quinta-feira, junho 27, 2019

Aquilo que qualquer gestor de pessoas numa empresa que trabalha 24 horas por dia e 7 dias por semana sabe

Há quase 10 anos colaborei num projecto balanced scorecard com os serviços de transporte colectivos de uma câmara municipal (de uma cidade de entre o top 10 em número de habitantes no país). O meu contacto mais próximo na organização não escondia duas coisas: a sua militância no Partido Socialista por um lado, e a sua avaliação muito negativa em relação a uma medida do anterior primeiro ministro António Guterres, a da redução da semana laboral na função pública de 40 para 35 horas.

Trabalhei vários anos numa empresa da indústria química que laborava 24 horas por dia e sete dias por semana. Os trabalhadores da produção trabalhavam por turnos de 8 horas (40 horas por semana), e gozavam 2 dias de folga por semana. Assim, para assegurar um dia de trabalho eram precisos 3 turnos. Contudo, por causa das folgas, havia um quarto turno.

Ah! Mas estamos a esquecer outro pormenor. As pessoas têm o direito a gozar férias e há limites ao número de horas extraordinárias a realizar pelos trabalhadores. Assim, por causa das férias a empresa precisava de 5 turnos para assegurar o trabalho diário.

Juro! Quando o governo de Passos Coelho passou o horário da função pública para 40 horas semanais lembrei-me logo do meu contacto nos serviços municipalizados de transportes colectivos e de como a sua vida teria ficado muito mais facilitada. Imaginem, uma empresa privada precisa de 5 turnos. Agora considerem qual terá sido o impacte do regresso das 35 horas aos serviços que trabalham por turnos. Quantas pessoas a mais são precisas para compensar aquelas 5 horas por trabalhador, mais os fins de semana e mais as férias.

Aquilo que qualquer gestor de pessoas numa empresa que trabalha 24 horas por dia e 7 dias por semana sabe, escapou ao ministro Centeno e ao ainda presidente Marcelo.

Continua, com romanos, Rio e Bismarck.

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