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sexta-feira, março 10, 2017

domingo, fevereiro 19, 2017

Cerâmica, que evolução sectorial?

Há uma realidade que descobri em 2008: Há mais variabilidade de rentabilidade dentro de um mesmo sector económico do que entre sectores económicos.

Em "O que os números das exportações me sugerem" refiro:
"Exportações da cerâmica disparam em seis anos e 2016 pode trazer recorde;"
Em "Cerâmica à procura de negócios da China" encontramos um retrato de empresas dinâmicas e optimistas que vêem na Ásia oportunidades de negócio interessantes. Em 2014 já era possível ver que a orientação estratégica estava a ganhar força, "O exemplo da cerâmica".

No entanto, em 2012 escrevia um postal com este título "Presos a estratégias obsoletas que geram margens cada vez mais comprimidas e salários cada vez mais espremidos" acerca do sector cerâmico ter conseguido barreiras alfandegárias contra os produtos chineses. E em 2016 em "Egocentrismo sectorial" surpreendia-me com a incapacidade de calçarem os sapatos do outro. Primeiro pedem proteccionismo para eles. Depois, quando os outros também o pedem ficam preocupados.

Irei ser injusto em alguns casos mas tenho uma teoria que defende que normalmente os líderes das associações sectoriais são provenientes não da vanguarda do sector mas das empresas mais débeis em termos de pensamento estratégico (o calçado, por exemplo é uma honrosa... muito honrosa excepção). Recordo "O poder das associações e nas associações" e "Mixed feelings".

Como terá evoluído o sector cerâmico?
Será que a variabilidade intra-sectorial aumentou? Será que as empresas que apostaram na exportação  estão melhor e a ganhar mais e, as empresas preocupadas com a entrada de cerâmica chinesa no nosso país também progrediram? Ou será que continuaram presas a estratégias obsoletas?

Alguém por aí tem informação que ajude a perceber a evolução dentro do sector?




domingo, novembro 20, 2016

Egocentrismo sectorial

Lembram-se disto "Portugal vence a 'guerra da cerâmica' contra a China"?
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O que dizer disto?
"Com o setor da construção "bastante parado" em Portugal, "o recurso tem sido o mercado externo", havendo empresas "que vendem praticamente tudo" para fora, constatou, sublinhando que a cerâmica portuguesa acaba por estar presente "em todos os continentes", com a Europa a ser o principal mercado.
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Todavia, o cariz marcadamente exportador deste setor leva também a algumas "dificuldades e condicionalismos", sobretudo numa altura em que surgem cada vez mais vozes a defender economias mais protecionistas, disse à agência Lusa José Luís Sequeira, considerando que essa "onda" está a criar alguma instabilidade e dúvidas
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"Hoje, podemos fazer uma aposta muito forte num determinado mercado e corremos o risco de, dois anos depois, perder essa aposta, por razões de conjuntura política", constatou o presidente da associação que representa um setor que tem nos Estados Unidos 9% das suas exportações.
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Todas as restrições "que países possam fazer à entrada de produtos da Europa penalizam as nossas empresas e exportações", frisou, defendendo que a diplomacia económica por parte do Governo "é importantíssima"."
Conheço pessoas assim. Posso dizer que desconfio que o fazem sem maldade, pessoas que são incapazes de ver que querem para si o que negam aos outros.
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Recordo "Presos a estratégias obsoletas que geram margens cada vez mais comprimidas e salários cada vez mais espremidos"

Será que muitas cerâmicas estão como os últimos produtores de TV a preto e branco?

Obrigado sr. Centeno

"A exportação de frutas e legumes no período compreendido entre janeiro e setembro sofreu um crescimento homólogo de 6,6%.
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Este crescimento traduz-se, segundo um comunicado do Ministério da Agricultura, em mais 58,5 milhões de euros do que o valor registado no mesmo período do ano passado." (fonte)
"As exportações da cerâmica aumentaram 25% entre 2009 e 2015, ascendendo aos 659 milhões de euros, e a Associação Portuguesa das Indústrias da Cerâmica espera que 2016 seja o melhor "ano de sempre" para as exportações do setor. Em 2015, as exportações do setor da cerâmica já tinham atingindo o seu máximo histórico e 2016 promete ser o "melhor de sempre", face ao aumento de quase 8% face a 2015 nas exportações portuguesas de produtos cerâmicos entre janeiro e setembro," (fonte
"As exportações de vinho verde aumentaram 8% até setembro, face a igual período de 2015, com vendas de mais de 20 milhões de litros e uma faturação recorde de 48 milhões de euros" (fonte
 "God only knows what we'd be without you"

domingo, fevereiro 07, 2016

Tão longe do vómito industrial sem alma

Um exemplo parecido com o que descobri há anos que a Viarco faz com artistas, o relatado em "Na fábrica e no laboratório da Vista Alegre, em busca dos best-sellers de porcelana".
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O perceber que a proposta de valor não pode ser o preço mais baixo mas tem de passar pelo equivalente à inovação tecnológica, neste caso o design.
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Interessantes estes trechos:
" “A forma dos pratos acrescenta valor à comida, pode ser o palco merecido para a comida que os chefs criam”, [Moi ici: Tão longe do vómito industrial sem alma...]
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As três juntam-se ao lote de cerca de 60 profissionais recebidos desde 2011 e às cerca de 15 peças já lançadas para o mercado com o IDPool. Novos inputs criativos, objectivo um. “Desafiar a própria fábrica”, objectivo dois, elenca Nuno Barra. “Quando se chega a uma fábrica que tinha o passado que tinha, e uma certa visão do mundo que era muito fechada”, a mudança tinha de vir de dentro e de fora, explica o responsável junto à sala-laboratório. “Eles fazem o papel que nós próprios não conseguimos fazer [a tempo inteiro] — todos os dias desafiam, todos os dias procuram respostas” junto dos engenheiros, das possibilidades fabris." [Moi ici: Faz-me recordar aqueles empresários de PME que infelizmente ainda pensam que a empresa tem de dominar tudo até à prateleira, que têm medo de se abrirem à co-criação com criativos que não fazem parte dos quadros de uma empresa, ou com os técnicos das universidades dispostas realmente a trabalhar. Ainda de saudar a humildade em deixar-se ser desafiado por outsiders, é preciso muita personalidade.]
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Estar com Wanders na Maison & Object ou contactar com designers, artistas ou arquitectos que vêm investigar para Ílhavo serve outro propósito: “Estar no centro de onde nascem as tendências. A versão mais comum é ir às feiras buscar tendências, o que é tarde de mais. E eles”, Wanders ou a mais recente contratação espanhola, Jaime Hayon, “fazem as tendências”, diz Nuno Barra."

BTW, num registo de brincadeira-séria (ironia) sou capaz de imaginar estes novos que são muito velhos a lançar providência cautelar por estes artistas não estarem inscritos na Ordem.

terça-feira, janeiro 13, 2015

"Sim, missão para duas ou três gerações seguidas" (parte I)

Trabalho. Trabalho? Muito mais do que trabalho, talvez missão!
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Sim, missão para duas ou três gerações seguidas. Uma missão nobre, uma missão ao estilo dos lavradores que em Maio espalham bosta nos campos, sempre a pensar num presente que tem de ser a base para um futuro melhor de quem vem a seguir... esse é que devia ser o verdadeiro contrato solidário intergeracional, deixar aos que vêm um mundo melhor, não um fardo maior.
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Uma missão em que, apostando na concorrência imperfeita, a um ritmo próprio, seguindo uma estratégia de trajectória, apostamos na subida na escala de valor e fazemos da Itália o nosso alvo. Ou seja, replicar a estratégia do sector do calçado para outros sectores como a agricultura, o vinho, o vestuário e a moda, o mobiliário, a cerâmica.
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O Miguel Barbot fez-me uma surpresa ontem, ao deixar-me na caixa do correio este texto "‘Made in Portugal’ is on the Rise".
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Continua.

quinta-feira, dezembro 11, 2014

O exemplo da cerâmica

"Em 2013 Portugal foi o maior produtor de louça de mesa e decorativa na Europa e “se o país continuar a produzir com qualidade – apostando na inovação e  recuperando algumas tradições – a cerâmica portuguesa poderá estar a preparar-se para viver dias mais risonhos”.[Moi ici: Interessante, gente do sector a olhar para o futuro com optimismo]
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em 1995 existiam em Portugal cerca de mil empresas – da área da cerâmica de mesa e decorativa – e que empregavam mais de 25 mil trabalhadores. Em 2012 esse número situa-se um pouco acima dos cinco mil. Para se ter uma ideia mais clara, basta ver que em 1975, existiam muito poucas empresas deste sector especifico, no entanto, “estas empregavam muita gente (10 mil pessoas) e em média, cada empresa possuía 135 trabalhadores”. Em 2012 passaram a ter apenas uma média de oito trabalhadores.[Moi ici: Em todos os sectores o mesmo padrão, para reganhar produtividade, as empresas ficaram mais pequenas]
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no final dos anos 90 para esta área especifica da cerâmica portuguesa e como de facto “se veio a confirmar o pior dos cenários com grande parte das unidades industriais a fechar, atingindo centenas e centenas de pessoas, arrastando-as para o desemprego”.
Um pouco por todo o lado nos países desenvolvidos, as grandes unidades industriais deixaram de produzir cerâmica de mesa e decorativa. Até as melhores fábricas europeias que o orador visitou como, por exemplo, a Rosenthal ou a Wedgwood, abandonaram a produção, deslocalizando-a para outros países. A Rosenthal que “era a melhor fábrica de sempre, acabou por manter a fábrica, a marca e o conceito, mandando fazer toda a produção noutros países”, acrescentou.
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Como pode a cerâmica dar a volta? “Produzindo produtos de alta qualidade para nichos de mercado e ligando o sector ao turismo, procurando aliar também a industria às visitas culturais e à criação de parques temáticos”, afirmou o orador.
Na sua opinião, vivem-se dias de alguma recuperação com os produtos portugueses a ser internacionalmente reconhecidos, ou seja, “como não há produção de cerâmica na Europa, esta é uma boa oportunidade para as firmas que conseguiram ultrapassar os anos mais difíceis”. Segundo José Luís Almeida Silva, hoje em dia  as empresas “têm que trabalhar em rede, valorizar os recursos humanos e também trabalhar no valor acrescentado das suas peças, que se devem destinar a nichos de mercado”. [Moi ici: Outra constante deste blogue quando falamos sobre como é que as PME podem dar a volta]
"Cerâmica industrial de mesa e decorativa transformou-se em “neo-artesanal”"

quinta-feira, agosto 28, 2014

Sugestão de investimento

Lembram-se dos governos que sabiam o que era o melhor para a economia? Que sabiam que existiam uns sectores que representavam o passado, porque eram tradicionais, e outros que representavam o futuro, porque eram cools, Lembram-se da Qimonda? Lembram-se de Daniel Bessa? Lembram-se de André Macedo? Lembram-se do que Mira Amaral fez com o relatório Porter?
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"Espanha, Espanha e Espanha!" teria sido uma desgraça ainda maior se tivesse sido levada à letra pelos empresários.
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Ainda hoje li que o calçado no primeiro semestre de 2014, depois de 2013 ter sido o melhor ano de sempre, cresceu mais 12%, li que a exportação de vinho está a correr bem e a de têxteis e mobiliário também.
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Escrevo tudo isto por causa de uma afirmação de Paulo Fonseca António José Seguro:
"O socialista promete, porém, não voltar a aumentar os impostos. "Não vou aumentar nem o IRS nem o IVA e o IRC será mantido na próxima legislatura de acordo com a reforma que foi feita", garantiu Seguro na entrevista ao "Diário Económico", admitindo "alterações na taxa do IVA, de modo a introduzir maior justiça ou maior coerência com a estratégia económica". A ideia é "valorizar alguns sectores em detrimento de outros", explicou."
Isto deixa-me com uma curiosidade, quais serão os sectores a prejudicar, a perseguir, a destruir?
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Deixa-me também com medo, quais serão os sectores a beneficiar, a ajudar, e quanto custarão aos contribuintes?
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Se tivesse de investir, com base no histórico das previsões dos socialistas de todos os partidos, que têm estado nos sucessivos governos, optaria pelos sectores que Paulo Fonseca António José Seguro quer prejudicar.

terça-feira, novembro 26, 2013

Um exemplo na cerâmica

"Serviços de mesa e peças de cozinha, pratos, loiça, acessórios ou peças de forno não têm segredos para MatCerâmica. A empresa, fundada em dezembro de 2000 - resultado da reestruturação de um antigo grupo que tinha várias unidades -, trabalha com cerâmica utilitária e decorativa, tudo produzido em faiança e grés.
No início, a MatCerâmica dedicava-se mais à produção de produtos utilitários, principalmente de exterior, como vasos. (Moi ici: Onde tinha de competir pelo preço, onde tinha de ter os custos mais baixos) No entanto, explica Marcelo Sousa, diretor-geral, foi preciso mudar de estratégia e a empresa começou então a apostar na cerâmica decorativa. A partir daí, foi feita uma aposta “na formação das pessoas, em tecnologias mais modernas, na conceção e desenvolvimento de design próprio” e também a nível de poupança de energia e preocupação com o meio ambiente. Um investimento que deu resultado, sublinha Marcelo Sousa: a MatCerâmica é hoje “líder e a maior exportadora nacional na área da cerâmica de mesa”.
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A estratégia passa também pela diversificação, com a utilização de novos materiais, como é o caso do grés, o que permitiu à empresa ganhar quota de mercado nos clientes que já tinha, oferecendo-lhes mais variedade de produtos.
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A totalidade da produção da MatCerâmica tem como destino a exportação, principalmente para os mercados europeus e norte-americano, mas também chega a países como Qatar, Egito, Líbia, Índia, Turquia, México ou Brasil. Marcelo Sousa que conta com 450 trabalhadores e atingiu um volume de negócios de 12 milhões no ano passado, destaca ainda o mercado chinês, que tem crescido e já representou 3% das vendas em 2012."

sexta-feira, setembro 27, 2013

Uma alternativa pode ser...

No Expresso deste fim de semana pode ler-se em "Revigrés fornece Sagrada Família de Gaudi":
"A Revigrés foi escolhida para fornecer o revestimento cerâmico, que já foi aplicado em áreas-chave da catedral de Gaudí, como os 16 pináculos alusivos às quatro estações do ano, além do medalhão do pavimento da nave central da basílica.
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"A concorrência em Espanha é grande. (Moi ici: No custo, nas grandes séries. E nas produções pouco eficientes?) Foi uma conquista ainda maior para nós, empresa portuguesa, fornecer esta catedral, que é das mais visitadas do mundo, num pais onde há um cluster cerâmico tão forte", faz notar Paula Roque, administradora da Revigrés, referindo que o projeto foi conseguido graças "à ligação com o representante em Barcelona", aliada à "flexibilidade da nossa fábrica em fazer produtos a pedido".
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Para a Sagrada Família, a Revigrés produziu grés porcelânico (considerado o material cerâmico mais nobre) em várias das 38 cores da sua coleção"
Caro Pedro, não há receitas genéricas que sirvam para todos ao mesmo tempo. Contudo, julgo que uma delas passa por aqui.
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As multinacionais concentram-se no marketing, consideram a produção um custo, um peso. Assim, adjudicam a tarefa de produzir a quem se especializa em produzir, em campeões na "excelência operacional"... campeões na "excelência operacional" conhecem muito bem os seus custos e tornam-se máquinas super-eficientes.
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Uma alternativa pode ser apostar no extremo oposto da eficiência: flexibilidade; variedade; novidade.
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BTW, espero que a Revigrés tenha mesmo esta capacidade no seu ADN produtivo.

segunda-feira, junho 24, 2013

O exemplo da Matcerâmica

Outro exemplo no Público de ontem, a Matcerâmica:
"A Matcerâmica nasceu da reestruturação da empresa Faiart, em 2000. Hoje, mantém a natureza de empresa familiar, mas com gestão profissionalizada. A nova estratégia, definida
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Hoje, cerca de 450 pessoas trabalham na Matcerámica e temos uma posição de mercado completamente diferente. Tornámos-nos a maior empresa deste segmento em Portugal e uma das maiores da Europa. Operamos em três áreas, duas das quais de maior valor acrescentado: o cliente traz a ideia e temos know how para concretizá-la ou temos encomendas para o retalho especializado, como o serviço de mesa do chefe Jamie Oliver, em 2009, para uma recepção ao casal Obama, que tem sido um sucesso; trabalhamos também com grandes cadeias, onde o negócio é sobretudo em volume.
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Criámos e desenvolvemos colecções próprias, a Alma Gémea e a Terra Brava. A Alma Gémea resulta de uma parceria com a corticeira Amorim, uma parceria entre a cerâmica e a cortiça, em que urna mesma peça é feita com os dois materiais. Fomos seleccionados para a feira do género em Frankfurt em 2011, mas o momento mais alto foi quando fomos reconhecidos pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA) que tem peças nossas. A Terra Brava nasceu porque o mercado não tinha marcas de produtos de caça. Fizemos uma linha de mesa esculpida, com peças de caça.
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Para entrarmos no mercado dos EUA, contratámos Karim Rashid, que é um dos maiores designers industriais do mundo, para um projecto só nosso, lançado em Nova Iorque. São peças de loiça de mesa com baixo-relevo misturado com decalque de símbolos que significam sentimentos, que são a simbologia dele."
Subir na escala de valor, apostar no design, apostar na prescrição, apostar no intangível!

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Cuidado com o "como exporta"

Como é que o calçado, o têxtil e vestuário e o mobiliário têm aumentado as suas exportações?
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Estatisticamente: menos empresas, em cada sector, empresas mais pequenas com menos trabalhadores e que facturam cada vez mais por trabalhador e por unidade produzida (embora a panóplia de SKU no têxtil e vestuário às vezes pareçam dar uma ideia diferente e sejam, para mim, de muito mais difícil compreensão segura).
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O que está a acontecer no sector da cerâmica?
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Em "Exportações de azulejos e pavimentos cerâmicos crescem em 2012" pode ler-se:
"Com as vendas de azulejos e pavimentos cerâmicos em queda já há vários anos, no mercado interno, não é de admirar que o número de fabricantes tenha acompanhado a tendência e seja, hoje, menor. O que é curioso é que há menos 40% de empresas e menos 600 postos de trabalho, mas o tamanho médio dos operadores cresceu. O número médio de efectivos  por empresa, é de 104 empregados, quase 30 mais do que em 2008.
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Basta vermos que, em 2012, o mercado nacional valeu 155 milhões de euros, o que representa uma quebra de 12,4% face ao ano anterior. O que é significativo se tivermos em conta que, em 2011, a contração das vendas fora já de 19%.
Em contrapartida, as exportações cresceram 2%, para um total de 256 milhões de euros e representando 67% da produção total nacional. Em 2009, só eram destinados aos mercados externos 57,6% das vendas."
Agora vou especular e, contra aquilo que costumo ser, vou adoptar uma postura pessimista:
  • se o tamanho médio dos operadores aumentou é porque não mudaram de modelo de negócio, não mudaram de produto, 
  • simplesmente, terão escoado mais produto via exportação competindo pelo preço.
Recordo este artigo recente "Aos 90 anos, tudo correu mal na Cerâmica Valadares" e a minha mente recua e recua até Junho de 2011 a "Cerâmica de Valadares aumenta exportações" e a Dezembro de 2011 a "Curiosidade".
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Em Outubro de 2012 esta chamada de atenção em "Para reflexão"
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Exportar sem mudar de modelo de negócio, sem subir na escala de valor, talvez alivie a tesouraria e funcione no curto-prazo mas não augura um grande futuro.

quarta-feira, maio 30, 2012

Fora dos palácios há uma multidão que não precisa de orientação

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"São apenas exemplos que ilustram um Portugal que funciona. E que funciona bem.
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Quando o Governo fala num plano para o crescimento, é neste Portugal que se deve inspirar. Numa Renova que se distingue pelo design e inovação, numa Helsar que não abre mão da qualidade e da etiqueta nacional, numa Autoeuropa que aposta na mão-de-obra potuguesa, numa Bial que investe na investigação e na internacionalização, numa série de outras grandes e pequenas empresas que continuam a contrariar a tendência depressiva da economia nacional. Daí que, tal como defende Poul Thomsen, do FMI, num país onde os problemas são "exclusivamente estruturais", o plano deve concentrar-se "em reformas económicas para promover o crescimento baseado nas exportações e tirar o país da dívida". Todas estas empresas que o fazem, e fazem bem, já abriram o caminho. A partir daqui devia ser tudo mais fácil."
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"Olhando para trás, o administrador recorda que trabalhar para terceiros o expunha "a vender minutos". "E há sempre alguém que vende minutos mais baratos".(Moi ici: Às vezes percebo que os políticos e ministros, e a tríade ainda não aprenderam esta lição) Era a época em que se formavam as grandes cadeias de distribuição, que alimentavam as produções em locais diferentes do globo, o início das descentralizações, que viriam a arrasar parte da indústria têxtil nacional.
"Percebemos que seria um caminho mais difícil, (Moi ici: Um clássico neste blogue, seguir o caminho mais difícil) [mas] foi um soltar de amarras, sem cortes radicais", conclui Figueiredo. Só em meados da década é que a Laranjinha chegou a 50% das vendas e só no final do século é que parou em definitivo a produção para terceiros. (Moi ici: Paciência estratégica) O empresário socorre-se novamente da lista de memórias. "Foi um risco. Passámos de um ciclo de investimento relativamente curto para um período de dez meses entre o início da produção e a cobrança", o que implicou "um esforço financeiro enorme para aguentar o crédito que tem de se dar", resume. (Moi ici: Já conheci empresas têxteis que fizeram o percurso inverso seduzidas pelo ciclo de investimento mais curto... abandonaram a marca e ... já fecharam)
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Outro exemplo do que a austeridade provoca - há 15, anos a retracção do mercado português levou a empresa a saltar fronteiras.
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Outro exemplo, a fuga de clientes para a China foi o evento transformado em oportunidade... não é o que nos acontece que conta, é o que fazemos com o que nos acontece. O truque é a velocidade com que repõe e substitui coleções.
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Têxtil, mobiliário, calçado, máquinas, ... e muito mais.
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"Falemos de Portugal. Nem é preciso listar a miserável reputação da maioria das instituições. Basta pensar nas possibilidades: estão cerradas. Quem tem uma ideia para um projecto precisa de dinheiro. Como não há capital acumulado em famílias, nem em capitais de risco, restam duas vias: a banca e os fundos comunitários. Na banca, ou se tem pais anónimos, mas ricos ou pobres, mas famosos. Nos fundos comunitários, é preciso pagar comissões às associações empresariais que histórica e vergonhosamente controlam a distribuição do dinheiro. (Moi ici: Por isto é que escrevi ontem no twiter "a redução de impostos (para empresas, sem PINS pelo meio) é cega tem o potencial de beneficiar por meritocracia ñ por amizades com o poder") Se a empresa arranca, precisa de padrinhos ou de financiar partidos para ganhar concursos públicos. Se tem lucro, é tributada; se não tem lucro, é fiscalizada. É uma economia a inferno aberto.
O inferno é Portugal ser um sistema fechado, dominado por uma elite que reparte o poder, a riqueza, o dinheiro. Transfere a fortuna para "offshores" e dá-nos lições de moral. Diz-nos para nos fazermos à vida, mas depende da sociedade que critica.
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Fora dos palácios habitados pelos nómadas da política há milhares de empresas, projectos e ideias para quem prosperar é sobreviver. Não são casos giros, são projectos sofridos. Casos que é preciso conhecer, imitar e fortalecer precisamente porque conseguem viver à margem do sistema - ou contra o sistema. O tal sistema económico, político e financeiro que come à mesa do poder, mesmo se falido." (Moi ici: Por isso é que escrevo há anos sobre as empresas anónimas que longe das carpetes e biombos do poder fazem by-pass a este país de incumbentes)

domingo, abril 22, 2012

Um país a mexer-se e a fazer pela vida

Na semana passada falei com alguém que trabalha numa empresa que há 3 anos dependia a 100% do mercado interno, prestando serviços a um cliente do sector de bens não transaccionáveis. Hoje, exporta serviços para países que nem imaginamos. Impressionante como o ser português é uma vantagem competitiva nos mercados do Médio Oriente.
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Há dias, ouvi na rádio esta história "Nepal importa mais de 200 mil garrafas de vinho português"
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Agora leio:
Um país a mexer-se e a fazer pela vida.

sábado, dezembro 31, 2011

Curiosidade

Gostava de relacionar isto "Cerâmica de Valadares aumenta exportações" onde se pode ler:
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"Actualmente, além de disputar a liderança no mercado nacional, cerca de 60 por cento da sua produção é exportada"
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Será que tem a ver com isto?
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Será que tem a ver com uma queda das vendas para além do breakeven? Será que se pensou estar perante uma situação conjuntural e não perante uma recalibração estrutural?

domingo, novembro 06, 2011

Outra história portuguesa longe da corte lisboeta ou, OMG!!! E vão viver de quê? (parte V)

Parte IV.
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A conversa da treta dos macroeconomistas cainesianos:
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"Armchair economists like to assume that human action is predictable and calculable.  But action, based solely on individual preference, isn't measurable with econometric formulae.     
Increased production financed through accumulated savings drives sustainable growth.  This goes hand in hand with entrepreneurial seeking of unmet demand, not aggregate demand in general.  Steve Jobs didn't create the iPod because consumers were spending at Walmart.  He speculated that there was a demand for a portable device that could store a massive amount of music, designed the product, determined the marginally profitable price it could be sold at, and decided whether or not to risk his capital and make the whole thing happen.  He could have been wrong, but thankfully for all of us, he wasn't.
Keynesian focus on aggregate demand misses the big picture.  Taken to its extreme conclusion, overconsumption can ultimately lead to higher prices as supply diminishes and production can't keep up.  Inflation only exacerbates the situation as wages and prices eventually adjust after distorting the structure of production.
Meanwhile, the real barriers holding back economic growth are unacknowledged by government apologists acting as economists.
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Aggregate demand is the last vestige of economists who believe that prosperity is but a simple math formula away. Those who hold it truly believe that government spending on anything creates wealth. (Moi ici: Por isso, quando um governo atira dinheiro para cima de um problema, ou de um projecto sem retorno positivo, eufemisticamente chama-se a isso investimento... assar sardinhas com o lume de fósforos, acabam os fósforos acaba a chama)
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Quem olha para a economia como um bloco homogéneo, escreve estes títulos "Contratar pessoal em 2012 vai ser quase missão impossível" e, entretanto:
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"Actualmente, a Porcel exporta para mais de 30 países, maioritariamente para os EUA, Médio Oriente, América Latina e Escandinávia. E o objectivo é "estar cada vez em mais mercados". Para isso contribui o serviço de personalização de peças, concebidas por designers nacionais e estrangeiros(Moi ici: Divergência, divergência, divergência, se calhar, afirmar que a Porcel está no sector da cerâmica de porcelana é já tão enganador, quanto dizer que a Asics está no sector do calçado. É uma empresa no sector das experiências, dos sentimentos. Fugir da massificação, da série... recordam-se de Hilary Austen? A caminho da arte!!!)
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Começou com 15 trabalhadores. Hoje são mais de 80. E, contrariando a tendência actual, a fábrica até está a admitir colaboradores. Não há uma fórmula mágica(Moi ici: Se os cainesianos percebessem isso... se percebessem como o seu mundo é redutor e pobre, se vislumbrassem o quão rico em diversidade e nichos é a vida em Mongo"Mas há um conjunto de receitas que se vai aperfeiçoando à medida que a Porcel vai evoluindo", (Moi ici: É a única forma, tentativa e erro, tentativa e erro, iterar, iterar, iterar sempreafirma Ana Luísa Roque, especificando algumas: "produtos de qualidade, inovação, design, flexibilidade, rigor e formação dos trabalhadores."

A Porcel oferece todo o tipo de produtos, especialmente para os segmentos médio- -alto e alto, uns com decorações mais simples, sem ou com pouco ouro, e outros com decorações mais complexas."
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"Para combater a actual crise, a Porcel aposta em feiras e mostras internacionais, (Moi ici: Já aqui escrevi acerca da presença em feiras e eventos do género) isoladamente ou associada aos seus parceiros não formais, que nas suas exposições incluem produtos da fábrica."
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sexta-feira, agosto 12, 2011

Apesar do euro alemão, dos salários e da TSU

"Exportações no sector têxtil subiram 13 por cento":
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"Se as exportações portuguesas de produtos têxtil e vestiário mantiverem o ritmo de crescimento do primeiro semestre, de 13 por cento, o sector deverá fechar o ano com um valor de exportação superior a quatro mil milhões de euros, um número que não se repetiu desde 2008." (Moi ici: Claro que há que descontar a influência do aumento das matérias primas como o algodão)
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"Indústria cerâmica exporta metade da sua produção":
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"A indústria da cerâmica revela já um grau de internacionalização 2,5 vezes superior ao da média da indústria nacional e apresenta, segundo dados da associação empresarial do sector, a APICER, indicadores que exprimem a sua relevância na economia nacional.
A indústria cerâmica exporta 50% da sua produção, sendo que quase 40% das empresas são exportadoras.
O saldo da balança comercial é positivo da ordem dos 400 milhões de euros em 2010, com uma taxa de cobertura das importações pelas exportações de 395%, tendo sido em 2010 o sétimo sector - num conjunto de 99 sectores exportadores - que mais contribuiu positivamente para o saldo da balança comercial.
Segundo o indicador da vantagem comparativa revelada o grau de especialização da industria cerâmica portuguesa é 3,6 vezes superior à especialização que a cerâmica apresenta a nível mundial. Os principais mercados de destino são: França (26,6%), Espanha (18,3%), Alemanha (8,2%), Reino Unido(6,3%) EUA (5,1%).
No contexto da União Europeia, e segundo dados relativos a 2009, Portugal foi o primeiro produtor de cerâmica de mesa e louça sanitária; o quarto produtor de pavimentos e revestimentos, e o sexto produtor de telhas cerâmicas.
Também no seio da UE Portugal foi - dados de 2009 - o terceiro maior exportador de louça sanitária, o quarto maior exportador de cerâmica utilitária e decorativa e o quarto maior exportador de pavimentos e revestimentos" (Moi ici: Num mercado super-competitivo como o da construção não creio que seja pelo preço que se exporta, como recordo com o exemplo da Dominó. Afinal, não temos custos inferiores à Turquia, ao Brasil e à China)
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"Exportação de calçado aumenta 19,5% em cinco meses":
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"Feitas as contas, e debruçando a análise nos primeiros cinco meses do ano, o calçado luso chegou a 130 países dos cinco continentes e cresceu em praticamente todos os destinos, com especial incidência na União Europeia. Aqui, as exportações registaram aumentos de 8,2% em França, 17,5% na Alemanha, 22,2% na Holanda e 34,9% em Espanha e atingiram os 76,8% em Itália.
Fora do mercado europeu, destaca-se pela negativa o mercado Angolano, que desceu 27,3%. Por seu turno, na Rússia, EUA, Japão e Canadá a percentagem aumentou significativamente." (Moi ici: Tudo países em que o preço mais baixo não me parece que seja o padrão de consumo)
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"Empresa de Paredes abre lojas de móveis em Paris e Madrid":
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"Na era do "produto personalizado", "feito à sua medida", a Decorpaços, empresa de móveis de Paredes, através da marca "Interdesign", aplicou a receita ao mobiliário."  (Moi ici: Será que uma empresa de Paredes pode competir com a IKEA no pronto-móvel? Claro que não. Solução? Fugir desse campeonato... Mongo rules!!! Variedade e personalização!!!)
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Apesar da desvalorização do dólar "Défice comercial dos EUA no valor mais alto em quase três anos":
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"Pelo segundo mês consecutivo, as exportações norte-americanas estiveram em queda. Em Junho, recuaram 2,3 por cento, para 170,9 mil milhões de dólares (120,2 mil milhões de euros), ao mesmo tempo que as importações caíram 0,8 por cento, para 223,9 mil milhões de dólares (157,6 mil milhões de euros)." (Moi ici: O que só mostra como quem só conhece o preço como variável que influencia a compra e venda está muito longe de perceber o mundo actual)
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""Segundo vários indicadores estatísticos (INE, Eurostat, CCDRN), o calçado nacional é o segundo mais caro a nível europeu em termos de produção", referiu Inácio Ribeiro explicando que "um par de sapatos sai em média de uma fábrica em Itália a 25 euros", e que "em Portugal ronda já os 23 euros".
Desta feita, o presidente do município garantiu que "Felgueiras coloca-se assim no topo de preço/custo de produção" e que, de futuro, o objectivo passa por "levar a Descalço para fora dos limites do concelho, nomeadamente a Lisboa", finaliza." Trecho retirado daqui.
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Lembrem-se... há 2 tipos de empresas. As que descem os preços e as que sobem os preços. E a maioria esmagadora das empresas portuguesas só pode competir com vantagem é no mercado onde os preços sobem.

sexta-feira, junho 27, 2008

A propósito da cerâmica

A propósito deste artigo do DN de hoje "Crise agrava-se na cerâmica" há um tipo de informação que gostava de consultar. A crise no sector é geral? Não há empresas que escapam e se recomendam? Sim ou não?
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Se sim, o que é que fazem de diferente?
Para quem?