quarta-feira, fevereiro 18, 2009

A doença nacional

O primeiro dos 14 princípios de Deming assenta na constância de propósito, numa orientação que não muda a cada golpe de vento, na selecção de um conjunto de prioridades que não são trocadas a cada nova maré.
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Pois bem depois do monumento à treta de que falamos aqui Programas versus Objectivos e metas e sobretudo aqui, qual não é o meu espanto quando no Público de hoje encontro outra encarnação, com diferentes actores...
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"Segundo um estudo coordenado pelo economista Ernâni Lopes, a pedido da Associação Comercial, a economia do mar pode duplicar o seu peso no PIB caso Portugal consiga tornar-se num actor marítimo relevante a nível global. Para o conseguir, o ex-ministro das Finanças sugere várias prioridades que poderão ser um catalisador "capaz de organizar e dinamizar um conjunto de sectores com elevado potencial de crescimento, inovação e capacidade para atraírem recursos e investimentos, nomeadamente externos, de qualidade".
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O estudo, realizado durante um ano, foi patrocinado por 15 empresas. "Não é um estudo estratégico, é um plano concreto para concretizar nos próximos 25 anos", adiantou Bruno Bobone, da Associação Comercial. Neste documento, que será amplamente divulgado nas próximas semanas, apontam-se, além de acções específicas em diversos sectores, as fontes de financiamento possíveis. No entanto, não são avançados números concretos, dependentes de avaliações mais aprofundadas sector a sector, adiantou Bobone."
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Mas o trabalho da equipa coordenada por Tiago Pitta e Cunha valeu a pena? Deu origem a alguma coisa de concreto? O que é que este novo trabalho acrescenta? O que o habilitará a ter um destino diferente(s) do anterior(es)?
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Hoje em dia, com o Google e a wikipedia, qualquer conjunto de alunos pode arregimentar grupos de acções específicas sobre qualquer área e transformá-las em documentos estratégicos, sem qualquer compromisso com os resultados... enfim, depois da violência da doméstica e da Sida (aqui e aqui) mais um monumento à treta.

Trecho retirado do artigo "Mar poderá vir a alimentar cinco por cento do PIB nacional" no Público de hoje.

1 comentário:

lookingforjohn disse...

Tendo em conta que:
1. Há dinheiro para esbanjar desavergonhadamente
2. Há toda esta nova ordem moral em que tudo é normal
3. Ambas as situações (mar; transportes suaves) vão ter que ser profusamente divulgadas - porque vai ser difícil explicar e captar a atenção das pessoas que, distraídas, andam ocupadas a pensar nos cêntimos e no desemprego e nessas coisas mesquinhas;
4. A criação de Comissões comissão vai contribuir para aliviar o fardo financeiro de várias famílias e ainda estimular alguns negócios específicos (carros de alta cilindrada, estilistas, textil/gravatas, restaurantes, quintas para organização de eventos/reuniões das comissões)...

Sugiro a constituição duma comissão de estudo e operacionalização que promova a integração do trabalho dos responsáveis por este plano com o daqueles outros que estão a estudar o incentivo ao recurso aos transportes suaves.

Farto!
(aranha)