quinta-feira, junho 20, 2013

Acerca da liderança e do futuro

Aqui, em 2007, a propósito da saída de José Mourinho do Chelsea escrevi:
"Contudo, fica-me algo atravessado na garganta... queremos o sucesso da nossa organização hoje, porque estamos cá. Mas, não deveriam os gestores ser um pouco esquizofrénicos e, enquanto preparam a organização para o sucesso hoje e amanhã, para o qual precisam de cultivar a relação, a emoção, os laços de união, o espírito de equipa (ao leme deste navio sou mais do que eu, sou todo um povo..., diz-se) em simultâneo, deveriam cultivar o distanciamento, pensar, planear e preparar a organização, para o depois de mim... senão, depois de mim é o dilúvio."
Ontem, ao ler "Turn the Ship Around" de David Marquet sublinhei:
"In the Navy system, captains are grade on how well their ships perform up to the day they depart, not a day longer. After that it becomes someone else's problem.
.
I thought about that. On every submarine and ship, and in every squadron an battalion, hundreds of captains were making thousands of decisions to optimize the performance of their commands for their tour and their tour alone.
...
We didn't associate an officer's leadership effectiveness with how well his unit performed after he left. We didn´t associate an officer's leadership effectiveness with how often his people got promoted two, three, or four years hence. We didn't even track that kind of information. All that mattered was performance in the moment."

BTW, no essencial, a equipa que Mourinho deixou esteve em duas finais da Champions, ganhou uma Champions e uma Liga Europa.

1 comentário:

notes disse...


Pois é...a questão da paixão tem influência nisto.

Amas ser parte da Marinha/instituição e não o status de ser comandante. Amas ser parte do Futebol/instituição e não a pompa de ser treinador ("mister!").

Mas a instituição também tem de saber o que quer e absorver o valor que cada gestor agrega para fixá-lo na cultura.

Lembro-me que num dos estágios que fiz (atendimento jurídico grátis) havia muito este "efeito mercenário".

Achava estranho um aluno de Direito que ouvia um caso, escrevia uma petição (que muitas vezes iria resolver um problema gravíssimo) não tinha qualquer interesse/curiosidade em saber o resultado daquele processo. A faculdade também estava a borrifar-se para isto, não havia qualquer acompanhamento de sentenças/contra-argumentações, etc.

Acho que no fim de tudo a organização tem os gestores que merece.

Quando a Marinha, o Chelsea e a Faculdade almejam ser só robustinhos a fragilidade é o destino certo. Tant pis!

PS- como sei que deliras com estas coisas, acho que vais gostar disto:

http://www.bbc.co.uk/news/magazine-11553099