terça-feira, novembro 26, 2013

Se fossemos competitivos...

Pois, e não somos competitivos por causa do euro...
"Atualmente, a Lurga fornece ferramentas para todas as máquinas de compressão e exporta 80% da produção."
"Quando o choque rebentou e a primeira ilusão morreu, houve duas reacções. O povo em geral abriu os olhos e mudou mesmo de vida. Tem sido espantoso ver a atitude de famílias e pequenas empresas, que no meio de enormes sofrimentos, se desembrulham da terrível situação. Mas nas elites foi urgente construir novo mito que permitisse depositar a culpa em porta alheia, justificando os protestos. Afinal éramos todos inocentes e a maldade vinha de um punhado de corruptos incompetentes e da troika que nos ajudava. Esta segunda fantasia, em que todo o aparelho político-mediático anda apostado desde então, constitui uma magna operação de desinformação. E que se livrem de a contrariar!
O Estado, câmaras e instituições fazem o mínimo de reformas possível, esperando que tudo passe para se voltar ao mesmo. Grandes empresas, próximas do poder, gravemente atingidas pelas tolices antigas, aparentam uma normalidade oca. Em particular a banca, óbvia protagonista da crise financeira, assobia para o lado, empurrando o buraco com a barriga."
Trecho retirado de "Ensaio sobre a cegueira"

7 comentários:

CCz disse...

Mário Cortes? Are you there?

Carlos Albuquerque disse...

César das Neves é uma bênção para quem só quer ver uma pequena parte da realidade. É um óptimo contador de histórias e naturalmente não deixa que a verdade lhe estrague uma boa história.

"A perversa ilusão dos últimos vinte anos é hoje evidente. Qualquer observação honesta revela que um buraco deste tamanho só podia existir com cumplicidade de todos."

E contudo a dívida pública esteve perfeitamente controlada até 2007. Na verdade em parte desse período até foi reduzida. E se o problema era o modelo económico, então haveria que perguntar onde estava César das Neves. Parece que era conselheiro económico de Cavaco Silva, famoso por aceitar subsídios para destruir a produção e por achar que bastava o dinheiro entrar de qualquer modo no país para estarmos a progredir.

Quanto à corrupção, é preciso ter os olhos bem fechados para achar que foi algo sem importância. Quanto do dinheiro das PPPs foi para favores e decisores? Quanto do buraco do BPN, antes e depois da nacionalização, foi roubo puro e simples? Quanta actividade económica se poderia desenvolver se não fosse tolhida pela corrupção?

E depois disto tudo a culpa é daqueles que nunca tiveram nem tempo nem conhecimentos nem cultura para acompanhar e compreender as trafulhices?

Acho espantoso o sentido ético de quem se apoia estas narrativas.

Carlos Albuquerque disse...

João César Miranda das Neves, are you there?

CCz disse...

http://www.swisseduc.ch/stromboli/perm/yellowstone/icons/old_faithful_geyser.jpg

lookingforjohn disse...

O país precisava de passar pelo que está a passar para que todas essas pessoas e instituições aprendessem/aprendam que gastar não é sinonimo de investir e que gostarmos duma coisa não é sinónimo de precisarmos dela.
O modelo mental que tornava aceitável a uma Câmara de pequena dimensão gastar 14 milhões de euros num parque de estacionamento e num "parque da cidade" e depois ter dificuldades em pagar salários sem receber apoios do Estado que se prevê só poderem ser pagos ao fim de 40 anos ("se correr tudo bem") tinha que ser posto em causa.
Nem todos eram culpados, mas a maioria era e, incapazes de mudar o registo, gritam que os outros são os maus que tudo nos querem tirar.
Neste sentido, existe claramente uma "operação de desinformação".
Desculpe, Carlos Albuquerque, não estou a escrever isto para provocar ninguém, mas é mesmo assim que eu sinto e vejo as coisas, no decurso do contacto profissional com clientes e do que vou percebendo do dia-a-dia das noticias e das histórias que se conhecem.

Carlos Albuquerque disse...

Caro lookingforjohn, o "país" é uma ficção, uma personagem que César das Neves usa muito mas que esconde a diversidade e sobretudo mascara a injustiça. E o "país" não vai aprender grande coisa, sobretudo porque o que está a ser feito é um mau exemplo.

Quem se apercebeu do que estava a passar antes de 2011 foi-se precavendo, quer denunciasse quer não denunciasse. E por isso não são esses os mais afectados. Quem mais beneficiou foram os que faziam as obras cada vez maiores, porque maiores seriam as "comissões" e subornos associados. Esses estão já noutro patamar. Podem ir estudar para fora. Os que mais sofrem são aqueles que no meio disto menos meios tinham para perceber o que se estava a passar! Por isso me revolta esta atitude "César das Neves" de querer meter todos no mesmo saco para justificar que os sofrimentos dos mais pobres, fracos e ignorantes são merecidos pelos pecados dos mais ricos, poderosos e precavidos. Há uma profunda perversão moral nisto.

CCz disse...

http://www.portugalglobal.pt/PT/PortugalNews/RevistaImprensaNacional/Investimento/Documents/textil_jneg261113.pdf