domingo, agosto 19, 2018

Era tão bom!

Há bocado, no Twitter encontrei esta imagem:
E foi inevitável a saudade.

Numa destas noites acordei para ir à casa de banho e depois não consegui adormecer. Fiquei a lembrar os longos meses de Julho que passava na aldeia onde o meu pai nasceu lá para os lados de Coimbra. 

Na estrada principal sem alcatrão, onde se faziam as fogueiras de São João, carros de bois como o da foto, carregados de mato, eram uma visão comum.

Julho era:
  • calor à moda antiga, sem balelas de Protecção Civil;
  • pesca de ruivacos no ribeiro com um anzol muito pequeno e miolo de pão como isco; 
  • pardais apanhados com costelos e fritos em vinha d'alhos;
  • fruta da árvore para a boca;
  • ir para a cama cedo, não havia televisão, e ouvir relatos de hóquei patins na rádio;
  • comer pão com açúcar e azeite caseiro;
  • o delicioso cheiro das batatas fritas em azeite e frigideira de ferro;
  • comer amoras das silvas.
Depois, a minha avó paterna foi viver com o meu tio-padre e os meus avós-maternos, retornados de Angola, foram para lá viver. E tudo se repetia, acrescentando ajudar o meu avô a regar o feijão e, no fim, tirar a mangueira do motor e meter a cabeça debaixo do caudal de água do ribeiro e refrescar o corpo todo.

Era tão bom!

3 comentários:

JCS disse...

Maravilhoso!...

Henrique Silva disse...

Gostei das características do seu Julho, especialmente "sem as balelas da protecção civil". Um abraço

CCz disse...

Abraços!