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domingo, dezembro 01, 2019

Alinhamento na cadeia de fornecimento

Há cerca de 30 anos a empresa onde eu trabalhava acabava de instalar uma mega-máquina de produção, com uma capacidade de produção muito maior que a dos equipamentos que já tinha e a um custo unitário muito mais baixo. A entrada de Portugal na CEE tinha derrubado as brutais barreiras alfandegárias que a protegiam, mas a gestão de topo em vez de chorar o paraíso perdido, olhava para Espanha como uma oportunidade de ampliação do mercado doméstico.

A ideia inicial era pôr a mega-máquina a bombar e, depois, abater as máquinas mais antigas, e competir com custos unitários muito mais baixos. No entanto, o abate não chegou a acontecer. À última da hora optou-se por manter toda a estrutura arcaica a funcionar, para maximizar a capacidade produtiva. Essa decisão teve uma consequência não pensada à partida, a empresa manteve uma importante flexibilidade produtiva. Usava a mega-máquina para produzir longas séries planeadas e as máquinas antigas para produzir emergências e pequenas quantidades.

Muitos anos depois, em 2010, em plena crise, a produção automóvel europeia estava "parada". Empresas na cadeia de fornecimento do sector automóvel procuravam entrar em sectores alternativos para manterem algum cashflow. A trabalhar com uma empresa de solas percebi que uma empresa optimizada para fornecer matéria-prima (composto) para o sector automóvel tinha aprecido no mercado com preços muito competitivos que aguçavam o apetite no sector do calçado, então já a crescer. Só que o sector do calçado era um sector já a trabalhar pequenas séries com muita variedade, e o fabricante de composto estava formatado para lotes grandes e pouca variedade. A relação não durou muito.

Recentemente ao visitar uma empresa estranhei um stock muito grande de manga plástica, muito dinheiro empatado. Rapidamente percebi que a empresa tinha muitas referências e uma capacidade produtiva muito flexível. já o fornecedor de manga, tinha preços muito competitivos, mas prazos de entrega longos e pouco flexíveis.

Recordo um tema que abordei aqui há mais de 10 anos com base num artigo de Verónica Martinez - alinhar as propostas de valor ao longo de uma cadeia de fornecimento.

Uma empresa que recebe encomendas variadas e a exigir muita flexibilidade, deve trabalhar com fornecedores alinhadas nessa mesma onda. Esses fornecedores são mais caros? Quase de certeza que sim. No entanto, se calcularmos a Total Cost Ownership , se quantificarmos o lado escondido do priceberg:
Talvez se descubra que o preço mais alto pode acabar por sair mais barato.

sábado, junho 16, 2018

Matéria-prima para ...

Ontem estive numa empresa de calçado que recentemente adquiriu uma máquina para classificar e preparar pele e outra para a cortar.

A empresa agora anda a ver como pode avaliar o antes versus o depois para ver qual o retorno efectivo das máquinas. O que me meteu impressão foi a postura tão arcaica do vendedor da máquina: venderam a máquina, instalaram-na, deram umas horitas de formação e adieu.

Se eu fosse vendedor da máquina era o primeiro interessado em fazer o que a SKF faz tão bem: calcular o Total Cost of Ownership:

Matéria-prima para justificar um preço superior, por causa da redução do custo total na vida do comprador.

Matéria-prima para ajudar o próximo cliente a decidir com mais segurança: