terça-feira, setembro 08, 2020

Longe do mainstream

Interessante!
Os gurus deste país sonham com empresas grandes que possam ser mais eficientes e produtivas. Recordo o recente "Ignorar uma realidade básica" e o mais antigo "Mas claro, eu só sou um anónimo engenheiro da província".

Neste último postal, de Maio de 2013, cito esta afirmação:
"Há 12 anos éramos 500 pessoas e tínhamos cinco clientes activos. Hoje somos 160 e temos mil clientes activos"
Sintomático que, julgo que em 2018, a empresa de onde provinha esta citação tenha encerrado.

O que é que este consultor anónimo da província prevê para o grosso do sector do calçado em Portugal?

  • Há 20 anos éramos 500 pessoas e e tínhamos cinco clientes activos.
  • Há 7 anos éramos 160 pessoas e tínhamos mil clientes activos.
  • Daqui a X anos seremos 20-30 pessoas e teremos 50 clientes activos.
Recordo a minha previsão sobre a próxima fase do sector do calçado em Portugal, "Quantas empresas? (parte I)":
"Vamos entrar numa Fase 4
O número de empresas vai voltar a diminuir
A quantidade de pares produzidos vai voltar a diminuir
O número de trabalhadores vai voltar a diminuir
O preço médio por par vai novamente dar um salto importante"
Como é que isto acontece? Mudando de modelo de negócio!

Uma das vias que está mais desenvolvida é a da nichização. Contudo, a maioria das empresas ainda não está a diminuir de tamanho porque os nichos são o meu velho fiambre que vem complementar o singelo pão com manteiga. Os nichos são ainda vistos como um complemento.

Entretanto, li um artigo que me sugere outra alternativa para a Fase 4, "The ‘Zero Inventory’ Solution". Sim, trabalhar para marcas da gama alta que assentam o seu modelo de negócio na ausência de inventário.
"Nearly everything sold by Stòffa, a Manhattan-based maker of classic luxury menswear, is made-to-order or made-to-measure.
...
Building such a business takes time and patience. First, they had to establish relationships with manufacturers and suppliers in Italy that were willing to work this way. [Moi ici: Este modelo de negócio não assenta na presença nas clássicas feiras. As empresas portuguesas poderão tirar partido da marca "Made in Portugal" e da sua flexibilidade e rapidez de resposta] Then, they had to build up a client base, which they did through their own networks and city-by-city trunk shows.
...
But it wasn’t until Lever Style began working with newer brands that he transformed the way the company was managed and operated by focusing less on achieving minimums with one large brand and more on servicing many brands in a more efficient manner. Today, 50 percent of Lever Style’s sales come from brands that require quicker turnaround and smaller runs of product. Some of the companies he works with generate just a few million dollars a year in sales.
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Last year, Lever Style’s gross margin was 29 percent; higher than the industry average for a manufacturer that doesn’t have its own consumer brands."


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