domingo, abril 29, 2018

Curiosidades do dia

"A reforma - a capacidade para, ao longo do tempo, ir ajustando as instituições à realidade que vai mudando - é uma característica das culturas protestantes. De facto, o movimento protestante original ficou conhecido para a história como  "A Reforma". Portugal, pelo contrário, alinhou no movimento oposto, "A Contra-reforma".
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Reformar não é com os portugueses. Passam-se anos, décadas, às vezes séculos, e nada acontece, as instituições vão-se degradando, cada vez mais desajustadas da realidade e do mundo em que vivem, e nada muda.
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Escrevem-se artigos nos jornais, protesta-se na televisão, organizam-se conferências, escrevem-se livros, a obsolescência serve continuamente de conversa ao jantar entre a família e os amigos. Mas nada acontece. Em Portugal as coisas não mudam, nem nada se reforma, por argumento intelectual.
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É preciso um acontecimento. De preferência dramático, E tem de estar centrado em pessoas. É então que até as mesas se viram. E as reformas que não se fizeram ao longo de anos, décadas, às vezes séculos, fazem-se então todas de uma vez, de forma brusca e radical que até parece uma revolução." (Fonte 1)
"Não é por deficiência de personalidade que Centeno é equivalente a Gaspar, é a realidade efectiva das coisas que impõe esta convergência. Seja quem for que queira governar Portugal terá de reconhecer que o seu programa terá dois alicerces inamovíveis. Um resulta do fim do império: sem colónias, Portugal precisa da Europa para atingir a escala em que possa sustentar o nível de desenvolvimento que já atingiu - e sem esse alicerce terá de se resignar à regressão e ao empobrecimento. O outro alicerce é a taxa de juro (ou a notação das agências de "rating"): com o nível de dívida herdada do passado, a taxa de juro é a condição necessária para que possa ser emitida mais dívida para amortizar a dívida anterior (e serão precisas duas ou três décadas para se conseguir sair deste carrossel). São estes dois alicerces fixos que produzem a equivalência de Centeno e Gaspar.

Na origem de tudo: o modelo de sociedade (escrito na Constituição) não é compatível com o modelo económico (sem império e sem centros de acumulação de capital). Este é o motor que mantém o carrossel da dívida em movimento. Governar é tornar os dois modelos - da sociedade e da economia - compatíveis." (Fonte 2)

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