sexta-feira, novembro 14, 2008

Here comes a Bankruptcy Boom

O artigo que se segue "Here Comes a Bankruptcy Boom" exemplifica bem o que a figura descreve:
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"The latest data from Altman suggest that by this time next year, the corporate default rate will be somewhere between 8.5 percent and 11.1 percent. That means there could be three to four times the number of corporate bankruptcies we've seen over the past year. And each one of those will probably involve layoffs.
As a result, Altman predicts, the unemployment rate could peak as high as 9.5 percent, which would represent a net loss of jobs for 3 million people beyond those who are already unemployed today. "It could hit autos, builders, retail, a lot of areas with a lot of employees," Altman says. "It's going to be rough.""
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"As unemployment worsens and the recession deepens, consumers could rein in spending even more than they already have, leaving an impact on everything that has to do with consumer sales. And Altman says he has already seen a dramatic increase in bankruptcies among small and midsize companies."

A abordagem por processos (parte II)

Continuação da parte I.
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Voltando ao texto da entrevista, queremos saber “Quem participa? Que funções intervêm no processo?”

A partir deste levantamento e conjugando com o que já sabemos do processo (verbos e substantivos) podemos começar a fazer o retrato de quem intervem e onde:e ainda:e aindae aindaQue mais podemos dizer ainda, com base na entrevista?Que mais podemos ainda dizer?Dois pontos de decisão.

Tinha-nos escapado que o resultado do teste final pode obrigar a fazer correcções!!!

Já agora, quantas vezes é que isso acontece?

Ou seja, outro indicador!

Com a informação recolhida, podemos agora desenhar um fluxograma do processo!

No fluxograma as partes a cor vermelha são suposições a confirmar depois se é assim que se faz ou não, dado que o texto da entrevista nada diz.Próximo desafio, descrever as actividades associadas a cada uma das etapas do processo, para depois falarmos sobre os indicadores do processo e sua relação com os indicadores globais da organização.

Continua

Que fotografia!

A primeira página do Financial Times de hoje traça um retrato da situação actual na Europa.
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Só lá falta um piscar de olhos chinês.

Mad Max here we go?

Lembro-me de ser miúdo e de ler nas Selecções do Reader's Digest descrições do que iriam ser as revoltas resultantes da escassez de petróleo (algures na década de setenta do século passado).
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Como essas descrições nunca se generalizaram, é com alguma desconfiança que encontro estas outras do mesmo calibre, embora vivamos uma situação mais séria que a falta de petróleo.
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"Celente Predicts Revolution, Food Riots, Tax Rebellions By 2012 "
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Alguns trechos:
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"The man who predicted the 1987 stock market crash and the fall of the Soviet Union is now forecasting revolution in America, food riots and tax rebellions - all within four years, while cautioning that putting food on the table will be a more pressing concern than buying Christmas gifts by 2012."
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"Celente says that by 2012 America will become an undeveloped nation, that there will be a revolution marked by food riots, squatter rebellions, tax revolts and job marches, and that holidays will be more about obtaining food, not gifts."
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"“The first thing to do is organize with tax revolts. That’s going to be the big one because people can’t afford to pay more school tax, property tax, any kind of tax. You’re going to start seeing those kinds of protests start to develop.”" (ahahahah)
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"And the crime is going to be a lot worse than it was before because in the last 1929 Depression, people’s minds weren’t wrecked on all these modern drugs – over-the-counter drugs, or crystal meth or whatever it might be. So, you have a huge underclass of very desperate people with their minds chemically blown beyond anybody’s comprehension.”"
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À atenção do ministro do Trabalho

"The Dismal Outlook for the US and Global Economy and the Financial Markets" por Nouriel Roubini.
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"The advanced economies will face stag-deflation (stagnation/recession and deflation) rather than stagflation as slack in goods markets, slack in labor markets and slack in commodity markets will lead advanced economies inflation rates to become below 1% by 2009.

Expect a few advanced economies (certainly US and Japan and possibly others) to reach the zero-bound constraint for policy rates by early 2009. With deflation on the horizon a zero-bound on interest rates implies the risk of a liquidity trap where money and bonds become perfectly substitutable, where real interest rates become high and rising thus further pushing down aggregate demand, and where money market funds returns cannot even cover their management costs. Deflation also implies a debt deflation where the real value of nominal debts is rising thus increasing the real burden of such debts. Monetary policy easing will become more aggressive in other advanced economies – even if the ECB will cut too little too late - but monetary policy easing will be little effective as it will be pushing on a string given the glut of global aggregate supply relative to demand and given a very severe credit crunch."

quinta-feira, novembro 13, 2008

Não tenho uma receita

Com excepção das tribos e das famílias, qualquer organização, mesmo as estatais, só sobrevivem, vivem, prosperam e morrem por causa de pessoas exteriores à organização ou de outras organizações exteriores.
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Assim, o boneco descreve muito bem a realidade...
... quando não há assistentes (clientes ou partes interessadas) a empresa desmorona-se e cai.
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Até onde deve ir o vínculo trabalhador-empregador quando os assistentes (os clientes) debandam?
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A Tesla e a Toyota representam dois extremos (?) "Tesla Motors is not Toyota: A Contrast in Disrespect and Respect of People"
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A Toyota, tal como os outros construtores de automóveis nos países ocidentais, está debaixo de água... mas acredita que vai conseguir suster a respiração mais tempo que os outros, e que quando a turbulência amainar vai ter muito menos concorrentes.
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"O mercado mundial do zinco teve uma súbita e significativa descida dos preços desde a inauguração oficial de Mina de Aljustrel, em Maio passado, preços que caíram mais de 50%."
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Parece que o preço do minério caíu à mesma velocidade a que se degradou a situação económica ucraniana.
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Ou seja:

A não perder

"Abandon all hope once you enter deflation" de Evans-Pritchard no Telegraph.
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"The curse of deflation is that it increases the burden of debts. Incomes fall: debts stay the same. This way lies suffocation"
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""It is going to be absolute murder in Britain if inflation turns negative," said Professor Peter Spencer from York University."
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"Deflation has other insidious traits. It causes shoppers to hold back. They wait for lower prices. Once this psychology gains a grip, it can gradually set off a self-feeding spiral that is hard to stop. .
It also redistributes wealth – the wrong way. Savings appreciate, which is nice for the "rentiers" with capital. The effect is a large transfer of income from working people with mortgages to bondholders. (These may be pension funds, of course)."

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O que será pior deflação ou hiper-inflação? E o que é que vamos ter?

Migração de valor (parte IX)

Mais um exemplo "Scooters ganham terreno às motas de alta cilindrada" (no Diário Económico):
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"Até Outubro, o mercado de ciclomotores subiu 14,6% enquanto que as motas (cilindrada superior a 50 cc) assinalam uma clara estagnação (-0,6%). “Admitimos que tenha havido alguma transferência de mercado dos motociclos [mais de 50 cc] para os ciclomotores [até 50 cc], mas globalmente é um sector que está a conseguir atrair novos clientes que não possuem condições económicas."

Acções correctivas, acções preventivas e estratégia

Ao preparar em simultâneo uma acção de formação sobre "A nova versão da ISO 9001" e uma outra sobre "Melhoria contínua" dei por mim a fazer estes bonecos:
Usando a linguagem da ISO 9001: formula-se uma estratégia (5.3 uma política da qualidade); traduz-se a estratégia em desafios concretos (5.4.1 objectivos da qualidade); e formulam-se iniciativas estratégicas, projectos de transformação da organização (5.4.2 planeamento do sistema de gestão da qualidade).
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As iniciativas vão concretizar-se transformando os processos, criando a nova realidade:
Inicia-se a monitorização, analisam-se os dados e tomam-se decisões.
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Decisões sobre o desempenho dos processos e sobre o desempenho da organização como um todo.
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Desenhamos um ciclo de double-loop learning, no ciclo de controlo de gestão actuamos sobre o processos, no ciclo de aprendizagem estratégica validamos (ou não) as hipóteses estratégicas formuladas inicialmente.
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Relacionando estes ciclos com as cláusulas da ISO 9001 temos:
As iniciativas (5.4.2) são acções preventivas (8.5.3) por que se não se atingir a meta desejada, o resultado futuro real quando comparado com o resultado futuro desejado (meta) será uma não-conformidade. No final do ciclo de gestão os resultados obtidos são analisados (8.4) e são uma fonte de informação para uma nova definição de objectivos e metas (5.4.1).
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A monitorização e medição do produto (8.2.4) se detectar produto não-conforme dá origem ao seu tratamento (8.3). Após o tratamento do produto não-conforme avalia-se o interesse em desenvolver uma acção correctiva (8.5.2), se a não-conformidade for grave.
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A monitorização e medição dos processos (8.2.3) produz dados que são analisados (8.4) e com base na análise de tendências avalia-se o interesse em desenvolver acções preventivas (8.5.3).
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Passo-me é com os auditores que estão à espera, e pressionam as empresas auditadas, e pedem para ver: acções correctivas desenvolvidas; acções preventivas desenvolvidas e acções de melhoria desenvolvidas. Considerando que as acções de melhoria são um terceiro tipo independente, diferente dos anteriores.
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A verdade é que as acções correctivas e preventivas são acções de melhoria! E se tivermos em conta a trilogia de Juran e o conhecido boneco... as acções de melhoria melhoram o desempenho anterior, atacam os problemas crónicos de uma organização (não conformidades reais ou potenciais).
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Por que é que as empresas auditadas, perante estas exigências dos auditores, não lhes pedem para procurar na ISO 9000:2005 a definição de acção de melhoria?

Late and outdated

As crónicas sobre política internacional que este senhor debitava na TSF eram um monumento à parcialidade.
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Volto a encontrá-lo no Jornal de Negócios com este artigo "O pacote chinês". Por que é que vários dias após o anúncio do governo chinês o autor não percebeu, ou não refere, que este pacote é uma farsa, é um pacote-Chavez à boa maneira portuguesa, o mercado bolsista percebeu rapidamente do que se tratava.
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Aconselho-o a ler "China's Stimulus Plan Is No Such Thing"

não tem ainda nenhum dado que o confirme?

A frase é tão reveladora de uma forma de fazer política e encarar o mundo que não deixo de pensar nela:
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"Acham que a função de um Governo é estar a antecipar uma evolução negativa para a qual não tem ainda nenhum dado que o confirme? Se o estivesse a fazer, seria um profundo erro." (Aqui)
Sem ter nenhum dado? Sem ver o que está a acontecer aos nossos vizinhos? Será a teoria do oásis revisitada?
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Mesmo que políticos e banqueiros não estourem com o sistema monetário que utilizamos (e tenhamos de voltar a um padrão ouro/prata) o futuro lá fora não vai ser fácil:
Não vale a pena continuar...

quarta-feira, novembro 12, 2008

Um caso pessoal

Trata-se de um caso pessoal que noutras circunstâncias não atraíria a minha atenção nem me convidaria a pensar em segundas intenções e interpretações.
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Na semana passada fiz uma encomenda de dois livros usados na internet, através de uma mesma central de compras. A central encaminhou as encomendas para duas livrarias diferentes.
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Uma das livrarias, em Inglaterra, acusou a recepção da encomenda e após pagamento via cartão de crédito, enviou-me a confirmação do despacho da encomenda via correio.
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Outra das livrarias, também em Inglaterra, trabalhando certamente com outro banco, acusou a recepção da encomenda e comunicou-me que existiam problemas com o cartão de crédito pelo que não poderia satisfazer a encomenda (é pena, livros a 0,5 £ são uma pechincha).
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Tenho lido que turistas americanos na China têm passado dificuldades por que os bancos locais não confiam nos cartões de crédito... será a mesma coisa?

A coisa não está fácil

Quanto pior estiver o B2C, pior ficará o B2B por que a cadeia é B2B2C.
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Por causa disto "Retail: The Great Holiday Blowout Sale" há já quem fale de um Inverno nuclear "Nuclear Winter".
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Por isso a coisa pode ficar pior "BPI alerta que sistema financeiro poderá não ser capaz de dar resposta às necessidades do país" e com base neste artigo de Evans-Pritchard "S&P warns of a debt financing crisis in Europe " apetece perguntar:
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Qual será o perfil de maturidade da dívida portuguesa?

A abordagem por processos (parte I)

Já por várias vezes referi neste blogue a importância que atribuo à abordagem por processos como ferramenta excepcional para modelar o comportamento das organizações, para perceber o desempenho actual e ajudar a encontrar os pontos de alavancagem, para fazer as alterações que permitirão aspirar a um desempenho futuro diferente.
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Muita gente fala e escreve sobre os processos sem saber como determinar os processos de uma organização, sem saber como cartografar um processo em concreto, sem saber como relacionar um processo com as funções e as pessoas, sem saber como relacionar processos e estratégia. Ou seja, é só conversa, é só agitar uma palavra…
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Vamos aqui iniciar uma série de postais sobre a abordagem por processos, começando por um exemplo muito simples, para ilustrar a identificação das actividades que constituem um processo. .
Consideremos o exemplo de uma oficina de reparação de automóveis para descrever a metodologia que seguimos para cartografar um processo, com base na informação extraída em resultado de uma conversa simples com vários intervenientes.
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Na oficina “Reparações é connosco” os automóveis são traduzidos pelos clientes. Os sintomas são explicados ao Recepcionista, o qual será o contacto com o cliente durante o serviço. Com base nos sintomas e no Manual de Preços (com estimativa de tempos e preços para diagnósticos padrão), o Recepcionista fornece ao cliente uma estimativa do custo do serviço e solicita uma assinatura de confirmação no impresso “Autorização de Reparação” (AR).
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Uma cópia do AR, que também funciona como Ordem de Trabalho, é enviada ao Planeamento do Serviço, o qual escalona um Técnico para realizar a reparação.
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De acordo com o Plano de Trabalho, o técnico examina o automóvel, faz uma estimativa detalhada do tempo e custo da reparação. Se o tempo ou custo for superior à estimativa apresentada ao cliente, o Técnico chama o Recepcionista e notifica o Planeamento do Serviço.
Entretanto, o técnico segue para o serviço seguinte.
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É da responsabilidade do Recepcionista notificar o cliente e obter a aprovação verbal para emendar o AR original, para então notificar o Planeamento do Serviço de que o trabalho e/ou tempo extra foram aprovados. P Planeamento do Serviço revê o plano e notifica o Técnico.
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O serviço é realizado, faz-se um teste de condução ao veículo e o carro é estacionado no parque.
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No dia seguinte ao levantamento do carro, o Recepcionista contacta o cliente para confirmar que o serviço foi prestado satisfatoriamente e que o cliente considerará a “Reparações é connosco” em futuras intervenções de manutenção.

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Se quisermos transformar este relato, na descrição de um processo, podemos e devemos começar pela caixa negra.

A definição de processo é: conjunto de actividades interrelacionadas e inter actuantes que transformam entradas em saídas. Actividade é acção. Acção é verbo. Que verbos podem ser identificados na descrição?
Se agora recorrermos aos verbos na sua forma infinitiva o que temos?Só olhando para este fluxograma dos verbos do texto podemos tirar uma conclusão muito importante.
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Qual?
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A estimativa do custo do serviço é fundamental!
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A mancha verde identifica as actividades que têm de ser executadas, e que têm um custo e que encarecem o serviço, quando a estimativa não é bem feita.Quantas vezes é que isto acontece?
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Temos algum indicador que meça este ocorrência?
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Podemos viver com o desempenho actual?
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Se não, temos de mudar algo no processo!
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Voltando ao texto da entrevista, que coisas concretas podemos identificar, que circulam entre as actividades, que são transformadas pelas actividades?Relacionando os substantivos com os verbos.O passo seguinte, no próximo episódio, consiste em relacionar as actividades com as pessoas e funções.

terça-feira, novembro 11, 2008

O meu baú de tesourinhos deprimentes (parte II)

Este recorte se não fosse deprimente, pelo que encerra, pelo que significa, era cómico.
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A 3 de Dezembro de 2007 o diário Público apresenta na sua página 39 esta encomenda "Onde está o dinheiro?"
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O artigo pode ser relido no sítio do Público e no sítio da Inteli (BTW, neste sítio a Inteli apresenta 19 artigos, o único que não está assinado, o único em que o autor não é identificado é este... por que será?).
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O artigo está repleto de pérolas de ficção Bollywoodesca, apetece perguntar: quem terá feito a encomenda?
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"A acumulação de capital por parte dos sectores produtores de bens ou serviços não transaccionáveis, como a construção, as telecomunicações ou a energia, criou as condições que podem permitir a alavancagem de um novo modelo de desenvolvimento económico" (AHAHAHAHAH)
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"Os sectores capitalizados
Apesar de a economia nacional apresentar valores de crescimento abaixo do desejável desde 2002, alguns sectores assistiram a uma forte capitalização nos últimos anos.
Os sectores que produzem maioritariamente bens e serviços mais protegidos da concorrência internacional, isto é, bens e serviços não transaccionáveis, apresentaram um aumento nominal dos lucros de 24 por cento entre 2000 e 2004." (E de onde vem este dinheiro Duhhh, é à custa de quem?)
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"É também nestes sectores que existe maior acumulação de capital em termos absolutos. Destacam-se, em particular, cinco áreas - construção e imobiliário, banca e seguros, comércio, telecomunicações e ainda electricidade e gás - que representaram mais de 50 por cento dos lucros de toda a economia no período em análise e que se caracterizam pelo facto de as grandes empresas ocuparem lugares de destaque ou de crescente preponderância." (construção e imobiliário... estamos falados; banca e seguros... estamos falados; comércio... estamos falados)
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Fiem-se na Virgem e não corram não, acreditem que é possível manter uma sociedade sustentavelmente à custa dos bens não transaccionáveis que vão ter um lindo destino.
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Se acabar o alimento o cuco morre:

O meu baú de tesourinhos deprimentes

Ao vasculhar o meu baú de recortes de jornais encontrei um artigo que na altura me aguçou a curiosidade de tal forma que o guardei, para mais tarde comprovar ou não as minhas suspeitas.
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A 6 de Outubro de 2006 o Semanário Económico publicava um extenso artigo de três páginas sobre a indústria gráfica sob o título "Portugal ganha maior rotativa do mundo"
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Eu não conheço nada da indústria gráfica, não conheço nada sobre o modelo de negócio das gráficas, mas na altura, humildemente, ciente da minha ignorância, achei para mim mesmo que este investimento não fazia sentido num país de 10 milhões de habitantes, numa economia que não descola de crescimentos raquíticos vai para quase dez anos, numa altura em que a internet está a comer o mercado dos jornais e não só.
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A maior rotativa do mundo deve estar pensada e desenhada para grandes produções, grandes séries, grandes lotes de produção, logo não deve estar adaptada para mudanças rápidas de lote, de série... pensava eu, com isto produzem o que produziam antes numa fracção de tempo mas vão ficar com muito tempo livre... e a maior rotativa para ser viabilizada deve precisar de uma elevada taxa de ocupação, só que só fazem sentido taxas de ocupação elevadas com grandes séries, é absurdamente anti-económico, num negócio de preço-baixo (grandes séries) procurar taxas de ocupação elevadas à custa do somatório de muitas pequenas encomendas... (e o custo das mudanças e limpezas?).
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A maior rotativa do mundo pediria o aumento da dimensão média das encomendas, não o aumento puro e simples das encomendas.
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Mas quem sou eu... guardei o recorte à espera de ver em que paravam as modas.
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Alguém sabe alguma coisa da gráfica Mirandela (a empresa que instalou a maior rotativa do mundo)?
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Alguém ouve falar de alguma coisa sobre a gráfica Mirandela?
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Como não oiço nada, como não li nada resolvi seguir o conselho do meu mais novo e googlei "gráfica Mirandela" + fisco... e:
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Aqui obtive isto:
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"Correio da Manhã – Com três semanas de aulas ainda falta manuais escolares editados pelo grupo Leya. Sabe qual a origem deste atraso?
Albino Almeida – Os rumores mais fortes que correm junto dos livreiros é que o grupo Leya contratou uma empresa gráfica cuja situação económico-financeira é muito difícil e não tem meios para dar resposta.
Está a falar da Gráfica Mirandela?
É esse o nome que nos tem sido mais vezes citado pelos livreiros, mas dizem que não podem falar. Aliás, o grupo Leya tem tido um comportamento eticamente reprovável, do ponto de vista comercial, com pressões sobre os livreiros para não explicarem aos pais e alunos os motivos da falta de livros sob pena de serem ainda mais penalizados e de irem para o fim da fila."
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Aqui encontrei isto:
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"A situação financeira e social na empresa Mirandela
A revista Loures Municipal e o seu director estarão preocupados com o que passa nesta velha empresa de artes gráficas Mirandela, sediada em Santo Antão do Tojal, que está a pagar os salários dos seus operários e funcionários às prestações desde há dois meses? Haverá reportagem?" (Impressionante a quantidade de comentários, e o facto do seu teor ser quase todo pessoal, escritos com experiência de primeira mão - os primeiros, depois a coisa descamba)
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Afinal, infelizmente, parece que tinha razão... como é que se pode querer iludir regras tão básicas de gestão estratégica de operações (as ideias W. Skinner e T. Hill continuam vivas), de consequências da adopção de uma proposta de valor e de montagem de um modelo de negócio defensável... a menos que optem por aquela frase:
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"Acham que a função de uma equipa de gestão é estar a antecipar uma evolução negativa para a qual não tem ainda nenhum dado que o confirme? Se o estivesse a fazer, seria um profundo erro.""

Quantas pessoas se aperceberam desta revolução?

Ontem, ao preparar elementos para uma acção de formação, fui vasculhar uma das pastas de recortes de jornais que guardo, às tantas, encontro o seguinte editorial de Sérgio Figueiredo no Jornal de Negócios no distante dia 30 de Março de 2005 "Um colossal problema", onde se pode ler:
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"Só não é ainda uma catástrofe, porque vai ficar pior: o sector do calçado, ex-libris da nossa indústria tradicional, um caso exemplar de modernização, caminha silenciosamente para a morte. Os últimos anos já estão marcados pelo definhamento. A produção regrediu 4% em meia década"
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"O sector atravessa, portanto, uma crise bastante mais grave do que a média do país.
O que torna tudo isto muito mais inquietante é ver que, entretanto, aos outros aconteceu pior. Na União Europeia, um quarto do sector foi varrido do mapa em cinco anos. E na América do Norte, Estados Unidos e Canadá, pura e simplesmente já não se fabrica um par de sapatos.
O colapso dos outros é uma angústia apenas e só porque mostra o destino que espera por nós. As nossas empresas de calçado fizeram a reestruturaração necessária, modernizaram-se e reduziram custos. Mas isso já não chega para sobreviver.
Do exaustivo trabalho realizado por Daniel Bessa ao sector do calçado nacional não é possível tirar duas conclusões. As empresas que não tiverem a capacidade de sair do território nacional estão condenadas. Deslocalização. Sim, essa evidência que o Presidente da República se limitou a observar na recente viagem à China e que, então, irritou os ignorantes e despertou os inconscientes.
Porque, se Jorge Sampaio então indicava as vias da viabilização aos empresários nacionais do têxtil, também poderia fazer o mesmo no calçado. E numa série de sectores que produzem bens transaccionáveis – sujeitos, portanto, à tal concorrência desleal dos chineses e indianos.
É este o grande, o grandessíssimo problema que está colocado à nossa economia, à nossa sociedade e, naturalmente, ao nosso poder político."

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3 anos depois, o que se pode ler no mesmo jornal?
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Consideremos o artigo de 16 de Janeiro de 2008 "Calçado sabe nadar, yô?!"
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"Um par de sapatos exportado por Portugal tem um preço médio de 18 euros, enquanto um par importado da China custa 3 euros. Com números destes, o normal é que a indústria portuguesa de calçado estivesse a ser massacrada, num “remake” dos problemas do sector"
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"Afinal aconteceu o contrário. As exportações aumentaram (em 2007 mais de 90% da produção foi para o exterior), apesar da valorização do euro face ao dólar. As vendas para os EUA foram desviadas para os mercados europeus.
O que aconteceu? O que sempre sucede quando as empresas são largadas no mar: ou aprendem a nadar, ou vão ao fundo. Algumas afogaram-se, a esmagadora maioria safou-se. Perdida a vantagem preço, foram obrigadas a mudar o modelo de negócio. Resultado: a imaginação ganhou à fatalidade (em 2007 quase 50% das empresas já tinham marcas próprias).
É claro que esta revolução não se fez sem dor. Quem não se lembra dos apelos à intervenção do Estado quando a Clarks e a Bawo fecharam as portas? Num país onde um dos passatempos favoritos é a autoflagelação, vale a pena estudar este caso. Pode ser que deixemos de gritar pelo Estado? por tudo e por nada."
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Quantas pessoas têm consciência desta revolução e do seu sucesso no calçado?
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E no têxtil? A mesma revolução e sucesso!
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E no mobiliário? A mesma revolução e sucesso!
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Não precisámos de mudar de empresários por decreto, o mercado (que não liga a cunhas) encarregou-se disso; não precisámos de levantar barreiras alfandegárias; não precisámos de seguir os conselhos Olivier Blanchard no caderno de Economia do semanário Expresso de 18 de Novembro de 2006: "Salários têm de cair 20%"
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Em vez de atacar o custo pensaram no valor para vencer a batalha da produtividade

segunda-feira, novembro 10, 2008

A falta de vergonha e o desplante não conhecem limites

Wilhelm Reich escrevia no seu livro "Escuta Zé-Ninguém" que o Zé-Ninguém só consegue equacionar o espaço temporal entre o que comeu ao almoço e o que vai comer ao jantar, ir além disto está para lá das suas capacidades.
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Só nesta fase do campeonato é que se lembram disto "O presidente da Associação dos Industrias da Construção Civil e Obras Públicas, Reis Campos, teme que a crise que está a afectar o sector em Espanha «aguce o apetite» das empresas espanholas pelo mercado português." (pois E as empresas espanholas? )
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"O Governo tem de proteger as empresas." O sem-vergonhismo atinge um nível de desplante que ainda me consegue admirar...
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Espero que nos cursos de ciências sociais; direito; história, filosofia, ciências, .... tenham disciplinas sobre aplicação de massa, mistura de cimento, e tipos de areia e brita...
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É de loucos querer curar uma ressaca de uma bebedeira com mais alcool.

Exemplo de balanced scorecard (parte IX)


  • Continuado daqui: parte zero; parte I; parte II; parte III; parte IV; parte V; parte VI; parte VII e parte VIII.
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    Esta série começou por causa de muitos leitores chegarem a este blogue, via motores de busca, ao digitarem a frase "exemplo de BSC".
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    Espero ter demonstrado que quando falamos de um balanced scorecard (BSC) não falamos só de um BSC, falamos de todo um sistema de gestão da transformação.

Basta olhar para a figura, que procura sistematizar todos os tópicos tratados ao longo desta série, para perceber que quando falamos de um BSC falamos de muito mais do que um conjunto de indicadores distribuídos entre perspectivas.
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Também chegam a este blogue leitores que digitam em motores de busca frases como:

  • “exemplo de BSC têxtil”;
  • “exemplo de BSC para hotel”;
  • “exemplo de BSC para banco” e
  • “exemplo de indicadores de BSC”

Espero ter demonstrado, ao longo desta série, que não faz sentido pensar num BSC genérico para o têxtil, ou para a hotelaria, ou para um qualquer outro sector. Dentro do têxtil, por exemplo, poderão existir tantos BSC’s quantas as empresas e quantas as suas estratégias e clientes-alvo.
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Por exemplo, há anos visitei na Internet a página da empresa Riopele e fiquei ‘chocado’ com a disfuncionalidade entre o que escreviam na sua politica da qualidade, ambiente e segurança e o que era a imagem da empresa veiculada no sítio. A política dizia que o negócio era preço, visto que as prioridades estratégicas eram custo, conformidade e prazos de entrega, pelo contrário, a imagem do sítio reflectia moda, novidade, diversidade, ou seja, uma outra proposta de valor… uma coisa não jogava com a outra.
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Assim, para quê pensar num BSC têxtil? Quando apesar do sector ser têxtil a empresa poder ter diferentes propostas de valor? Poder ter diferentes clientes-alvo? Poder ter diferentes modelos de negócio?
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O mesmo se pode dizer relativamente à hotelaria… embora ao longo destes últimos anos me tenha apercebido que há muita falta de reflexão estratégica no sector:

Para concluir, não acreditem em BSC’s que não estão suportados previamente em mapas da estratégia… pelo menos já é um pequeno começo.

Migração de valor (parte VIII)

Outros exemplos de migração em curso.
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"Event Planning Takes a Hit Amid Bleak 2009 Outlook" na revista Business Week.
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"Companies are cutting costs by hosting Web conferences, centralizing planning, switching to regional meetings, and axing lavish events"
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