quinta-feira, outubro 13, 2016

Curiosidade do dia

"Não importam os factos, pouco interessa o que é verdade, acredita-se, quase por fé, naquilo que se deseja que seja verdade. É o sentimento que conta, tal como nos mercados. Não é mentira, mas também não é verdade mas é aquilo que queremos que seja a realidade, seja porque assim pensam os nossos amigos, a nossa tribo seja o partido ou clube de futebol, ou aqueles a quem damos maior credibilidade que não são – e esta é a grande diferença – especialistas.
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Na era dos factos, basta verificar com estatísticas, frases ou relatos para se fazer ou desfazer uma declaração. Nesta nova era é mais importante quem diz, a que “tribo” pertence e especialmente, num mundo de imagem, a forma como se afirma."
Trecho retirado de "Os desafios da economia na era dos pós-factos"

4 comentários:

CCz disse...

https://twitter.com/DBRSRatings/status/786601624340951042

Carlos Albuquerque disse...

E quais são os factos? O que é que é decisivo para a DBRS manter o rating de Portugal? Basta ver o que anda a DBRS a dizer desde o início do ano: o entendimento com a Comissão Europeia. Porque no fundo toda a gente sabe que as yields só estão onde estão porque a UE nos mantém ligados à máquina. E aqui procuram-se os dados: o que é que a Comissão nos exige? O défice! E onde anda o défice? Quem é que cita dados do défice? O Economist, que fala do sentimento dos mercados? A Helena Garrido? Ainda há uns meses só se ouvia falar no défice. Agora já nem aparece nos "factos"?

Em resumo: a Helena Garrido tem razão e a conclusão do artigo que escreve é uma excelente ilustração de um texto da era dos pós-factos.

PS: Pode ser uma boa altura para comprar obrigações portuguesas enquanto estão mais baratas. Se a DBRS mantiver o rating podem subir depressa. Mas claro que ninguém seria capaz de andar a lançar sentimentos difusos e pós factos para lucrar com isso.

CCz disse...

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/financas_publicas/detalhe/the_economist_sobre_portugal_dbrs_esta_numa_posicao_complicada.html

Carlos Albuquerque disse...

Exactamente: sentimentos de mercado e pós factos, como diz a Helena Garrido.

Nesse aspecto Marcelo Rebelo de Sousa tem mais bom senso e já foi avisando que é melhor não estarem à espera de eleições tão depressa.