segunda-feira, julho 04, 2011

Temer o pior sempre que os Muggles se metem

Ontem, ao final da tarde, apanhei estas notícias:
Lembrei-me logo da Caiaques Nelo.
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Não conheço o sector mas especulo que a paixão de Manuel Ramos, as condições do nosso clima e geografia e algo mais, tenham criado um cluster natural. 
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Um cluster natural é um cluster que assenta na paixão e no dinheiro de privados. 
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Ricardo Hausmann e Dani Rodrik escreveram "Economic Development as Self Discovery", publicado pelo Journal of Development Economics (2003), 72(2), 603-633. Nesse artigo contam a história de vários exemplos de empreendedores que geraram clusters nos vários países, por exemplo, flores na Colômbia e vestuário no Bangladesh, têxteis-lar no Paquistão, ... a constante em todos esses casos é a ausência do Estado. O dinheiro era dos privados, não do Estado.
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Acho que se pode criar uma lei do género:
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Empreendedorismo com dinheiro privado é para ganhar dinheiro. Empreendedorismo com dinheiro do Estado é para sacar dinheiro.
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Sempre que o Estado se mete nestas coisas o mais provável é haver asneira... Idris Mootee usa uma terminologia interessante, uma metáfora para quem conhece o universo de Harry Potter: Muggles. O Estado é composto por Muggles que não sabem nada de magia... como podem aspirar a alimentar a magia?
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Portanto, isto:
faz-me temer o pior.

4 comentários:

André disse...

(A primeira ligação não funciona)

Não precebo a sua preocupação com as declarações do ministro da Economia:

1) "As obras públicas que eventualmente serão feitas - se as houver depois será uma surpresa - serão feitas seguindo um princípio: só poderemos fazer obras públicas que nos ajudarem a baixar o custo das exportações":
então não é a isso que serve um Estado? Fornecer à população bens e serviços (e claro que tenham utilidade e que não sejam um fardo) que o mercado é incapaz de forncer, ou a preços "razoavéis" para permitir ao mercado de funcionar mais eficazamente por sí próprio.

2) "Queremos a paz social e que as empresas e os trabalhadores trabalhem como uma equipa.":
há muito que as relações de trabalho deviam ter sido pensadas assim em Portugal.

3) "Sobre a forma como vai lidar com as empresas, o ministro disse que o Governo vai ser "facilitador de negócios" mas sem impor de cima o que deve ser feito.
"Vocês é que vão guiar, não sou eu. O que vamos dar é incentivos e maiores oportunidades de negócios para que vocês criem as redes de negócios e os façam, sem serem ditados mas sim facilitados de cima", afirmou.":
ora lá está! Alguém que não quer se substituir de trabalho dos portugueses!

Confiança!

CCz disse...

http://planetamilitar.blogspot.com/2011/07/portugal-esta-empenhado-no.html

CCz disse...

Caro André,

A minha desconfiança vem da leitura de dois capítulo do livro do ministro:
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Se ler este comentário fique sabendo que depois de ler os capítulos:
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"A crise da competitividade" e "Como fomentar a produtividade" fiquei apreensivo... acho que não exagero quando concluo que nem uma medida passa pelo esforço intrínseco das empresas para darem a volta.
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Está confiante, óptimo.
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Eu estou desconfiado....

André disse...

Infelizemente ainda não li o último livro dele portanto não lhe posso dizer o que acho ou deixo de achar. Não penso que o vou convencer a ter confiança (como não é a mim de o fazer mas sim o trabalho do ASP!), mas digo-lhe só que nos dois últimos livros que ASP escreveu explica que Portugal devia exportar os seus gestores e sindicatos (!!!), para fazerem formação no estrangeiro de novas práticas (entre outras coisas), e que ele disse várias vezes que não ao Estado de começar a julgar o quê bom ou mal para a economia.

Bom vai dizer-me que Teixeira dos Santos dizia em 2005 que (salvo erro) "um euro poupado na despesa pública é um euro ganho para a economia, e um euro ganho nos impostos e um euro perdido para a economia"...

(mas desta vez não temos um ditadorzinho à frente do país).