quinta-feira, maio 05, 2016

Curiosidade do dia

"O mais espantoso é como dirigentes e analistas parecem ignorar o desastre em progresso, mergulhados em temas laterais. As prioridades políticas que dominam os debates são reduzir o horário dos funcionários, fingir subir as pensões, baixar portagens ou recomprar os prejuízos da TAP. A presente conjuntura política anda, mais do que nunca, envolvida num véu de ficção.
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A prioridade é partilhar os despojos de uma prosperidade que realmente não existe. Chega a ser patético ver a ânsia com que se prometem impossibilidades e atribuem magras benesses a certos privilegiados, tomando essas ninharias como fim da austeridade. Que, muito em breve, terá de ser retomada. Entretanto, empresas e crescimento são vistos apenas como caça para o fisco esquartejar no banquete dos grupos de pressão. É isso que mata o investimento e o futuro. Assim, não admira a estagnação.
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Este caminho não conseguirá evitar novo colapso. Que os cortes têm de regressar, é já óbvio. A única dúvida de momento é se Portugal estará completamente viciado na ficção, ou se estas propostas políticas representam os últimos estertores de um mito morto. No primeiro caso, esperam-nos várias gerações perdidas, como na Grécia, Argentina ou nos tempos do império decadente."
Trechos retirados de "Império de ficção"

1 comentário:

Unknown disse...

O que é surpreendente é que a Comissão Europeia embarque na "disfunção cognitiva" e preveja um défice de 2,7% (abaixo dos 3% pela primeira vez desde a troika) e um crescimento de 1,5% que, não sendo nada de especial, também não é bem estagnação.

E a propósito de disfunção cognitiva, que dizer desta frase: "Chega a ser patético ver a ânsia com que se prometem impossibilidades e atribuem magras benesses a certos privilegiados, tomando essas ninharias como fim da austeridade. Que, muito em breve, terá de ser retomada."

Como é que se retoma aquilo que na frase anterior se reconhece que nunca deixou de existir? Ou JCN sente falta do espírito punitivo com que a austeridade era apresentada por governos anteriores?