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quarta-feira, dezembro 13, 2023

"Curar" em vez de prevenir

Há tempos ofereci este livro à minha mulher,  "Outlive", de Peter Attia.

O autor, um especialista em longevidade demonstra o quão desactualizada está grande parte da medicina moderna, em parte porque frequentemente procura "curar" em vez de prevenir doenças crónicas. Curar aqui não é acabar com a doença, apenas mascarar ou esconder os sintomas.

Isto faz-me recordar uma conversa que tive há tempos precisamente sobre isto. Há uma causa-raiz que gera uma série de sintomas perversos. O que se faz? Atacam-se os sintomas sem considerar a hipótese de investir na eliminação da causa-raiz. Complicam-se os sistemas, introduzem-se passos que não criam valor, apenas servem para controlar, e acrescentam-se camadas de complexidade. Nas empresas e, pelos vistos na medicina.

O mesmo se passa na política...

Parei aqui ontem à noite. Esta manhã, 6h30, e estou a ouvir o que vem a seguir ao minuto 7:12 ...


Não há coincidências... 

quarta-feira, maio 31, 2023

Quando faz sentido propor acções...

Quando comecei a minha vida profissional no mundo da qualidade foi antes de conhecer a ISO 9001. Estávamos no final dos anos 80 e ainda por cima numa empresa com capital maioritariamente japonês. O meu trabalho focava-se sobretudo na redução da variabilidade dos processos e na investigação das causas das reclamações. Por isso, falar em qualidade significava falar em melhoria, significava conhecer toda uma série de nomes japoneses ligados à melhoria da qualidade, significava conhecer Deming e Juran (Crosby nunca me disse nada, falha minha certamente).

Faz-me impressão encontrar sistemas de gestão da qualidade chefiados por gente voluntariosa, gente trabalhadora, gente que procura seguir os requisitos da ISO 9001, mas que não sabe o que é a melhoria contínua, nem conhece as suas ferramentas.

Se uma empresa tem um objectivo SMART para:

  • Reduzir as não conformidades em produção; a acção proposta não deve ser “Sensibilizar os operadores para executarem as tarefas com maior atenção e brio profissional, dar formação para operar com os equipamentos e executarem corretamente as atividades”
  • Reduzir a taxa de atrasos nas entregas; a acção proposta não deve ser “Melhorar planeamento, sensibilizar responsáveis do planeamento para melhoria, dar formação ao planeamento, dar informação às secções para melhorarem desempenho”

Por exemplo, acerca das não conformidades em produção:

  • Quais os motivos mais comuns de não conformidade?
  • Quais os produtos mais afectados pelas não conformidades?
  • Em que operação se geram as não conformidades mais comuns?
  • Há alguma relação entre a frequência de não conformidades e o dia da semana ou do mês?

Por exemplo, acerca da taxa de atrasos nas entregas:

  • Quais os motivos mais comuns de atraso nas entregas?
  • Alguma relação com o tipo de produto, ou de cliente?
  • Alguma relação com a carga de encomendas e a taxa de ocupação da capacidade?
Agora admitamos que os operadores não têm a formação adequada para operar os equipamentos, ou que quem planeia também precisa de formação. Como é que estes trabalhadores são colocados a desempenhar funções sem terem a competência adequada? O que é que falhou, e falha, no sistema para que isto possa acontecer? É uma falha na admissão ou uma falha na descrição de funções?

Não faz sentido propor acções sem primeiro perceber o que se passa, para depois investigar e procurar as causas raiz. Só depois de saber quais são as causas raiz é que faz sentido pensar em propor acções.


quarta-feira, abril 06, 2022

Tratamento sintomático

Ontem de manhã, no Jornal de Negócios, li:

"O que explica que, sendo o décimo pais que mais fundos recebe face ao PIB, Portugal tenha dos piores desempenhos económicos na UE?

- Portugal está praticamente estagnado desde 2000 porque não tem tido uma boa performance no que toca a crescimento sustentado."

Depois, durante a minha caminhada matinal sublinhei:

"Complexity, in combination with unfolding new and unforeseen circumstances, produces systemic problems that manifest themselves throughout the enterprise.

...

Systemic problems tend to be stubborn because their root cause(s) are not obvious; it takes a deliberate and concerted effort to diagnose them and create authentic solutions. Unfortunately, only a few CEOs deliberately choose to initiate and sustain such an effort. The majority of CEOs tend to favor investing in the same familiar solutions that caused the systemic problems in the first place because they find them prudent, safer, and easily defensible because others have already opted for the same solution. This is precisely why systemic problems are so costly and why they can linger in the system for such a long period of time. Nothing changes until someone intervenes with innovative and effective solutions, or until these problems unleash a destructive chain reaction-whichever comes first.

...

Treatment of symptoms - without knowing their root cause(s)-is malpractice. Root causes can only be solved with solutions which efficacy is grounded in proven cause-and-effect relationships, thus predicting to restore integrity to the system. That is what distinguishes them as authentic solutions.

...

The obstacle standing between a CEO’s experience of confusion and disorder and solving systemic problems is the individual’s own mental programming—in other words, the principles and methods she or he accepts because of a belief that they are valid and true and those she or he rejects because of a belief that they are invalid and untrue."

E recordei-me de "- Drop your tools!!! Ou porque não era o verdadeiro socialismo"

Trechos retirados de "The Root Cause: Rethink Your Approach to Solving Stubborn Enterprise-Wide Problems" de Hans Norden.

domingo, maio 10, 2020

Not jumping to ill-informed solutions

Parte I.
"You’ll never get past the tendency to leap to solutions. But there are ways to fight the tendency, to promote deep analytical thinking instead of Jumping. Here’s a four-step process to help you activate your inner Analyst and keep you from jumping to ill-informed solutions.
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1. Go and SeeIt’s easy to jump to conclusions — and lousy solutions — when you don’t have a clear picture of what’s actually happening. And you can’t have a clear picture if you don’t leave your desk, your office, or your conference room. [Moi ici: Isto pôs-me a pensar seriamente... sobre as auditorias remotas ou e-audits] Unfortunately, that’s where most leaders live.
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Taiichi Ohno was the father of the Toyota Production System, or what is now known as ‘lean’. As described in The Birth of Lean,
[Ohno] never rendered judgment simply on the basis of hearing about something. He always insisted on going to the place in question and having a look.
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Ohno said, “Data is of course important in manufacturing, but I place the greatest emphasis on facts.” Gathering facts comes from close observation of people, of objects, of spaces. By contrast, spreadsheets, reports, and anecdotal accounts are not facts. They’re data. They’re two-dimensional representations of reality, which makes it easy to jump to conclusions.
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Data tells you how often a machine breaks down on an assembly line. Facts — direct observation—show you that the machine is dirty, covered in oil, and hasn’t been cleaned and maintained in a long time."
This is how organizations, normally, see the world:
A place full of unexpected results conspiring against its existence and success.

But, if we digg a little deeper...
We always find an invisble system with its own agenda. Worst, we find nests of invisible cycles conspiring against the oficial agenda.

And what is interesting is ... like in that Alien movies: The evil (the xenomorph) was inside Ripley all the time.

As a rule of thumb always think on this:
Always look for short-term gains that deliver long-term costs.

Results are a natural outcome of how organizations work and manage. Some times it is just a rule, just a small practice, that derails the entire system.

Can you imagem the power of that bonus?
Delivering above target savings is something desirable and very tangible. Seeing that the management behind that delivers:

  • Raw materials that arrive to late and have to bypass quality control;
  • Raw materials that don't pass quality control;
  • Raw materials that don't arrive.
Takes a deeper and analytic look. Takes not Jumping into the simple, obvious and wrong.

"...
2. Frame It ProperlyFraming the problem properly is the first step on the road towards finding the right solution. Problem statements are deceptively difficult to get right. For one thing, it’s easy to mistake the symptoms for the underlying problem. The Jumper inside you gravitates towards symptoms. They’re easy to see and comparatively easy to address. It’s the Analyst inside you that has the cognitive power to find the root cause of those symptoms, and to really fix the problem. [Moi ici: Recordo estar em Abril de 2019 a olhar para as reclamações recebidas por uma empresa e, constatar que em apenas 3 meses já tinham tido 8 reclamações com o mesmo motivo. Olhando para o tratamento de cada reclamação, percebi que cada uma tinha dado origem a uma acção correctiva. No entanto, já iam em 8 reclamações em três meses. Quando pesquisei o conteúdo de cada acção correctiva descobri que a acção era sempre a mesma, porque a causa identificada era sempre a mesma: erro humano. Erro humano não é causa nenhuma. As causas-raiz costumam estar bem escondidas. Daí que uma investigação para as encontrar não seja fácil. Daí que eu não proponha que se desenvolvam acções correctivas por tudo e por nada, para que quando faça sentido se use a artilharia como deve ser.]
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How many times have you heard something like this (or said it yourself)? ‘The problem is that we don’t have enough time to do….’ Or, ‘The problem is that we need more money so that we can….’ Or, ‘The problem is that we don’t have enough people for….’
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These sound like legitimate problems, right? Not really. The truth is you never have enough time. You never have enough money. And you never have enough people.
...
A well-framed problem statement opens up avenues of discussion and options. A bad problem statement closes down alternatives and quickly sends you into a cul-de-sac of facile thinking. [Moi ici: Erro humano...]  Consider these two problem statements:
  1. Our sales team needs more administrative support.
  2. Our sales team spends six hours per week on low-value administrative tasks.
Although you hear this kind of framing often, notice that the first statement isn’t really a problem at all. It’s a solution.
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The only possible response to needing more administrative support is to hire more administrative support. What’s the solution to the second problem statement? It’s unclear — which is good! The second problem statement pushes us to think analytically. The observable fact (six hours) rather than the implicit judgment (we need more admins) raises other questions that help us develop better solutions: why do they have six hours of administrative tasks in the first place? How can we make the tasks faster? Can we use a computer? Can we use checklists and templates to reduce the burden? Are they actually necessary? Can we eliminate some of them entirely? If you see that your problem statement has only one solution, rethink it. Reframing the problem can help you avoid conclusion-jumping."
Trechos retirados de "Four Tools for Better Decisions" publicado na revista Rotman Management Spring 2020:

sexta-feira, fevereiro 22, 2019

Pena que o jornalismo passe ao lado

Ontem à noite vi esta notícia, "Escola Secundária de Canelas tem falta de funcionários".

No decorrer da reportagem ouvi e fixei: A escola tem um quadro de 21 assistentes operacionais e actualmente 12 desses assistentes estão de baixa médica.

STOP! 12 em 21!?!?!?!?!

A reportagem seguiu o guião habitual, os media não passam de megafones das corporações, e entrevistou o director da escola que fez o seu choradinho. A solução do governo de turno é, perante um problema, atirar dinheiro para cima dele. Logo, vão ser contratados mais assistentes operacionais.

Espero que na sua empresa esta abordagem não seja a seguida. Numa empresa os financiadores, os clientes, são livres e podem mudar para a concorrência se acharem que pagam mais do que o que recebem. A abordagem que uma empresa decente segue e que também devia ser seguida no estado é a de ir à raiz do problema.

É razoável pensar que 12 em 21 assistentes operacionais estejam de baixa médica em simultâneo?
Quais os motivos das baixas médicas? Há um padrão? Será que os assistentes operacionais são sujeitos a situações que levam à deterioração genuína da sua saúde física ou psicológica? Imaginem que isto era verdade... então o comboio de baixas há-de continuar para os novos que vierem, a menos que sejam precários.

Pena que o jornalismo passe ao lado da investigação e se remeta à condição de megafone.

Mais informação sobre acções de melhoria sobre causas raiz em:

quinta-feira, novembro 01, 2018

Cosmética versus sistemas

"Instead of reacting to an error with, “I need to be more careful,” we can respond with, “I can build a better system.”
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If it matters enough to be careful, it matters enough to build a system around it."
Há dias participei na reunião de revisão do sistema de uma empresa e tive oportunidade de elogiar a qualidade das suas acções correctivas, acções que atacavam a causa das coisas em vez de ficarem por cosmética superficial.

Elogiei-os porque é mais comum encontrar acções correctivas da treta do que encontrar genuínas acções correctivas.

Também por isso, esta semana numa acção de formação apresentei esta imagem clássica do blogue:
Recordar o poder dos sistemas:

Trecho retirado de "Quality and effort"



sábado, março 17, 2018

Causas e 5 porquês

Empresa mostrou-me vários registos de não conformidade, julgo que quatro.

Cada não conformidade estava bem descrita. E para cada não conformidade tinha sido identificada uma causa que fazia sentido e estava claramente descrita. No entanto, senti algum desconforto com essas causas. Por exemplo:
  • a não conformidade X foi gerada porque o operador A fez uma operação incorrecta;
  • a não conformidade Y foi gerada porque o operador B se esqueceu de fazer uma operação;
Logo ali, começamos a perguntar o "porquê?": por que é que ele fez uma operação incorrecta? por causa de Z. E por que é que Z aconteceu?

Interessante que em todos os quatro casos a causa-raiz foi falta de formação. Alguém tinha sido colocado a desempenhar uma função sem estar convenientemente preparado para tal.

Recuei aos anos 90 do século passado e ao tempo em que trabalhei com o Juran Institute em projectos de melhoria e usava este vídeo:

É fundamental chegar à causa-raiz.

Sem a bateria de 5 porquês:
  • as causas apontam para erro humano - afinal o problema é das pessoas e não da organização (recordar os textos de "O Erro em Medicina";
  • cada não-conformidade parece um caso isolado;
  • as acções que podemos equacionar para reduzir a probabilidade de recorrência são muito rudimentares
Disseram-me que iam criar um template para "obrigar" quem investiga as não-conformidades a perguntar porquê pelo menos 5 vezes.

Sendo uma empresa com falta de capacidade produtiva para a procura que estão a sentir, comecei logo a pensar em quantas horas de produção perdidas as não conformidades representam, e a traduzir em euros de facturação perdida por semana.

E contei-lhes um caso real desta semana: numa pequena localidade do centro do país, entrei num pequeno café que tem um pão d'avó muito bom para almoçar uma sandes. Reparei que estavam duas mulheres com pinta de ucranianas a falar entre si e a interagir com os telefones. Depois, entra um sr. Alberto que veio para ler o jornal do café, depois entra uma outra mulher para tomar um café e beber um copo de água. De repente os quatro começam a falar sobre as "queridas" da encarregada da fábrica têxtil em frente, que tinham sido seleccionadas para fazer horas-extra no Sábado e que só depois de terem confeccionado 700 peças é que descobriram que as tinham feito mal.

Trabalho na indústria desde Setembro de 1987 e confesso que nunca tinha percebido que a recusa deliberada em cumprir o plano de controlo da qualidade, para evitar fazer 700 peças mal, pode ter uma justificação perfeitamente racional: 
  • estamos pressionados pelo tempo para produzir o mais possível;
  • cada minuto que eu ocupar com controlo é um minuto que não vou estar a produzir;
  • como por princípio estou a trabalhar bem não preciso de controlar;
  • a não conformidade acontece;
  • o produto não conforme pode, ou não, ser retrabalhado;
  • acabo por perder mais capacidade produtiva do que se tivesse controlado como deve ser

sexta-feira, abril 01, 2016

A fuga em frente?

A propósito deste estudo de caso "Case Study: Which Customers Should This Restaurant Listen To?" a minha preocupação é prévia à decisão de alargar o leque da oferta ou não.
"we’ve hit a dead end with geographic expansion. That’s fine. We can focus on the existing restaurants for now.”
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“Yes, but turnover has been flat for the past few months, and we seem to be losing market share to Tikka House and to western competitors like KFC. Of course, we still have loyal customers who love us for the familiarity, but we don’t seem to be winning new ones. The excitement isn’t there anymore. That’s why Arundhati and I think we need to start expanding in other ways.”"
Eu é que sou antiquado, aviso. Porque, por mim, antes de pensar em crescer gostaria de perceber porque estou a perder quota de mercado. Crescer para anular esse efeito é fugir a perceber o que se está a passar, é a fuga em frente. É, eventualmente, alimentar e acumular/ampliar um problema actual.

sábado, outubro 18, 2014

Mapear uma conspiração

O Paulo Peres (aqui) acerca desta figura

pergunta:
"Quanto tempo você precisou para mapear (foi junto com o cliente?) todo o sistema Carlos?"
A resposta recorre à apresentação incluída em "O que começar a fazer na próxima segunda-feira para executar a estratégia?"
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Uma sessão de trabalho inicial com a equipa do cliente onde cada um, individualmente, tem de:

  • identificar os factos negativos que no dia-a-dia conspiram, para que a empresa tenha o desempenho actual e não o desempenho futuro desejado, e registar cada um deles num post-it (diapositivo 7);
  • identificar uma ou mais causas na origem de cada facto negativo, e registar cada uma delas num post-it (diapositivo 8);
  • identificar uma ou mais justificações ou razões para que o facto negativo seja relevante (diapositivo 9);
Recolho todos os post-its e começo o trabalho de casa.
  • Os factos negativos são relevantes para a execução da estratégia ou são só isso mesmo, factos negativos mas menores? (diapositivo 10) Ver até que ponto os factos negativos violam, promessas do mapa da estratégia da empresa;
  • Segue-se a parte mais dolorosa e morosa (diapositivos 11 a 14 ) colocar todos os post-its numa parede lado a lado e começar a relacioná-los uns com os outros e começar a acrescentar relações de causa-efeito entre eles;
  • Redigir relatório com a lista de factos negativos, causas e justificações iniciais e todo o trajecto até chegar a uma versão do diapositivo 14 e enviar para o cliente para análise;
  • Agora é que os membros da equipa do cliente, individualmente, vão ter conhecimento das ideias dos outros sem saber quem é o autor em particular de cada uma delas e, são convidados a, individualmente, pensarem em mais relações de causa-efeito e mais tópicos a acrescentar 
Numa segunda reunião com a equipa do cliente, critica-se, corrige-se, melhora-se o mapa da conspiração (diapositivo 14) para, depois, começar a construir as iniciativas, os projectos, que vão atacar aquelas relações de causa-efeito que estão associadas a factos negativos que conspiram contra o desempenho da empresa do cliente.
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Vantagens: as iniciativas são mais baratas, mais fáceis de executar (foi a equipa que as criou, literalmente, não foi um consultor de fora) e muito mais eficazes porque vão directas aos nervos do problema de desempenho.
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Como vê, 2 sessões para fechar o diapositivo 14 com talvez 3 semanas de intervalo entre elas. As iniciativas precisam de mais uma a três sessões que podem demorar algum tempo entre elas para que se recolha informação e se orçamente.

segunda-feira, junho 23, 2014

Será que um desconto é mesmo a solução?

"Unfortunately, the Economics 101 class we took in college has conditioned us to believe that lowering price should always return a commensurate increase in demand.  But on its face, this is simply not so.
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Getting customers to change their behavior often requires much more than a simple decision to decrease prices.  For example, if you want a customer who is currently not buying from you to change their behavior and begin doing so, you should first start with the question:  Why are they not buying from me today?  Often the answer is not because the price is too high.  In our research and experience, some of the common reasons we have heard include:
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 1.“Because we did not know the company sold those products”
 2.“Because their service quality was poor/unsatisfactory”
 3.“Because we have an existing relationship/contract with another vendor”
 4.“Because we don’t like the sales rep”
 5.“Because they don’t stock enough of the products we need to buy”
 6.“Because they are too far from our location; other vendors are closer”
 7.“Because their product quality is poor”
 8.“Because their systems don’t interface well with ours”
 9.“Because it is not easy to shop and order from them”
10.“Because they don’t have enough in-house product support expertise”
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When you step back and consider those reasons, you realize that it’s probably quite unlikely you’ll be able to combat these issues with a relatively small downward adjustment in price.  I say relatively small because in most cases it’s not realistic to make large, drastic price cuts.
If you want to change a customer’s behavior, you need to address the specific obstacle that’s to blame for the original behavior in the first place."
Trecho retirado de "So You’re Thinking about Lowering Prices …"

domingo, agosto 05, 2012

Problemas versus soluções: uma espécie de judo

"The brain likes to minimize energy usage because the brain developed at a time when metabolic resources were scarce. So there is a slight discomfort involved in putting effort into thinking, or any other activity that uses metabolic resources.
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Picturing something you have not yet seen is going to take a lot of energy and effort. This partly explains why people spend more time thinking about problems (things they have seen) than solutions (things they have never seen). It explains why setting goals feels so hard (it’s hard to envision the future)."
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Interessante!
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Gosto de, a partir dos problemas sentidos e identificados pelas empresas, partir para a identificação das soluções, seguindo a teoria das restrições. "Strategic Navigation" de William Dettmer foi quem me deu a peça que faltava para completar o meu puzzle para construir um Balanced Scorecard da 3ª geração. A partir de uma unidade elementar constituída por:

  • uma ou mais causas na origem do facto negativo;
  • um facto negativo sobre o funcionamento da empresa;
  • uma justificação para a importância do facto escolhido. O facto pode ser negativo, pode ser verdadeiro, e não ter relevância para os desafios estratégicos da empresa.
Cada participante identifica individualmente 5 a 8 unidades elementares. 
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Quando em plenário juntamos as unidades elementares começamos a ver que estão todas relacionadas entre si e que convergem para um topo que contradiz o topo do mapa da estratégia.

Juntando todas unidades elementares dá algo do género:
Depois, há que identificar as causas-raiz e começar a listar as actividades elementares que serão capazes de impedir a continuação da reacção em cadeia negativa que identificámos. Uma actuação cirúrgica, mais barata, mais precisa, e que parte das cabeças da equipa de gestão.
Em mais do que uma empresa já chamei a este exercício: "lavagem da roupa suja". Vamos pôr cá para fora tudo o que corre mal cá dentro. Uma espécie de judo, usar a facilidade da identificação dos problemas para identificar as soluções.

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Trecho retirado de "Your Brain at Work Strategies for Overcoming Distraction, Regaining Focus, and Working Smarter All Day Long" de David Rock.

quarta-feira, abril 04, 2012

Enfim, é o jornalismo que temos...

"Tudo a piorar na economia portuguesa após um ano de troika menos as exportações"
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Outro título que encerra em si todo um paradigma, toda uma visão do mundo.
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Imaginem uma pessoa com uma infecção. A infecção está lá e está a propagar-se. Contudo, a pessoa toma, todos os dias, umas aspirinas que impedem que o mal-estar se manifeste.
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Assim, alegremente, vai gangrenando, vai apodrecendo ... mas está tudo bem, não há sintomas!!!
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Agora imaginem que um médico resolve intervir e afastar o tratamento sintomático (por exemplo, os so-called investimentos do Estado, que quase sempre não têm nada de investimento, são simplesmente o despejar de dinheiro para cima dos problemas e, assim, mascarar os sintomas, aspirinas), para atacar as causas-raiz do problema...
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Sem as aspirinas, os sintomas deixam de estar mascarados e vêm ao de cima em todo o seu esplendor...
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Ponto de vista do autor do título, agora estamos pior... quando íamos como lemingues a caminho do precipício, hipnotizados pelo deboche do endividamento orgíaco do Estado, é que estávamos bem... agora estamos pior. Agora que estamos a combater a infecção, agora que estamos a cortar as partes gangrenadas, agora que estamos a tentar salvar um futuro que não passe pela Sildávia do Ocidente... é que está tudo pior...
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Enfim, é o jornalismo que temos...
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Bom, bom, bom era quando o Estado financiava a compra de carros made in Alemanha, ou França, ou Itália... sim, esses é que eram tempos...

sábado, março 27, 2010

Parte I - Concentração e aposta no lado errado

Para já sem comentários, o trecho retirado do Vida Económica:
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"A maioria dos pequenos empresários (53%) acredita que economizar é a melhor estratégia para manter o seu negócio no actual clima económico, de acordo com um estudo acabado de lançar pela Brother International Corporation. O estudo, intitulado «Brother Small Business Survey», revelou ainda que a maior parte dos pequenos empresários (79 %) vai tentar tornar o seu negócio mais eficiente no decorrer deste ano.
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«Os pequenos empresários sentem-se extremamente ansiosos relativamente à economia e ao seu negócio. Desta forma, estão a economizar o seu dinheiro de forma a garantir que possam sobreviver à crise económica e a posicionar-se para o sucesso a longo prazo», disse John Wandishin, director de marketing de produto e comunicações da Brother International Corporation. «Para ajudar a reduzir os custos, os empresários estão a procurar formas de tornar o seu negócio mais eficiente e uma das formas é através do investimento em equipamentos e consumíveis para a empresa que são fiáveis e irão proporcionar-lhes o melhor retorno do seu investimento».
O estudo revelou ainda que os pequenos empresários estão a considerar tomar medidas drásticas e desesperadas para ajudar a manter o seu negócio. Um exemplo da pressão que sentem é o facto de 15% mencionarem que abdicariam de 10% da sua empresa em troca da garantia que seriam protegidos dos efeitos negativos da economia em 2010. Dos pequenos empresários inquiridos, 51% afirmam que o seu nível de stress nunca foi tão elevado como agora e cerca de 48% pensa na sua empresa antes de adormecer.
A maioria dos pequenos empresários acredita que trabalham mais horas do que se estivessem a trabalhar por conta de outros, metade dos inquiridos aprecia a flexibilidade relacionada com o facto de deter a empresa e um terço admite que a empresa é uma paixão."
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O que é que eu critico no PEC? Tratamento dos sintomas sem ir às causas-raiz.
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Continua.

sexta-feira, março 19, 2010

Qual é a estratégia?

Pergunta, e bem, Ricardo Arroja no Vida Económica "Qual é a estratégia?":
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"Ora, neste quadro de emagrecimento, a questão que se coloca é: donde virá o crescimento económico? Trata-se de uma questão essencial, pois, apesar das estimativas conservadoras do Governo, a verdade é que, depois dos dados referentes ao PIB, divulgados na semana passada, a economia portuguesa parece mais próxima de uma segunda recessão técnica do que de outra coisa qualquer. Assim, para que o PEC bata certo, o crescimento terá de materializar, caso contrário, lá estaremos a fazer contas de novo. (Moi ici: estamos sempre condenados a fazer contas de novo porque o PEC só faz o tratamento dos sintomas e não vai às causas-raiz) Deste modo, a única via, aquela que tem sido repetidamente apregoada como a panaceia para os nossos males, é o crescimento da economia a partir das exportações. Infelizmente, o PEC, ao aumentar a carga fiscal e ao manter os custos de contexto (leia-se, burocracia pública), nada faz para melhorar a posição competitiva das empresas portuguesas no mercado europeu, muito menos no mercado internacional, dominado pelos asiáticos. Por isso, pensar que nos safamos à custa das exportações é uma mera fantasia."
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No mesmo semanário encontro uma aproximação da resposta à pergunta de Arroja no artigo "Cotec apoia criação de projectos inovadores e de alcance global":
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O que vai fazer crescer a economia portuguesa são as empresas que ainda não existem». É desta forma que Daniel Bessa, economista e director-geral da Cotec, sintetiza a importância da inovação e do empreendedorismo para o desenvolvimento da economia nacional."
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Ontem numa empresa, por causa deste raciocínio, durante a realização de uma análise SWOT, aquilo que começou por ser apresentado como uma ameaça "A situação económica das empresas portuguesas (potenciais clientes)", transformou-se numa oportunidade "As empresas do futuro e com futuro vão ter de apostar no ..." porque vão ter de ser empresas diferentes com abordagens diferentes.
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quinta-feira, março 18, 2010

Qual a diferença entre o tratamento sintomático e o ataque às causas-raiz? (parte V)

Continuado.
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- Mas por que é que dizem que a nossa proposta só ataca os sintomas?
- Na última auditoria da qualidade o auditor chagou-me a cabeça por causa disso, mas acabou por não escrever nada sobre isso no relatório final.
- Mas o que é que querem dizer com isso de atacar sintomas?
- Por que é que aumentou a quantidade de defeitos que entregamos ao cliente?
- Não sei, sei lá, eu só trato das compras de matérias-primas!
- Temos um problema chamado reclamação do cliente. Qual o sintoma, qual a manifestação da existência do problema?
- O aumento da quantidade de defeitos que entregamos ao cliente!
- E por que é que esse sintoma se está a manifestar?
- Sei lá! Se soubesse já tinha actuado!
- Mas nós já actuamos!
- Já?!?!
- Sim, ao reforçar o controlo da qualidade com a contratação de dois controladores. Só que essa acção representa um sacrifício da nossa margem sem ir ao âmago da questão que é "Porque aumentaram os defeitos que entregámos ao cliente?"
- Pois, gastamos dinheiro com mais controlo da qualidade e continuamos a produzir produto defeituoso, que controlamos e rejeitamos dentro da nossa casa. O cliente já não o recebe mas ele continua a acontecer.
- Com esta actuação fazemos um sacrifício e reduzimos o sintoma...
- Mas continuamos a produzir defeitos...
- Até parece a cena do PEC, o aumento de impostos é o mesmo que o nosso sacrifício da margem. Contudo, não se vai às causas.
- É como tomar uma aspirina para eliminar o sintoma da temperatura elevada... sem sabermos porque é que ela acontece.
- É só cosmética...
- É só cosmética...
- E como se vai ao âmago da coisa?
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Continua.

quarta-feira, março 17, 2010

Qual a diferença entre o tratamento sintomático e o ataque às causas-raiz? (parte IV)

Um parêntesis nesta estória só para encaixar este flash:
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Tal como um cliente ameaça um fornecedor que não quer ou não sabe melhorar o seu desempenho...
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"admitiu hoje que um país europeu seja obrigado, em último recurso, a sair da zona euro se, “repetidamente, não cumprir as condições” necessárias para se manter na moeda única."
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Faz lembrar aquela citação de Gertz e Baptista, qualquer coisa do tipo, "Cortar, cortar numa empresa até ao crescimento."
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O PEC de 2010 é só uma amostra do que aí virá em 2011 e 2012 e por aí fora.
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Pudera, se nos ficamos pelo tratamento sintomático.

Qual a diferença entre o tratamento sintomático e o ataque às causas-raiz? (parte III)

Voltamos à PME da parte II e à sala de reuniões onde está novamente reunida a equipa de Direcção.
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- O cliente não aceitou a nossa proposta!
- Não aceitou!?!?
- Dizem que a nossa proposta só ataca os sintomas...
- Só os sintomas? O que é que isso quer dizer?
- Dizem que a nossa proposta não é estrutural, não vai à raiz do problema. E mais, dizem que se estamos dispostos a aumentar os custos adicionando dois controladores da qualidade, então querem uma reunião connosco para discutir uma redução dos preços.
- Mas quem é que eles pensam que são? - Gritou o Director da Produção.
- Clientes que pagam a tempo e horas. - Respondeu o Director Comercial com um tom de voz destroçada.
- Mas por que é que dizem que a nossa proposta só ataca os sintomas?
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Continua.

terça-feira, março 16, 2010

Qual a diferença entre o tratamento sintomático e o ataque às causas-raiz? (parte II)

Portugal não tem poupança suficiente. Assim, todos os anos tem de ir buscar financiamento ao exterior para se manter. Uma empresa só existe virada para o exterior, pois, a única forma de se sustentar é conseguir seduzir clientes que estejam dispostos a trocar dinheiro por produtos e serviços.

Consideremos uma PME que acaba de receber uma carta do seu principal cliente:

“Segue em anexo um gráfico que visualiza o Vosso desempenho nos últimos 12 meses. Nele podem reparar que Vos foi atribuída a categoria de fornecedor de nível C. De acordo com o nosso contrato têm um mês para apresentar um programa que nos elucide sobre o que vão fazer para deixarem de ser fornecedor C.

Recordamos que os fornecedores tipo C deixam de ser nossos fornecedores preferenciais e, por isso, as encomendas a colocar à Vossa empresa serão reduzidas em 50%”

O Director Comercial termina a leitura da carta, pousa-a na mesa e fita os olhos dos seus colegas de Direcção.

- Quem é que temos de “untar” desta vez para resolver isto?

- Desta vez isso não vai resultar, com estes tipos isso não funciona.

- Bom, nesse caso vamos ter de fazer sacrifícios e cortar um pouco na nossa margem.

- Não creio que eles estejam a pedir uma redução do preço. Estão a pedir um plano para reduzir a quantidade de defeitos que lhes chegam a casa.

-Bom, então sempre temos de fazer sacrifícios e reduzir a nossa margem. Temos de reforçar o controlo da qualidade, vamos contratar mais dois controladores da qualidade para que se evite que os defeitos cheguem a casa deles.

-Todos de acordo? OK! Então vamos responder-lhes com um programa que prevê o reforço do controlo da qualidade.

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Continua

quarta-feira, março 10, 2010

PEC e chaves perdidas.

"Porque é que tenta encontrar a solução dos seus problemas aqui, tomando essas medidas?
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Porque são as medidas mais fáceis. Sabe, aqui estou iluminado por este candeeiro.


Na verdade, perdi as minhas chaves ali mais atrás, naquele beco escuro, mas não vale a pena procurar lá pois lá não tenho luz.
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Tratamentos sintomáticos atacam os sintomas, ficam-se pela superfície.
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Por isso, eles voltam sempre para nos atormentar, para nos surpreender quando menos estamos preparados para o seu regresso.
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