quarta-feira, novembro 16, 2016

Curiosidade do dia

"Chegámos ao ponto em que os que defendem novos modelos de negócio aparecem caricaturados como gente sem escrúpulos que se está nas tintas para os modelos mais antigos, como se fosse essa a opção. Chegámos ao ponto em que os grandes beneficiários da globalização se esquecem dessa mesma circunstância, alinhando em discursos antissistema.
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E a verdade é que, do lado dos que defendem a sociedade aberta, dos que acreditam que o crescimento e o emprego surgem mais consistentemente em países com maior liberdade económica, não tem havido capacidade para reagir a esse discurso.
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A eleição de Trump é mais um passo na afirmação do modelo de sociedade fechada, não é um passo qualquer. Quando o Presidente dos EUA, país que, mais do que nenhum outro, soube ser a reserva das liberdades, se permite relativizar a liberdade, menosprezar o livre comércio ou a livre circulação, estamos perante um sério revés do modelo de sociedade em que firmemente acredito."
Trecho retirado de "A crise das sociedades abertas"

9 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

Pretender apenas liberdade económica e esquecer que a segurança é uma necessidade fundamental dos seres humanos é uma ilusão vendida por alguns mas que esbarra com a realidade. EUA e Reino Unido, os países de Reagan e Thatcher, são agora os países que nas urnas querem reverter a globalização por uma razão simples: demasiadas pessoas pouco ganharam com a globalização mas perderam segurança.

fiscalidadenoblog disse...

O problema da falta de segurança não está relacionado com o problema da liberdade económica, mas está relacionado com a liberdade social.

A liberdade social é que tem trazido consequências nefastas para a segurança. O problema da falta de segurança não está relacionado com a abertura e com a assumpção da liberdade comercial (não vi em lado nenhum a segurança ser posta em causa por causa da liberdade comercial), mas com a liberalização da liberdade de pessoas.

Carlos Albuquerque disse...

A segurança a que me refiro é que segurança de saber que uma vida de trabalho me assegura bem estar económico, a possibilidade de ter e educar filhos e a garantia de que terei apoio na doença e na velhice. Quando a liberdade económica deixa milhões de pessoas a ganhar salários que mal dão para a sobrevivência imediata, a insegurança perante qualquer imprevisto futuro é dramática.

fiscalidadenoblog disse...

Já percebi. Quer segurança nos direitos. Quer que alguém lhe pague o seu bem-estar. Mas não será melhor ser o próprio a precaver essa segurança? Porque é que está à espera que sejam os outros? Não tem capacidade de o fazer ou pretende que sejam os outros a pagar lhe essa segurança?

Carlos Albuquerque disse...

Colectivamente, em sociedade, temos meios para garantir segurança a todos. A riqueza hoje disponível no mundo dá para toda a humanidade viver bem. Individualmente uma enorme parte da humanidade não tem meios para garantir a sua segurança. Em boa parte porque a total liberdade económica leva rapidamente uma minoria a apropriar-se de quase todos os recursos. E depois de deter a maioria dos recursos usa-os para não permitir aos outros aceder a eles e para garantir ainda mais concentração.

Quando uma grande parte de uma sociedade se vê privada de segurança e de meios de participação nos frutos da sociedade começam a surgir fenómenos estranhos. Trump é um desses fenómenos. O comunismo e as revoluções são outro desses fenómenos. Indissociáveis da injustiça que os alimenta. E geradores de injustiça e sofrimento. Pedir liberdade económica e deixar cada um entregue a si próprio não acaba nada bem.

fiscalidadenoblog disse...

Pois. Mas os dois casos que mencionou (comunismo e Trump) são dois casos de limitações claras à liberdade. É isso que eles defendem. No que respeita à riqueza, percebo muito bem porque é que defende a distribuição da riqueza - pretende receber uma parte do esforço dos outros. Conheço muita gente que não se esforça para levantar uma palha, mas que estão na linha frente quando chega a vez de meter a mão no dinheiro dos outros. Em vez de perder tempo a esforçar se para pedir mais distribuição, porque é que não cria uma empresa e distribui os lucros pelos seus trabalhadores? Faça isso é estará a realizar um sonho. O problema é que os que pedem mais distribuição são os que não geram qualquer riqueza...

CCz disse...

O bastonário das Antrais

Carlos Albuquerque disse...

Dado que o dia tem 24 horas para todos, quem tem milhões de vezes mais do que os seus funcionários é realmente capaz de estar a receber uma parte do esforço dos outros.

Quanto ao comunismo e outros populismos, não estou a defendê-los, estou a dizer que são consequência directa da situação vivida por milhões de pessoas. Deveríamos ter o bom senso de não chegar lá. Mas se as coisas descarrilarem, será que podemos sempre usar o argumento "A vida não é justa! E?" ?

fiscalidadenoblog disse...

"Dado que o dia tem 24 horas para todos, quem tem milhões de vezes mais do que os seus funcionários é realmente capaz de estar a receber uma parte do esforço dos outros.". Constitua uma empresa e faça exatamente o contrário, mostrando aos restantes como se faz... Isso é que seria contribuir para o que defende; agora exigir aos outros que o façam não custa nada.