quinta-feira, março 26, 2009

Mentes livres de mapas cognitivos castradores


Muitas vezes, na minha interacção nas empresas, uso uma imagem para ilustrar a necessidade de criar distanciamento para formular o pensamento estratégico. Recorro à figura da mente abandonar o corpo, por momentos, para pairar sobre a paisagem competitiva e, longe da pressão do dia-a-dia, encadear os acontecimentos sob uma outra luz.
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Há dias, no artigo “Understanding and breaking the rules of business: Toward a systematic four-step process” de Dodo zu Knyphausen-Aufsess, Nils Bickhoff e Thomas Bieger publicado em Business Horizons (2006) 49, 369-377, encontrei uma referência à definição que Bertold Brecht atribuía à palavra alienação: “Bertold Brecht introduced the notion of alienation, which contends that new insights cannot emerge if we identify too closely with a subject or issue; therefore, we need to distance ourselves from it and shed light on interrelationships from a different angle in order to make progress.”
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É isto que eu procuro transmitir, fugir às grilhetas e ao jugo da pressão quotidiana que nos pode trazer de olhos virados para o chão em vez de virados para a frente e muito lá à frente. Pois, como escrevem os autores no artigo acima referido:
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“We live within paradigms, and it takes tremendous energy to break out of those paradigms and redraw cognitive maps.”
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Escrevo isto, por que na passada segunda-feira, durante uma viagem de comboio, tive oportunidade de ler na revista Outlook do Semanário Económico de Sábado 21 de Março o texto intitulado “Este é o azeite”
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“Andreas Bernhard é suíço, está em Portugal há 15 anos e nunca tinha prestado muita atenção aos olivais do Alentejo. Faz sentido: também não vivia ali. Começou por instalar-se no Algarve, na zona de Castro Marim, onde viveu sete anos. Procurou um lugar para começar uma vida nova e encontrou, à saída de uma pequena aldeia chamada Santa Iria, uma herdade. “Encontrei um paraíso olivícola”, pensou. Para decidir a seguir: “É mesmo isto que vou fazer.” Este “isto” não era ainda o melhor azeite biológico do mundo, mas uma produção que apostasse no acompanhamento permanente do olival, que respeitasse árvores centenárias e que conseguisse competir com a concorrência dos grandes azeites italianos.
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Este azeite competiu e ganhou. O Risca Grande Virgem Extra venceu o primeiro prémio do Concurso de Azeites Biológicos da BIOFACH 2009 em Nuremberga, na Alemanha.”
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Um suíço?!
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E agora a cereja em cima do bolo, voltemos ao texto de Ângela Marques no jornal:
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“Para Andreas, o facto de nunca antes ter trabalhado com azeite é uma vantagem. “Chegar a um ramo completamente novo é uma vantagem. Informamo-nos mais, queremos saber como é que os espanhóis fazem, como é que os italianos fazem, como é que os outros fazem, e depois decidimos como é que nós queremos fazer, encontrando uma maneira diferente de fazer”, explica.”
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Estes momentos de crise, são também momentos em que gente que já não tem nada a perder, depois de perder quase tudo, se lança em novos empreendimentos, libertos de mapas cognitivos gastos, carregados de regras castradoras obsoletas que se seguem por que foi sempre assim que se fez. Essa gente nova, não de idade necessariamente, introduzirá os choques epistemológicos que precisamos para dar saltos de produtividade à custa da criação de mais valor.
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E quanto mais se defender o passado e os incumbentes enquistados, mais se dificultará a transição, after all:
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"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação.”

1 comentário:

CCz disse...

http://observador.pt/2015/03/09/vinho-cortes-de-cima-foi-o-melhor-branco-seco-no-vinalies-internationales/