quarta-feira, abril 20, 2016

Jaime Silva deve sorrir

Ao ler "Fundão. Cerejeiras nunca interessaram a tantos investidores, até estrangeiros" como não recordar o odiado ministro Jaime Silva.

Odiado por todos, desde o partido de Capoulas que governava até aos da oposição. Enquanto o coro dos media, dos políticos e do comentariado continuava a associar agricultura a cereal, a extensão, a quantidade, a commodity, um ministro tinha a distinta lata de dizer isto:
"Diospiro, figo kiwi, baga de sabugueiro e flores de ar livre são produtos considerados estratégicos para Portugal pelo Ministério da Agricultura.[Moi ici: O quanto o ministro foi atacado, criticado e gozado por causa disto]
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"Questionado pelo Expresso, o Ministério da Agricultura explicou, por escrito, que "as fileiras estratégicas são aquelas que, tendo elevado potencial de desenvolvimento sustentado, associado a factores de mercados (competitividade), climáticos, ambientais e naturais, se encontram num nível de aproveitamento insuficiente face às suas potencialidades."
Ora vejamos:
"No dia em que a notícia chegou, Paulo Fernandes ainda duvidou do número: até ele, o presidente da Câmara do Fundão e um dos responsáveis pela estratégia da marca cereja do Fundão, ficou surpreendido com o preço da cereja em Helsínquia.   Um quilo custava, naquele maio, 52 euros.[Moi ici: Em Agosto em Paris já a vi a 14 € o kg, e lembrar-me que em Agosto em Alcanizes, ao lado de Bragança, as cerejas apodrecem nas árvores]
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Talvez por isso também sejam cada vez mais os investidores portugueses e estrangeiros interessados em investir em cerejais. “Assistimos a um novo padrão de investidores. Tínhamos já uma economia familiar agrícola. Hoje temos muitos investidores com negócios noutras áreas e que aplicam as suas poupanças, o seu dinheiro, na produção agrícola, nos cerejais, em detrimento, por exemplo, de outro tipo de investimentos de caráter mais especulativo. Isso é uma excelente notícia para nós”, diz Paulo Fernandes.
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Nos últimos seis anos, a área plantada de cerejeiras na região – a maior a nível nacional – tem aumentado cerca de 10% ao ano, o equivalente a mais 200 hectares anuais a juntarem-se aos atuais 2600 hectares.
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Com uma produção muito próxima das 7000 toneladas anuais, assegurada por cerca de 400 produtores da região, a área de cerejais cresce a olhos vistos, assim como os negócios em torno do setor. ... Nunca se conseguiu pagar tão bem ao produtor – criámos formatos associados àquilo que se chama comércio justo e o preço médio da cereja durante toda a campanha ronda os 1,80 euros por quilo.[Moi ici: Falamos portanto de mais de 12,5 milhões de euros que entram por ano na região por causa da cereja. Cerca de 31 500 euros por ano por produtor]
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E o paradigma dos agricultores, pouco organizados e com dificuldade em chegar ao mercado, mudou.
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“Assistimos a um enorme rejuvenescimento do padrão de produtores com os jovens agricultores a chegarem em força. Fala-se de que, nesta região, apareceram nos últimos anos mais de 1000 projetos de jovens que estão, neste momento, no seu quadro de início ou desenvolvimento, o que altera completamente o patamar: traz mais conhecimento, mais sangue novo, mais energia para o processo, enquadrado numa região onde sempre mantivemos os agricultores tradicionais. Ou seja, podemos falar de novos investidores porque o conhecimento tradicional, esse ‘saber fazer’ nunca se perdeu”"

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