sexta-feira, maio 30, 2008

De que falamos quando falamos de balanced?

Quando falamos de balanced scorecard o mais importante é a palavra "balanced".
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Balanced quer dizer balanceado, equilibrado.
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Enquanto a oferta foi inferior à procura, tudo o que se produzia estava à partida vendido, o essencial era produzir de forma eficiente. As empresas podiam concentrar-se no seu... ... e olhar, e seguir os resultados financeiros.
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Á medida que a concorrência foi aumentando, e o mundo ficando cada vez mais rápido e imprevisível, e a quantidade oferecida foi suplantando a quantidade procurada, olhar só para os resultado financeiros passou a ser insuficiente.
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Não há dúvida que os resultados financeiros são muito importantes para uma empresa.
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São os mais importantes ponto!
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Mas quando olhamos para os resultados financeiros, olhamos para o ...

... olhamos para as consequências do que já aconteceu, já não há nada a fazer.
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O balanced scorecard veio balancear, veio... ... equilibrar a gestão, colocando no mesmo plano indicadores financeiros e indicadores não-financeiros.
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Mas balanced scorecard não é só isso!
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Balanced também significa equilibrio entre indicadores de resultados, de consequências, com indicadores de indução, de promoção de resultados futuros.
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De certa forma, um balanceamento de indicadores de resultados (ex: volume de vendas) com indicadores de quantidade de actividades (ex: taxa de cumprimento do plano de visitas comerciais).
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Os dois tipos de indicadores têm de estar presentes!
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Nas organizações sem fins lucrativos, talvez porque se dedicam a actividades moralmente positivas, comete-se sistematicamente o erro de privilegiar as actividades, os indicadores de actividades, de quantidade de trabalho e esquece-se, e ignora-se a avaliação das consequências, a avaliação dos resultados, a avaliação da eficácia.
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Há dias vi e ouvi uma entrevista ao presidente do IDT, feita por Mário Crespo no Jornal das 21h na SIC-Notícias. Confesso que gostei de ouvir o senhor, pareceu-me alguém genuinamente envolvido na Missão da organização:
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"promover a redução do consumo de drogas lícitas e ilícitas, bem como a diminuição das toxicodependências"
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Mas estas organizações continuam a percorrer terreno minado... minado por elas próprias, pelos seus métodos de promover a transformação.
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Com os seus métodos, um gestor nunca põe a sua cabeça ...... aqui.
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Porque não se comprometem com resultados!
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Comprometem-se com actividades. Basta cumprir as actividades previstas!
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Já aqui falei deste "PLANO DE ACÇÃO CONTRA AS DROGAS E AS TOXICODEPENDÊNCIAS HORIZONTE 2008". Basta, a apartir da página 6 ver na última coluna da direita os indicadores seleccionados. É, certamente bem intencionado, mais um dos monumentos à treta que pululam por este país.
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Daqui a 2/3 anos há-de sair um relatório deste género (Relatório Anual • 2006
A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências
) sobre os dados de 2008 e será que alguém vai fazer este exercício...... espremer e confrontar a realidade futura real (os resultados realmente obtidos, por exemplo: a figura 11 e a figura 12 de 2008 ilustram evoluções positivas?) com a realidade actual (de 2006) e a realidade futura desejada (as metas)?
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Mas onde estão as metas?
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As acções incluídas no Plano de Acção ... apesar de terem saído de comissões de técnicos bem intencionados podem ter apostado nos cavalos errados... como avaliar o percurso no entretanto e ir alterando o plano de acção em função da realidade trimestre após trimestre?
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Já aqui escrevi várias vezes que indicadores como "nº de reuniões" são monumentos à treta, porque as reuniões podem ser da treta, se se fizerem para discutir assuntos sérios e forem mal conduzidas... o indicador cumpre-se mas não serve de nada.
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Como é que se pode mudar esta cultura?
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É que a mudança revelará a diferença entre líderes, aqueles que conduzem as organizações para resultados (correndo o risco de falharem - de não atingirem o resultados), e funcionários que por acaso ocupam cargos de chefia (cumprem actividades religiosamente).
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Mas isto leva-nos para outra reflexão, para a Parábola dos Talentos... o mais exigente desafio colocado a um ser humano neste universo.






5 comentários:

Anónimo disse...

Acredita, ccz, que alguma vez se muda esta cultura?

Agora já sei quem me traduz, e muito bem, as máximas de grandes homens e mulheres.

Se eu nao soubesse, que nao gosta de emocoes em público, dáva-lhe um grande elogio. Nao só pela traducao, mas por tudo.

:) nao sei o que significa, mas penso que é algo de bom.

Anónimo disse...

Ai, meu Deus, esquecime-me de mandar esta máxima de Kant:

"Eine Idee ist nichts anderes als der Begriff von einer Vollkommenheit, die sich in der Erfahrung noch nicht vorfindet."

"La rebelion de las massas" nunca li. Mas quase tudo que Kant escreveu. Bem, Hegel ainda é mais díficil de compreender.
Prefiro o "bom" Sartre!

Saudacoes de um Düsseldorf com o sol escondido, para me arreliar!!!

CCz disse...

Essa citação de Kant deixou-me uma sensação adstringente na mente...
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É claro que as citações são frases retiradas de um contexto a que não temos acesso...
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Porque escolheu esta citação sobre as ideias?
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Sartre bom! Porquê?
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Quanto à cultura, se é possível mudá-la?
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Se lhe posso responder... cada um que muda... ah que festa.
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Espere aí que vou ao seu blogue

Anónimo disse...

Que bem explicado o balanced scorecard! Parabéns! E o seu comentário sobre as organizações, isso então é um tiro certeiro! Pois voltemos a Séneca, mas dando-lhe uma volta "A quem não sabe para onde vai, qualquer vento lhe serve...! Da V.A

Anónimo disse...

Nao consigo dormir, ccz, por isso respondo-lhe agora, amanha nao tenho tempo.
A máxima de Kant foi ao acaso.
Aqui, na Uni D´dorf, o Sartre é considerado um escritor filósofo, mas nao um filósofo do calíbre de um Hegel ou Kant.
E por isso é que lhe chamo "bom". Quer dizer, pelo menos percebo as suas pecas de teatro e outras coisas que escreveu. Além disso era um homem de "carne e sangue", e nao um "seco" como o Kant.
O contrato entre ele e a Simone de Beauvoir é como eu também queria.
O existencialismo era para mim uma forma de viver livre e sem preconceitos.

Bem vou-me deitar, amanha vai ser um dia cansativo.

Os espacos brancos continuam, e a citada tecla também nao sei aonde fica.

GUTE NACHT!