domingo, julho 20, 2014

BSC numa IPSS (parte III)

Parte I e parte II.
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Abordemos então o tema da estrutura do mapa da estratégia (ver parte I). A dissertação propõe:
Com o argumento de que a IPSS é uma organização sem fins lucrativos:
"A principal diferença que se impõe e distingue uma Santa Casa da Misericórdia (caracterizada como sendo uma instituição particular de solidariedade social – IPSS) e uma instituição privada é claramente a missão e objectivos que prevalecem em cada um dos sectores.
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Enquanto em grande parte das instituições do sector privado um dos principais objectivos é obter lucro e uma posição competitiva vantajosa, uma instituição particular de solidariedade social procura “fazer o bem sem olhar a quem”, neste caso a SCMSASPS tem como objectivo acolher e institucionalizar idosos, ou utentes, que apresentem perda de autonomia gradual e que já não tenham condições para viver a sua vida com normalidade e qualidade na sua casa, mantendo os mesmos satisfeitos com os serviços prestados; e ainda [Moi ici: Estes pormenores de linguagem ainda dão mais força à minha provocação estratégica. As crianças vêm depois] prestar serviços na área de apoio e desenvolvimento infantil.
Apesar de receber mensalidades pagas pela maior parte dos utentes, a SCMSASPS não tem como fim a obtenção de lucro, mas sim manter a sua estabilidade económica e capacidade de se autossustentar ...
Neste sentido, as diferenças entre sectores traduz-se no BSC através da alteração da posição, no mapa estratégico, da missão e dos utentes, aos quais é atribuído maior enfoque pelo terceiro sector, devendo, por isso, mantê-los satisfeitos através da prestação de serviços com qualidade. [Moi ici: Para quem como nós aqui no blogue defende que o lucro não é um objectivo mas uma consequência... não há qualquer diferença]
No que à perspetiva financeira diz respeito, esta vai passa a constituir a segunda posição no mapa scorecard, pois o que se pretende é a estabilidade económico-financeira através da racionalização dos custos."
O que é ser uma organização sem fins lucrativos?
É uma organização que não procura ter lucro?
É uma organização que procura gastar o mesmo que recebe?
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E o que é o lucro?
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Uma organização sem fins lucrativos pode e deve ter lucro! O que não pode é acumular e distribuir o lucro pelos seus accionistas.
E o lucro não é em parte o custo do futuro? Sem lucro como é que uma organização investe para ter um amanhã melhor do que o que tem hoje? Pelo texto percebe-se que a IPSS precisa de dinheiro, que não tem, para investir...
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Para mim, a posição da perspectiva financeira não resulta de ser uma organização com ou sem fins lucrativos. Para mim a questão-chave é: de onde vem o dinheiro?
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1. O dinheiro vem do orçamento do Estado? Não!
2. A quantidade de dinheiro é independente do número de clientes? Não!
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Na dissertação pode ler-se:
"Relativamente aos recursos financeiros da SCMSASPS, a principal fonte de rendimento da instituição é a mensalidade paga pelos utentes.
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No que diz respeito às contribuições do ISS, estas variam de acordo com as respostas sociais, sendo a comparticipação fixada para o Lar de Idosos de 355€/mês por utente, podendo efetivamente aumentar consoante o grau de dependência do idoso."
Ou seja, sem clientes não há dinheiro!
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O dinheiro vem dos clientes directa e indirectamente (via ISS).
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Assim, por mim, usaria esta estrutura para o mapa da estratégia:
Pergunto: Os resultados financeiros da IPSS não são uma consequência de clientes satisfeitos?
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Na dissertação faz-se uma análise interessante dos stakeholders, no fundo aquilo a que chamo o ecossistema da procura, podia ter reflectido as conclusões dessa análise na estrutura do mapa da estratégia, incluindo: o ISS e as famílias, pelo menos. Se a IPSS não cumprir as regras determinados corre o risco de perder a comparticipação do ISS e, famílias insatisfeitas retiram os seus familiares da instituição e dizem mal dela a potenciais clientes.

Continua com a análise das relações de causa-efeito no mapa da estratégia.
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Continua com a análise dos indicadores e das iniciativas.

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