quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Back to the basics

Nestes tempos de recalibração é necessário voltar ao fundamental, ao bê-á-bá.
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"To identify your core business, first identify the five following assets:
1. Your most potentially profitable, franchise customers;
2. Your most differentiated and strategic capabilities;
3. Your most critical product offerings;
4. Your most important channels;
5. Any other critical strategic assets that contribute to the above (such as patents, brand name, position at a control point in a network).
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What is the business definition where you compete?
What is your core business and source of potential competitive advantage?"
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Chris Zook in "Profit from the Core"

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Lagoa parte II

Em Setembro de 2008 restavam umas pequenas poças de água.
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Hoje a situação era esta:






Acordar as moscas que estão a dormir (parte II)

A propósito de Acordar as moscas que estão a dormir.
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É nestas coisas que eu aprecio os checos, esta falta de diplomacia, este comportamento de elefante em loja de porcelana que estraga os arranjinhos dos governos da velha Europa:
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"Ainda se desconhece a dimensão e duração da actual crise, mas já começou o debate na UE sobre quando deverão os países corrigir os seus défices excessivos, actualmente em espiral ascendente para contrariar a recessão económica. A República Checa, ainda fora do euro mas no leme da UE durante este semestre, faz jus à sua tradição ortodoxa e está a ‘forçar a barra'."
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"Presidência da UE quer anular défices já em 2012" Estão a imaginar como é que em Portugal isto vai ser atingido? Estão já a imaginar a classificação de rico deslizar e ser aplicada a simplesmente quem tem um salário?
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Ah! Isso é com os ricos.
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Estamos todos à espera de quê? O cobrador vai bater à porta e de que maneira!

Acerca dos processos (parte I)

A ISO 900o define processo como:
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"conjunto de actividades interrelacionadas e interactuantes que transformam entradas em saídas"
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No entanto, quando começamos a 'olhar' para um processo, as actividades são a última coisa em que nos concentramos, são o menos importante.
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O que é um processo? É um método definido para atingir um dado resultado, e esse resultado é que é fundamental para a definição de um processo, muito mais do que o trabalho, as actividades que se desenvolvem no seu interior.
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As actividades são sempre instrumentais, o essencial é o resultado.
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Muitas organizações confundem processos com departamentos atribuindo-lhes designações como: "Recursos Humanos"; "Comercial" ou "Aprovisionamentos".
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Um processo é uma realidade horizontal, transversal. Um departamento é uma realidade vertical, mais precupada com a gestão dos recursos e especialidades do que com o fluxo do trabalho.
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Um processo deve ser designado por um verbo + um substantivo (um processo é acção, é transformação), por exemplo:
  • Formar colaboradores;
  • Comprar matérias-primas;
  • Planear produção;
O que é interessante com esta fórmula para a designação de um processo é que se trocarmos a ordem obtemos as saídas do processo:
  • Colaboradores formados;
  • Matérias-primas compradas;
  • Produção planeada;
Ao escolher o verbo, escolher um que indique uma actividade única que ocorre num ponto em particular do processo e que nos ajuda a visualizar um resultado. Evitar usar verbos do tipo 'Gerir'. Verbos que indicam uma actividade, ou múltiplas actividades, que ocorrem ao longo do tempo e que não ajudam a individualizar um resultado concreto, único e específico.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Passar da estória individual para um padrão e do padrão para uma explicação, para uma teoria

IMHO este é um dos melhores postais de Pedro Arroja "às vezes, ao desbarato".
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O autor escreve: "Eu não me tinha dado ainda conta da enorme incapacidade dos portugueses para o pensamento abstracto, e da sua excessiva concentração nas formas concretas de pensamento."
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Estou quase a sair do escritório para trabalhar com uma empresa hoje de tarde, associo um dos desafios dessa empresa àquilo a que Geoffrey Moore chamou "Crossing the Chasm".
Um produto inovador tem sucesso junto de 'meia-dúzia' de Visionários (estes representam os Early adopters da figura) e depois... nada.
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Parece que há uma barreira ao crescimento, à difusão do produto inovador pelo mercado em geral. Daí o abismo o 'chasm' entre os Early adopters e a Early majority.
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Desde tenra idade que me habituei a ver na televisão o desaparecido Fernando Pessa, e outros locutores, a entrevistarem 'inventores' que se queixavam de que ninguém lhes ligava às suas invenções, ninguém financiava a sua expansão,... o choradinho do cortejo dos coitadinhos em que o nosso país se tornou expert.
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Agora voltando a Arroja; a nossa cultura concentrada em formas concretas de pensamento, habituada só a ver o que se vê acima da superfície das águas, dificilmente mergulha para estudar a dimensão do iceberg e retirar lições gerais sobre o assunto (por isso é que fomos e somos bons a desbravar caminho, a bater o terreno inexplorado: Estilos de gestão ).
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O que Geoffrey Moore fez foi pegar nessas estórias individuais, verificar que havia um padrão que se repetia, avançar com uma explicação e com uma hipótese sobre como enfrentar a situação.
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A coisa chega a este limite de caracterizar psicologicamente os Visionários dos Pragmatistas:
Nós... pela palmadinha nas costas e pela cedência do megafone para carpir mágoas.
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Vejam como eu sou um desgraçadinho incompreendido. Tenham pena de mim! Associem-se solidariamente à minha tristeza.

É só fazer as contas

"José Sócrates garante ser possível identificar os ricos"
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"É uma proposta razoável, exequível, a favor da equidade fiscal e da justiça fiscal", replicou José Sócrates, explicando que o que propõe é que o próximo Governo faça uma reforma do sistema fiscal "de modo a que os rendimentos mais elevados tenham menos deduções" e, "aproveitando essa folga", se possam reduzir os impostos à classe média. "
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Seguindo a velha máxima da política portuguesa "É só fazer as contas!" Façamos as contas:
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Pressuposto inicial
Estado quer aliviar a carga fiscal sobre a classe média sem perder receita fiscal.
Assim, reduz as deduções fiscais aos ricos e aumenta-as à classe média. Logo:

O acréscimo global de receita fiscal sacada aos ricos = Alívio do fardo fiscal impostado à classe média .
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Em quanto é que cada sujeito fiscal incluído na classe média vai ser aliviado?
Não tenho acesso aos números para poder fazer a conta mas cheira-me a malabarismo com as palavras. O número total de sujeitos fiscais classificados como ricos é muito, mas mesmo muito inferior ao número total de sujeitos fiscais classificados na classe média. Daí que o alívio individual deva ser irrisório.
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ADENDA: Nem de propósito
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"Quanto ao impacto que esta redução das deduções para os mais ricos pode vir a ter em termos de alívio fiscal para a classe média, Saldanha Sanches está convencido que será «muito reduzido».
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«Estamos a falar de pequenas quantias, quase simbólicas, semelhantes ao corte da taxa de IVA em 1%»."
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"Corte de deduções fiscais para os ricos quase sem impacto"
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ADENDA (07h09 de 11.02.09)
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"são apenas alguns exemplos entre os cerca de 31 mil agregados familiares a quem o primeiro-ministro quer retirar benefícios fiscais. José Sócrates ainda não definiu quem considera serem os "ricos", mas tendo em conta a taxa que o próprio definiu, o grupo dos que ganham mais de 62 546 euros e pagam 42 % de IRS, será o atingido. No entanto, estes 31 mil são apenas 1% do total dos agregados, o que fará com que o "bolo" das deduções dividido pela classe média dê "valores tão pequenos que se tornam ridículos","
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(Sócrates tira a 'ricos' mas não ajuda classe média)

Sintomas da confiança no futuro

"Bullion sales hit record in rush to safety"

Ah! Isso é com os ricos.

Ao ler este trecho:
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"Não há nenhuma razão para que aqueles que são mais ricos passem a deduzir o mesmo que a classe média portuguesa deduz. Têm despesas com a educação, despesas com a saúde, muito bem, mas as suas deduções não devem ser o mesmo que é para a classe média. É por isso que teremos de reduzir essas deduções com um objectivo: o dinheiro que aí se poupará de despesa fiscal servirá para aliviar aquilo que são as contribuições fiscais da classe média",
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Ao recordar o filme da evolução do apetite do monstro (é olhar bem para a explosão insaciável) ocorre-me perguntar:
  • qual a definição de rico?
  • a definição de rico é estática ou situacional, ou seja, pode mudar por decisão de quem alimenta o monstro?
Assim, a associação a Brecht é imediata:
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"Primeiro vieram buscar os Comunistas,
e eu não disse nada,porque eu não era Comunista.
Então vieram buscar os Judeus,
e eu não disse nada,
porque eu não era Judeu.
Então vieram buscar os Católicos,
e eu não disse nada,
porque eu era Protestante.
Então vieram buscar-me a mim,
e nessa altura,
já não havia ninguém para falar por mim."
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O copo meio-cheio

A revista Business Week recorda que há quem aproveite a migração de valor que está a ocorrer:
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"For Some Small Businesses, Recession Is Good News"

O alfaiate industrial parte II

A propósito dos 20 anos de casa daqui.
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Este trecho do livro "Os Novos Líderes" de Daniel Goleman, Richard Boyatzis e Annie McKee
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"Quando os líderes se envolvem na estratégia apenas a nível intelectual, torna-se quase impossível manter a energia e o entusiasmo, e o processo de aprendizagem fica prejudicado. Então, do que é que os líderes da empresa mais precisavam? Como disse aquele gestor, precisavam "de se envolver emocionalmente, com os seus sonhos e paixões - tanto entre eles como com a estratégia -, e de se ligarem às possibilidades do futuro, a fim de permitir que se fizesse alguma coisa para construir esse futuro."

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Preto no branco sem esconder nada.

O Norteamos alertou-me para esta explicação sobre a Qimonda:
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"Quimonda: Os marxistas «say it better»"
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Vale a pena ler.

As consequências do curto-prazismo batem à porta quando menos se espera e com juros

"estes “desenvolvimentos evidenciam a necessidade de os Estados-membros tomarem em linha de conta a sustentabilidade orçamental quanto analisam e implementam medidas de resgate” da banca e da economia real. "
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No Jornal de Negócios de hoje "Ministros europeus "preocupados" com dificuldades dos Governos em financiarem-se".
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Os ministros das Finanças da Zona Euro estão crescentemente preocupados com o facto de alguns Governos estarem a sentir dificuldades acrescidas em financiarem-se nos mercados internacionais."
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De que é que estavam à espera?

You can see where this is going.

Vai ser bonito ... depois do caseiro "Compro o que é nosso" temos a França, a Espanha, os Estados unidos, o Japão (Consommons français ! )
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Evans-Pritchard relata:
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"Spain's unemployment has jumped to 3.3m – or 14.4pc – and will hit 19pc next year, on Brussels data. The labour minister said yesterday that Spain's economy could not "tolerate" immigrants any longer after suffering "hurricane devastation". You can see where this is going. " (Bond market calls Fed's bluff as global economy falls apart )
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Se começarmos a fazer um exercício de identificação de relações de causa-efeito para especular sobre onde é que isto nos pode levar...

O alfaiate industrial

O semanário Expresso deste sábado traz mais um exemplo de quem ou formulou, ou descobriu uma estratégia competitiva.
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Muitas vezes, neste espaço, chamo a atenção para a importância de ter relações amorosas com clientes, produtos e serviços, algo que falta a macro-economistas, burocratas de Bruxelas e consultores. Só o conhecimento que advém dessa intimidade permite ser rápido a circular nos OODA loops.
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Em Agosto de 2007 escrevi neste blogue acerca da Maconde:
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"Quando trabalho como consultor para uma organização, procuro ser provocador, para levar as pessoas a abandonar o terreno conhecido, mas aviso sempre, e tento manter a minha guarda interna: só sou consultor, no final do projecto não fico com a criança. Para que me oiçam, mas não dê-em demasiada ênfase ao que digo... posso estar errado.
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Um consultor, tal como um gestor, sabe (ou julga saber) umas regras básicas de gestão, tem experiência e conhecimentos de casos anteriores, procura formar-se e informar-se, pode até desenvolver carinho, ou clubite, pelas instituições e amizade pelas pessoas com quem trabalha, mas falta-lhe uma especiaria, o conhecimento intrínseco do negócio, o instinto para o negócio da organização consultada. A abordagem do consultor corre o risco de ser asséptica, aplicam-se as fórmulas e "prontos".
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Se isto se pode dizer de mim como consultor, será que posso generalizar e chamar a atenção para os gestores da Maconde? Será que não sofriam do mesmo mal, e estando numa posição de poder executivo, tomaram decisões demasiado assépticas?Repare-se, depois da saída de Pais de Sousa (veio da Vulcano) em Março passado, a empresa viu entrar Cândida Morais (veio da Barbosa & Almeida)...
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Quem sou eu, não tenho qualquer informação sobre este caso em particular mas... depois de ler todos os cortes e cortes que a empresa fez, acho que alguém se esqueceu que é preciso ganhar dinheiro (ver Gertz & Baptista: emagrecer, emagrecer até ser grande!!!)"
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No artigo do Expresso do passado Sábado "O alfaiate industrial de Vila do Conde" encontro:
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"No Verão de 2007, a velha Maconde agonizava sem encomendas e um passivo de €50 milhões (32 milhões à banca). Na altura, restava a unidade de Vila do Conde, autonomizada como Macvila. Face à falência iminente, Luísa Rocha, engenheira com 20 anos de casa, José Amorim, contabilista e o advogado José Pedro Vieira apresentaram um projecto que convenceu o Governo e o consórcio bancário liderado pelo BCP."
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O artigo descreve a adopção de uma proposta de valor próxima da consultoria, liderança pelo serviço: ""A nossa vantagem competitiva está nos produtos mais complexos e na capacidade de respostas rápidas", dis Luísa Rocha. Nesta nova cruzada comercial há uma sigla - MTM - que traduz a sua nova ambição. Made to measure (feito à medida) é mais um desafio da empresa que pretende tornar-se um alfaiate industrial de alemães, britânicos e irlandeses. Em lojas requintadas desses mercados, a Macvila disponibiliza uma gama de tecidos e modelos à escolha do cliente. O retalhista transmite as medidas e em 12 dias recebe o fato encomendado."
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"A verdade, é que a unidade enfrenta 2009 com o entusiasmo redobrado de quem recebeu o dobro dos pedidos de colecções para a estação Outono/Inverno em que trabalha. Não é seguro que todos os pedidos se transformem em encomendas, mas é um sinal de vitalidade..."
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Cá vai a seguir a tradução prática daquilo a que chamo abusar daquilo em que se pode fazer a diferença:
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""As colecções são mais complexas e diversificadas, induzindo séries mais pequenas", nota Luísa Rocha."

domingo, fevereiro 08, 2009

Pós-Graduação Gestão das Organizações e Desenvolvimento Sustentável

Gestão Ambiental e Ecoeficiência.
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Não esquecer a palavra-chave.

Não consigo resistir ...

... já o confessei váias vezes neste local.
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Tenho um fraco por soundbytes e poesia, pronunciar palavras e frases que deslizam bem no sistema fisiológico e em simultâneo adoçam o pensamento, por que o significado é potente e razoável. Por exemplo:
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"There is, however, a missing link. For if too much debt is at the heart of the crisis, what about the over-borrowers? What do they have to say?
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I'm not talking about unfortunate souls who have slipped behind as a result of redundancy or family crisis. I'm more interested in Smart Alecs who signed for a dozen credit cards and then spent over the limits. Or homebuyers who enjoyed a burst of creativity when it came to disclosing incomes on mortgage forms. Or heavily geared buy-to-let merchants who worked out that instead of paying for a house, they could get a house to pay for them.
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These and others have played a role in creating the credit crunch. But we rarely hear from them or about them. The reason, I fear, is that after 12 years of a government which has infantilised the electorate by telling it that the state will always provide, there has been a shocking diminution of personal responsibility. We are a society addicted to victimhood.
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As such, when things go wrong, we seek bogeymen rather than face up to our own shortcomings. We expect instant, painless solutions to self-inflicted problems. Britain's booze culture is blamed on the slick advertisements of drinks companies and the cut-price tactics of supermarkets. Our obesity epidemic is the fault of junk-food outlets and confectionery suppliers. And our personal indebtedness, the highest it has ever been, is the result of a pernicious campaign by greedy banks to enslave their customers. Oh yes, and the crash was caused by beastly Americans.
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It is a mindset that is fostered by cynical politicians who see few votes in telling people that which discomforts them, even if it's the truth. Much better to identify a "dark force" and then roll out an initiative to tackle it. This exculpates the guilty, while creating an impression of activity."
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Já agora especulo com outro motivo para o fenómeno (tendo em conta as teorias de Pedro Arroja sobre as distinções entre a sociedade prot e a sociedade cath) talvez a culpa não seja dos políticos, mas do progressivo aumento de católicos em Inglaterra. Just kidding.
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Trechos retirados de "We're in denial: afraid to face up to the real causes of recession"

Uma teoria interessante...

... que leva a um modelo que simula a nossa realidade e ajuda a percebê-la e a encadear os acontecimentos "The Roving Cavaliers of Credit".
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Alguns trechos:
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"Thus rather than credit money being created with a lag after government money, the data shows that credit money is created first, up to a year before there are changes in base money. This contradicts the money multiplier model of how credit and debt are created: rather than fiat money being needed to “seed” the credit creation process, credit is created first and then after that, base money changes.
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It doesn’t take sophisticated statistics to show that the second prediction is wrong—all you have to do is look at the ratio of private debt to money. The theoretical prediction has never been right—rather than the money stock exceeding debt, debt has always exceeded the money supply—and the degree of divergence has grown over time."
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"“In the real world, banks extend credit, creating deposits in the process, and look for reserves later”.[5]
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Thus loans come first—simultaneously creating deposits—and at a later stage the reserves are found. The main mechanism behind this are the “lines of credit” that major corporations have arranged with banks that enable them to expand their loans from whatever they are now up to a specified limit."
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"Thus causation in money creation runs in the opposite direction to that of the money multiplier model: the credit money dog wags the fiat money tail. Both the actual level of money in the system, and the component of it that is created by the government, are controlled by the commercial system itself, and not by the Federal Reserve."
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"The only way that Bernanke’s “printing press example” would work to cause inflation in our current debt-laden would be if simply Zimbabwean levels of money were printed—so that fiat money could substantially repay outstanding debt and effectively supplant credit-based money.
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Measured on this scale, Bernanke’s increase in Base Money goes from being heroic to trivial. Not only does the scale of credit-created money greatly exceed government-created money, but debt in turn greatly exceeds even the broadest measure of the money stock—the M3 series that the Fed some years ago decided to discontinue."
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"We are therefore not in a “fractional reserve banking system”, but in a credit-money one, where the dynamics of money and debt are vastly different to those assumed by Bernanke and neoclassical economics in general.[10]
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Calling our current financial system a “fiat money” or “fractional reserve banking system” is akin to the blind man who classified an elephant as a snake, because he felt its trunk. We live in a credit money system with a fiat money subsystem that has some independence, but certainly doesn’t rule the monetary roost—far from it."
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"Though in some ways the answers are obvious, it lets us see why banks are truly cavalier with credit. The conclusions are that bank income is bigger:
  • If the rate of money creation is higher (this is by far the most important factor);
  • If the rate of circulation of unlent reserves is higher; and
  • If the rate of debt repayment is lower—which is why, in “normal” financial circumstances, banks are quite happy not to have debt repaid.
In some ways these conclusions are unremarkable: banks make money by extending debt, and the more they create, the more they are likely to earn. But this is a revolutionary conclusion when compared to standard thinking about banks and debt, because the money multiplier model implies that, whatever banks might want to do, they are constrained from so doing by a money creation process that they do not control.
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However, in the real world, they do control the creation of credit. Given their proclivity to lend as much as is possible, the only real constraint on bank lending is the public’s willingness to go into debt. In the model economy shown here, that willingness directly relates to the perceived possibilities for profitable investment—and since these are limited, so also is the uptake of debt.
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But in the real world—and in my models of Minsky’s Financial Instability Hypothesis—there is an additional reason why the public will take on debt: the perception of possibilities for private gain from leveraged speculation on asset prices."
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A furna vulcânica no fundo do oceano...

sábado, fevereiro 07, 2009

Quando a esmola é grande o pobre desconfia

O Le Monde bem tenta animar a malta com algum optimismo "Le bout du tunnel ?"
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Mas ao ler Edward Hugh sobre a situação italiana "Italy Needs EU Bonds And It Needs Them Now! " desconfio da esmola francesa.

Vamos fazer um exercício...

Quando inicio um projecto de transformação estratégica com uma organização, procuro trabalhar as oportunidades e ameaças que identificam no meio envolvente com um pouco da análise PESTEL, para criar uma representação dinâmica de factores externos que podem influenciar o futuro da organização.
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A partir daí podemos identificar incertezas críticas e equacionar alguns cenários para o futuro. O propósito é o de obrigar a transformação estratégica a ter alguma aderência à realidade e evitar os devaneios da gestão.
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Aqui vai um extracto do último que fiz para alimentar uma discussão durante a semana que passou.
Uso estes esquemas para que os intervenientes percebam, vejam (por que assim salta aos olhos) que as decisões que tomam nunca são isoladas, e podem gerar uma cadeia de reacções de causa-efeito positivas, negativas ou ambas.
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As nossas decisões nunca são neutras, nunca ficam impunes. Mais tarde, ou mais cedo as suas consequências voltam a bater-nos à porta, para nosso deleite ou para nosso tormento.
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Tudo isto a propósito do que ouvi ontem na rádio e li hoje nos jornais:
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No Público de hoje, no artigo "Governo deve intervir para facilitar acesso ao crédito", assinado por Luísa Pinto:
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"Associações reivindicam papel mais activo do Estado para desbloquear os empréstimos que são indispensáveis para as empresas portuguesas."
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"Por isso, defende José António Barros, "apesar das próprias dificuldades dos bancos em refinanciarem, neste momento, as suas carteiras de crédito, face à escassez de liquidez e de confiança que ainda permanece nos mercados financeiros internacionais", é importante existir "uma maior pro-actividade na concessão de crédito às PME e na maior razoabilidade do seu custo". "
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Admitamos que os bancos se esquecem da sua função de proteger os depósitos de quem neles confiou e de desprezarem os interesses dos seus accionistas.
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Conjuguemos esse esquecimento com o que está a acontecer com a derrocada da procura "Dez empresas por dia declaram falência" no JN de ontem, onde se pode ler:
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"No mês de Janeiro, 299 empresas fecharam ou entraram em processo de insolvência, uma média de 10 firmas por dia. No primeiro mês de 2008, entraram em idênticos processos um total de 293 firmas."
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Os bancos ficariam mais seguros ou não?
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Bancos menos seguros conseguem melhores taxas de juro ou não?
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Bancos menos seguros teriam mais acesso a crédito ou não? (Basta atentar no exemplo dos nossos vizinhos: Nas costas dos outros vemos as nossas )
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Além do desempenho dos bancos, qual o desempenho dos nossos políticos (posição e oposição) haverá cada vez mais ou menos facilidade em emprestar dinheiro a Portugal? (Cuidado com o exemplo desta semana em Espanha que não conseguiu colocar toda a dívida de longo prazo que queria.)
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Edward Hugh escreveu, relativamente a Espanha:
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"So - with budget GDP growth estimates which consistently underestimate the size of the contraction, and tax revenue falling as unemployment payments rise (onde é que nós já vimos isto?) - little by little the money is drying up, and this isn't surprising, since Spain can't print its own euros, and so, given the difficulties of borrowing them externally, liquidity becomes very, very tight. Not desperately so yet, but tight. But it is obvious that if things carry on like this we will begin to see a gradual grinding to a halt of the public sector, and all those "functionarios" and pensioners who have so far been very carefully protected from the crisis will find themselves more exposed to the full force of the crunch."
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Daniel Amaral escreveu no Diário Económico de ontem:
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"Os sacrifícios que nos esperam são incomensuráveis e o próximo orçamento vai ser dramático. (Acrescento eu aqui: By the way: Acordar as moscas que estão a dormir. O próximo orçamento vai ser redigido antes ou depois das eleições? You know the answer! So prepare yourself for the day-after) ) Mas não creio que tal seja perceptível para a generalidade das populações. Então, uma de duas: ou começamos a trabalhar num apoio político alargado ou arriscamos um chumbo de consequências imprevisíveis. Talvez o Presidente da República possa dar uma ajuda. Eu não tenho grandes dúvidas: falhar este orçamento é entrar em 2010 com o país feito em cacos."
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Posto isto, um exercício interessante seria o de desenhar a cadeia inexorável de reacções de causa-efeito que resultaria se os bancos fossem "obrigados" a serem mãos-largas.
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Então aquele apelo de Joaquim Cunha da Associação PME para que os bancos emprestem mais dinheiro e com mais facilidades às famílias...
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Cuidado com o curto-prazismo.
Recuperemos o conhecimento das relações de causa-efeito e a responsabilidade que quem vivia ligado à terra tão bem conhecia.
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E já agora, será que algum político vai falar verdade sobre o day-after durante a campanha eleitoral? E será que os media tradicionais ainda têm jornalistas não engajados que tenham a coragem de fazer perguntas sobre o day-after drante a campanha eleitoral?

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Acordar as moscas que estão a dormir.

Nas vésperas dos dois últimos actos eleitorais alguém prometeu subir impostos?
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O que aconteceu a seguir?
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Já sabem a resposta.
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Na véspera da próxima eleição: será que alguém vai prometer a redução dos salários dos funcionários públicos e das pensões para os reformados?
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O que acontecerá no day-after?
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Será que já sabem a resposta?
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Singapura, Irlanda e Espanha... does it ring a bell?
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"Of course, there is another way to go here, we could decide to reduce prices and salaries in the public sector (ie internal deflation as an alternative to devaluation), and bring the budget more back into line with Spain's ability to pay. This is what they seem to be doing in Ireland, although, even there, the prime minister allegedly threatened to call in the IMF if the public sector unions failed to agree on the spot to a five percent salary reduction." (Nas costas dos outros vemos as nossas )
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Os canários vão à frente ...