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terça-feira, maio 17, 2022

Não acham estranho?

Há talvez uma dúzia de postais aqui no blog que registam momentos importantes no meu crescimento intelectual acerca da postura competitiva das PMEs. Quatro desses postais são:

No postal do Evangelho do Valor existem dois gráficos que mereciam ser mais conhecidos. Um sobre o papel destruidor dos descontos e o outro sobre o poder do aumento do preço.

Vamos olhar para este segundo sobre o aumento dos preços (a parte inferior da figura abaixo):

 

A curva é uma curva de isolucro. Ao longo da curva, para diferentes pesos dos custos variáveis no preço, quando se aumenta o preço perdem-se clientes, mas como se tem uma margem superior, quanto é que se pode perder e manter o mesmo nível de lucro? Por exemplo, se os custos variáveis representam 50% do preço actual (abcissas), perante um aumento de 10% no preço a empresa pode perder até 18% nas vendas e continuar a ganhar o mesmo lucro.

Agora reparem nestes trechos do Jornal de Notícias de hoje:

"As projeções da Confederação do Turismo de Portugal são claramente animadoras". disse Francisco Calheiros. "Este será o ano da recuperação", anunciou, embora preocupado com os desafios. "Temos como prioridade agilizar soluções que permitam encontrar mão de obra suficiente e de qualidade para responder à elevada procura que teremos", disse.

Na maior região turística portuguesa, os hotéis "vão ter de deixar de vender quartos ou fechar restaurantes devido à falta de pessoal", assumiu Hélder Martins, presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos TuristiCOS do Algarve. No Porto e Norte, a situação é idêntica 

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Depois de dois anos com pouca ou nenhuma atividade devido à pandemia, o setor enfrentará desafios, este ano, "para receber todos esses turistas com a qualidade que esperam de nós e de forma a aumentar valor", explicou Cristina Siza Viera, diretora-executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

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Ana Jacinto, líder da AHRESP, alerta que "a falta de trabalhadores poderá, de facto, comprometer a qualidade de serviço das nossas empresas" e o problema só pode ser resolvido com "vontade política" para que, nomeadamente, "se invista em programas de imigração controlada e com todas as condições de trabalho, quer ao nível da formação, da inserção profissional e familiar, quer ao nível da habitação"".[Moi ici: E quem paga a formação, a inserção profissional e a habitação? Os contribuintes, aka os saxões?]

Temos um país que recebe milhões de turistas, repito milhões de turistas, e que não consegue ser atraente para o mercado de trabalho. Pensem bem nisto, mas pensem a sério. Atraem milhões de turistas e não se conseguem sustentar?! Não acham estranho?

Depois, claro, estamos em Portugal, lá falta o pedido do apoiozinho do papá-Estado.

Na minha leitura reaccionária da realidade, um sector com milhões de clientes e incapaz de se autosustentar tem de mudar de vida. Por que raio têm os saxões de suportar ainda mais impostagem para ajudar a suportar negócios privados?

Na minha leitura da realidade continuamos a ser o tal país de turismo de pé descalço. Na minha leitura da realidade, segundo a minha visão do mundo, o que as empresas têm de fazer é subir preços. Vão perder clientes? Claro que sim, mas as que merecem continuar sobrevivem e até podem prosperar. As outras fecham e libertam pessoas e outros recursos para empreendimentos mais rentáveis. 

Algures no tempo introduzimos na nossa sociedade esta falta de vergonha das empresas em ser coitadinhas e precisarem de um apoio para sobreviverem, para suportarem custos.

Existem apoios que podem fazer sentido, apoios para investir na actualização de meios de produção, apoios para subir na escala de valor. Agora apoios para ajudar a suportar custos que o negócio não consegue por si próprio suportar, mesmo quando tem muito sucesso. Afinal são milhões de turistas… é mais um exemplo do tipo de cultura infantil que temos de deixar para trás se quisermos, como sociedade, ter melhor nível de vida.

segunda-feira, fevereiro 06, 2017

"there’s no way of defining a well-adapted organism except in retrospect"

Um trecho curioso retirado de "How Life (and Death) Spring From Disorder":
"Adaptation here has a more specific meaning than the usual Darwinian picture of an organism well-equipped for survival. One difficulty with the Darwinian view is that there’s no way of defining a well-adapted organism except in retrospect. The “fittest” are those that turned out to be better at survival and replication, but you can’t predict what fitness entails. Whales and plankton are well-adapted to marine life, but in ways that bear little obvious relation to one another.
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England’s definition of “adaptation” is closer to Schrödinger’s, and indeed to Maxwell’s: A well-adapted entity can absorb energy efficiently from an unpredictable, fluctuating environment. It is like the person who keeps his footing on a pitching ship while others fall over because she’s better at adjusting to the fluctuations of the deck. Using the concepts and methods of statistical mechanics in a nonequilibrium setting, England and his colleagues argue that these well-adapted systems are the ones that absorb and dissipate the energy of the environment, generating entropy in the process."
A fazer recordar as simulações de Lindgren que aprendi com Beinhocker, as estratégias nunca são eternas e são contextuais. E a fazer recordar os não-fragilistas, aqueles que se preparam para o pior. E a segunda lição da teoria dos jogos:
"Lesson #2: Rational choice, chosing a dominant strategy, can lead to outcomes that suck,"

segunda-feira, dezembro 07, 2015

Estratégias obsoletas e inércia, uma combinação medonha

A propósito de "Fast fashion de passagem?", há dias li "Marks & Spencer's clothes sales have fallen yet again" e sublinhei:
"The grocery sector is in choppy waters thanks to falling food prices, but M&S’s food sales were up 3.3% in the 26 weeks to September 26, or 0.2% on a like-for-like basis. Things are going so swimmingly that it opened a net 26 new Simply Food stores in the period.
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But sales of general merchandise, which includes homeware as well as clothes, were down 0.4%, and 1.2% like-for-like.
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But it still has the fundamental problem of a lack of interest in its clothes."
Pensei, o problema foi o offshoring. Não houve offshoring com as mercearias mas foi o forte no vestuário.
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Não admira que agora:
"Os compradores experientes distinguem as peças de vestuário da Gap, Ralph Lauren e Abercrombie & Fitch imediatamente. Porém, de acordo com o mercado de ações, estas retalhistas são todas iguais e simultaneamente pouco atrativas. Os preços das ações caíram 30% ou mais este ano, num momento em que estas insígnias, outrora ditadoras de tendências, se debatem para encontrar o seu lugar num novo ambiente de retalho."  
Podem ser empresas grandes, podem ter consultores que lhes dizem tudo sobre eficiência e optimização operacional. No entanto, o problema é estratégico, é de modelo de negócio:
"Por insistentemente se apegarem a estratégias e estilos passados, diversas cadeias de retalho tradicionais alimentaram o crescimento da fast fashion com o seu próprio declínio." 
Devia ser obrigatório ler "The Origin of Wealth" de  Beinhocker, para aprender as lições de Lindgren. Todas as estratégias acabam por ficar obsoletas e a inércia cobra um preço monumental.

quarta-feira, outubro 12, 2011

Uma das minhas inspirações iniciais

Suzanne Berger... recordo o precioso e "eye oppening" livro “How we compete” de Suzanne Berger and the MIT Industrial Performance Center, publicado em Janeiro de 2006.
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Julgo que foi este livro que me iniciou numa visão optimista da realidade económica quando recorremos ao caminho menos percorrido.
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Com Suzanne Berger, como mais tarde confirmei com Christian Lindgren, aprendi que nunca estamos condenados, há sempre uma alternativa.
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Estas palavras demonstram que continuamos na mesma onda:
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"One useful observation emerging from Berger’s studies of France is that globalization is not an inexorable historical force changing everything in its path, including social values and political traditions. In the early 20th century, she notes, “people also thought that globalization was irreversible,” only to see it slow for decades thereafter.
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Berger’s interest in the relationship between politics and economic forces helped steer her toward the study of manufacturing — which she thinks has a similarly practical value. “The use of this work is to show a space for choice,” Berger says. “We really can make decisions about what kind of companies or society we want. The idea that we’re being forced into something can blind us to the opportunities we really have.
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"“Dell outsources just about everything,” Berger notes of the computer maker, “whereas Samsung is making many of the same products, but they're trying to keep as much as possible in-house. Over the years they have been very profitable companies. If we take industries that are under the most ferocious competitive pressures in the world — consumer electronics, apparel, automobiles — we see there are real choices for those companies.”
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“Labor costs are a very small part of overall costs,” Berger says. Probably a more important driver of firms’ decisions to locate activities abroad is the emergence of millions of new consumers in developing countries; selling to them leads firms to produce goods in those markets.
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More strongly, Berger asserts that chasing lower labor costs can be a self-defeating strategy for many firms. (Moi ici: Podemos começar a listar os académicos, paineleiros e políticos portugueses (a tríade) que não conhecem alternativa ao preço mais baixo e aos salários baixos)
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If you get your advantage by reducing labor costs, then you’re in a place where your advantage is not sustainable,” Berger says. “Your margins will be thin and evanescent. There will always be someone who can undercut you, because there will always be other regions where people are willing to work for less. (Moi ici: Fácil de equacionar essa resposta, excepto pela tríade) Instead, profits come from being able to do something that another company cannot easily replicate.”
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(Moi ici: Segue-se a grande mensagem deste blogue) As Berger sees it, a more sustainable future for U.S. manufacturing would be one in which its comparative advantage comes from new products, ideas, and business models; from skilled workers; or from quality advantages that are hard to replicate, in fields ranging from energy and transportation to pharmaceuticals, among others.
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There are a lot of pressures,” Berger says, “but they do not force us down the path of only one solution.”
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Trechos retirados de "In Profile: Suzanne Berger"

terça-feira, setembro 13, 2011

O advento de Mongo, relato de uma conspiração

Ontem à noite o meu computador parecia estar a ser vítima de uma conspiração pró-Mongo.
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De rajada, via Twitter, tive acesso a três artigos. Ponto comum entre todos eles: Mongo, o advento de Mongo.
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Ponto prévio, li "O mundo é Plano" de Thomas Friedman e gostei. Depois, rapidamente, com a minha experiência profissional no terreno, e com a ajuda de Ghemawatt, percebi que Friedman estava errado. O mundo não é plano! E as empresas podem fazer com que ele fique cada vez mais enrugado... a famosa fittness landscape de Kauffman, de Ghemawatt e de tantos outros... os mundos simulados de Lindgren.
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Verifico agora, para meu conforto, que Friedman também já descobriu que podemos enrugar o mundo, que podemos criar Mongo!
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the Age of Average is over.” (Moi ici: Essa foi a Idade do Preço como o Order-Winner. O tempo em que a escala era a única via para competir)
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“You should aim to be an artisan… (Moi ici: O artesão não faz duas coisas iguais! É exactamente o oposto da escala... é tão interessante como os mundos de Lindgren simulam a nossa realidade) everything thing you do, you should be proud of, willing to put your initials on it.”
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Depois, sigo a pista para este texto. O autor escreve sobre a carreira de cada um, eu acrescento que é aplicável à vida das empresas (PMEs) que já existem e que não têm futuro como estão:
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"The Career Craftsman believes this process of career crafting always begins with the mastery of something rare and valuable. The traits that define great work (autonomy, creativity, impact, recognition) are rare and valuable themselves, and you need something to offer in return. Put another way: no one owes you a fulfilling job; you have to earn it.
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The Career Craftsman believes that mastery is just the first step in crafting work you love. Once you have the leverage of a rare and valuable skill, you need to apply this leverage strategically to make your working life increasingly fulfulling. It is then — and only then — that you should expect a feeling of passion for your work to truly take hold." (Moi ici: Deixa de ser-se "an order taker" e passa-se a ter a matéria-prima, o conhecimento, os circuitos neuronais de "an experience maker")
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Por fim, Roger Martin em "You Can't Analyze Your Way to Growth" vai no mesmo caminho, descasca no mundo da escala, no mundo dos muggles que só sabem fazer contas e que se esquecem que o valor é um sentimento não um resultado numa folha de cálculo:
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"The biggest enemy of top-line growth is analysis and its best friend is appreciation.
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The fundamental reason is that analysis of data is all about the past. Data analysis crunches the past and extrapolates it into the future. And the past does not include opportunities that exist but have not yet happened. So, analysis conspicuously excludes ways to serve customers that have not been tried or imagined or ways to turn non-customers into customers.
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Thus the more we rely on data analysis, the more it will tell a dour story on top-line growth — and not give particularly useful insights.(Moi ici: Será por isto que as PMEs fazem milagres? As discussões que já ouvi entre economistas (directores financeiros) e gerentes. Os economistas não gostam de gastar dinheiro em feiras, por exemplo)
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If instead, the core tool is not analysis but rather appreciation —deep appreciation of the consumer's life — what makes it hard or easy; what makes her (in this category) happy or sad — there is the opportunity to imagine possibilities that do not exist. (Moi ici: Começar pela experiência de vida dos clientes-alvo)
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"Organizationally and behaviorally, analysis and appreciation are two very different things. Analysis is distant, done in office towers far from the consumer. It requires lots of quantitative proficiency but very little experience in the business in question. It depends on data-mining: finding data sources to crunch, often from data suppliers to the industry. Appreciation is intimate, done in close proximity to the consumer. It requires qualitative proficiency and deeper experience in the business. (Moi ici: Falta aos macro-economistas encartados das academias e dos que fizeram a sua vida em negócios rentistas) It requires the manufacture of unique data, rather than the use of data that already exists.
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In my experience, most organizations have more of the former capabilities and behaviors than of the latter and hence most struggle with top-line growth. The biggest issue isn't the absence of top-line growth opportunities but rather the lack of belief that they exist. And that is driven by the dominance of analysis over appreciation."
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Claro que existem excelentes excepções entre os economistas! E tenho o gosto de conhecer alguns.

sábado, abril 16, 2011

LOST


Enquanto por cá, os representantes de cerca de 80% da nossa economia (função pública e bens não-transaccionáveis) depois de décadas a viver como cucos à custa da terceira economia (bens transaccionáveis) e sobretudo de empréstimos do exterior, dominam a paisagem mediática e inundam-nos, de manhã à noite, com a sua desesperança, com a ausência de futuro, perdidos numa ilha de desilusões. Incapazes de cortarem o cordão umbilical a uma relação pedo-mafiosa com o Estado e sofrendo de uma espécie de síndrome de Estocolmo não nos deixam ver com clareza o mundo de oportunidades que está a formar-se.
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A paisagem competitiva global não pára, nunca pára, só os trouxas acreditam no equilíbrio, e há um mundo pleno de oportunidades que podem ser agarradas.
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Se o Mr Poul nos ajudar a deitar a baixo o nosso Muro de Berlim, poderemos aproveitar ainda mais do que aquilo que já está a acontecer.
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Lembram-se disto "Para estilhaçar modelos mentais obsoletos (parte ???)" e sobretudo de "Para estilhaçar modelos mentais obsoletos" agora acrescentem o dinheiro e as pessoas válidas que estão na economia de bens não-transaccionáveis e na função pública e que podia ser desviado naturalmente pela queda do nosso Muro de Berlim.
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Quem melhor do que nós na Europa para aproveitar este bónus?
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Reparem "Number of the Week: The ‘China Price’ Also Rises" (no blogue do WSJ Real Time Economics)
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"5.2%: Annualized growth in the price of Chinese imports to the U.S.

Beware the “China price.”

During much of the past couple decades, American companies’ efforts to shift their production to low-cost locales — China in particular — have helped keep a lid on inflation in the U.S. That benefit may now be reversing itself.

Some of the advantages that made China a magnet for global manufacturing are fading. Under pressure from U.S. officials, China is gradually allowing its famously cheap currency to rise against the dollar. At the same time, Chinese workers’ wages are increasing at an annual rate of as much as 30%.

In one sign of the effect of those changes in the U.S., the average price of goods imported from China rose at an annualized rate of 5.2% in the three months through March, according to the Labor Department. That’s the fastest pace since August 2008.

The changing role of China in the U.S. economy offers reason to reconsider the way inflation might arise in the current global recovery. In the traditional view, a country’s prices get out of control when people start demanding raises to offset rising consumer prices, creating an inflationary spiral in which wages and prices reinforce one another. Such a spiral is so far unlikely in the U.S., where high unemployment is undermining workers’ bargaining power.

But in a global economy, could rising wages in China — spurred on in part by global demand for Chinese-made goods — help get the spiral going in the U.S. and elsewhere?"
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O blogue do WSJ, tendo em conta o seu público-alvo, preocupa-se com, ou só vê, a inflação... eu vejo um mundo de oportunidades... e com a alta do petróleo... proximidade...
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Vejo a oportunidade para PMEs aparecerem para aproveitar pequenas e grandes montanhas que estão a crescer onde ontem existiam vales com névoa venenosa...
AH!!! Estudem Lindgren e os seus universos virtuais... está lá tudo!!!!!

sexta-feira, maio 21, 2010

"Há mais marés que marinheiros!!!"

Ontem, em comentário a este postal o Carlos lembrou esta canção:

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E em boa hora o fez, a letra da canção é uma adaptação do início do Capítulo III do Livro do Eclesiastes. (BTW, trata-se de um livro que costumo citar em algumas das minhas acções de formação e que também já citei por aqui "Vaidade! É tudo vaidade!")
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Para quem vê o mundo de forma linear, para quem só sabe enunciar as regras do xadrez e descrever à posteriori qual foi a jogada de uma empresa e como é que o mercado reagiu, ou seja, para lanchesterianos que só olham para os custos e não percebem a alquimia da originação de valor o mundo só tem um sentido... ("You cannot prove a new idea in advance by inductive or deductive reasoning")
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Nesse mundo, o papel dos gestores, resume-se a replicar a actuação de Hans Solo quando se encontrava preso numa sala em que as paredes se estavam a aproximar para o prensar. A prensagem parece inevitável, só há um caminho, aguentar o mais possível, atrasar o mais possível o aperto final.
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Para essa gente, a letra da canção devia fazer-lhes abrir os olhos e limpar os ouvidos como se estivessem na sua estrada de Damasco...
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Basta olhar para um campo sem intervenção humana para perceber a resposta. A Natureza tem horror à monotonia, a Natureza favorece a biodiversidade e esta é a base da resiliência.
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Beinhocker no seu livro "The Origin of Wealth" conta as experiências sobre mundos simulados (de Kristian Lindgren) e sobre a transiência das estratégias... todas as estratégias vencedoras são transitórias... e duram cada vez menos.
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Por isso, se as empresas e os gestores públicos não estiverem reféns de modelos mentais obsoletos que tiveram o seu dia de glória, e mantiverem a cabeça aberta e em modo "search" continuamente, poderão encontrar uma alternativa. Há sempre uma alternativa, sempre houve, desde que não nos agarremos sentimentalmente ao que funcionou no passado, ou que não estejamos a contar com uma qualquer renda garantida directa ou indirectamente pelo Estado.
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Mesmo este postal de há minutos "Para quem o mundo é simples e linear" traduz esta realidade... aquilo que a linguagem popular usa depreciativamente mas que eu uso aqui com sentido positivo "Há mais marés que marinheiros!!!"
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Lembram-se? "Os países não se deslocalizam"

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Uma casca de noz que é arrastada no tsunami dos eventos, ou Agarrem-me senão eu mato-me (parte II)

Continuado da parte I.
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Na parte I recordei o que significa apostar tudo na exploitation em detrimento da exploration, e escrevi:
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"Recentemente voltei a recordar neste espaço as palavras de March sobre a exploitation e a exploration. Quando uma empresa se concentra demasiado, quando aposta tudo na exploitation, está a aderir a um modelo mental que assume que o dia de amanhã vai ser igual ao dia de hoje, acredita que o que resulta hoje continuará a resultar amanhã..."
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Entretanto, no livro "The Design of Business - Why Design Thinking Is the Next Competitive Advantage" de Roger Martin encontro:
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"If the goal of the reliability-oriented business is to ensure that tomorrow consistently and predictably replicates yesterday, then it follows that the business will be organized as a permanent structure with long-term ongoing job assignments (Moi ici: Até tremo a ler isto... esta confiança no permanente... um reich que durará mil anos). Daily work will consist of a series of permanent, continuous tasks: make stuff, sell it, ship it, follow up with customers, and service the installed base. There are few if any limited-term projects on the organizational chart, and for good reason.
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Roger Martin cita um artigo de Mihnea Moldoveanu, "Reliability Versus Validity: A Note on Prediction" de onde destaco:
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"The problem of going from reliability... is, of course, the "all things being equal" condition that appears in most experimental reports and empirical study results, which states that the supposed cause-effect relationship supported by the data will be operational in other contexts, "all things being equal." But that is precisely the point of living in an open, uncontrolled system, also known as the world: all things are not equal from one experimental run to another."
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Aqui e aqui abordei o tema da fitness landscape ou business landscape em permanente mutação, e também já abordei o Jogo da Vida de Lindgren, permanentemente há picos elevados que caminham para depressões e vice-versa, depressões que crescem para picos.
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Pois bem, ontem, encontrei este artigo "Exploitation has diminishing returns: Roger Martin" que reforça o tema:
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"Once a company hits a winning formula, it tries to exploit it to the fullest. And therein lies the trap. “The problem is, exploitation has diminishing returns. And by focusing on what it already does, the company puts itself at risk of missing new opportunities and avoiding disasters that come from big changes in the environment. The folks at General Motors were focused on doing what they had always done and were almost destroyed by the changes they didn’t see coming. They had lots of past data to suggest they should keep making pick-ups and SUVs through 2008. But the world changed, and they just missed it,” says Roger Martin, a professor of strategic management and the Dean of Rotman School of Management at the University of Toronto. Martin, who recently authored The Design of Business— Why Design Thinking is the Next Competitive Advantage, spoke with Vivek Kaul recently about his concepts."
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As nossas empresas que não mudaram nada, que continuaram agarradas ao passado, que não viram ou não quiseram ver o mundo a mudar... estavam à espera de quê?

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Porque precisamos do conhecimento codificado...

Para quem acredita que as estratégias são eternas e, para quem acha bem que o estado português financie experiências de multinacionais, convém ler este trecho:
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"Strategies, and especially business concepts, tend to follow a common life cycle. They start as new and unproven, and it takes some time before the development gains speed. Then there is a period of steady growth. At the top of the cycle it is time for harvest; the prospects for high earnings have never been better, and will not improve in the future as the concept stagnates, declines and finally dies. It is wise to check the present place on this cycle of your strategies and business concepts. This is particularly interesting if you combine it with an assessment of whether you or your competitors have (or can have) the prerequisites to improve or even achieve a unique position.

It shows (a figura) that the company had a huge problem, as the strategy that had made the company a success is in the extreme top-right position. There were some other strategy suggestions that offered great opportunities for the company; they were more likely to succeed than those of the competitors, and they were also at the stage where the development was gaining speed and could be accelerated. The competitors had certain advantages when it came to other strategies at the same stage of the development cycle; these strategies could be adopted by the company, but there would be a great deal of work to be done to catch up with the competition.
Then there were some high-risk strategies that might offer advantages in due course, but they were new and as yet unproven.
This analysis of course needs to be deepened, but it provides a good foundation for further discussions."
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Trecho retirado de "Scenario Planning The link between future and strategy" de Mats Lindgren e Hans Bandhold.
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Algo na mesma linha do que escreveu Suzanne Berger e Eric Beinhocker, deste último recordo esta poesia retirado do fabuloso livro "The Origin of Wealth":
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"Soon, something else began to happen in the pulsing soup of strategies— innovations began to appear. Mutations that added genes caused agent memory sizes to grow, thus enabling the agents to look further back in history and devise strategies that were more complex. Many of the mutants were nonsensical strategies that died off quickly. But, in general, more memory is a big advantage, and new strategies that were successful began to emerge and reproduce.

So who was the winner? What was the best strategy in the end? What Lindgren found was that this is a nonsensical question. In an evolutionary system such as Lindgren's model, there is no single winner, no optimal, no best strategy. Rather, anyone who is alive at a particular point in time, is in effect a winner, because everyone else is dead. To be alive at all, an agent must have a strategy with something going for it, some way of making a living, defending against competitors, and dealing with the vagaries of its environment.

Likewise, we cannot say any single strategy in the Prisoner's Dilemma ecology was a winner. Lindgren's model showed that once in a while, a particular strategy would rise up, dominate the game for a while, have its day in the sun, and then inevitably be brought down by some innovative competitor. Sometimes, several strategies shared the limelight, battling for "market share" control of the game board, and then an outsider would come in and bring them all down. During other periods, two strategies working as a symbiotic pair would rise up together—but then if one got into trouble, both collapsed.”
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Porque as estratégias não são eternas, porque a realidade é como uma corrente em permanente movimento, não basta o conhecimento tácito. Há que dominar o conhecimento codificado.