quinta-feira, fevereiro 11, 2016

"um atestado de desconhecimento da realidade" (parte IV)

Em 1987, no meu último ano na universidade como aluno, numa cadeira de gestão, o professor Folhadela ensinava-nos os rudimentos da micro-economia acerca da importância do cálculo da contribuição, o que eram custos fixos e o que eram custos variáveis, Recordo um exercício em que uma empresa produzia gabardinas e recebia uma encomenda do estrangeiro. O preço era mais baixo que o praticado nas encomendas normais, as do país. Contudo, como os custos fixos estavam pagos e o preço era superior aos custos variáveis, a conclusão era: aceitar a encomenda.
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Este era o racional da "guerra anterior" o mundo pré-China, ou antes, o mundo em que nós, Portugal, éramos a china antes de haver China.
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Hoje, o mundo económico é outro e as empresas portuguesas que operam no sector transaccionável tiveram de fugir do negócio do preço mais baixo para escapar ao rolo compressor chinês.
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O bicicletas ainda está na sua torre de marfim a contemplar as folhas de cálculo e os modelos que os seus professores lhe ensinaram. Por isso, como ilustrei em "um atestado de desconhecimento da realidade" (uma série com 3 partes) a falta de sustentação de uma afirmação como:
"Como é que se resolve o desafio das exportações?
Baixam-se os preços e os salários"
Ontem, mais uma confirmação do tal atestado de desconhecimento da realidade do bicicletas através do artigo "Portugueses compram mais roupa e calçado estrangeiros":
"O baixo nível de vida e o elevado preço da roupa e calçado "made in Portugal" são apontados como os principais motivos para que o consumidor português continue a privilegiar produtos estrangeiros.
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Apenas 1,7% dos inquiridos admite que o vestuário português representa a totalidade das suas compras. No calçado, o número é maior: 14,4%. Um em cada quatro consumidores não tem um único par de calçado português em casa."

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