demasiado complexo para que um Grande Geometra bem intencionado saiba o que há a fazer. E, porque as prioridades claras de hoje, amanhã se transformam numa armadilha mortal, o truque é não haver prioridades claras para uma economia. O truque é não apostar no intervencionismo ingénuo, mais uma vez, bem intencionado mas perigoso.
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Cada vez mais, comparo a biologia com a economia. E a biologia dá-nos uma grande lição... (ao recordar Valikangas tive uma surpresa.)

"Life is the most resilient thing on the planet. I has survived meteor showers, seismic upheavals, and radical climate shifts. And yet it does not plan, it does not forecast, and, except when manifested in human beings, it possesses no foresight. So what is the essential thing that life teaches us about resilience?
Just this: Variety matters. Genetic variety, within and across species, is nature's insurance policy against the unexpected. A high degree of biological diversity ensures that no matter what particular future unfolds, there will be at least some organisms that are well-suited to the new circumstances."

Ontem terminei a audição de "Antifragile"... e já tenho saudades!!!
"in the fragile category, the mistakes are rare and large when they occur, hence irreversible; (Moi ici: Os inevitáveis erros do Grande Planeador) to the right the mistakes are small and benign, even reversible and quickly overcome. They are also rich in information. So a certain system of tinkering and trial and error would have the attributes of antifragility. (Moi ici: Os inevitáveis erros do actor individual, que levam a uma variedade de abordagens, a uma multiplicidade de alternativas... talvez algumas resultem agora, talvez algumas resultem amanhã, talvez os erros de agora, porque pequenos são comportáveis, permitam aprender algo que falta para criar uma abordagem que resulte amanhã) If you want to become antifragile, put yourself in the situation “loves mistakes” - to the right of “hates mistakes”- by making these numerous and small in harm. We will call this process and approach the “barbell” strategy.
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Nature is all about the exploitation of optionality; it illustrates how optionality is a substitute for intelligence. Let us call trial and error tinkering when it presents small errors and large gains.
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All this does not mean that tinkering and trial and error are devoid of narrative: they are just not overly dependent on the narrative being true - the narrative is not epistemological but instrumental. (Moi ici: Por isso é que os empreendedores com a 4ª classe avançam e os que têm um doutoramento hesitam e não avançam. Os primeiros não dependem de uma narrativa de "prioridades claras" simplesmente tentam e tentam e tentam até que, eventualmente, encontram algo que resulta. David não era militar de carreira, não tinha experiência de combate militar, e isso libertou-o para uma abordagem não canónica. Os doutorado na ciência da guerra não viam alternativa no combate com Golias... é preciso apostar na arte (da guerra))
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When engaging in tinkering, you incur a lot of small losses, then once in a while you find something rather significant. Such methodology will show nasty attributes when seen from the outside - hides its qualities, not its defects.
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Evolution proceeds by undirected, convex bricolage or tinkering, inherently robust, i.e., with the achievement of potential stochastic gains thanks to continuous, repetitive, small, localized mistakes. What men have done with top-down, command-and-control science has been exactly the reverse: interventions with negative convexity effects, i.e., the achievement of small certain gains through exposure to massive potential mistakes."
E parece que não aprendemos nada...
"“não são apresentadas [DEO] políticas de relançamento da actividade económica com maior efeito multiplicador no emprego," 
Abençoada troika, senão este também dançava ao som desta música de Quesado.
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E a "Via Negativa"?

Percepcionar a realidade

Há dias sublinhei aqui no blogue esta citação:
"a reminder not that the world we know is false, but that it is always the world as we observe it."
Nós nunca vemos a realidade intrínseca, o que vemos são os sinais que a nossa mente consegue recolher, processar e enquadrar no nosso modelo mental.
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Vivemos hoje com modelos mentais muito influenciados por componentes gerados ao longo de séculos de imperialismo ocidental: somos o centro do mundo.
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O que dizer disto:

Viver dentro ou fora do círculo não é intrinsecamente bom ou mau. No entanto, faz todo o sentido pensar como informações deste tipo nos ajudam a voltar a percepcionar a realidade de uma forma diferente.
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Quem percepciona melhor (com menos erros) a realidade do mundo pode ter uma vantagem.
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Recordar 
Como aproveitar isto?

quarta-feira, maio 08, 2013

Curiosidade do dia

Agora que cada vez mais se escreve e se elogia o "Big Data" que tudo vai revelar:
"More data means more information, perhaps, but it also means more false information.
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There is a certain property of data: in large data sets, large deviations are vastly more attributable to noise (or variance) than to information (or signal).
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If I have a set of 200 random variables, completely unrelated to each other, then it would be near impossible not to find in it a high correlation of sorts, say 30 percent, but that is entirely spurious.
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The fooled-by-data effect is accelerating. There is a nasty phenomenon called “Big Data” in which researchers have brought cherry-picking to an industrial level. Modernity provides too many variables (but too little data per variable), and the spurious relationships grow much, much faster than real information, as noise is convex and information is concave.
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Increasingly, data can only truly deliver via negativa-style knowledge - it can be effectively used to debunk, not confirm."
Trechos retirados de "Antifragile" de Nassim Taleb.

Uma oportunidade de negócio digna de Mongo

Ontem de manhã tinha uma reunião às 10h30 em São João da Madeira, por isso, aproveitei para cortar o cabelo logo pela manhã.
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Enquanto esperava pela minha vez, folheei o Jornal de Notícias e fui atraído para a leitura deste artigo:

Interessante a história de alguém que a partir da sua necessidade, imaginou uma oportunidade de negócio  digna de Mongo: Chupetas personalizadas.

O que é que nos motiva?

Um artigo interessante, "Do you play to win or to not lose?":
"Motivational focus affects how we approach life’s challenges and demands. Promotion-focused people see their goals as creating a path to gain or advancement and concentrate on the rewards that will accrue when they achieve them. Promotion-focused people are comfortable taking chances, like to work quickly, dream big and think creatively.
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 for the promotion-focused, the worst thing is a chance not taken, a reward unearned, a failure to advance.
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Prevention-focused people, in contrast, see their goals as responsibilities, and they concentrate on staying safe. They worry about what might go wrong if they don’t work hard enough or aren’t careful enough. They are vigilant and play to not lose, to hang on to what they have, to maintain the status quo.
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Sometimes even minor tweaks in how you think about a goal or the language you use to describe it can make a difference.
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Your aspiration is to score at least three times.” Or “You are going to shoot five penalties. Your obligation is to not miss more than twice.” You probably wouldn’t expect a small change in wording to affect these practiced, highly motivated players.
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But it had a big impact. Players did significantly better when the instructions were framed to match their dominant motivational focus, which the researchers had previously measured. This was especially true for prevention-minded players, who scored nearly twice as often when they received the don’t-miss instructions.
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Promotion-focused people tend to increase their efforts when a supervisor offers them praise for excellent work, whereas prevention-focused people are more responsive to criticism and the looming possibility of failure."

Gostava que mais gente partilhasse desta perspectiva

"In 1980, China and India together accounted for less than 5% of global output. Last year, the two were responsible for over 20% of world GDP. The transition from the one figure to the other was responsible for massive and highly disruptive changes across the global economy. The world trade order has been stood on its ear. The movement of hundreds of millions of new workers into global labour markets has had an enormous impact on real wage growth and real interest rates and, consequently, on innovation and investment. The strain on supplies of all sorts of goods and resources, from oil and gold to wine and art, has generated wild price gyrations and remarkable economic knock-on effects in producing and consuming countries.
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It is this era of major and disruptive economic transformation that seems to be at an end.
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The era of disruptive BRIC ascendence is over. What that might mean for advanced economies is very tough to say. It could mean better times ahead for workers who experienced a steady erosion in their bargaining power over the past three decades. Unless, that is, the main effect of cheap emerging market labour was to delay labour-saving technical change. Commodity prices could be in for a long period of stagnation as slowing demand growth from emerging markets interacts with soaring supply.
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What comes next isn't clear, but the world does appear to be entering a new phase of global growth."
Gostava que mais gente partilhasse desta perspectiva e pudesse equacionar hipotéticos futuros e hipotéticas assimetrias a aproveitar.
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Receio, contudo, que muita gente continue a ver o mundo com o modelo formatado pela experiência dos últimos 20 anos e não consiga visualizar o potencial das oportunidades que se abrem. Há aquela frase sobre o estado-maior do exército francês em 1939/40, estava preparado para combater a guerra de 1914/18, mas a guerra tinha mudado. Também agora sinto que há demasiadas pessoas cegas pelo padrão dos últimos 20 anos, incapazes de ver que as derivadas já mudaram de sinal.
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Trechos retirados de "Welcome to the post-BRIC world"

O empreendedorismo é o fim último da humanidade

"Onde está a nascer o novo emprego?"
"Com os números do desemprego em Portugal a atingirem os 17,5% - o nível mais alto dos últimos 27 anos -, há números que trazem esperança: mais de 60% do novo emprego, criado entre 2007 e 2011, foi responsabilidade das pequenas empresas, com um número de empregados igual ou inferior a 50 pessoas; as empresas jovens, com idade igual ou inferior a cinco anos, já representam 46% do emprego criado em cada ano. E as ‘start-ups', nascidas em cada ano, representam 6,5% do tecido empresarial, mas são responsáveis, em média, por 18% do emprego criado em cada ano."
Associado a este mesmo tema, recordo o artigo "Onde está a nascer o novo emprego?" no Caderno de Economia do Expresso do passado Sábado, que termina associando-se à nossa metáfora de Mongo como um mundo de artesãos e de prosumers:
"o crescimento económico de um país está directamente ligado ao número de empreendedores que consegue criar", concluindo que "nada é mais humano do que a criação de coisas. O empreendedorismo é o fim último da humanidade".

terça-feira, maio 07, 2013

Curiosidade do dia

"It may well be that the uncertainty principle, along with other curious aspects of quantum theory, is another such interstice of unreason, a reminder not that the world we know is false, but that it is always the world as we observe it."
Trecho retirado de "On Borges, Particles and the Paradox of the Perceived"

"Processos e experiência dos clientes" (parte V)

Parte IV, parte IIIparte II e parte I. 
"You can’t run service operations like a factory, because customers just walk onto the factory floor and mess everything up. They interfere. You can’t schedule when they show up. They just come in massive waves at the most inconvenient times. Then they get angry when they have to wait. Why can’t they make an appointment? They don’t understand how things work, so you have to train them to use the equipment. Sometimes they can be really slow to figure things out.
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They ask for things that aren’t on the menu. They want everything to be customized and personalized for them. They have no interest in efficient operations.
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They don’t follow the processes we lay out for them.
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And customers want to get on with their days. They don’t want to wait in the waiting room or stay on hold for the next customer representative. They want services to be convenient for them.
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As customers, competitors, and partners make adaptive moves and countermoves, they not only affect each other but they affect the landscape itself, so an organization that was fit for yesterday’s world cannot be certain that they will be fit for tomorrow’s world. Our companies have all been optimized for a perfect one-way stream, the line of production, and these pesky customers are mucking about in our operations, and we have now a completely different problem to solve. We need to optimize not for the line of production but for the line of interaction, the front line - the edge of the organization - where our people and systems come into direct contact with customers. It’s a whole different thing.
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Many service companies just aren’t designed for service delivery. They are designed like factories, optimized for the mass production of inputs into outputs. This makes perfect sense in a rapidly-industrializing economy. But in an economy where manufacturing is shrinking and services are expanding, it doesn’t work anymore. Traditional management thinking looks at a customer service call as an input to the service factory. For a factory, it’s not difficult to get standard inputs from suppliers. But inputs from customers come in all kinds of different shapes and sizes. Every problem, every job that customers need to do, has its own unique profile. Most companies try to standardize these inputs as much as possible so they can process them efficiently. The factory’s job is to produce “resolutions.” This is how we end up with complicated voice menu systems that attempt to route calls to the appropriate department while keeping costs as low as possible. As companies try to fit customer demands into standard boxes, customers become frustrated and angry. They give up. Sometimes they leave to find another provider, but even then they often hold little hope that anything will change."
Trechos do Capítulo 4, "Services are complex", do livro "The Connected Company" de Dave Gray.

Parar para pensar de forma diferente

"Find the Customers Your Competitors Are Offending" e "If you were competing with your own company, what would you do?", dois artigos com pistas pistas interessantes para quem opera no mercado interno.
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"If you were competing with your own company, what would you do?" é ver o mundo de uma perspectiva diferente.
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É, muitas vezes, uma forma de abandonar "custos afundados" que teimam em impedir-nos de ver o óbvio e libertar-nos mentalmente para uma abordagem mais fresca e menos desempoeirada.
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O mundo mudou, os clientes mudaram... aliás, os clientes estão em trânsito permanente, se competisse com a sua empresa, como tentaria conquistar a sua atenção e preferência?
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A outra achega, "Find the Customers Your Competitors Are Offending"... também me parece interessante:
"1) Get Personal: Cohorts with shared demography, like Hispanic consumers, are too large to treat as a monolith. You need to drill down to understand the needs of sub-cohorts.
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4) Look at Whom You're Excluding: If your company focuses on selling consumer electronics to men under 35, for example, pause and consider who feels unfairly excluded from the marketing narrative, such as baby boomer consumers aged 46-64 who spend more on technology than any other demographic. A good example of this marketing reorientation comes from the video gaming industry, which is finally waking up to the fact that their ads were alienating the 47% of "girl gamers" who buy their products.
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6) Start with Empathy: If you pay attention to your customers, and treat them with consideration, they'll reward you. If you don't, they won't. Good marketers like Apple remember that spending is emotional. It starts with asking customers who they are, not just what they want."
Esta última frase "It starts with asking customers who they are, not just what they want."
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Quantas empresas pensam que sabem o que o cliente quer?
E, por isso, ficam-se pelos atributos, pelas especificações.
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Tanta publicidade que nos apresenta o argumento do preço mais baixo e, contudo, não creio que os seus criadores andem todos de Fiat Panda.

Fugir do atractor do feedback-loop

"To crystallize, take this description of an option:
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Option = asymmetry + rationality.
The rationality part lies in keeping what is good and ditching the bad, knowing to take the profits. As we saw, nature has a filter to keep the good baby and get rid of the bad. The difference between the antifragile and the fragile lies there. The fragile has no option. But the antifragile needs to select what’s best—the best option.
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Unlike the researcher afraid of doing something different, it sees an option - the asymmetry - when there is one. So it ratchets up - biological systems get locked in a state that is better than the previous one, the path-dependent property I mentioned earlier. In trial and error, the rationality consists in not rejecting something that is markedly better than what you had before.
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An option hides where we don’t want it to hide. I will repeat that options benefit from variability, but also from situations in which errors carry small costs. So these errors are like options—in the long run, happy errors bring gains, unhappy errors bring losses."
Acho que é isto que eu vejo em "assistia do seu acampamento, amedrontado, acobardado, aos desafios arrogantes do gigante Golias e..." e que permite fugir do atractor do feddback-loop que rebola encosta abaixo como uma avalanche.

Trecho retirado de "Antifragile" de Nassim Taleb.

segunda-feira, maio 06, 2013

Curiosidade do dia

"The Memoto camera can be clipped to your clothing or worn on a chain around your neck. There is no shutter release, no display and no on-off button. The camera simply takes a picture automatically every 30 seconds, which comes to 120 pictures an hour or 2,880 a day. To stop the camera, you have to put it in your pocket. For each photo, the device stores the time and the GPS coordinates of where it was taken. The result is a giant photo diary, or "Lifelog," a term coined by the web community.
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Naturally, the images don't remain in the camera. The Memoto app transfers them to the company's server or, more precisely, to a server Memoto rents from Amazon in the United States to store its customers' data.
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The Memoto software sorts the photos, organizes them by subject and time, and highlights the best ones from a technical standpoint. The user can then use his or her own computer or smartphone to look at current pictures, search for old ones or post images to a social-networking site, such as Facebook.
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These features make Memoto the ideal toy for people who have made online self-expression their mission in life. If the idea takes hold, there will be no events in the future that don't exist in image form. Forgetting will become a thing of the past, and we will no longer be able to sugarcoat our past experiences. Memory will no longer be subjective, but merely an image file on an Amazon server."
Trecho retirado de "Total Recall: Mini-Camera Records All (and Perhaps Too Much)"

A chave da mudança está nas emoções

Ontem, ao pesquisar "Resonate" de Nancy Duarte, encontrei uma citação de Seth Godin que me remeteu para aqui:
"Business plans with too much detail, books with too much proof, politicians with too much granularity... it seems as though more data is a good thing, because data proves the case.
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In my experience, data crowds out faith. And without faith, it's hard to believe in the data enough to make a leap. Big mergers, big VC investments, big political movements, large congregations... they don't usually turn out for a spreadsheet.
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The problem is this: no spreadsheet, no bibliography and no list of resources is sufficient proof to someone who chooses not to believe. The skeptic will always find a reason, even if it's one the rest of us don't think is a good one. Relying too much on proof distracts you from the real mission--which is emotional connection."
E recordei logo John Kotter em "The Heart of Change":
"Changing behavior is less a matter of giving people analysis to influence their thoughts than helping them to see a truth to influence their feelings. Both thinking and feeling are essential, and both are found in successful organizations, but the heart of change is in the emotions. The flow of see-feel-change is more powerful than that of analysis-think-change. These distinctions between seeing and analyzing, between feeling and thinking, are critical because, for the most part, we use the latter much more frequently, competently, and comfortably than the former." 

Acerca da estratégia

"Emergent strategy is the view that strategy emerges over time as intentions collide with and accommodate a changing reality.  Emergent strategy is a set of actions, or behavior, consistent over time, “a realized pattern [that] was not expressly intended” in the original planning of strategy. Emergent strategy implies that an organization is learning what works in practice. Given today’s world, I think emergent strategy is on the upswing.
...
Henry’s emergent strategy ideas simply seem to be more relevant to the world we live in today – they reflect the fact that our plans will fail. This is not to say that planning isn’t useful, but other than some long term technology plans, the day of the 5 year and even 2 year plans has faded and emergent strategy is the reality in most industries that I work with.  You must be much more fleet of foot, strategic flexibility is what we are looking for in most industries. The boundaries are more fluid now. For many, albeit not all, knowing what industry you are in is not as clear cut as it once was. This makes industry analysis less easy.  The value chain (Moi ici: No meu trabalho é fundamental conhecer e caracterizar a cadeia da procura, o ecossistema da procura, muito mais do que a clássica cadeia de fornecimento) is now shared across firm boundaries and at times, in part, in common with competitors."

Trechos retirados de "Porter or Mintzberg: Whose View of Strategy Is the Most Relevant Today?"

"should never tell us what to do"

Uma verdade importante:
"Sometimes, even when an economic theory makes sense, its application cannot be imposed from a model, in a top-down manner, so one needs the organic self-driven trial and error to get us to it. For instance, the concept of specialization that has obsessed economists since Ricardo (and before) blows up countries when imposed by policy makers, as it makes the economies error-prone; but it works well when reached progressively by evolutionary means, with the right buffers and layers of redundancies. Another case where economists may inspire us but should never tell us what to do."
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Recordar o grito "Espanha! Espanha! Espanha!"
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Fugir sempre dos crentes no Grande Planeador, no Grande Geometra, os tais intervencionistas ingénuos.
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Complementa bem a mensagem deste postal "Não é fácil fazer a transição"

Trecho retirado de "Antifragile" de Nassim Taleb.

"Pessoas de mais a queixarem-se e de menos a agir"

Na passada Quinta-feira, no meio de uma conversa, parei para anotar a frase que tinha acabado de ouvir:
"Pessoas de mais a queixarem-se e de menos a agir"
Voltei a recordar esta frase, ontem à noite, ao ler isto no Caderno de Economia do Expresso, roubado em casa da minha mãe:
"Uma forma de o país sair mais rapidamente da crise é falarmos menos e trabalharmos mais? Não diria trabalhar mais, mas arriscar mais, ir à luta, fazer coisas diferentes, eventualmente errar e depois corrigir os erros, para podermos ir para a frente, apesar das dificuldades todas, que são imensas.
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Deve-se trabalhar mais no sentido de aumentar a autoestima de Portugal?Alguma coisa tem de se fazer. Mas acho que mais do que falar, tem de se fazer. Dá-me a impressão, quando me pedem para falar em universidades, que há uma nova geração muito mais empresarial, com vontade de empreender. Há gente nova com graça, com ideias e com vontade de fazer coisas. Essa mentalidade mudou, se é por obrigação ou não é, não sei. E gosto disso."
Trecho retirado de "Em Portugal há um excesso de palavras, de opiniões, sobre tudo. Estou farto" (entrevista de Paulo Pereira da Silva, presidente da Renova)

domingo, maio 05, 2013

Curiosidade do dia

"for many people, a wealth model built on chronic growth is no longer a desirable goal. They are deciding to opt out of this model by establishing "repair cafés" or "transition towns," communities that try to run things differently at the local level. But doubts about the growth dogma are even beginning to creep into politics.
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can there be prosperity without growth and growth without environmental damage? How can jobs be preserved in a stagnating or even a shrinking economy? How can a government service its debts in such an economy, especially as the population shrinks?
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The labor market he envisions is full of thriving repair and maintenance shops. He wants to see our society become more civilized with less: less material, less energy, less waste and less pollution. He also believes that resources should be managed more effectively. We should produce the kind of clothing, he argues, that can be handed down from one generation to the next instead of throwing things away after wearing them just a few times."

Trechos retirados de "Less Is More: Rogue Economists Champion Prosperity without Growth"

Acerca da estratégia

" “the core idea of strategy is to provide an overarching view on how a particular company is going to succeed in the marketplace.”
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strategy is really a “mindset” that views “business life as not entirely random; stochastic but not random. While it may be absolutely necessary to revisit and revise choices more often than convenient, the assumption holds that effortful, determined, revisable strategy is better than simply letting happen whatever will happen.”
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Strategy is about trying to take control and trying to win. Strategy is about trying to predict the future or at least enough of that future that will give you a competitive advantage. Strategy is about being specific. It is about helping you get from A to C by doing B. It’s about putting your cards on the table, placing your bets.
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More than choosing what to do, it is about choosing what NOT to do. Because today, more than ever, there are far more things that you could do — but shouldn’t. These things distract and create complexity. They take valuable time and resources away from what really matters. Strategy is about understanding what really matters and acting on it.
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strategy is about answering the following questions:
  • What business or businesses should you be in?
  • How do you add value to your businesses?
  • Who are the target customers for your businesses?
  • What are your value propositions to those target customers?
  • What capabilities are essential to adding value to your businesses and differentiating their value propositions?"

Trechos retirados de "How Do You Know You Do Not Have a Strategy?"

Fazer o by-pass ao poder

Há bocado, no Facebook do Frederico Lucas, li esta reflexão:
"Quando pergunto a uma plateia de estudantes o que esperam da sua vida profissional, e um deles responde que isso depende do Primeiro Ministro ou do autarca local, renovo o amargo de boca que o conceito de Liberdade não atinge todos os cidadãos."
E fiz logo o paralelismo com os empresários e, sobretudo com os líderes das associações empresariais.
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É triste quando um empresário abdica do seu quinhão, da sua quota parte de agente de mudança do mundo  (o melhor tipo de mudança: a mudança "bottom-up", a mudança concreta, a mudança que pode ser revertida se não resultar), e deposita toda a sua esperança num outro agente exterior ao seu mundo.
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É triste ver o líder da Confederação do Comércio Português depositar toda a sua confiança na salvação do sector nas decisões dum governo.
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Agora imaginem que um governo baixava o IVA e aumentava o salário mínimo... como reagiria se os consumidores, em vez de voltarem a encher as lojas, entupissem o comércio online? Difícil? Recordar:
"90 percent of retail sales growth in Britain, France and Germany between 2012 and 2016, or 91.5 billion euros, is expected to be online"
Descubro, cada vez mais, empresas anónimas que há muito seguiram o conselho que este blogue veicula há muitos anos, quando ainda não era "in" dizê-lo, e fizeram "by-pass a este país".
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Agora é a altura dos agentes que vivem do e para o mercado interno seguirem outro conselho, "fazer o by-pass ao governo". A este e aos que se hão-de seguir. Concentrem-se naquele terreno onde se conjuga o que gostam de fazer com o que é diferente e atrai clientes, construam uma identidade evolutiva em torno desse conceito e acreditem que tudo se consegue com esforço.
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Como dizia Popper: "Viver é resolver problemas"... o que conjuga bem com a frase de Taleb "Stressors are information"

O modelo de negócio da Zara em todo o lado

"O modelo de negócios da Inditex, que assenta na recolha diária de informação sobre a preferência dos clientes nas seis mil lojas que tem nos cinco continentes, deixa um prazo de apenas duas a três semanas para a produção dos artigos de moda. Este segmento - o mais relevante em termos de valor para o grupo espanhol - é, por isso, fabricado em mercados próximos aos centros de abastecimento em Espanha, uma vez que as lojas têm de ser abastecidas duas vezes por semana.
Espanha, Portugal e Marrocos são responsáveis por este "aprovisionamento de proximidade", que representa 51% do volume total de 970 milhões de peças produzidas anualmente pelo gigante retalhista de vestuário. Deste lote da produção, quase um terço vem de fábricas portuguesas. "É um terço importante, sobretudo de peças de qualidade. A moda, em que as séries de produção são curtas, é a nossa fatia mais importante", disse esta segunda-feira o director de comunicação da Inditex, Jesús Echevarría."
Rapidez, proximidade, pequenas séries... o futuro não só do têxtil mas de todos os sectores económicos. Imaginem que não existiam tantas barreiras a protegerem os incumbentes, nestes tempos de transformação até veríamos novos modelos de automóveis, não padronizados, a percorrerem as estradas.

Trecho retirado de "Inditex fabrica um terço da moda em Portugal"

sábado, maio 04, 2013

Curiosidade do dia

Duas coisas bem diferentes e que fazem toda a diferença:

  • "skin in the game"
  • "gaming the system"
Fundamental distinguir o papel dos agentes.

"If you are self-motivated, wow, this world is tailored for you"

"What’s exciting is that this platform empowers individuals to access learning, retrain, engage in commerce, seek or advertise a job, invent, invest and crowd source — all online. But this huge expansion in an individual’s ability to do all these things comes with one big difference: more now rests on you.
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If you are self-motivated, wow, this world is tailored for you. The boundaries are all gone. But if you’re not self-motivated, this world will be a challenge because the walls, ceilings and floors that protected people are also disappearing. That is what I mean when I say “it is a 401(k) world.” Government will do less for you. Companies will do less for you. Unions can do less for you. There will be fewer limits, but also fewer guarantees. Your specific contribution will define your specific benefits much more. Just showing up will not cut it.
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When I say that “everyone has to pass the bar now,” I mean that, as the world got hyperconnected, all these things happened at once: Jobs started changing much faster, requiring more skill with each iteration. Schools could not keep up with the competencies needed for these jobs, so employers got frustrated because, in a hyperconnected world, they did not have the time or money to spend on extensive training. So more employers are demanding that students prove their competencies for a specific job by obtaining not only college degrees but by passing “certification” exams that measure specific skills — the way lawyers have to pass the bar.
Claro que para muito gente isto é perigosa propaganda em prol da precariedade laboral.
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Trechos retirados de "It’s a 401(k) World"

O poder de um cluster

Via @tspascoal cheguei a este artigo "Shenzhen is Like Living in a City-Sized TechShop" e fiquei fascinado com a concretização do que é o poder de um cluster:
"That begins to describe the electronics farmer’s market
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It’s naive to think of labor costs as China’s chief advantage in hardware manufacturing. The main advantage of being at the center of the supply chain is the iteration speed it permits. Need to find a particular part to fit a particular housing? Just blew a board and need a replacement part? Looking for a variation of a certain component? Then literally walk across the street and go get it. Even if you’re in the heart of the Silicon Valley sitting inside a TechShop that’s not possible. Looking for a segmented LED display? How about browsing through a case full of 75 different ones on the spot. Not sure about using the part in production? Talk to the factory rep and maybe jump in a car to see the factory line.
Aside from selection and immediacy, it’s easier for local designers to build their prototypes using the exact same tools as the production line uses, thus side-stepping possible manufacturing problems down the road and avoiding costly redesigns that plague most hardware projects. It’s also much easier to identify and design around components that are more popular by looking at what’s on sale at local markets than by searching online.
Huaqiangbei is the electronics component mecca, but it’s just one small part of the Shenzhen ecosystem. “I’d never hand-soldier a board. I just send an Eagle file off and get the completed board back later that day for a few bucks.” The town is full of service firms that have the equipment, expertise and capacity to handle quick turnaround on basic needs."

Pós-Magnitogorsk

Nada de novo no texto que se segue. Escreve-se sobre isto aqui no blogue há vários anos. O que é novidade é encontrar isto escrito num jornal português:
"No essencial esta nova fábrica, apropriadamente intitulada "NextFab", consiste num conjunto de máquinas, várias de base digital mas outras não, com as quais é possível fabricar praticamente tudo. Tem similaridades com os chamados FabLabs, uma invenção do MIT, mas com uma variante importante. A componente digital, crítica nos FabLabs, não é aqui determinante.
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Na indústria convencional (Moi ici: Produção em massa, modelo do século XX) as máquinas são concebidas para cumprirem uma única e repetitiva função. Cada nova produção exige normalmente uma reconfiguração importante da maquinaria e dos processos. Ao invés, neste novo tipo de fábrica pode fazer-se em simultâneo uma bicicleta, um saca-rolhas, uma camisola ou desenvolver um novo polímero. As máquinas são muito versáteis e de elevada capacidade combinatória. (Moi ici: Produção customizada em Mongo, peças únicas, pequenas séries, produção para uso próprio)
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A nova fábrica é acessível a qualquer pessoa, quer na modalidade de auto-produção, em que o próprio opera os equipamentos, ou contratando pontualmente um serviço de assistência. (Moi ici: Prosumers, os artesãos de Mongo - todos nós) O modelo de negócio segue estas ideias e é por isso bastante original. Assenta numa carteira de associados que, através do pagamento de uma cota incomparavelmente menor do que o investimento em causa, utilizam livremente e sem mais custos todos os equipamentos. Estes são portanto partilhados e utilizados de forma bastante mais eficaz e produtiva do que é habitual. A propriedade exclusiva não é económica nem muito inteligente. Uma máquina, um qualquer equipamento ou, por exemplo, o nosso carro estão na maior parte do tempo parados. Não faz qualquer sentido. A partilha é muito mais lógica e eficaz. (Moi ici: Os modelos de negócio assentes na partilha e no aluguer)
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O gosto muda velozmente, a inovação constante altera comportamentos e necessidades, os problemas sociais, ambientais e económicos crescem em complexidade. Faz cada vez menos sentido continuar a produzir em massa, quando as pessoas desejam diferenciação. Faz cada vez menos sentido impor uma determinada solução quando as pessoas gostariam de poder escolher, desenhar, conceber a sua.
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Existem para além disso problemas concretos que exigem uma mudança. A produção em massa gera imensos desperdícios, precisa de enormes áreas de armazenagem, requer uma sofisticada e onerosa rede de transportes. É, além do mais, ambientalmente insustentável. Por isso as fábricas do futuro terão forçosamente de ser muito diferentes.
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A indústria do futuro será ligeira, dispersa, diversificada e sobretudo acessível. Os equipamentos pesados, as grandes linhas de montagem irão dando lugar a pequenos centros de produção que funcionarão ao virar da esquina. Os poluentes e inacessíveis complexos industriais tenderão a desaparecer. Assistiremos a uma espécie de regresso da pequena oficina de bairro, só que altamente sofisticada e, mais importante, à disposição de todos. Isto vai mudar muito o universo produtivo e é melhor estarmos todos preparados. Depois não digam que não avisei."
Agora imaginem  o mundo de possibilidades que se abre...
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´As Magnitogorsk do século XX absorveram as pessoas expulsas da agricultura. Agora, com o fim dessas Magnitogorsk voltaremos ao mundo não normalizado, ao mundo diversificado, ao mundo da produção dispersa e próxima do consumo. voltaremos a um mundo com menos empregados por conta de outrém. Small is beautiful!
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Trecho retirado de "Nova indústria".

sexta-feira, maio 03, 2013

Curiosidade do dia

"Ni los grandes pensadores saben qué hacer con la crisis"... pode ser o começo de algo interessante, absterem-se de intervencionismo ingénuo:
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Ainda este final da manhã descia a A25 quando ouvi deliciado este trecho:
"What I can say for now is that much of what is taught in economics that has an equation, as well as econometrics, should be immediately ditched—which explains why economics is largely a charlatanic profession. Fragilistas, semper fragilisti!"
Depois, já a subir para Sever de Vouga, apanhei:
"Recall that the interventionista focuses on positive action - doing. Just like positive definitions, we saw that acts of commission are respected and glorified by our primitive minds and lead to, say, naive government interventions that end in disaster, followed by generalized complaints about naive government interventions, as these, it is now accepted, end in disaster, followed by more naive government interventions. Acts of omission, not doing something, are not considered acts and do not appear to be part of one’s mission.
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I have used all my life a wonderfully simple heuristic: charlatans are recognizable in that they will give you positive advice, and only positive advice, (Moi ici: Claro que me lembrei logo deste coiso) exploiting our gullibility and sucker-proneness for recipes that hit you in a flash as just obvious, then evaporate later as you forget them." 
Depois, já a almoçar uma sandes, o processamento de toda esta informação deu origem a este comentário:
"Deixar de medir o PIB contribuía mais para o crescimento do mesmo do que todas estas ideias de académicos." 
Entretanto, mão amiga, via Tweeter, fez-me chegar a "Nicholas Taleb Against Establishment Economists":
"What once used to be a field in which men of towering intellect tried to establish, discuss and lay down the tenets of what was widely considered an entirely new science as recently as the late 19th century, has become a field in which a great many rather mediocre intellectuals are mainly serving the interests of the State. The classical economists such as Ricardo, for all their flaws, did humanity an invaluable service by showing that there are in fact economic laws and that a ruler cannot suspend them, just as he cannot suspend gravity. The era during which the classical economists dominated the new science was one that saw the implementation of a fairly enlightened economic policy – as close to 'laissez faire' as we ever got – which led to an  enormous spurt in the growth of real wealth and prosperity between the late 19th and early 20th century. We owe a huge debt to this era of capital accumulation and the men who made it possible – without it, the world may be a lot poorer than it actually is."
Perfeito:
"Of course, if an economist rejects interventionism and supports the establishment of an unhampered free market, then there is obviously no role for him as an 'economic planner' and 'adviser to policymakers' (except for advising them to stay the hell out of the economy and stop meddling with it)." 
Eheheh:
"someone causing action while being completely unaccountable for his words. The phenomenon I will call the Stiglitz syndrome," 
Vou ter de ter uma versão em papel do "Antifragility"... já imagino o livro junto à cabeceira durante anos, para ler e reler e voltar a ler.

Uma empresa americana tipo-Mittelstand alemã!!!

Comecei a ler "The Way I Work: Ken Grossman, Sierra Nevada" e, mais ou menos a meio, um pensamento invadiu-me:
Uma empresa americana tipo-Mittelstand alemã!!!
"I'm constantly thinking about beer. Trying to figure out how to improve our product has driven me from Day One. (Moi ici: Concentração, devoção, obsessão com o produto)
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I like to walk around the place every day to see what's going on.
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Our goal as brewers is to make the same beer every batch. But we're using agricultural products, which inevitably vary because their taste is affected by soil, climate, water, and age. That's why we focus hard on the science of brewing.
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About 10 years ago, I bought a very fancy instrument, an EPR spectrometer, for $250,000. You can put hops, beer, or whatever you want to analyze into the machine, and it separates out each compound and its aroma. So if I think, This is a great aroma; where did it come from? I can see it's from this malt or that variety of hop.
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Investing in this kind of technology is worth it to me. I'm convinced that our success is driven by our focus on quality. We do things that most small brewers would consider labor intensive and expensive. (Moi ici: Concentração, devoção, obsessão com o domínio das variáveis que afectam a produção e a qualidade do produto)
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We never really advertised much, and we still don't. I've always thought it was better to focus on our beer. (Moi ici: Pouca preocupação com a publicidade... como os campeões escondidos)
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We have a very advanced research and development team that I meet with every week to go over new ideas and discuss results.  (Moi ici: Concentração, devoção, obsessão com o desenvolvimento)
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My CFO and I talk every day, but I probably don't spend as much time poring over books as some CEOs might. I do review financials and am involved in those decisions, but I'd much rather be playing with brewing ingredients than crunching numbers.  (Moi ici: Mais preocupação com a Gemba (à la japonesa) do que com a finança. Ganha-se dinheiro com o que se produz com amor e não a mexer em dinheiro)  We do track our key performance indicators, and we have screens throughout the brewery so everyone can see them."


Using Cost-Driven Pricing

Este texto "Drucker’s Five Deadly Sins in Business" fez-me logo sublinhar este ponto:
"Sin #3: Using Cost-Driven Pricing.
Cost-driven pricing means that you simply add up all your costs, and then add a profit, and there you are - the price you should charge. It’s all very logical, but it is wrong, according to Drucker. This, by the way, is how governments insist contractors price their products. It’s supposed to ensure both competition and a “fair” price. All you need to do is look at government cost overruns to see how well that approach is working.
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Drucker said that instead of cost-driven pricing, you needed to do price-driven costing. That is, you need to start at the other end with the right price, and then to work back from price to determine your allowable costs. Drucker blamed the loss of the consumer-electronics industry and the machine-tool industry in the U.S. directly on this deadly sin. One begins to understand why Drucker called these deadly sins, and not simply marketing mistakes."

A bosta académica!


O final de Abril trouxe-me o aroma da erva cortada nos campos que irão dar lugar à sementeira de milho daqui a poucas semanas.
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O início de Maio traz-me o característico e mágico aroma a bosta que me dá esperança no futuro:
"Abençoado cheiro a bosta"

(Imagem de ontem, por volta das 19h30)
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Contudo, o mês de Maio, este ano, trouxe-me outra bosta: a bosta académica! 
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Ontem, por volta das 14h, à porta de uma empresa, para fazer horas até à entrada, peguei no JdN.
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Como é meu costume, comecei a leitura do fim para o princípio. Então, na antepenúltima página encontro um artigo digno dos Gatos Fedorentos ou do Inimigo Público: "Regime de despesa privada obrigatória é a solução" onde sublinhei esta pérola:
"Proponho que o Estado imponha temporariamente um regime de despesa privada obrigatória. Nesse regime os titulares de depósitos bancários dispõem, no máximo, de seis meses para gastar uma fracção do saldo na compra de bens e serviços em território nacional. Findo esse prazo, do montante ainda por gastar é transferida para o Tesouro a parte que corresponde à taxa média actual de IVA e de impostos específicos. Na prática, não há qualquer transferência porque não haverá nenhum montante por gastar ao fim de seis meses. Esta é uma solução equilibrada, dado que quanto maior é o saldo, maior é a responsabilidade e a capacidade de relançar a economia."
Lê-se isto e pensa-se logo nas diatribes de Nassim Taleb contra os académicos.
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É tão fácil a estes aprendizes de feiticeiro lançarem estas parvoíces...

Não é fácil fazer a transição

A propósito deste postal "Todos sabem fazer, mas poucos sabem vender" refere-se que as empresas portugueses do sector de iluminação têm vantagens competitivas no B2B. Depois, refere-se que o futuro é o ter marca e subir na escala de valor para o B2C.
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Entretanto, numa acção de formação esta semana apresentei esta imagem:

No lado esquerdo, o mapa da estratégia de uma empresa de calçado que aposta no B2B.
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No lado direito, o mapa da estratégia de uma empresa de calçado que aposta no B2C.
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Diferentes prioridades, diferentes "preocupações", diferentes modelos mentais.
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Passar de um modelo B2B para um modelo B2C não é pêra doce, muitos políticos e "espertos" pedem essa mudança. Só que se trata de uma mudança que não pode, não deve ser imposta.
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É uma mudança que deve ser decidida pelas empresas.

quinta-feira, maio 02, 2013

Curiosidade do dia

Em Felgueiras diziam-me, na Terça-feira passada, em duas conversas distintas:
"Não se decide exportar para a China. A China é muito grande e muito heterogénea. Decide-se, escolhe-se exportar para uma dada região da China."
 Agora, em "8 Exponential Trends That Will Shape Humanity", constato que a primeira tendência é:
"The Century of the City State"
Interessante, ainda na semana passada, em "Antifragile", Nassim Taleb escrevia sobre a diferença entre viver em países centralizados e viver em cidades-estado e a vantagem destas últimas.

Acerca da re-industrialização

Um artigo interessante, "Is U.S. manufacturing making a comeback — or is it just hype?", equilibrado e com muita informação:
"Lenovo, a Beijing-based computer maker, opened a new manufacturing line in Whitsett, N.C., to handle assembly of PCs, tablets, workstations and servers.
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The rationale? The company is expanding into the U.S. market and needs the flexibility to assemble units for speedy delivery across the country
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Besides the shrinking wage gap between China and the United States, the productivity of the American worker keeps rising. Shipping costs are rising, making outsourcing more costly. And the surge in shale gas drilling gives the United States a wealth of cheap domestic energy to bolster industries such as petrochemicals.
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All that could combine to make U.S. factories more competitive in the years ahead, not just with Europe and Japan, but with the manufacturing behemoth in China. This shift likely won’t mean the United States will have 19 million manufacturing workers again, the way it did in the 1980s. For one thing, automation is still a powerful force. And the types of jobs that come back will be very different from the ones that vanished. (Moi ici: Também aqui se faz sentir o efeito de Mongo, o Estranhistão, a re-industrialização não se fará com base num retorno à produção do século XX. É um outro campeonato!)
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China has been getting wealthier, and its factory workers are demanding ever-higher wages. Whereas the gap in labor costs between the two countries was about $17 per hour in 2006, that could shrink to as little as $7 per hour by 2015, says Dan North, an economist with Euler Hermes, a credit insurer that works with manufacturers.
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If you’re a U.S. company and the advantage is only $7 per hour, suddenly it may be worth staying home,” North says. “If I stay here, I have lower inventory costs, lower transportation costs. I’m closer to my market, I can have higher-quality production and I can keep my technology.”
This notion appears to be catching on."
 Entretanto, o Aranha, enviou-me um e-mail com uma referência a este postal, onde sublinhou:
“…Álvaro Santos Pereira. Sempre que o oiço falar de re-industrialização, desconfio que ele sonha com a indústria do século XX.”
E, depois, acrescentou da sua lavra:
"Of course, mas mais ainda. Ele afirmou ontem mesmo que o que falta às empresas portuguesas para se afirmarem na exportação é escala.
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Donde, grande é que é bom, e grande é que tem que ser ajudado subsidiado."
Não ouvi mas infelizmente não me surpreende.
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Relacionei logo esta crença num retorno à escala do século XX com este resultado irlandês:
"Os mercados de trabalho mais flexíveis tendem a reflectir mais rapidamente os choques, mas também a recuperar mais depressa. Aqui isso não está a acontecer. Porquê?.
O crescimento é muito baixo e está concentrado no sector exportador que não é tão trabalho-intensivo como o sector doméstico." (Moi ici: A empresa exportadora-tipo irlandesa pertence a uma multinacional que exporta grandes quantidades, que aposta no volume, e necessita de pouca mão de obra. Contribui de forma interessante para o PIB e para os números das exportações mas geram pouco emprego)

Fomos roubados!

É muito lindo dizer estas coisas "Oliveira Martins: "Não há superação da crise sem criar riqueza"" agora, depois do caldo entornado:
""Não há superação da crise sem criação de riqueza", (Moi ici: Apetece dizer: Duh!!!) afirmou hoje o presidente do Tribunal de Contas na abertura de um colóquio organizado com o Tribunal de Contas de França sobre Políticas Orçamentais em Contexto de Crise que decorre em Lisboa.
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O responsável afirmou que "o rigor financeiro e orçamental deve contribuir decisivamente para mais justiça, mais emprego e mais desenvolvimento'" (Moi ici: Não estou muito de acordo com esta lógica. A criação de emprego será uma consequência da criação de riqueza, não o contrário, a criação de emprego como ponto de partida não gera riqueza. Como fizeram os governos portugueses, e não só, durante a primeira década do século XXI, 
torraram dinheiro emprestado, para mascararem os números do desemprego e do PIB, face aos 3 choques em curso na altura - euro; China e Europa de Leste. Assaram as sardinhas com o lume dos fósforos e nada mais, agora temos a dívida para pagar) e defendeu novamente que os tribunais de contas têm de "ser mais ouvidos nas suas recomendações".
O crescimento raquítico da primeira década do século XXI não pertencia a esse tempo. Nesse tempo devíamos ter tido recessão e mais recessão. Assim, nesse tempo, o fraco crescimento que tivemos foi roubado ao futuro.
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Nassim Taleb escreve sobre isso em "Antifragile":
"As to growth in GDP (gross domestic product), it can be obtained very easily by loading future generations with debt - and the future economy may collapse upon the need to repay such debt. GDP growth, like cholesterol, seems to be a Procrustean bed reduction that has been used to game systems. So just as, for a plane that has a high risk of crashing, the notion of “speed” is irrelevant, since we know it may not get to its destination, economic growth with fragilities is not to be called growth, something that has not yet been understood by governments. Indeed, growth was very modest, less than 1 percent per head, throughout the golden years surrounding the Industrial Revolution, the period that propelled Europe into domination. But as low as it was, it was robust growth—unlike the current fools’ race of states shooting for growth like teenage drivers infatuated with speed." 

O regresso ao Lugar do Senhor dos Perdões

Uma mensagem importante que deve ser sempre sublinhada, sobretudo pelos intervencionistas ingénuos:
"The takeaway is to stop thinking about whether the industry you are in is "good" or "bad" — recognizing that as the wrong question — and to focus instead on what you can do to win where you are.
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Indeed, our study shows that the biggest variations in TSR [Total Shareholder Return] are not between industries but within them. Yes, at 21%, the median annual return of tobacco, the best-performing industry between 2002 and 2012, was seven times higher than computers and peripherals, the worst-performing industry. The difference in the averages between those two industries was 18 percentage points — no small potatoes.
...
But the TSR variations of companies within these industries were far greater: 44 percentage points in tobacco and 69 percentage points in computers and peripherals."

Trecho retirado de "Don't Blame Your Company's Poor Performance on Its Industry"

Recordar "Lugar do Senhor dos Perdões (parte III)" e o marcador ali abaixo.

quarta-feira, maio 01, 2013

Curiosidade do dia

Descobri hoje que a minha casa foi escolhida por um casal de andorinhas para fazer a sua casa.
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Maravilha!!!

A marca vai a reboque

Na sequência de:
Este exemplo que encontrei no Tweeter (via @suzyjacks) é impecável:

Em plena linha com o "customer's job-to-be-done".
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Algo que me fez lembrar uma afirmação de Conrado Adolpho em “Os 8 Ps do Marketing Digital”:
"Um domínio na internet com, obviamente, o nome de sua empresa, é uma importante etapa da construção de uma marca; porém, como palavra-chave, pode não representar muita coisa. Prepare-se para mais um conceito que cai por terra. Imagine que um usuário esteja procurando um fornecedor que ministre um curso de redação oficial. Provavelmente esse usuário digitará no mecanismo de busca “redação oficial” ou “treinamento em redação oficial”.
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Digitando-se tais palavras no Google, um dos clientes da Publiweb aparece logo na primeira página, a Scritta – empresa que ministra cursos de redacção oficial, entre outros –, mas aparece ainda outro site: www.redacaooficial.com. br, também desenvolvido pela Publiweb para a Scritta. Ter a palavra-chave no próprio domínio é uma técnica interessante para aumentar a probabilidade do clique do internauta e para estar na primeira página dos buscadores, mesmo não sendo com o site institucional. É lógico que, quando o usuário digita “redação oficial” no campo de busca do Google e este indexa um site que tenha a própria palavra-chave no domínio – www.redacaooficial.com.br –, o buscador vai considerá-lo de extrema relevância, pois a palavra-chave é igual ao domínio.

Você pode achar uma heresia, porém, na internet, em alguns casos você tem que esquecer a marca e pensar em palavras-chave. A marca vai a reboque. Só é percebida em segunda instância. É claro que, se sua marca é muito conhecida no seu segmento e agrega muito valor ao seu negócio, você deve usá-la como um argumento de vendas; porém, para boa parte das empresas em que isso não é realidade, pense em atrair o seu usuário por meio da palavra-chave que ele digita no Google, para depois apresentar sua marca para ele."

Coerências... de jogador de bilhar amador

Por um lado, pela parte do patronato, um dos mais aguerridos defensores do aumento do salário mínimo:
"CCP disponível para aumento do salário mínimo com algumas condições"
Por outro lado, o mesmo que pensa isto:
"Além disso, a economia portuguesa e o tecido empresarial tem “uma capitalização relativamente baixa” e por isso assente “num financiamento bancário extremamente alto”, algo que a troika “não percebeu”. “A quebra do financiamento da banca está a asfixiar inclusivamente as empresas viáveis, ao contrário do que aconteceu em outras crises em que as que encerravam eram as inviáveis”, acrescentou."
E o mesmo que pensa isto:
"“No contexto presente, a criminalização dos salários em atraso não conduziria, na maioria das situações, a uma solução positiva, mas, pelo contrário, só serviria para acelerar o encerramento das empresas ou aumentar o número de despedimentos, lançando mais pessoas no desemprego”, afirma a CCP, em resposta a questões colocadas pela agência Lusa.
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Na entrevista, o inspector-geral diz também que a redução salarial é ilegal, mesmo com acordo do trabalhador. A CPP refere que a medida, “sendo obviamente ilegal”, é uma tentativa das empresas de fazer face às dificuldades do mercado."
Um exemplo flagrante daquilo a que chamo jogadas de bilhar amador:
"We need to learn to think in second steps, chains of consequences, and side effects."

Um país de intervencionistas ingénuos

"attempts to eliminate the business cycle (Moi ici: O que os governos portugueses andaram a fazer durante toda a primeira década do século XXI, despejar dinheiro na economia para minimizar o impacte do euro, da China, da Europa de Leste) lead to the mother of all fragilities. Just as a little bit of fire here and there gets rid of the flammable material in a forest, a little bit of harm here and there in an economy weeds out the vulnerable firms early enough to allow them to “fail early” (so they can start again) and minimize the long-term damage to the system.
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An ethical problem arises when someone is put in charge. Greenspan’s actions were harmful, but even if he knew that, it would have taken a bit of heroic courage to justify inaction in a democracy where the incentive is to always promise a better outcome than the other guy, regardless of the actual, delayed cost.
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Ingenuous interventionism is very pervasive across professions.
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Let me warn against misinterpreting the message here. The argument is not against the notion of intervention; in fact I showed above that I am equally worried about underintervention when it is truly necessary. I am just warning against naive intervention and lack of awareness and acceptance of harm done by it.
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What should we control? As a rule, intervening to limit size (of companies, airports, or sources of pollution), concentration, and speed are beneficial in reducing Black Swan risks." (Moi ici: Recordo logo "If they are too big to fail they are too big to exist")
Interessante ouvir isto enquanto os políticos da situação e da oposição em Portugal continuam a competir entre si pelo título do mais intervencionista, do que mais "ajuda" a economia a crescer ou a recuperar.

Trechos retirados de "Antifragile" de Nassim Taleb.
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