segunda-feira, janeiro 27, 2014

Uma boa proposta

Que combinações conseguem fazer:

Se calhar os mealheiros são melhores do que os bancos:
"Os Estados em risco de bancarrota devem ponderar avançar com impostos extraordinários sobre a riqueza dos seus cidadãos, designadamente com taxas pontuais sobre o capital, antes de pedir assistência financeira a países terceiros, sugere o Bundesbank."
E sugere bem, por que é que hão-de ser os contribuintes de um país a ter de financiar a irresponsabilidade dos eleitores de outro país?

6 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

"por que é que hão-de ser os contribuintes de um país a ter de financiar a irresponsabilidade dos eleitores de outro país?"

Porque recebem juros e porque ganham um enorme ascendente político sobre os devedores, podendo desse modo impor aos devedores as políticas que mais convêm aos credores. Acresce que, em casos conhecidos, na verdade estão a salvar os seus próprios bancos.

João Pinto disse...

Carlos Albuquerque,

Mas os contribuintes alemães que recebem os juros e que ganham ascende políto? Quando muito, poderiam ser os governantes alemães.

Mas queria que fosse ao contrário? Que os devedores continuassem a impor as suas políticas aos credores? E já agora, acha que se assim fosse os contribuintes dos países credores continuariam a financiar?

Acha que os contribuintes alemães emprestam aos contribuintes portugueses porque querem?

Nota: esta minha intervenção não significa que eu defenda o que o Carlos Cruz referiu.

Carlos Albuquerque disse...

Com a crise os contribuintes alemães passaram a ter empréstimos a juros baixíssimos e emprestam a juros não tão baixos assim. No fundo nem sequer têm que usar o seu dinheiro e os lucros com Portugal e Irlanda vão entrando.

Quanto ao ascendente político, os irlandeses iam sendo obrigados a alterar o IRC para não fazerem concorrência aos alemães. E parece que a saída sem "rede" foi uma forma de evitar imposições alemãs.

Os contribuintes alemães tanto apreciaram o que a Sra. Merkel fez que a elegeram outra vez.

João Pinto disse...

Carlos Albuquerque,

Temos de contar a verdade toda. A Alemanha, com moeda própria, sempre teve taxas de juro muito mais baixas do que Portugal. Com a adesão ao euro (mesma moeda), a taxa de juro de Portugal e de outros países baixou drasticamente - basta dizer que há 20 anos tomara Portugal ter taxas de juro como tem atualmente (que nós consideramos elevadas). Ou seja, como a Alemanha e Portugal passaram a ter a mesma moeda, os credores pensaram durante alguns anos que os dois países eram igualmente credíveis (volto a referir que antes do euro a Alemanha tinha taxas de juro muito mais baixas que Portugal), até chegaram à conclusão que Portugal teve sempre défice; que a dívida pública portuguesa foi sempre superior à média, que a nossa produtividade é muito inferior à média, etc. Começaram então a desconfiar até que Portugal voltou a ser diferenciado pelo credores tal como era antes da adesão ao euro...

O que acabei de dizer são factos. Não é retórica, basta ver qual é aevolução das taxas de juro de Portugal e da Alemanha antes e depois do euro.

Carlos Albuquerque disse...

João Pinto,

São factos, sem dúvida.

Mas ainda falta dizer que quando tínhamos moeda própria as taxas mais altas incorporavam a inflação e podíamos sempre imprimir mais moeda para fazer face a situações inesperadas (como os EUA ou o Reino Unido).

E sobretudo estes factos não invalidam o essencial: continuarmos no euro a dever muito dinheiro ao governo alemão (e/ou aos bancos alemães) é um óptimo negócio para os contribuintes alemães.

João Pinto disse...

"E sobretudo estes factos não invalidam o essencial: continuarmos no euro a dever muito dinheiro ao governo alemão (e/ou aos bancos alemães) é um óptimo negócio para os contribuintes alemães." . A solução é (agora já não é; era) fácil. Não pedimos dinheiro e já não lhe devemos.

No que respeita à sua primeira afirmação: fomos nós que optamos por esta situação. Ninguém nos impôs o euro.. no que respeita à impressão da moeda, isso daria muito que falar. «.. podia falar do que está a acontecer atualmente à Venezuela ou à Aragentina. Também podia falar dos EUA.. Tenho dito várias vezes que a impressão de dinheiro vai tornar a economia dos EUA pior. Quando acontecer (daqui a uns anos), alguém lhe vai chamar capitalismo selvagem..

As empresas não ficam mais competitivas pela impressão de moeda. Se assim fosse, qualquer país era rico. Lembro que muitos dos países pobres têm moeda própria e continuam pobres..