segunda-feira, abril 30, 2018

No país dos zombies, porque não se morre...

Ontem sublinhei esta ideia de Pedro Arroja:
"A reforma - a capacidade para, ao longo do tempo, ir ajustando as instituições à realidade que vai mudando - é uma característica das culturas protestantes. De facto, o movimento protestante original ficou conhecido para a história como  "A Reforma". Portugal, pelo contrário, alinhou no movimento oposto, "A Contra-reforma".
.
Reformar não é com os portugueses. Passam-se anos, décadas, às vezes séculos, e nada acontece, as instituições vão-se degradando, cada vez mais desajustadas da realidade e do mundo em que vivem, e nada muda."
Depois, recordei um postal recente de Nassim Taleb:
"Systems don’t learn because people learn individually –that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game.
...
And in the absence of the filtering of skin in the game, the mechanisms of evolution fail: if someone else dies in your stead, the built up of asymmetric risks and misfitness will cause the system to eventually blow-up."
Depois ainda, por um acaso, cheguei a um outro texto de Taleb no livro Antifragile:
"For the economy to be antifragile and undergo what is called evolution, every single individual business must necessarily be fragile, exposed to breaking — evolution needs organisms (or their genes) to die when supplanted by others, in order to achieve improvement, or to avoid reproduction when they are not as fit as someone else"
O texto de Arroja continua assim:
"É preciso um acontecimento. De preferência dramático, E tem de estar centrado em pessoas. É então que até as mesas se viram. E as reformas que não se fizeram ao longo de anos, décadas, às vezes séculos, fazem-se então todas de uma vez, de forma brusca e radical que até parece uma revolução."[Moi ici: Aquele "will cause the system to eventually blow-up"]
Fazendo fé no tal Vintage Taleb, as reformas não acontecem porque não se deixa morrer o singular e por isso o colectivo sofre. O país dos incumbentes, o país dos zombies:


Não estamos a desejar a morte a ninguém, mas a protecção aos campeões nacionais, lembram-se deles? A protecção dos centros de decisão nacional, a protecção das empresas grandes porque empregam muita gente e das empresas pequenas porque empregam localmente distorce as forças evolutivas em presença.

2 comentários:

CCz disse...

http://rr.sapo.pt/artigo/111888/nuno-garoupa-cartel-da-ar-legisla-para-evitar-novos-partidos

CCz disse...

https://causa-nossa.blogspot.pt/2018/04/o-que-o-presidente-nao-deve-fazer-13-um.html?spref=tw