quarta-feira, abril 29, 2009

A absurda ideia da redução de salários

Atenção ao interessante artigo no Jornal de Negócios de ontem "A absurda ideia da redução de salários".
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Concordo com algumas das ideias veículadas pelo autor, discordo de outras:
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"As causas da baixa produtividade não residem nos salários, mas nas componentes não salariais dos custos de produção e na qualidade da gestão."
(Moi ici: Não podia estar mais de acordo. Quando se pensa em produtividade, 90% das pessoas pensam em reduzir custos, em ser mais eficiente, em produzir mais do mesmo na mesm unidade de tempo. E julgo que o autor ainda anda por aí, ainda julga que uma boa gestão, disciplinadora, enquadradora, fará com que a produtividade aumente. Verdade? Verdade!
Mais eficiência resulta em maior produtividade.
Então, qual o salto de produtividade à custa da eficiência que teríamos de dar para para passar de $27,3/hora em Portugal para os $43,3 entre os nossos parceiros europeus?
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Jamais dans la vie!
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Eu quando penso em produtividade não olho para o denominador, para os custos e para a eficiência. Isso é peanuts!!!
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Olho, olhem, para o numerador, para a criação de valor, para a eficácia. Quem é que decide o que produzir? O operário? No way!)
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"Considerando os mecanismos económicos relevantes, os salários baixos são uma das causas profundas da baixa produtividade e não o contrário."
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(Moi ici: Não concordo que sejam uma das causas!)
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"A produtividade aparente do trabalho resulta mais da organização e opções empresariais do que da habilidade intrínseca do trabalhador. A produtividade é, acima de tudo, um problema da gestão como o atestam as enormes - e às vezes espectaculares - diferenças que registamos entre as nossas empresas"
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(Moi ici: Exactamente! Agora, como sair deste buraco? Aumentando os salários à cabeça? E quem garante que essa é a receita que fará com que a produtividade aumente?
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E se as empresas que sobrevivem à custa dos salários baixos (Reparem escrevi sobrevivem não escrevi vivem ou prosperam, basta recordar este gráfico) não tiverem as competências para dar a volta e trabalharem em patamares que sustentem salários altos? Fecham! Então, por essa ordem de ideias esta crise que vivemos há mais de 10 anos está precisamente a fazer isso, a eliminar paulatinamente as que não conseguem subir na cadeia de valor. Então, segundo esse raciocínio pergunto, por que é que os governos apoiam as empresas em risco de falência?
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Quantos mais apoios, maior o atraso na renovação do tecido empresarial!)

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