terça-feira, setembro 14, 2010

Mel, breakaway brands, locus de controlo e vantagem competitiva

Como prometido, cá voltamos ao artigo "Negócio do mel atrai cada vez mais desempregados".
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Consideremos este trecho:
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"Raul Castro, apicultor em Macedo do Peso (Mogadouro), aldeia do Parque do Douro Internacional, estava desempregado quando se dedicou à produção de mel. Diz que o negócio podia ser mais rentável se o consumo de mel aumentasse, tal como os preços praticados no produtor, quatro euros o frasco rotulado de 500 gramas. "Se o mesmo mel for vendido numa loja custa oito euros", lamentou. Na opinião do apicultor o mel e seus derivados são produtos saudáveis, mas as pessoas não estão sensibilizadas para a utilização diária, por isso defende uma maior divulgação do mel, sobretudo na televisão."
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Quem tem o locus de controlo no interior não espera que aconteça, faz acontecer!

  • "se o consumo de mel aumentasse" por que não apostar na venda do mel não como mel mas como um complemento alimentar? Quais são as vantagens do mel? Publicitar no produto, publicitar num sítio na net. Pedir a líderes de opinião que falem sobre as vantagens do mel, pedir a prescritores que falem sobre as vantagens do mel.
  • "tal como os preços praticados no produtor" por que não aproveitar a net para fazer o by-pass à distribuição e fazer a venda directa? Por que não aproveitar a explosão do turismo no Douro para fazer a venda quasi-directa? Por que não aproveitar a rede de hotéis de luxo para fazer a venda quasi-directa?
  • "as pessoas não estão sensibilizadas para a utilização diária" ver o primeiro ponto
  • "maior divulgação do mel, sobretudo na televisão" a televisão é cara e pertence ao passado, aproveitem a net, aproveitem as redes sociais, aproveitem as tribos. Cuidado com o "Old Spice" atenção à "All Whites"
  • mel = tradição, campo, saúde
Nuno, aqui está uma vantagem competitiva de Trás-os-Montes.


9 comentários:

Jonh disse...

Mais um excelente artigo

Aqui é notória a falta de estratégia. Uma "simples" análise swot daria para verificar que existem oportunidades por explorar. A seguir, uma boa segmentação, um posicionamento coerente e uma boa combinaçao de produto, preço, comunicaçao e distribuição podiam fazer milagres (ainda e lembro do meu professor de marketing: vendam benefícios e não produtos).

nuno disse...

Aquilo é a típica lamecha do Português. É sempre pouco, e parece-lhes sempre muito o que os outros ganham. Conheço um bocadinho do negócio, e parece o negócio da castanha aqui há uns anos. Chegam ao ponto de ter garantia de escoamento. Qual é o negócio em que possamos produzir tudo o que quisermos e nos garantam totalidade de escoamento?? a preços bastante aceitáveis??? não passa de lamechice. Há alguns trabalhos interessantes que estão a ser feitos no ramo alimentar na região na componente da castanha, e do fumeiro, o mel começou agora a surgir, ainda não há uma cultura empresarial nos produtores, produz-se porque sim. As abelhas não dão muito trabalho e não pedem grande coisa e produzem bastante, o mercado garante escoamento, se não se conseguir colocar no mercado a associação meleira fica com ele... Agora, não é o ponto de alavanca para uma região, são pequenas soluções que podem importar muito depois na salvação global da região,mas estamos sempre a falar de pequenos nichos.

CCz disse...

Mas Nuno, por isso é que me ando a rotular de optimista ingénuo.
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Quero trabalhar para criar um Portugal e um mundo onde as pequenas empresas triunfem num mundo muito mais diverso, plural e individual e menos massificado.
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Se conseguirmos uma massa crítica de pequenas empresas a competirem, não por migalhas que os grandes deixam cair da mesa, mas pela nata onde os grandes não conseguem chegar, porque são grandes, vai emergir algo de novo, algo que é maior, mais diverso, mais rico que a soma das partes.

nuno disse...

Haverá lugar a esse mundo??? Gostava que fosse possível, mas a cada crise parece que os monopólios vão ficando maiores. Eram too big to fail e por isso era preciso encolhe-los mas o caminho adoptado parece ser exactamente o inverso.

Temos alguns exemplos de bom trabalho como dizia no post anterior, começam a aparecer soluções diferenciadoras, precisamos de mais gente como você a predicar esta filosofia, eu vou tentando fazer a minha parte, mas ainda somos poucos. A nova economia precisa de se libertar do seculo passado, dos baby-boomers que dominam a nossa economia, as nossas associações a nossas correntes de pensamento e que estão a emperrar todo o sistema.

Jonh disse...

Caro Nuno e Carlos,

Excelente diálogo este o vosso. É claro que, na minha opinião, continua a haver lugar para os pequenos. Já agora sito o tão propalado nome, neste blog, de Seth Godin no seu livro "Torne-se pequeno, pense em grande".

Como diz o Carlos, há sítios onde os grandes não conseguem chegar. É aqui que devem apostar os grandes. Não valerá a pena que os pequenos enfrentem os grandes. Sem medo, mas como um estratega, os pequenos devem explorar os mercados que os grandes não querem, devem aproveitar as suas potencialidades, os seus pontos fortes. A proximidade, o poder de antecipação, a resposta rápida, etc., são factores a favor dos pequenos, nas pequenas empresas.

nuno disse...

Bem vindo ao debate João :D
(cada vez gosto mais de vir a este blog, estas são as conversas são do melhor :D)
Concordo plenamente com tudo o que disseram.
Falta-nos dar esta formação aos pequenos empresários... As pessoas têm de ouvir estas coisas para se inspirarem!!!

CCz disse...

Nuno,

Contra mim falo:
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http://balancedscorecard.blogspot.com/2009/12/como-dizia-mao.html
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http://balancedscorecard.blogspot.com/2008/03/no-preciso-ser-doutor-para-criar.html
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http://balancedscorecard.blogspot.com/2009/07/e-criacao-de-valor.html
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http://balancedscorecard.blogspot.com/2007/12/correlaes-calado-e-o-exemplo-dos-pares.html

CCz disse...

As pessoas não mudam por causa de formações, por causa de estatísticas, por causa de relatórios, por causa de argumentos racionais (a nossa classe política é o melhor exemplo disto).
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As pessoas mudam vendo!!! Sentindo!!!
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São precisos casos de sucesso e empresários dispostos a dar a cara para contarem a sua história, o seu caso, o seu exemplo.
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CCz disse...

Outro problema é que para o mainstream economia é:
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PT, BRISA, JERÓNIMO MARTINS, SONAE, GALP, ... o PSI20.
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Já imaginaram o poder de histórias como estas se bem trabalhadas e explicadas:
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http://balancedscorecard.blogspot.com/2008/03/no-preciso-ser-doutor-para-criar.html
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Parte I - http://balancedscorecard.blogspot.com/2007/10/autpsia-de-uma-estratgia-feita-distncia.html
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Parte II - http://balancedscorecard.blogspot.com/2007/10/autpsia-de-uma-estratgia-feita-distncia_04.html