sábado, novembro 30, 2013

Cahord

Esta imagem fez-me logo recordar:

Este é um ponto forte que os humanos terão de explorar cada vez melhor na sua competição com as máquinas, a capacidade para lidar com dois conceitos antagónicos em simultâneo. Perceber que têm de existir regras mas que elas são sempre instrumentais e, por isso, por vezes, um pouco de caos permite descobrir uma nova abordagem mais adequada perante um novo contexto.

Se calhar o melhor é fechar e culpar a conjuntura pelo encerramento

O que a sua empresa produz pode ter de mudar porque os clientes mudaram.
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Este relato de Seth Godin, "Who's left?" ilustra bem o fenómeno.
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Recordo Geoffrey Moore:
A maioria dos clientes mudaram, no entanto, ficam sempre alguns "laggards", uma minoria residual. Quando a nossa empresa não se adapta...
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Ou muda de produto, ou muda de clientes. Para mudar de clientes tem de mudar de prateleiras... novos canais de distribuição, novos canais de promoção, novos recursos, novas actividades, novos parceiros, nova proposta de valor... e tantos custos afundados... e o Arménio Carlos à porta a protestar. Se calhar o melhor é fechar e culpar a conjuntura pelo encerramento.

Ponto de vista

Eu assumo-o claramente!
Trabalho para e com PMEs, gosto de trabalhar para e com PMEs. Por isso, tento ver o mundo económico pelo seu ponto de vista, sem conotações cor-de-rosa, o mais realisticamente possível.
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Para quem trabalha uma Accenture? Para que tipo e dimensão de empresas? Não fará sentido ver o mundo pela óptica que melhor as serve?
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Atentemos em "Using Mass-Customization in the Age of Differentiated Products":
"As demand for more tailored products grows, industrial product manufacturers face the challenge of keeping pace. One solution could lie in developing mass-customization capabilities facilitated by 3D printing. (Moi ici: Será que faz sentido pensar na mass-customization quando a democratização da produção pode avançar e permitir que cada um produza em sua casa ou recorra a um "artesão" para fazer as coisas à sua maneira?)
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The appeal of mass-customization, the mass-production of individually customized goods and services, lies in its potential to help manufacturers reduce costs and gain a competitive advantage (Moi ici: É natural que este seja o pensamento de quem olha para o fenómeno pelo lado das empresas, grandes ou pequenas. Aqui, tento abrir mais a perspectiva e questionar se o ponto é mesmo o dos custos ou, se não será o da proximidade, o da flexibilidade, o da "made by me", o da "do it yourself". O autor sublinha os custos, eu, pensando pelo lado das empresas pensaria no pós democratização da produção. Como é que uma PME pode aspirar a captar clientes quando os clientes podem fazer em casa, ou podem mandar fazer num "artesão do seu bairro"? Talvez as PMEs do futuro sejam "a oficina de artesãos do bairro". Os clientes podem fazer em o jantar em casa, no entanto, continuam a existir restaurantes abertos à noite. São mais baratos? Por que é que se vai jantar a um restaurante quando se pode fazer o jantar em casa? O factor custo está envolvido na decisão de ir ao restaurante?), in this emerging market. The use of 3D printing, a technology that is moving toward broad industrial use, is becoming a key aid to customizing products on a large scale.
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Integrating 3D printing into manufacturing processes could reduce production material costs by as much as 90 percent, according to the U.S. Department of Energy. It also could help manufacturers better respond to on-demand production and improve their long-tail product operations.
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Although the general rule has been that mass-produced items are much cheaper when made in large quantities, the trend toward more customized production will impact the mass-production model, where standardization of items has been an adequate and preferred trait. (Moi ici: Sempre o ponto de vista dos mass-producers e o que lhes pode ser útil. Proponho outra abordagem, ir ao fim da linha, ao utilizador final e pensar: "O que é que será melhor para ele?". Isso é que vai ditar a evolução do ecossistema da procura, a menos que, amigos em posições de influência nos governos, decidam proteger os incumbentes) Mass-customization might not replace mass-production anytime soon, but to sustain a strong competitive position, manufacturers should be prepared to incorporate elements of 3D printing into their processes.
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Though mass-customization will be increasingly critical to producing tailored items, so will the creative process needed to optimize their design. The digital platform on which 3D printing is based can enable multiple individuals—from an organization’s product engineers and other employees to customers and industry outsiders—to contribute to design ideas, resulting in more differentiated, better-designed products. This concept, called co-creation, will help companies become more agile and flexible in meeting the product needs of a rapidly changing market. (Moi ici: E se a coisa puder ser feita numa rede social, qual a vantagem em existir uma empresa pelo meio? Não fará mais sentido um indivíduo ou uma cooperativa de indivíduos? Coase tem sido muito citado neste blogue nos últimos tempos)
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Three-dimensional printing moves design closer to prototyping, (Moi ici: Impressão 3D levanta logo o tema da propriedade intelectual e das patentes. O que acontece nos sectores em que o design não é objecto de patente, como no vestuário? A forma de sobreviver é a moda!!! É a criação sucessiva de versões diferentes. No vestuário, vamos a caminho das 52 épocas por ano, veja-se o caso da Zara)  and thus new product concepts can be created in less time than traditional methods, which required sending designs to external prototyping firms.
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The impact of 3D printing will be felt in the supply chain because on-demand part creation means some parts will no longer be shipped. Businesses will need to develop a digital inventory management system for warehousing 3D digital files to support their inventory and mass-customization capabilities.
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As 3D printing and mass-customization processes advance, manufacturers will be able to respond more quickly to demand for the increasing variety of customized products"

Pois... e capitalização para investir?

"Aquilo que reparo é que, apesar de faturarmos muito, ao fim do ano fica pouquíssimo. Se quisermos tratar as pessoas que trabalham connosco de forma justa, se quisermos ser absolutamente corretos, se cumprirmos todas as nossas obrigações, o mínimo que se pode fazer - não se pode exigir nada ao Estado sem cumprir escrupulosamente tudo o que há para cumprir -, de facto, não fica grande coisa. É um facto."
Se o Estado saca quase tudo, pouco fica para capitalizar e crescer. Depois, é preciso recorrer à banca.
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Recordar o "'Se querem evitar segundo resgate, aumentem impostos a toda a gente'", sim matem a galinha e tirem o ouro todo de uma vez.
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Trecho retirado de "“Jamais recorreria à bolsa para financiar A Vida Portuguesa""

sexta-feira, novembro 29, 2013

apesar de ambos (parte II)




Quantas vezes acontece isto?

Quantas vezes, na nossa interpretação dos requisitos dos clientes, acontece o que a figura ilustra?
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Quantas vezes deixamos, na nossa empresa, que este tratamento e falta de atenção prevaleça?
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Quantas vezes a falta de definição de responsabilidades ou, a falta de clareza na sua atribuição, acaba em situações deste tipo?
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Calçar os sapatos do cliente é fundamental!


apesar de ambos

A oposição, porque é oposição, menoriza o verdadeiro sucesso que é o desempenho das exportações portuguesas. E sempre que o fazem:
"Morre um panda bebé!"
A situação, porque é situação, tenta, qual cuco, aproveitar o sucesso alheio "Pires de Lima: Crescimento das exportações é um "feito extraordinário"". E sempre que o fazem:
"Morrem, um panda bebé e um gatinho bebé!"
Este blogue começou a ser escrito para ser um prolongamento da minha memória. Por isso, não esqueço:
Quer a oposição, quer a situação deviam perceber que o desempenho das exportações se faz, apesar de ambos, apesar das dificuldades que ambos teimam em levantar.




“What else can we do for our customers?”

O artigo aqui referido, "When Marketing Is Strategy" de Niraj Dawar, chega-me às mãos enquanto ao mesmo tempo leio "Contextual Pricing"... não há coincidências, todos os acasos são significativos.
"It’s no secret that in many industries today, upstream activities—such as sourcing, production, and logistics—are being commoditized or outsourced, while downstream activities aimed at reducing customers’ costs and risks are emerging as the drivers of value creation and sources of competitive advantage."
Os que se queixam da diferença de preço entre a gasolina no Pingo Doce e a gasolina na autoestrada, da diferença de preço entre a água da torneira e a água gelada engarrafada na banca da praia, da diferença de preço entre a encomenda feita com um mês de antecedência e a encomenda feita para ontem, deviam reflectir:
"Consider a consumer’s purchase of a can of Coca-Cola. In a supermarket or warehouse club the consumer buys the drink as part of a 24-pack. The price is about 25 cents a can. The same consumer, finding herself in a park on a hot summer day, gladly pays two dollars for a chilled can of Coke sold at the point-of-thirst through a vending machine. That 700% price premium is attributable not to a better or different product but to a more convenient means of obtaining it. What the customer values is this: not having to remember to buy the 24-pack in advance, break out one can and find a place to store the rest, lug the can around all day, and figure out how to keep it chilled until she’s thirsty."
Tento passar ás empresas a mensagem de que uma excessiva concentração nos custos e na produção, no nosso umbigo, ocupa largura de banda, espaço de atenção, que devia ser dedicado a estudar os clientes-alvo, a tentar perceber o que é valorizado por eles:
"Downstream activities—such as delivering a product for specific consumption circumstances—are increasingly the reason customers choose one brand over another and provide the basis for customer loyalty.
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Yet business strategy continues to be driven by the ghost of the Industrial Revolution, long after the factories that used to be the primary sources of competitive advantage have been shuttered and off-shored. Companies are still organized around their production and their products, success is measured in terms of units moved, and organizational hopes are pinned on product pipelines. Production-related activities are honed to maximize throughput, and managers who worship efficiency are promoted. (Moi ici: O eficientismo tão criticado neste blogue) Businesses know what it takes to make and move stuff. The problem is, so does everybody else.
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The strategic question that drives business today is not “What else can we make?” but “What else can we do for our customers?” Customers and the market—not the factory or the product—now stand at the core of the business."
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Continua.

"Ao vendermos o que é normal e usual, estamos a discutir sempre o preço"

O Bruno Fonseca chamou-me a atenção para este exemplo:
"Sopormetal, empresa que nasceu há quase 30 anos, dedicada então apenas à comercialização de produtos ligados à soldadura. (Moi ici: Especulo que o contacto com os clientes, com o mercado, permitiu perceber que existia um nicho por servir) A produção própria tornou-se realidade há cerca de sete anos, e foi nessa altura que a empresa se aventurou no mercado externo.
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Com 53 colaboradores e um volume de negócios de cinco milhões de euros em 2012, os materiais que a empresa de Albergaria-a-Velha produz “são muito técnicos, como ligas especiais com componentes de metais não ferrosos, ligas de prata, ligas de cobre, zinco e fósforo, especialmente fortes para uma indústria técnica”, sublinha Bruno Cadima, sendo usadas em vários tipos de indústria, desde a construção, principalmente na área das instalações de gás, ao automóvel, à joalharia, à eletrónica, à aeronáutica e à refrigeração.
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a empresa realizou recentemente um grande investimento a nível laboratorial, em conjunto com a Universidade de Aveiro. Por isso, nos próximos dois anos o objetivo de Bruno Cadima passa por apostar no desenvolvimento de produto. “Ao vendermos o que é normal e usual, estamos a discutir sempre o preço, e muitas vezes o que acontece é que estamos a baixar as margens. (Moi ici: É o mesmo tipo de linguagem de Hermann Simon". Recordei logo aquele grito "Não somos cortadores de custos!!!) Então queremos fazer I&D”, diz, explicando que, para isso, vai recorrer a know-how das universidades."
A aposta na inovação para um conjunto de clientes que estão underserved. O sublinhado final diz tudo, mais um missionário do Evangelho do Valor!!!
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Trechos retirados de "Dos contadores de gás à joalharia"

quinta-feira, novembro 28, 2013

Curiosidade do dia

"provavelmente mais do que apoios a empresas, há que retirar obstáculos ao seu desenvolvimento"
Só retirava o "provavelmente".
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Trecho retirado de "Guião da reforma do Estado (18)"

E estamos reduzidos a estas elites da treta

Ontem à noite, ao jantar, a certa altura proferi a frase:
"Mais vale rico e com saúde do que pobre e doentio"
A família parou, processou e, a minha mulher que não conhecia a frase disse qualquer coisa como:
"Isso é básico, claro que é preferível ser rico e com saúde do que pobre e doentio" 
A frase é óbvia e até gera sorrisos porque quem a ouve está à espera de um trade-off do género:
"Mais vale ser pobre e com saúde do que rico e doentio" 
Ou vice-versa.
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Escrevo isto por causa desta afirmação:
"Patrick Monteiro de Barros defendeu que "o problema [baixo salário mínimo] resolve-se aumentando a educação, a produtividade global", mas considerou que "não há vontade política para fazê-lo"." 
Quer dizer que se forçarmos legislativamente um aumento da produtividade global ele vai acontecer?
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E "não há vontade política para o fazer"? Qual é o trade-off? Não o vejo... proclama-se legislativamente a ordem para aumentar a produtividade global. Ela sobe e, poderemos pagar salários superiores...
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Se isto for verdade qual é o trade-off?
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Treta!!!
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E estamos reduzidos a estas elites da treta.
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Trecho retirado de "Patrick Monteiro de Barros diz ter "vergonha" do valor do salário mínimo em Portugal"

Disrupção nas universidades?

"The Great Reset, education edition (hi future)"

Estaremos perante mais um sintoma da disrupção no ensino superior?
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Como é que os jornais responderam à disrupção?
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Concentraram-se nos clientes do preço mais baixo e baixaram os custos e preços.... foi eficaz?
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Não foi nem nunca é eficaz, esses clientes já estão noutra!
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Qual a alternativa? Focar os underserved!
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Nem todas as organizações têm ADN e capital para isso.

O desassossego é bom!

A propósito de "Têxtil iguala exportações de 2007 com menos 2.500 empresas":
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Este é um tema que costumo apresentar nos seminários para empresários com o gráfico abaixo onde comparo 2006 com 2012.

5000 empresas em 2012 exportaram o mesmo que 8000 empresas em 2006.
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Apetece-me reparar nesta incapacidade para relacionar directamente produtividade com o aumento do valor acrescentado:
"Associação de industriais do sector justifica estes dados com o aumento da produtividade e maior valor acrescentado dos produtos vendidos ao exterior."
Como se a produtividade resultasse só de produzir mais depressa... até aposto que se fizermos um gráfico encontramos uma relação deste tipo:

 No entanto, no computo geral o artigo deixa-me uma mensagem de optimismo... finalmente na ATP começa-se a olhar para os pontos de diferenciação... o sobressalto é bom!!!
"O líder dos industriais do têxtil dramatizou que "este é um sector de instabilidade psicológica porque está sempre tudo a mudar", exemplificando que "se atrasar a encomenda, o cliente já não quer porque já não está frio". "Quem aceita o desafio de estar neste sector aceita o desafio do desassossego, do sobressalto", concluiu." 
Cabe a uma associação como a ATP fazer passar a mensagem realista de que quanto mais tudo estiver sempre a mudar melhor para o sector em Portugal.

Isto não é mudar um chip, é muito mais do que isso

A coisa nunca funciona nem nunca funcionará top-down, é sempre bottom-up.
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A propósito de "Cavaco defende "novo modelo económico" baseado na inovação". Espero que a ideia dele não seja Qimondas e mais Qimondas... recordar o recente "Os macacos não voam ponto".
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Isto não é só mudar um chip, é muito mais do que isso.

quarta-feira, novembro 27, 2013

Curiosidade do dia

"Em particular, falta uma definição clara de qual o motivo da intervenção do Estado. Apoiar empresas porquê? Tentando uma visão extrema, porque não pode abolir pura e simplesmente todos os apoios às empresas? A vantagem seria a de que cada empresa teria de pensar na sua sobrevivência em termos do valor que gera para o mercado e não em termos de quanto consegue obter de subsídios e apoios do Estado. Começar deste modo obriga também a pensar que motivos fazem com que se queira apoiar empresas e então depois pensar nos instrumentos que melhor conseguem alcançar esses objectivos.
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Isto é, gostava de ter a certeza que estes fundos não são apenas formas de ganhar apoio políticos nesta ou naquela área, sem haver necessariamente ligação a necessidades da economia real. É que raramente se contabiliza o custo das distorções das decisões das empresas para obterem esses fundos e estas verbas. É preciso ser muito claro sobre qual o motivo (falha de mercado) que justifica o apoio, e porque é esta a melhor forma de ultrapassar essa falha de mercado."

Trechos retirados de "Guião da reforma do Estado (17)"

A experiência é o produto

Em "The hands-on safari" escreve-se sobre:
"One of the hottest trends in tourism these days is so-called experiential travel, trips that allow travelers to place themselves in increasingly unique situations, sometimes helping do a greater good in the process."
E recordo:
"Na Quinta da Pacheca, qualquer um pode vestir a farda de trabalho com chapéus de palha e lenço tabaqueiro, pegar na tesoura de corte e no balde para a cortar uvas e, no fim, pisar as uvas nos lagares onde e beber um copo de Porto.
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A quinta de Lamego disponibiliza vários programas que vão desde o dia de vindima, que custa 72 euros por pessoa, o almoço de vindima por 54 euros ou a lagarada, que não passa dos 15 euros."
E também:
"Novos e menos jovens participam na pisa das uvas, a etapa que se segue à vindima e que antecede o processo que culminará no vinho que chegará às nossas mesas. Esta cena passa-se na região do Douro vinhateiro e os pisadores são turistas que aderiram a uma iniciativa que a CP promove anualmente." 
BTW, ainda há-de aparecer Raquel Varela a dizer que este tipo de actividade rouba postos de trabalho e contribuições para a Segurança Social...

Porque o preço não é tudo!

Como ando a ler "Contextual Pricing: The Death of List Price and the New Market Reality", recordar "O poder do contexto" e o exemplo do preço da gasolina, recebi este artigo "Deco: Remédios sem receita 10% mais baratos nos hipermercados":
"A amostra estudada custa, em média, 10% menos nos hipermercados do que nas farmácias, segundo as respostas obtidas em Julho deste ano de um total de 300 espaços.
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As diferenças de preços podem atingir os 116%, como no caso de umas gotas para as cólicas do bebé que chegam a custar mais do dobro do preço entre o ponto de venda mais barato e o mais caro.
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Apesar de apresentarem preços mais elevados, as farmácias continuam a ter 84% das vendas dos medicamentos não sujeitos a receita médica, refere o artigo da Teste Saúde, a que a agência Lusa teve acesso."
Entretanto, há momentos no twitter o @CN_ profetizou "vai aparecer um engraçadinho com a ideia do preço fixo, vai uma aposta?"
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Os números são muito interessantes, apesar de em média o preço ser 10% superior nas farmácias, 84% das vendas continuam a ser nas farmácias. Por que será?
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Porque o preço não é tudo!
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Localização? Conveniência? Atendimento? Horário?
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Algo que as PMEs deviam interiorizar, o preço, mais baixo, não é o único critério. E neste caso a lição ainda é mais poderosa porque o produto comprado é o mesmo, a caixa é a mesma, só muda a prateleira, só muda o contexto.

Acerca do Estranhistão e a cegueira do mainstream

O Estranhistão segundo Plantes em "Business-to-individual business models will win out in the Connected Customer Era"
"you must redesign your business models, processes, systems and even culture to serve each customer as a market of onean individual that you know versus a member of a uniform target market described by its averages. (Moi ici: Recordar o que escrevemos sobre os fantasmas estatísticos e o olhar olhos nos olhos. Enfim, sobre a miudagem)
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Customers have always preferred personalization, but it was too expensive. Their desire for personalization is finally realistic because software solutions enable organizations to know each customer as an individual, and software and manufacturing technologies enable us to customize the offering and experience at every customer touch point. Just as companies that stuck with poor quality and historic business models in earlier eras got disrupted, companies that continue to treat a customer as a non-differentiated member of a uniform target market will be disrupted in the new era.
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value promises must be tailored to the customer’s unique needs and revenue models and value chains individualized to maximize customer value at every customer touch point, leading to loyalty-building customer experiences.
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The cultural demands of the Connected Customer Era will be great. Each employee and customer becomes a vital component in personalized value chains, demanding far more collaboration internally and with customers than in years past. (Moi ici: Aqui está o potencial para uma grande vantagem competitiva para as PMEs, a facilidade no tratamento individualizado, personalizado, pessoal) All employees, not just the sales and marketing department, are now part of the marketing message. Furthermore, with customers having more of a window into companies, and the ability to share positive and negative reviews with others through social media, a company’s culture must authentically align with its brand promise.
The need to become a B2I – Business to Individual ­– company holds true even if, as a B2B company, you have a small customer base. You must engage in two-way conversations with a larger set of decision makers, influencers and users in your target market about broader topics, (Moi ici: O ecossistema da procura) surfacing fresh ideas about unmet needs and opportunities. You prevent disruption by designing individualized value propositions and value chains that maximize value at every touch point."
 Isto é um festival para a batota da concorrência imperfeita.
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Infelizmente, o mainstream continua a querer combater as batalhas do século XX... eficientismo, escala:
"companies that continue to treat a customer as a non-differentiated member of a uniform target market"
Recordo "O gozo do puto anónimo de província" e "Mas claro, eu só sou um anónimo engenheiro da província"

Industrie 4.0

Mão amiga fez-me chegar esta apresentação


Comecei a vê-la e parecia que estava a ver um resumo deste blogue:

  • 1. a importância da experiência para os clientes percepcionarem valor
  • 2. a personalização, a customização, Mongo e o Estranhistão
  • 3. a importância da proximidade e da autenticidade
  • 4. a internet of things (IoT)
  • 5. o controlo remoto... quando mostrar esta imagem a uma empresa que está a engonhar para lançar esta função para os empresários seus clientes
  • 6. a impressão 3D
  • 7. smart objects (not)
  • 8. o reshoring 
  • 9. regulamentação (not)
  • 10. a sustentabilidade
  • a digitização da produção
  • a produção flexível
  • a produção social, a partilha e aluguer
  • a exploração de big-data

terça-feira, novembro 26, 2013

Curiosidade do dia

Imagem retirada de "The Pace of Technology Adoption is Speeding Up"

Se estivessem lá dentro e com o rótulo de biológicos... voavam.

Há momentos no parque de estacionamento do Pingo Doce de Mangualde:
 Hmmm! Eu conheço aquele arbusto com frutos vermelhos!!!
 Exactamente!!! 2 medronheiros!!!
 Como os medronhos são dados, não estão à venda dentro da loja, ninguém os quer:
Caem de maduros e ninguém lhes liga.
Se estivessem lá dentro e com o rótulo de biológicos... voavam.

Um exemplo na cerâmica

"Serviços de mesa e peças de cozinha, pratos, loiça, acessórios ou peças de forno não têm segredos para MatCerâmica. A empresa, fundada em dezembro de 2000 - resultado da reestruturação de um antigo grupo que tinha várias unidades -, trabalha com cerâmica utilitária e decorativa, tudo produzido em faiança e grés.
No início, a MatCerâmica dedicava-se mais à produção de produtos utilitários, principalmente de exterior, como vasos. (Moi ici: Onde tinha de competir pelo preço, onde tinha de ter os custos mais baixos) No entanto, explica Marcelo Sousa, diretor-geral, foi preciso mudar de estratégia e a empresa começou então a apostar na cerâmica decorativa. A partir daí, foi feita uma aposta “na formação das pessoas, em tecnologias mais modernas, na conceção e desenvolvimento de design próprio” e também a nível de poupança de energia e preocupação com o meio ambiente. Um investimento que deu resultado, sublinha Marcelo Sousa: a MatCerâmica é hoje “líder e a maior exportadora nacional na área da cerâmica de mesa”.
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A estratégia passa também pela diversificação, com a utilização de novos materiais, como é o caso do grés, o que permitiu à empresa ganhar quota de mercado nos clientes que já tinha, oferecendo-lhes mais variedade de produtos.
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A totalidade da produção da MatCerâmica tem como destino a exportação, principalmente para os mercados europeus e norte-americano, mas também chega a países como Qatar, Egito, Líbia, Índia, Turquia, México ou Brasil. Marcelo Sousa que conta com 450 trabalhadores e atingiu um volume de negócios de 12 milhões no ano passado, destaca ainda o mercado chinês, que tem crescido e já representou 3% das vendas em 2012."

Ver o filme dos últimos anos...

A revista Harvard Business Review de Dezembro deste ano traz um artigo interessante, "When Marketing Is Strategy" que merecerá futuro postal.
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Por agora, o que me cativou logo à primeira vista foi esta imagem:


Olhei para o lado esquerdo da figura e comecei por ver a história do mundo da qualidade, com o aparecimento da ISO 9001, para garantia da qualidade no "sourcing", a aposta na uniformização para maximizar os ganhos de escala na "production" e optimização da "logistics".
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Depois vi a concentração na cadeia de fornecimento tendo em vista a maximização da extracção e captura de valor.
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Por fim, olhei para o lado direito e reconheci as grandes linhas da missionação deste blogue:

  • a concentração na cadeia da procura;
  • o perceber a importância do ecossistema da procura;
  • o perceber que o valor não é algo criado e intrínseco aos produtos, mas antes algo percepcionado pelos clientes;
  • o perceber o papel da personalização da oferta;
  • a aposta na originação do valor.

Vasos comunicantes sempre a fluir, qual equilíbrio qual quê!

Interessante resumo dos fluxos em curso neste momento, os diferentes sublinhados distinguem diferentes correntes a operar em simultâneo, "De EEUU a Francia y Reino Unido: el auge del 'made in'":
"El auge del fenómeno made in en la moda no es ajeno a lo que ocurre en el conjunto de la economía de los países occidentales, donde la crisis financiera iniciada en 2007 con la quiebra de Lehmann Brothers ha dejado un mal retrato de la economía terciaria y 100% especulativa. La industria vuelve a estar en el centro de las políticas económicas de los países occidentales, que buscan un ecosistema económico más sólido.
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En paralelo, el mapa mundial del aprovisionamiento cambia sus ejes por diversos factores, pero especialmente por el encarecimiento de la producción en países como China. El gigante asiático ha decidido, tras años como fábrica del mundo, mirar a su mercado local y promover profundas reformas económicas que permitan reducir su dependencia de los mercados internacionales.
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Precios más altos en China, inestabilidad en países como Bangladesh, fluctuaciones en el precio de los transportes por los vaivenes del petróleo e inestabilidad en los precios de las materias primas hacen que una parte del sector busque nuevas alternativas de producción. Además, en el caso de España en particular, la devaluación interna de la economía del país ha reducido los costes de producción: salarios más bajos que antes del inicio de la crisis, disponibilidad de mano de obra, capacidad industria instalada, tradición artesanal y personal cualificado hacen de España un lugar idóneo para la fabricación de determinados productos.
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Producir en España o en el entorno geográfico más cercano también tiene sus ventajas desde el punto de vista operativo. En un sector en el que el factor tiempo es decisorio, como en el fast fashion, las series cortas en proximidad hacen posible responder con más agilidad a las fluctuaciones de la demanda, la variabilidad del clima o las estrategias de los competidores.
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Las dinámicas imperantes en el segmento del lujo también representan un importante impulso para el fenómeno made in. En España y en todo el mundo, las marcas del segmento premium han emprendido procesos de reposicionamiento con los que buscan recuperar, en parte, sus orígenes: calidad, artesanía, durabilidad y exclusividad son los valores tradicionales a los que vuelven a girar la vista. En definitiva, el lujo quiere ser más lujo.
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Más allá del lujo más exquisito, mercados como China demandan marcas europeas o estadounidenses con historia y tradición. No valen, según los expertos, marcas europeas de fabricación asiática para el consumo chino. China demanda made in Europe.
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Otra promesa, que se intuye más incierta, ahonda en las oportunidades del made in en el largo plazo. Se trata de la tendencia al slow fashion, comportamiento que, según algunos expertos (todavía pocos), tendrán de forma masiva los consumidores de las próximas décadas. Consumo responsable, fabricación en proximidad y productos duraderos son tres de los pilares de este fenómeno.
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De cuajar el slow fashion, la producción local recuperaría sin duda un lugar casi tan importante como tenía antes de la globalización de los mercados. La preocupación por el impacto medioambiental del hiperconsumo imperante y por los derechos humanos en los países productores del tercer mundo también será, de imponerse, otro aliado para el regreso a la producción local."
Conjugar aquele "China demanda made in Europe" com "Portugal já é o 7.º fornecedor de calçado da China" e com "Outro campeonato, uma verdadeira curiosidade do dia"
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BTW, até estes estão a regressar "Gigante do calçado regressa a Portugal"... talvez Castelo de Paiva tenha lá um espaço para eles... talvez não, talvez já tenham perdido o know-how de produção.

Se fossemos competitivos...

Pois, e não somos competitivos por causa do euro...
"Atualmente, a Lurga fornece ferramentas para todas as máquinas de compressão e exporta 80% da produção."
"Quando o choque rebentou e a primeira ilusão morreu, houve duas reacções. O povo em geral abriu os olhos e mudou mesmo de vida. Tem sido espantoso ver a atitude de famílias e pequenas empresas, que no meio de enormes sofrimentos, se desembrulham da terrível situação. Mas nas elites foi urgente construir novo mito que permitisse depositar a culpa em porta alheia, justificando os protestos. Afinal éramos todos inocentes e a maldade vinha de um punhado de corruptos incompetentes e da troika que nos ajudava. Esta segunda fantasia, em que todo o aparelho político-mediático anda apostado desde então, constitui uma magna operação de desinformação. E que se livrem de a contrariar!
O Estado, câmaras e instituições fazem o mínimo de reformas possível, esperando que tudo passe para se voltar ao mesmo. Grandes empresas, próximas do poder, gravemente atingidas pelas tolices antigas, aparentam uma normalidade oca. Em particular a banca, óbvia protagonista da crise financeira, assobia para o lado, empurrando o buraco com a barriga."
Trecho retirado de "Ensaio sobre a cegueira"

Acerca da dimensão das empresas

A propósito deste tipo de caracterização "Microempresas tinham 42% do emprego em 2011" recordo sempre esta afirmação "As long as you’ve got fewer than 15 employees, the union usually leaves you alone".
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Também há um gráfico interessante sobre a distribuição do número de trabalhadores por empresa em França. As irregularidades na distribuição coincidem com limites legais, há requisitos aplicáveis para empresas acima de X trabalhadores e, não aplicáveis para empresas abaixo de X trabalhadores. Os picos verificam-se na zona do X-1.


segunda-feira, novembro 25, 2013

Caminhar sobre a água

"Calçado português bate região de Champanhe e conquista prémio europeu"

"Pelo segundo ano consecutivo, Portugal conquista o prémio europeu da promoção externa - no ano passado tinha sido distinguido o projecto de associação dos Douro Boys, que tinha conseguido obter um acréscimo das exportações das suas cinco empresas em 134%."

A propósito da violência doméstica

Hoje vários media referem o tema da violência doméstica.
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Julgo que é um bom dia para recordar esta reflexão, "Mais um monumento à treta - parte II"
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Aposto que as actividades previstas no plano foram todas realizadas, todos fizeram a sua parte e o III Plano terá sido avaliado como um completo sucesso.

Outro exemplo de quem faz o by-pass à distribuição

Outro exemplo de quem faz o by-pass à distribuição e faz o da terra-à-porta, "Not your grandmother’s milkman".
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Uma forma de fugir ao rolo compressor da concorrência pelo custo mais baixo.
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Se fizerem as contas, e se tiverem em conta o efeito multiplicador do gráfico de Marn e Rosiello ou o Evangelho do Valor, talvez tenham uma surpresa quanto ao volume necessário para ter uma exploração rentável.

Quanto é provocada...

"Business used to be simpler.  If you came up with a good idea and served your customers well, your operation would grow.  Increased scale would increase efficiency and competitiveness, creating a virtuous circle.  Success would breed more success.
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And that wasn’t just true of business, in the scale economy bigger was always better, whether the arena was commerce, politics or culture.  Now, it seems that no one—no matter how big or powerful—is safe anymore."
Não sei se há algum grupo ou grupos grandes por detrás disto:
"Em menos de dois anos, o site de moda com descontos Showroomprive.pt conseguiu 500 mil clientes registados em Portugal e vai fechar 2013 com uma faturação expressiva de 12 milhões de euros, segundo revela ao Dinheiro Vivo o CEO do grupo, Thierry Petit.
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“Corresponde a uma figura (Moi ici: um número) muito significativao, tendo em conta que Showroomprive começou a operar em Portugal no ano passado apenas”, indica. Com 1650 marcas disponíveis, os números da plataforma são significativos porque Portugal não é um mercado com forte tradição de compras online. Além disso, este segmento estava ocupado por uma marca portuguesa, o Clubefashion.com, que foi lançado em 2006. Surpreendentemente, o Showroomprive conseguiu em 2 anos chegar à faturação que o concorrente português registou no ano passado, após seis anos de operação no mercado e com dois milhões de clientes registados."
Estamos a falar só de dois sites de moda que juntos vendem 24 milhões de euros... como é que estes números são interpretados pelos estudiosos da macroeconomia?
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Quando se fala de quebra no retalho, quanto é provocada pela perda de poder de compra e quanto é provocada por estes novos canais de venda online?
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Entretanto, depois de escrever as linhas acima descubro isto "Lojas de bairro aumentam clientes graças à Internet" onde se pode ler:
"Comércio tradicional aproveita a rede para chegar a mais consumidores e estimular a procura. Este ano, as compras online em Portugal deverão chegar aos 2,9 milhões de euros."
Tirando esta disparidade de números, o artigo do Público relata uma série de casos em que o online e o retalho tradicional com a sua loja física se complementam e potenciam.
Trecho inicial retirado de "The New Rules Of Disruption"


Começar bem o dia

É sempre um gosto trabalhar no Porto! Chegar cedo, sair em General Torres e atravessar a ponte D. Luís a pé:
Depois, a meio da travessia, apreciar o festival aeronáutico de dezenas e dezenas de corvos marinhos:
Noutros tempos, quando o hobby de birdwatcher estava em grande, diria que se trata de uma colónia de Phalacrocorax carbo:
Contudo, há uns meses encontrei, no Cabedelo, um mestre que não via desde os meus tempos de faculdade, o Paulo Faria, que me contou a sua teoria quanto há existência de uma subespécie na Foz do Douro.

Acerca de Mongo e as patentes

"The 3-D printing “will do for physical objects what MP3 files did for music,”
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So what is a patent owner seeking to stop an infringement to do, given that tracking down people in their homes would be extremely difficult?
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Is the government likely to take an aggressive approach toward 3-D printing violations? That’s hard to know, but past efforts by the government to stop illegal taping of movies and television shows, along with illegal downloading of music, have not been very effective, and the same seems likely to be true of 3-D printing, Professor Desai said. The march of technology is just too insistent."
A propósito de um mundo sem patentes, recordar:

BTW, e recordar a biologia onde a contrafacção não é crime.
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Trechos retirados de "Beyond 3-D Printers’ Magic, Possible Legal Wrangling"

domingo, novembro 24, 2013

Curiosidade do dia

As linhas de montagem, criação e símbolo do século XX estão condenadas e, em muitos sectores, já desapareceram.
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Contudo, a máquina de preparação de operários, para elas, continua em grande:
Claro que os Hilliker's deste mundo estão protegidos pelos seus direitos, enquanto continuam a enformar mentes para obedecer:

O poder do contexto

Ontem, ao final da tarde comecei a ler "Contextual Pricing - The Death of List Price and the New Market REality" de Rob Docters, John Hanson, Cecilia Nguyen e Michael Barzelay.
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Fiz logo a relação com o postal da manhã "Por vezes, o truque estratégico não é mudar a oferta, é mudar de prateleira".
"The common sense observation, and the point of this book, is that the other things associated with each offer - the market - environment - changed, not the product. Product and value did not change, only the context.
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For companies focused on profitability, the key justification for focus on context is that almost always the leverageable differences in price among different buying contexts is far greater than differences between products and competitors.(Moi ici: O exemplo da gasolina que está a 1,559 €/litro na auto-estrada e a 1,469 €/litro no Pingo Doce cá do sítio)
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While it may seem strange to focus more on buying occasion and the customer mind-set than on your particular product, context is what makes for reliable pricing. Product value is only one driver of price. For the best pricing, look to context as much as to your product offer.
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The message here is that clinging to the idea that your company's product has an essential value is wrong. Value is not a concept compatible to diverse markets and a changing world."

Outras prateleiras para outro tipo de clientes, com outro contexto

Acredito que parte do futuro do interior passa por recuperar tradições de produção que o "progresso" classificou de provincianas. Assim, faz sentido promover coisas como esta "Festival de licores e aguardentes faz subir temperaturas no Alentejo".
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Espero, contudo, que haja mais do que cultura e património metida nisto, espero que haja gente interessada em ganhar a vida com estes produtos. Nesse caso, é bom que também pensem noutras prateleiras para outro tipo de clientes, com outro contexto.
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Este blogue não é representativo de nada mas chegam muitos da Europa Central através da busca da palavra "medronho".

Para PMEs - Acerca do valor nas relações entre compradores e vendedores

Já aqui o escrevi em tempos, o ganho de quota de mercado pelas PMEs exportadoras é ainda mais notável quando percebemos que não se trata, na maioria dos casos de uma venda pelo preço mais baixo, ou seja a vending-machine, mas por algo que implica o estabelecimento de uma relação, pela promessa de confiança.
"The empirical analyses suggest that, in this setting, suppliers that do not currently provide services to a buyer are at a severe disadvantage with respect to doing business with that buyer. This has implications for competition among suppliers. A supplier’s most relevant competitors are those with which it shares a buyer. A competitor with average expertise that currently provides services to a common buyer represents a greater threat than a highly competent competitor not currently providing services to the buyer. The reason is that a buyer’s threat to create a relationship with a new supplier is not very credible, considering that this supplier will have to incur significant set up and learning costs.
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A sharply delineated set of relevant competitors has implications for our understanding of competitive outcomes. The empirical analyses of both relationship termination and supplier profitability suggest that expertise advantage relative to the set of relevant competitors matters more to value capture than expertise advantage relative to all competitors in the market.
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to understand the returns from capabilities and resources, it might sometimes be necessary to account explicitly for heterogeneity in competition in addition to heterogeneity in capabilities. (Moi ici: Não me canso de me surpreender por continuar a encontrar nestes artigos, este de Janeiro de 2011, este tipo de reparo como se fosse algo de excepcional. Quem está no terreno sabe que nos negócios a heterogeneidade é muito importante para quem não compete pelo preço... o "anything goes" de Feyerabend)
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instead of a large market with many buyers and suppliers, there are large numbers of smaller competitive arenas isolated by significant barriers to entry. (Moi ici: O Estranhistão, Mongo descrito de forma simples e telegráfica)
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a supplier’s ability to capture value from relationships depends not only on its own characteristics (e.g., level of expertise) (Moi ici: Não depende apenas da sua oferta, dquilo que oferece, mas também do contexto de quem compra) but also on how its clients exploit competition, as by choosing suppliers based not only on their intrinsic competencies but also on the competition they provide to others. (Moi ici: E virando o tabuleiro, a PME pode perguntar, qual o tipo de comprador que nos interessa? Como é que ele tem de competir no seu mercado, para quem eu tenha vantagem em lhe oferecer o que tenho?) This represents one of many ways in which relationships with buyers influence performance, a question of great interest to strategy scholars.
Trechos retirados  de "Value Creation, Competition and Performance in Buyer-Supplier Relationships" de Olivier Chatain.

Quem está no terreno não tem tempo para esses devaneios

Enquanto os doutores em Economia vão à televisão explicar porque é que não somos competitivos dentro do euro, quem está no terreno não tem tempo para esses devaneios:

"O processo de internacionalização das duas marcas inclui já a presença anual nas feiras de design Decorex e Super Brands, em Londres, entre outras. As poltronas da Munna marcam ainda presença em vários hotéis da capital inglesa. Agora, chega a vez do Harrods, que dirigiu o convite às marcas nacionais por considerar que “o design inovador, a criatividade e o detalhe de cada peça correspondem ao elevado nível de exigência do seu público”, explica a Urbanmint em comunicado."

"As exportações de pedra natural portuguesa estão a crescer "a um ritmo assinalável" e este ano podem atingir o recorde, revelou hoje a Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins (Assimagra)."
Aqui está um exemplo que gostava de conhecer de perto e perceber o que permitiu o seu sucesso. Se estivéssemos a falar de um fabricante para um nicho, não me causava surpresa. No entanto, estamos a falar do maior fabricante mundial de botões. Qual é o truque? A vertente ecológica será importante para certo tipo de clientes, não certamente a prioridade para o exército russo e americano. Será o know-how de materiais? Este trecho, retirado daqui:
""Em 1995, a empresa tinha capacidade excedentária. Começaram a fechar as fábricas têxteis e de vestuário, umas atrás das outras. Fábricas que empregavam 400 e 500 pessoas e faziam cinco mil camisas diárias", recordou Avelino Rego.
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"Perante este cenário, tínhamos duas alternativas: ou a empresa se redimensionava ou virávamo-nos para outros mercados. Optámos pela segunda. Tivemos de ter a coragem de fazer novos investimentos, na pior altura", frisou."
Terá sido uma vantagem de "first-mover", antes da entrada de potenciais fornecedores chineses?
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BTW, também, fez-me recordar Mira Amaral, o tal que diz que o Norte foi protegido da globalização... enfim! Faz-me lembrar aquela cena das aventuras do Tom Sawyer e/ou Huckleberry Finn, em que um espectáculo itinerante consegue enganar as duas metades de uma cidade, porque a primeira nada disse à segunda, acerca da nulidade do show, para não passarem pelos únicos trouxas. Aquele "Em 1995"... o país ainda ia viver o devaneio da Expo98, Lisboa e o ecossistema não-transaccionável preparava-se para mais de 10 anos de drenagem... enquanto isso, longe das capas de jornais e do prime-time televisivo, começava o assalto da globalização à proposta de valor vigente no Norte do país.

sábado, novembro 23, 2013

Curiosidade do dia

Dedicada aos defensores da construção e manutenção de torres de Babel.
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Duas prendas sobre o mesmo tema: quando a matemática choca com a ideologia:

Por vezes, o truque estratégico não é mudar a oferta, é mudar de prateleira

"A empresa, sediada em Vila Nova de Foz Coa, nasceu na década de 1960 e nos primeiros 30 anos teve no fornecimento de postes para as vinhas do Douro a principal atividade. Na década de 1990, começou a apostar na extração e comercialização de placas de xisto, (Moi ici: Subida na escala de valor. Quem são os clientes-alvo? Onde estão? Que prateleiras frequentam?) atualmente a sua principal atividade, e que podem ser aplicadas em pavimentos, bancas de cozinha, interiores de casas de banho e decoração.
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A estratégia para conquistar mercado passa pela presença em feiras internacionais do sector - “uma boa estratégia para mostrar os produtos e chegar a muitos países”. Além disso, a empresa “tenta arranjar bons parceiros internacionais, sólidos e que ajudem a divulgar o material que vendemos”, sendo para o mercado externo que a Solicel vende a maior fatia da produção, cerca de 95%."
Poderiam complementar a sua oferta com os bordados de linho da senhora?
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Por vezes, o truque estratégico não é mudar a oferta, é mudar de mercado, é mudar de prateleira.
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Trecho retirado de "Há mais tesouros em Vila Nova de Foz Coa"

Espiral recessiva agrava-se

"O indicador de actividade do Banco de Portugal, que antecipa a evolução da economia, cresceu em Outubro, verificando o melhor desempenho desde 2011.
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O indicador coincidente de actividade económica do Banco de Portugal registou, em Outubro um crescimento de 0,4%, sendo a primeira evolução positiva desde o início de 2011.
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Este indicador antecipa a evolução da economia, apontando desta forma para um crescimento da economia."
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"Depois de quedas menos pronunciadas nos últimos meses, o indicador de actividade económica do Banco de Portugal apresentou em Outubro um crescimento de 0,4%, a primeira variação positiva em dois anos e meio. A tendência ascendente deste indicador, divulgado nesta sexta pelo banco central, é acompanhada por uma contracção menor no consumo privado."

Network-centric perspective

Agora que terminei a leitura de "The Wide Lens" de Ron Adner encontro este "Call for papers":
"Value creation is the main objective of any business. Historically, value has been created inside the firm and then distributed to the market. This firm-centric perspective has established the role of the firm as the creator of value and separated the market from the value creation process. With the rapid pace of technological innovation, the scope of value creation has expanded to include a broader range of activities with other business entities. In other words, value is created in a collaborative network where various stakeholders can share their knowledge and experience in the design and development of new products/services. This network-centric perspective is called value co-creation. For example, UPS and Toshiba have agreed on a new laptop repair process in which UPS picks up broken Toshiba laptops, fixes them in its own facilities and returns them to their owners within four days. Another good example is the BMW Group’s Co-Creation Lab, a website for consumers who want to share their thoughts on BMW products/services. Those consumers can access a variety of projects directly from the website and contribute their suggestions. Clearly, the co-creation view has become central in the development of new products/services."

sexta-feira, novembro 22, 2013

Curiosidade do dia

A insaciabilidade do monstro é imparável.
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No ano do enorme aumento de impostos, no ano em que tantos gritam contra o aumento da austeridade, temos:
"A despesa efectiva do Estado cresceu 3,6% para 49,03 mil milhões de euros, até Outubro"
Só mesmo a falência do Estado poderá salvar a economia privada.

Os macacos não voam ponto

Nós precisávamos mesmo de ter falido!
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Falido mesmo, falido com rotura de pagamentos de salários e pensões pelo Estado.
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Sem falência, muita gente não aprendeu a lição e continua com o mesmo chip que nos trouxe a esta situação. Hoje apanho mais um texto de apelo à torrefacção do dinheiro impostado, para gáudio e masturbação de alguns, "Exportar ajuda à economia. Mas exportações portuguesas têm cada vez menos tecnologia":
"As exportações têm sido apontadas como "solução para a crise, e bem", refere o economista. "Mas as nossas exportações só se têm baseado no fator custo, e muito no custo laboral, tendo vindo a perder valor nas exportações de média e alta tecnologia que, em 2007, representavam 12% das exportações e, hoje, segundo os dados mais recentes, representam apenas 7%", adianta Mira Godinho."
O entrevistado refere-se certamente a estes números:
 O que é que aconteceu entre 2008 e 2009?
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Basta uma palavra:
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Qimonda:
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O que tínhamos em 2008?
"A Qimonda Portugal é o novo líder do ranking de exportações nacionais. Segundo dados referentes ao primeiro trimestre deste ano, divulgados em Junho pelo Instituto Nacional de Estatística, a Qimonda passou a ocupar o primeiro lugar na tabela dos maiores exportadores, contribuindo assim de forma decisiva para o aumento da saída total de produtos em 10,7 por cento."
O que tínhamos em 2008 era uma aberração, um enxerto apoiado por dinheiro impostado aos contribuintes, para servir de montra hi-tec dos nossos políticos e governantes. Reparem, chegou a ser o maior exportador, mais do que a Autoeuropa, e cada unidade vendida dava prejuízo. Só sendo subsidiada pelo Estado subsistia.
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O que estas vozes pedem é que se torre mais dinheiro nestes brinquedos de político?
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Prefiro olhar para a figura lá de cima e realçar:

  • a redução em 10 pontos percentuais do peso dos itens com baixa tecnologia incorporada;
  • o aumento em cerca de 15 pontos percentuais do peso dos itens com média-baixa tecnologia incorporada; e
  • a manutenção do peso dos itens com média-alta tecnologia incorporada.
Parece-me uma evolução mais sustentada. Recordo a metáfora de Hausmann:
"The product space is the space of all possible products. The metaphor is of a forest. Each product is a tree, and companies are monkeys that are organizing and taking over the forest. Empirically, we’ve shown monkeys don’t fly. They move to nearby trees, or to industries for which they have many of the required productive capabilities."
A figura mostra uma evolução que pode revelar-se sustentável, os macacos da metáfora estão a aprender a subir às árvores. O que Mira Godinho propõe é que dinheiro do Estado, dinheiro impostado aos saxões contribuintes, seja gasto para ensinar os macacos a voar...
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Os macacos não voam ponto.

Alguma coisa não bate certo

Percebemos que alguma coisa não bate certo quando multinacional respeitada premeia colaborador, por aplicar a relação da oferta-procura.
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Desconfio que foram surpreendidos pelos resultados que se podiam prever a partir do gráfico de Marn e Rosiello:

Sendo a multinacional de origem alemã, fico a pensar na forma como definem os preços que praticam... aposto que à boa maneira clássica, o preço é o resultado de uma equação onde se somam os custos a uma margem. Aposto que não têm interiorizado que o preço tem tudo a ver com o valor e nada, ou pouco, a ver com o custo.
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Assim que me mandarem o Youtube onde o premiado explica o que fez colocarei aqui a história toda

"to make all things unequal"

"Your role in sales is to make all things unequal. This means shifting the competition from price to cost (Moi ici: Não os custos de quem vende mas os custos de utilização de quem compra).
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Now all things are unequal. Especially if you are in front of the deal enough to have developed the relationships that make it easy to choose you over all others."
Esta é a nossa missão, este é o nosso Evangelho do Valor: promover a concorrência imperfeita, to make all things unequal.
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Vale a pena ler e pensar nas questões levantadas "Selling and the Difference Between Price and Cost"

Acerca da torre de Babel


Que tipo de organização política esteve na base desta torre?


quinta-feira, novembro 21, 2013

Curiosidade do dia

"If you’re graduating from business school this spring, you might want to be sitting down for this: the job market for recent MBA graduates looks poised to get a lot worse in 2014.
...
The news comes as the number of newly minted MBAs continues to increase,"


Trecho retirado de "The Job Market for MBAs is About to Take a Hit"

Tão comum... infelizmente.

"Can, I please reiterate to people the importance of :
  • Map your environment (starting with user needs)
  • Determine where you can attack (the options)
  • Determine why you would attack one space over another (i.e. the games you can play, the advantages / disadvantages, the opponents, how you can exploit inertia or constraints, possibilities for building ecosystems etc)
  • Determine the how (i.e. the method - using an open approach, co-creation with others, alliances)
  • Determine the what (the details) and finally the when.
If you don't first map your landscape, you can and only ever will be playing chess in the dark."

Não descurar o lado do mercado

Para reflexão pelos inventores e investigadores que descuram o lado do mercado:
"it's easy for innovators to overlook the incentives and motivations of the intermediaries to which they have no direct links. For this reason, it can be tempting to turn your gaze inward to issues you can better control. But ignoring your dependency on others will not prevent them from upending your innovation efforts.
...
the mere availability of an innovation is not enough for success: often, a multitude of co-innovation challenges need to be overcome in order for the value proposition to become a reality."
Trecho retirado de "The wide lens" de Ron Adner

Será por....

O que vale aos espanhóis é terem salários mais baixos...
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Um desempenho impressionante em sectores tradicionais abertos à concorrência internacional:
"Crecimiento sostenido en los tres primeros trimestres de 2013. De enero a septiembre, las exportaciones textiles españolas alcanzaron un valor total de 8.999 millones de euros, lo que representa un crecimiento del 14,5% en relación al mismo periodo del ejercicio precedente.

El dinamismo de las empresas españolas de moda en los mercados internacionales ha permitido que el crecimiento de sus ventas al exterior haya superado al conjunto de las exportaciones españolas en un ejercicio muy positivo, con un alza acumulada del 6,8% en el periodo de enero a septiembre, hasta 175.143,3 millones de euros.

Las exportaciones de productos de confección, subgrupo incluido en el epígrafe de textiles en las estadísticas de exportaciones del Ministerio de Economía y Competitividad, alcanzaron hasta septiembre los 6.431 millones de euros, un 18,2% más que en el mismo periodo de 2012. Asimismo, las ventas al extranjero de productos de calzado alcanzaron un valor total de 1.888,5 millones de euros hasta septiembre, con un alza del 10,4%."
Se não é dos salários... será por terem a peseta?
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Não também não.
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Será por terem estratégias que não passam pelo preço mais baixo e passam por outras coisas que os potenciais clientes valorizam?
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Trecho retirado de "Las exportaciones textiles españolas crecen un 14,5% hasta septiembre y rozan los 9.000 millones"

Um momento de pluralidade

Eu acredito nisto "Mass Customization: Let Your Customers Have It Their Way", acredito que o futuro é Mongo, é o Estranhistão onde podemos dar azo à nossa individualidade, uma tendência facilitada pela crescente democratização da produção.
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Contudo, ao mesmo tempo, haverá espaço para alguns gigantes?
" The Internet makes possible an unlimited diversity of digital content and services.  That encourages belief that fragmentation of audiences and the proliferation of niche products will control business success.  However, the Internet also enhances social influence that concentrates attention and purchases on the most popular symbolic products.  In current business reality, enhancing social influence is more important.  The most profitable business strategy is using all available communication tools to make a particular symbolic package highly popular: a blockbuster."
Talvez, certamente para alguns mas não consigo avaliar para quantos, mas esse não é o caminho mais provável para o crescimento das PMEs. Interessante, contudo, "blockbusters triumph for Internet-era business"
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E ainda, "Globalization Isn’t Dead, It’s Only Just Beginning".

Mateus 7, 3 discutir a intenção dos outros em cortar salários numa casa que a pratica é arriscado

Um primeiro disclaimer: Este blogue há anos que critica e brinca com aqueles que defendem a redução dos salários como uma medida de promoção da competitividade (e são muitos, desde João Ferreira do Amaral, que através da saída do euro pretende oferecer de bandeja competitividade às empresas, até a Pedro Ferraz da Costa e ao seu obsoleto e inqualificável Forum para a Competitividade". Recordar, por exemplo: "Acerca da produtividade, mais uma vez (parte I)" e "O jogo do gato e do rato (parte VII)". Recordar o que aqui defendemos ao longo dos anos acerca do gráfico de de Marn e Rosiello)
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Um segundo disclaimer: Este blogue acredita que as empresas existem para servir os clientes, existem para servir quem está fora da sua alçada e tem liberdade de escolha. Assim, este blogue defende a concorrência porque premeia quem melhor servir os clientes. Este blogue, por isso, também defende a liberdade de circulação de bens e serviços e não acredita no proteccionismo.
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Agora analisemos o texto  ""Não se pode aceitar" mais produtividade à custa de cortes salariais". A certa altura o jurista diz:
"“À luz desta perspectiva de que o trabalho e a economia devem estar ao serviço da pessoa, não se pode aceitar este tipo de raciocínio, que muito se ouve, de que para reforçar a produtividade das empresas devem ser reduzidos os salários”, defende o jurista.
Se assim é, questiona Pedro Vaz Patto, que vantagens têm as pessoas em reforçar a produtividade das empresas.
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Tem sentido a produtividade e a saúde das empresas, se isso reverte em benefício das pessoas que lá trabalham. Se é com o sacrifício das pessoas que lá trabalham, está invertido este princípio de que a economia está ao serviço da pessoa e não o contrário”, sublinha."
O que falta neste raciocínio?
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Pergunto: Tem sentido a produtividade e a saúde das empresas se isso não reverte para os clientes? Se isso não reverte para as pessoas que consomem?
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Vivemos num mundo em que a oferta é maior do que a procura, quando a oferta é maior do que a procura quem manda é quem compra. Por exemplo, com isto "Fim dos direitos cobrados pela UE às cordas indianas pode custar 35 milhões às empresas portuguesas" o que farão as empresas produtoras de cordas?

  • umas não sentirão qualquer efeito porque trabalham para clientes e nichos que procuram e valorizam algo mais do que o preço mais baixo;
  • outras terão de aumentar a sua produtividade para tentar sobreviver, para tentar produzir o mesmo ou mais com menos recursos (por exemplo, com menos trabalhadores)
Acredito que a maioria das empresas não corta salários para aumentar a produtividade como fim mas para sobreviver. Por exemplo, com a quebra da procura no mercado interno qual a possibilidade de uma construtora manter o mesmo volume de pagamento de salários? Ou corta salários ou despede pessoas.
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Afinal o que fez a Igreja portuguesa quando a crise lhe bateu à porta? Despediu!
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Afinal o que anda a fazer a Rádio Renascença quando a crise lhe bate à porta? "Renascença quer reduzir salários acima dos 1.400 euros brutos"
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Não tem nada a ver com produtividade... tem tudo a ver com a sobrevivência.
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BTW, por que não proibir a automatização das empresas que rouba postos de trabalho?
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Apetece recordar Mateus 7, 3... discutir a intenção dos outros em cortar salários numa casa que pratica ou quer praticar essa política é um pouco arriscado
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BTW, as empresas existem para servir os seus clientes, estes não existem para servir as empresas. 

quarta-feira, novembro 20, 2013

Acerca do eficientismo

Excelente metáfora.

"Why Analysis Is Not Enough And Passion Is So Important - A Story From Henry Mintzberg"

Dedicado a todos os que só conhecem a eficiência como factor competitivo e caiem no erro do eficientismo, quando o truque é o da magia.

Acerca do ecossistema da procura

E continuo a minha leitura de "The Wide Lens" de Ron Adner:
"Many innovations rely on a chain of intermediaries that stand between them and their end customer.
...
In todays's interdependent world, the successful innovator must treat each partner as a customer even if they are not in a direct business relationship.
...
We have all been trained to "focus on the customer," to "listen to the voice of the customer," to try our utmost to "delight the customer." But as the adoption chain makes explicit, we rarely have just one customer. Which customer in the chain is most important? All of them! Each and every intermediary that is part of the ecosystem needs to see surplus from adopting the innovation. A single instance of rejection is enough to break the entire chain. The logic of adoption chains dictates that innovation A, despite the far higher value it creates for the end customer (+5 vs. +1), and the higher net surplus that it creates for the chain as a whole (+11 vs. +4), will fail. It will fail, not because the end customer won't prefer it, but because the end customer will never have the chance to choose it. As long as the retailer is worse off with innovation A than with its current alternative, it will be a broken link in the adption chain. Ironically, despite its lower value creation, innovation B will sail through the adoption chain."


Um déjà vu permanente!!!
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Desde 2004 que usamos esta abordagem no nosso trabalho junto das empresas. Quem está entre a empresa e os utilizadores finais? Como podemos criar uma sinfonia, uma harmonia, de ganhar-ganhar entre todos?

Outro exemplo - especialização

"A Latoaria Ponte Rol ilumina há 32 anos.
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No final da década de 1990, com o início de atividade, Joaquim Pedro e o irmão quiseram apostar logo na exportação.
...
Nos últimos tempos, os países nórdicos, nomeadamente Noruega, Suécia e Dinamarca, têm procurado os candeeiros da empresa, que aposta em produtos de qualidade e num design exclusivo e apenas vende para mercados consolidados. Nas economias emergentes, “teríamos de competir com chineses e indianos, uma guerra perdida”, explica Joaquim Pedro."
Onde podemos fazer a diferença? Onde podemos ter uma vantagem? E para quem temos de trabalhar? Onde estão? Que prateleiras frequentam?

Trecho retirado de "De onde vêm os candeeiros da Massimo Dutti? De Portugal, pois claro"

Tripla precaução, cuidado com os Muggles

"Estado da economia portuguesa debatido no DN".
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E quem vai debater?
"Durante o debate Sérgio Figueiredo (Administrador da Fundação EDP), Isabel Vaz (CEO da Espírito Santo Saúde), António Nogueira Leite (Administrador da EDP Renováveis), Miguel Leonidas Rocha (Partner da Deloitte) e André Macedo (Diretor do Dinheiro Vivo) irão avaliar o estado da economia portuguesa em face da crise e de todos os indicadores, bem como os efeitos das políticas económicas e financeiras da nossa sociedade."
A propósito de Sérgio Figueiredo recordar esta previsão.
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A propósito de André Macedo recordar esta previsão.
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A economia real está cheio de magia; no entanto, colocam Muggles a debate-la.
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Só falta mesmo o Nicolau Santos, o fragilista-mor.

terça-feira, novembro 19, 2013

Uni-vos

Mais um exemplo de uma tendência a acompanhar com atenção, a mudança de modelo de negócio dos pequenos produtores agrícolas, para fazerem o by-pass à grande distribuição e capturarem margens superiores:
 "Grâce au circuit court Paysans.fr recevez chez vous les produits de saison, panier de légumes, panier de viandes ou panier à la carte de produits frais cultivés par 160 producteurs de nos régions"
Algo já por várias vezes sugerido neste blogue e retirado de "paysans.fr"

Sugestões para taxas de juro negativas nos bancos

A imaginação da normandagem não tem limites.
"Break the zero lower bound by paying sharply negative interest rates on bank deposits. Depositors would normally defeat this tactic by pulling their money out of the banks and keeping it in the form of cash. So Kimball proposes a system for devaluing cash itself, effectively imposing the same negative interest rate on paper money as on money deposited in banks. “Paper currency could still continue to exist,” Kimball writes, “but prices would be set in terms of electronic dollars (or abroad, electronic euros or yen), with paper dollars potentially being exchanged at a discount compared to electronic dollars.”"
Trecho retirado de "Larry Summers Has a Wintry Outlook on the Economy"