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sexta-feira, setembro 11, 2009

Será que reduzir salários é de esquerda?!

Em Janeiro de 2008 Miguel Frasquilho fez um desenho, apresentou um gráfico sobre o tema. Hoje, Daniel Amaral no Diário Económico volta ao tema no artigo "A gestão dos salários".
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Estranho é que Daniel Amaral coincida com Ferraz da Costa e Vítor Bento na solução de reduzir os salários!!!
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"Uma análise aos últimos cinco anos revela que os salários sempre cresceram mais do que a inflação e, nalguns casos, até mais do que a conjugação dos preços com a produtividade. (Moi ici: isto não é novidade, só os jogadores de bilhar amadores é que podem surpreender-se com isto ao fim de 5 anos!!! Os jogadores de bilhar profissionais teriam previsto, teriam visualizado o que iria acontecer ainda mesmo da tomada de decisão) E 2008 reivindicou a cereja no bolo: com a economia estagnada e a produtividade a cair, os salários aumentaram 3,4%! Há quem desvalorize estes números e lhe chame acção social; eu chamo-lhe acelerador de falências. (Moi ici: E voltamos ao tema da competitividade. Como é que Manuel Maria Carrilho lhe chamou? Voluntarismo! "Por isso, as lideranças do futuro terão de resistir à armadilha do voluntarismo, seja na forma que conduz a contraproducentes provas de força com a sociedade seja quando ele se refugia num qualquer tipo de determinação mais ou menos iluminada." Isto por causa de quem defende que as empresas que falirem, por não serem capazes de resistir aos aumentos salariais, não fazem falta? Impor-mo-nos aos outros é tão fácil... arvorar-mo-nos em vanguarda que sabe tudo para todos... enfim!)

Claro que isto se repercute na vida das empresas, sejam exportadoras ou não. No primeiro caso, não conseguem competir na ordem externa - as exportações baixam. No segundo, não conseguem competir na ordem interna - as importações sobem. O resultado final é um múltiplo atentado ao país: caem o investimento e a produção, disparam o desemprego e o endividamento. Como é que ainda ninguém reparou? (Moi ici: Onde estava Daniel Amaral quando se discutiu o último aumento do salário mínimo?)

Como se vê, temos aqui um paradoxo: os salários de miséria... são altos de mais. O choque, que se adivinha terrível, vai ocorrer lá para o final do ano, gerido por um Governo previsivelmente minoritário no Parlamento. Adivinho o pior: o Executivo apelará ao realismo dos sindicatos; as oposições cantarão loas ao "social" e serão todas contra. A questão central fica de pé: como é que se explica a uma pessoa com menos de 400 euros que a solução para a crise está na redução dos salários?" (Moi ici: Custa-me que os macro-economistas só consigam equacionar manobras de Lanchester ... julgo que têm de primeiro descobrir e estudar Skinner, enquanto os macro-economistas lutam pelo aumento da eficiência... Skinner chama a atenção para a meta-eficiência, para a eficácia. Skinner doutorou-se muito tarde, trabalhou vários anos na vida real das empresas, sabia o que era a realidade para lá das teorias. Zapatero, durante a campanha eleitoral que o levou pela primeira vez à Moncloa, disse que aumentar impostos era de direita e reduzir impostos era de esquerda. Esta semana aumentou impostos... será de esquerda? Agora, desconfio que ainda vou ouvir que reduzir salários é de esquerda!!!)

quarta-feira, setembro 09, 2009

Já fazia algum tempo...

... que eu não lia pensamento, reflexão política a sério. Posso não estar de acordo com tudo, mas estou de acordo com muita coisa. E vejo reflectido no texto com clareza e racionalidade, preocupações que sinto mas que não consigo verbalizar desta maneira.
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Por exemplo quando defendo que tenho saudades do comunismo soviético, corrijo, tenho saudades do medo do comunismo soviético, estou na verdade a traduzir de forma incompleta um sentimento que pode ser verbalizado da seguinte forma:
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"Em primeiro lugar, generalizou-se a ideia de que a queda do Muro de Berlim foi a vitória de uma forma de democracia que encontrava a sua forma final na pura e simples identificação com o mercado. Seguidamente, não se compreendeu que a globalização minava na sua raiz o compromisso social-democrata entre o trabalho e o capital, deixando o trabalho preso às suas raízes nacionais enquanto o capital se tornava cada vez mais livre num tabuleiro cada vez mais mundial. E a terceira razão encontra-se na identificação dos valores da modernidade com os da metamorfose do capitalismo na sua versão financeira - e aqui a "Terceira Via" inspirada por Tony Blair tem especiais responsabilidades. E tudo isto, note-se, sem nenhum pressentimento do brutal impacto que as economias emergentes (China, Índia, Brasil, etc.) viriam a ter no começo do séc. XXI."
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Ou a brilhante descrição:
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"Fala-se da crise actual, por exemplo, como se tudo não passasse de um filme, entre a "chegada" e o "fim" da crise. Durante meses, o assunto foi saber se ela já tinha chegado e, depois, passou a ser saber se ela já tinha partido! Tudo ao som de comentários e previsões de "especialistas" que antes não foram capazes de prever nada, mas mesmo nada do que aconteceu."
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Ou este pormenor sobre a construção europeia: "É preciso sublinhar ainda uma outra razão, que está na forma como, nas décadas de 80 e 90, o tema europeu funcionou como compensação das dificuldades que o socialismo enfrentou. Com Mitterrand, Soares ou Köhl, num primeiro momento, e depois com Jospin, Guterres ou Schroeder, procurou-se fazer da construção europeia o ersatz das ilusões perdidas do socialismo democrático."
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A não perder Manuel Maria Carillho no DN "O poder, afinal, para quê?"