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quinta-feira, maio 06, 2010

O que todo o país precisa de fazer

Ontem de manhã visitei uma empresa do sector do calçado, mais uma cheia de trabalho, a fervilhar de actividade, com dificuldade em dar resposta à quantidade de encomendas.
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Isto no mesmo dia em que a Rhode fechava.
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Entretanto, Jornal de Notícias de ontem incluía um artigo "Rhode encerra de vez mas empresas nacionais resistem" que resume correctamente a situação do sector.
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"Este cenário devastador (Moi ici: lista de multinacionais de calçado que desde 2001 abandonaram Portugal... quando é que começou o euro mesmo?) contrasta com uma nova realidade de empresas, sobretudo de capital nacional, que não baixam os braços e apostam nesta indústria, mas com um novo perfil distinto do seguido por empresas como a Rhode.
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"O modelo da Rhode há muito que estava em risco", defende Leandro de Melo, director-geral do Centro Tecnológico de Calçado de Portugal. "A indústria de calçado portuguesa já não tem hipótese de produzir calçado barato e em quantidade como as multinacionais faziam", explica Leandro de Melo, defendendo que a "questão que se deve colocar é porque é que a Rhode só fechou agora?".
"Novos materiais, equipamentos de ponta e produtos inovadores" são as novas armas das PME de calçado, adianta Leandro de Melo, acrescentando que é essencial a "flexibilidade da produção".
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"Já não se fabricam mil pares de sapatos por dia, fabricam-se 300 ou 400 e de 20 ou 30 modelos diferentes"
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"... entre 2000 e 2008, as exportações de empresas de capital estrangeiro caíram 72,6%, enquanto as exportações das empresas de capital nacional aumentaram 22%. Neste momento, "as empresas nacionais têm uma quota de 89% do total do calçado exportado dirigido para segmentos de mercado cada vez mais exigentes".
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De acordo com os números:
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Em 2004, 1432 empresas com 40 255 empregos produziam 75,1 milhões de pares que valiam 1273,2 milhões de euros.
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Em 2009, 1399 empresas com 35 515 empregos produziam 59,2 milhões de pares que valiam 1207,6 milhões de euros.
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Em 2004, um posto de trabalho produzia em média 31,6 mil euros por ano.
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Em 2009, um posto de trabalho produzia em média 34 mil euros por ano.

sexta-feira, março 05, 2010

Lucro: O custo do futuro (parte II)

Convém estar atento a notícias como esta "Empresas portuguesas investem o dobro dos seus concorrentes":
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"O sector português de calçado tem investido, em média anual ao longo desta década, 14,8% do VAB (Valor Acrescentado Bruto) na modernização das suas empresas. Trata-se de sensivelmente o dobro dos dois grandes concorrentes internacionais. Esta será, de resto, uma das principais justificações para que o calçado português continue a ganhar quota de mercado, nomeadamente na produção, a Itália e a Espanha.
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De 2000 a 2006 (últimos dados disponíveis) as empresas portuguesas investiram sensivelmente 66 milhões de euros. Já Italia investiu 9 % do Valor Acrescentado Bruto, enquanto que Espanha investiu apenas 7,8%.
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Estes dados merecem uma redobrada importância se atendermos a que estes dados não contemplam os investimento em promoção comercial externa, a grande prioridade das empresas portuguesas desde o início deste século. Apenas a título de exemplo, nos últimos três anos, as empresas portuguesas investiram mais de 25 milhões de euros na participação em grandes eventos internacionais da especialidade."
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Atenção, não esquecer que durante este período de tempo as multinacionais debandaram, as Rohdes e Aerosoles afundaram-se e, no entanto, as pequenas empresas de capital português, viradas para a exportação e moda, aí estão na mó de cima.
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É a alternativa à desistência e à aceitação de que estamos condenados a ser a Sildávia do Ocidente.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Qual o modelo de negócio?

"Rohde só é viável com marca própria e com 150 dos actuais 984 trabalhadores"
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Qual o modelo de negócio que a administração da Rhode tem em mente?
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O artigo do Público refere propostas de alteração na fábrica e uma marca própria. Fico com curiosidade de conhecer o resto...
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Quem são os clientes-alvo?
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Qual a proposta de valor?
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Quais são as vantagens competitivas para se meter nessa hipótese?
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Quais os processos críticos?
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Quais os recursos e infraestruturas adequados?
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Qual a experiência da Rhode Portugal em trabalhar com marca própria.

quarta-feira, novembro 25, 2009

Folhas na corrente (parte V)

Regis McKena publicou o artigo "Marketing in an Age of Diversity" na revista Harvard Business Review em Setembro-Outubro de 1988.
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Defendo a tese de que o que aconteceu nessa altura nos EUA é equivalente ao que nos tem acontecido em Portugal na última década.
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Pois bem, McKenna apresenta esta figura:
Entre 1981 e 1987 o número médio de produtos apresentados nas prateleiras dos supermercados americanos subiu 60%.
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"manufacturers are making more and more high-quality products in smaller and smaller batches; today 75% of all machined parts are produced in batches of 50 or fewer.
Consumers demand - and get - more variety and options in all kinds of products, from cars to clothes.
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In trying to respond to the new demands of a diverse market, the problem ... is not fundamental change, not a total turnabout in what an entire nation of consumers wants. Rather, it is the fracturing of mass markets. To contend with diversity, managers must drastically alter how they design, manufacture, market, and sell their products."
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"Customization by users as flexible manufacturing makes niche production every bit as economic as mass production.
Changing leverage criteria as economies of scale give way to economies of knowledge - knowledge of the customer's business, of current and likely future technology trends, and of the competitive environment that allows the rapid development of new products and services.
Changing company structure as large corporations continue to downsize to compete with smaller niche players that nibble at their markets.
Smaller wins - fewer chances for gigantic wins in mass markets, but more opportunities for healthy profits in smaller markets."
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As multinacionais que já partiram e a Rhode, estavam concebidas para um paradigma que desapareceu e quanto mais pouparmos ou amortecermos o choque com a realidade... atrasamos a chegada do futuro e desviamos recursos para apoiar o passado... num esforço inglório que não evita o dia do julgamento final.

segunda-feira, novembro 23, 2009

Folhas na corrente (parte IV)

Continuado.
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"Vieira da Silva assume comando do plano para salvar a Aerosoles"
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Um título espectacular, um título que define uma economia, um título que define uma mentalidade...
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E prego eu a necessidade de ter casos amorosos com clientes, fornecedores e produtos... quando afinal basta sacar a nota aos saxões via um qualquer ministro.
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Folhas na corrente (parte III)

Continuado daqui.
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O ocaso de todas as multinacionais do calçado em Portugal era um acontecimento escrito nas estrelas, não se tratou de uma questão de "maldade", foi o efeito decorrente de uma cadeia de causas a montante: adesão da China à OMC; queda do Muro de Berlim e entrada da Europa de Leste na UE; redução dos custos das telecomunicações; capital disponível para investir; mão de obra barata à espera de trabalhar; uma moeda, o euro, forte; e consumidores cada vez mais exigentes e em busca da diferenciação.
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Gilmore & Pine na introdução a "Markets of one" expõem a revolução em curso que levou na enxurrada as apostas estratégicas das multinacionais do calçado.
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"Things used to be made to order and made to fit. But they were labor-intensive and expensive. Mass production came along and made things more affordable, but at a cost - the cost of sameness, the cost of one-size-fits-all.
Technology is beginning to let us have it both ways. Increasingly, we're getting more
personalization at mass-production prices. We're moving toward mass customization."
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Caminhamos para uma realidade que obriga quem compete a optar por atributos contrários aos que davam vantagem às multinacionais.
Continua.

domingo, novembro 22, 2009

Folhas na corrente (parte II)


Continuado daqui.
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Olho para a situação da Rhode como o pico do icebergue. Então, a boa prática passa por mergulhar e ir à procura dos padrões...
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Os jornais dão-nos boas pistas para percebermos quais são os padrões:


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Ao longo dos últimos anos, o que está a acontecer à Rhode agora, aconteceu a várias
empresas de calçado.
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No entanto, o calçado português está mais forte do que nunca com cerca de 90% da sua produção destinada à exportação.
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O que falhou e falha não é o sector do calçado. O que chegou a fim da linha foi uma estratégia em particular, a estratégia seguida pelas multinacionais... que se tornou impraticável no nosso país.
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As fábricas das multinacionais caracterizavam-se pela sua dimensão, pelo elevado número de trabalhadores, pela aposta na escala, pela aposta no preço.
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Continua.

sábado, novembro 21, 2009

Folhas na corrente (parte I)

Ao ler este título "Assembleia de credores da Rohde discute eventual despedimento de 500 trabalhadores" e o seu conteúdo foi-se materializando uma metáfora na minha mente:
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As mudanças nas variáveis externas (PESTEL) nos últimos 20 anos (queda do Muro de Berlin, adesão da China à OMC, entrada de Portugal na eurozona e o rebentar da economia suportada na dívida dos particulares) provocaram variações mais ou menos violentas nas paisagens estratégicas de cada sector económico de bens transaccionáveis.
Assim, com a migração de valor ocorrida, com a evolução das oportunidades e ameaças, muitas empresas com estratégias ajustadas a um mundo que deixou de existir não aguentaram a parada e foram na corrente descendo para as planícies cobertas pela neblina envenenada (imagem seguida por Beinhocker, Ghemawat e Kauffman - é só procurar no blogue).
A Rhode é mais uma das folhas da fotografia que em vez de cair em solo firme caiu na corrente.
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O que aconteceu à Rhode não foi caso único... se recordamos o icebergue do pensamento sistémico, segundo Senge:
A situação da Rhode é um evento, é o que se vê, é o happening que nos assalta e toma conta do prime-time da nossa atenção.
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Quando ficamos por este nível só tratamos do penso-rápido: "A culpa é do Governo que não dá o dinheiro à Rhode e à Investvar...." (Como ontem ouvi na rádio - infelizmente os media há muito que deixaram de escavar e descer no icebergue, quase só servem de microfone para os agitadores e activistas fazerem passar a sua.)
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Ficar pelo primeiro nível é o mesmo que chorar sobre leite derramado (parte I, parte II e parte III).
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BTW, Não há acasos!!!
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Continua.

terça-feira, setembro 08, 2009

Um grande, senão talvez o maior exemplo positivo dos últimos anos

Quando se fala ou escreve de PMEs competitivas, exportadoras, da necessidade de subir na escala de valor, de fugir da proposta de valor do preço, imediatamente vêem-me à mente os vários campeões escondidos que tenho tido a felicidade de conhecer no sector do calçado português no último ano:
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"Segundo salienta a APICCAPS, nos últimos 10 anos a indústria portuguesa de calçado "evoluiu de forma notória", conseguindo "migrar a produção para segmentos de cada vez maior valor acrescentado e afirmar-se internacionalmente como um produtor de calçado de excelência, que alia a tradição e o saber acumulado às tecnologias de ponta".

"O sector apostou igualmente nos factores imateriais da competitividade", realça, afirmando que o "design, moda, qualidade, inovação, marca e diferenciação passaram a constituir argumentos competitivos cada vez mais preciosos para uma indústria que exporta mais de 90 por cento da sua produção".

Em 2008, as exportações portuguesas de calçado somaram 1.348 milhões de euros, mais 2,15 por cento do que no ano anterior e em alta pelo terceiro ano consecutivo.

Segundo dados da APICCAPS, desde 2005 as vendas do sector para o exterior cresceram mais de 10 por cento, o que faz de Portugal "um dos principais exportadores à escala mundial" nesta indústria.

Actualmente, a indústria portuguesa de calçado representa cinco por cento da produção, sete por cento das exportações e 17 por cento do emprego a nível europeu."
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Recorte retirado do Público "Sector do calçado apresenta amanhã nova imagem e plano de promoção no estrangeiro"
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Em simultâneo, a situação da Rhode e a lista deste postal de há bocado vem demonstrar aquela frase que aprendi com Suzzane Berger:
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"No livro “How we compete” de Suzanne Berger and the MIT Industrial Performance Center, publicado em Janeiro de 2006, pode ler-se:
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Na página 255: “… there are no “sunset” industries condemned to disappear in high wage economies, although there are certainly sunset and condemned strategies, among them building a business on the advantages to be gained by cheap labor” (Moi ici: Please rewind and read again!!! Then rewind and read again!!! Then rewind and read again!!!! Repetir a leitura até perceber o significado, o poder da mensagem incluída na frase, e o mundo novo de oportunidades que abre.)

segunda-feira, setembro 07, 2009

Rhode e pensamento sistémico

Para quem segue este blogue, a situação de uma empresa como a Rhode em Portugal não é surpresa.
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Num sector, o do calçado, que está a atravessar esta crise muito melhor que muitos outros, num sector que no ano passado exportou mais de 95% da sua produção, empresas como a Rhode em Portugal não são empresas de futuro..
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Empresas de calçado com cerca de 1000 trabalhadores são sinónimo de apostar na proposta de valor preço mais baixo, com tudo o que isso acarreta: grandes séries, grandes encomendas, custos espremidos. Empresas de calçado com cerca de 1000 trabalhadores não têm argumentos para competir no mercado internacional.

"A fábrica de calçado Rohde vai entrar em lay-off por dois meses e avançar para um pedido de insolvência,"
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Este pormenor fez-me recordar:
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"Germany faces a potential wave of corporate restructurings, some of its top managers say, because companies have deferred job cuts to help ensure the re-election of a business-friendly government at next month’s federal elections.

Senior managers and institutional investors say there has been an implicit “pact” not to announce big job cuts ahead of the September 27 ballot."
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Aqui:
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Se voltarmos ao conto de Verão do postal anterior, e adoptando a postura de começar pelo fim... comecemos a imaginar como será a Rhode do futuro, um futuro economicamente sustentado... conseguem imaginar? O que a distingue da Rhode actual?
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BTW: Já repararam nos preços a que estão agora as sandálias da Columbia nas lojas!!! Mais baratas que as sandálias do Continente. Há que aproveitar.